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Capítulo 28.

Depois daquela noite, não vi Leonardo pelos próximos cinco dias.

No condomínio, nossas saídas em busca de mantimentos duravam no máximo dois dias. Antes do apocalipse, esse tempo seria o suficiente para cruzar o estado e voltar, mas a chegada dos zumbis mudava muitas coisas: a maioria das ruas dentro das cidades era frequentemente obstruída por mortos ou acidentes, e as rodovias raramente estavam em melhores condições. Mesmo viagens curtas se arrastavam por horas em que éramos obrigados a diminuir a velocidade, e a exigência de uma eterna cautela impossibilitava saídas à noite.

No grupo de Jin (que antes eu chamaria de "do Hospital", mas parecia de mau gosto agora), as saídas para buscas chegavam a durar até cinco dias. Um grupo com mais de vinte pessoas esgotava rapidamente a quantidade de suprimentos de uma área, como já sabíamos bem. Então os batedores precisavam ir cada vez mais longe, às vezes até mesmo ultrapassando a borda dos estados, na tentativa de trazer o máximo de alimento possível. Carros sequer eram os principais veículos mais, toda a frota do grupo composta de vans e minivans.

Atualmente, o hospital contava com doze adultos (seriam catorze, comigo e Samuel) capazes de reunir comida, mas nem todos tinham condições: Jin quebrava um galho para que os outros conseguissem folgar, mas um problema no joelho o impedia de se movimentar bem; Hanna, sua filha de 30 anos, desde o começo foi mantida longe das ruas graças ao problema de pressão alta, e hoje não era particularmente mais útil do lado de fora do que seria atuando como médica; Alicia tinha 20 anos e era saudável, mas fazia menos de uma semana que perdera o avô, e sua avó implorou para que tivesse alguns dias de descanso, tremendo que a neta fizesse alguma loucura; Otávio e Hugo, de respectivamente 31 e 35 anos, estavam ambos com ferimentos que os impediam de sair; e depois da corrida para salvar nossas vidas, a torção no tornozelo de Samuel voltou a doer, então Hanna exigiu que ele tirasse alguns dias de descanso.

Dessa maneira, o revezamento para buscar comida ficava reservado à Agata e Maurício, ambos que perderam seus filhos no ataque; Yuri, o filho mais novo de Jin que não fazia parte dos grupos de busca antes, então estava sendo instruído por Leonardo; Salomão, um ex-vendedor de 51 anos que conservava boa forma física e com quem eu nunca tinha trocado mais de algumas palavras; e Leonardo, Paulina e Celso. Apesar de já estar ali há alguns dias, eu ainda não havia sido incluída por causa da minha condição precária: devido à febre e às infecções recentes (que foram devidamente tratadas por Hanna), eu havia perdido tanta massa que minha aparência doente preocupava a todos. Era ridículo, mas não me deram escolha a não ser ficar alguns dias em observação. Pelo menos, dependente de Samuel por tanto tempo tornava aquele fardo, no mínimo, familiar.

Então apenas sete adultos se responsabilizavam por reunir comida para quatro idosos e nove crianças, além deles mesmos. Rosana, vó de Alicia, e Manoel, um ex-pescador de 78 anos, faziam milagre engrossando caldos e aproveitando cada parte dos poucos animais que conseguiam caçar

Pelo menos, aquela era uma novidade bem-vinda. Desde o começo do apocalipse, muitas coisas mudaram. Comida enlatada, por exemplo, tornou-se nossa maior prioridade em relação aos grãos não perecíveis, porque muitas vezes os ratos haviam chegado neles antes.

Nos primeiros meses de apocalipse, os animais pareciam ter desaparecido completamente. A maioria dos pets morreram em suas casa, às vezes pelas mãos (ou dentes) dos próprios tutores; o caos inicial, que durou enquanto os zumbis viviam em um modo constante de caça e não eram capazes de diferenciar sons associados à presas do barulho natural, afastou completamente as aves das cidades; e, claro, zumbis também predavam animais.

O aumento de ratos e baratas era evidente, bastava caminhar no meio da cidade para encontrar dezenas dessas pragas (aquele fato sempre me arrancava um riso, porque eu sabia que Leonardo detestava baratas). Depois dos meses iniciais, provavelmente atraídos pela quantidade de insetos à céu aberto, o número de pássaros em todos os lugares cresceu significativamente.

Vez ou outra nos aventuramos a caçá-los. Alexandre havia nos ensinado a derrubá-los com um bodoque, o que não era particularmente prazeroso, mas ainda assim rendia um pouco de carne. Uma vez, Guilherme avistou algo que chamou de "o maior rato que eu já vi na vida" no bosque perto do condomínio, e Tom deduziu que podia ser uma paca.

Aparentemente, o número de animais silvestres invadindo a cidade começou a aumentar nos últimos meses e Maurício, ex-militar com amplo conhecimento sobre selva, conseguiu até mesmo abater uma anta certa vez.

E agora, provavelmente com a testa tão franzida que acabaria me dando rugas anos mais cedo, eu observava Maitê correr até um gatinho de pelagem frajola que havia entrado no terreno da Base para deixar para ela um passarinho morto.

— Não é possível — murmurei para Samuel, sentado ao meu lado.

A adolescente me contou que, nos últimos meses, enquanto ainda estavam no hospital, várias vezes grupos que voltaram de buscas relataram ter visto um ou outro gato vagando pela cidade ou descansando sobre muros altos. Sendo eu uma pessoa mais inclinada a cães, nunca havia me dado ao trabalho de pensar muito sobre felinos, mas o fim do mundo de fato parecia um local ideal para eles se reproduzirem: além dos ratos e pássaros aos montes, sua agilidade e tamanho permitia que escapassem mais facilmente de zumbis.

Maitê se abaixou para juntar, sem qualquer nojo, o corpo do passarinho que o gato deixara antes de pular o muro e desaparecer. Mais incrédula ainda, assisti enquanto ela acenava para o bichinho (como se eu, que conversava o dia inteiro com Mei, pudesse julgá-la) e caminhava em nossa direção.

— O nome dele é Bigode! — ela explicou, com um sorriso no rosto. Seus cabelos castanhos estavam presos em duas tranças que lhe davam uma aparência infantil. — Um dia eu ouvi ele miando depois do jantar e ofereci um pouquinho de sardinha. Desde então ele me traz presentes Às vezes são ratos e baratas, aí eu só jogo fora, mas os passarinhos eu levo para a Rosana. Falo que eu quem peguei.

— Eu juro, se você me dissesse que treinou zumbis para caçarem para você, eu ficaria menos impressionada — comentei.

— É, eu devia começar a tentar. Não é como se sobrasse muita coisa para eu fazer aqui, de qualquer jeito. — Maitê resmungou e se sentou no degrau abaixo do que eu e Samuel dividíamos na varanda.

Era uma mentira e ela sabia.

Mesmo que ainda não tivesse sido treinada para matar zumbis, atirar ou fazer parte das buscas por comida, no atual estado precário do grupo, o que não faltavam eram serviços que ela pudesse fazer. Limpeza, administração dos estoques, cuidar das plantações, animais e, principalmente, das crianças, todas estas tarefas ocupavam a maior parte de seu dia. Ainda assim, ela achava que só estaria ajudando de verdade quando matasse seu primeiro zumbi ou aprendesse a manusear uma arma.

Eu não me atreveria a dizer que não a entendia, porém. Apesar de ter apenas dezesseis anos, Maitê era bem inteligente e sempre foi capaz de ler a situação de seu próprio grupo. Se desde o começo do apocalipse eu senti aquela mesma necessidade de me provar útil em comparação às pessoas mais velhas, como Tomas e Alexandre, e agora Leonardo e Paulina, mal podia imaginar como era para uma jovem que nem tinha permissão para sair sozinho.

Ao mesmo tempo, também era fácil de entender o receio de Jin e do resto do pessoal. Era um assunto delicado. Embora Maria Tereza fosse jovem e não apresentasse qualquer problema de saúde, seu braço esquerdo era amputado na altura do cotovelo. Eu nunca tive coragem de perguntar diretamente, mas quando perguntei despretensiosamente para Leonardo, ele soube me responder:

"A Agata quem me contou a história. Ela e a mãe chegaram aqui no meio do caos da primeira semana, depois que seu pai se transformou e atacou as duas. Maitê tinha sido mordida na mão enquanto a mãe perdeu um pedaço da bochecha. Ela chegou em choque, e a mãe estava quase desmaiando pela perda de sangue, mas implorou para tentarem salvar a filha. Ninguém tinha muita certeza de como o vírus se comportaria nessa situação, então Jin sugeriu que, como a mordida era recente, a melhor opção seria amputar um pouco acima, na esperança de que não tivesse se espalhado. Funcionou, porque ela não se transformou, mas passou quase duas semanas sem abrir a boca, provavelmente ainda afetada pelo choque desse pesadelo. Só vários dias depois que Antonela começou a interagir com ela, Maitê lentamente voltou a falar..."

Eu não duvidava que ela fosse capaz de lutar pela vida, como qualquer um de nós, mas não era difícil entender por que os mais velhos não queriam expor uma garota de dezesseis anos naquela condição. Então Maitê tinha de se contentar, pelo menos até os dezoito (era o que Jin falava), a ajudar de outras maneiras. Às vezes aquilo me dava vontade de rir, pois eu lembrava de Hector, que no começo de tudo tinha a mesma idade que a jovem.

— Pode ficar com as minhas tarefas, se estiver entediada — murmurei, apenas para provocá-la. Se desse abertura, aquela conversa viraria uma tentativa de me convencer a levá-la comigo para bater em zumbis, como frequentemente acontecia.

O sol se punha no horizonte e a brisa anunciava que seria uma noite fria. Eu e Samuel estávamos descansando na varanda após o dia corrido, onde fiquei responsável por fazer a guarda da Base e rondar as ruas vizinhas para assegurar que nenhum morto se aproximava; e Samuel ajudou Jin a limpar praticamente todas as armas e ordenar o suprimento de balas. Todos os outros capazes de participar das buscas estavam fora, exceto Maurício, que agora me substituía, sentado no telhado da casa com um fuzil em punho.

Maitê soltou um suspiro pesado:

— Preciso ajudar a Rosana a dar comida para as crianças. Os gêmeos praticamente não comem desde... — Sua voz falhou um pouco, mas ela fez um bom trabalho em disfarçar. Meu coração não pôde deixar de apertar vendo uma garota tão jovem precisando disfarçar suas dores naquele mundo cruel. — Não tô dizendo que não vou fazer, mas é cansativo... E chato. E, se eu pudesse ajudar vocês nas ruas, também conseguiria aumentar a minha coleção de celulares...

— Coleção de celulares? — perguntei, confusa.

Os olhos de Maitê se arregalaram sob o sol de fim de tarde, como sempre faziam quando qualquer um demonstrava interesse por... qualquer coisa que ela falava. Principalmente eu.

— Sim, eu tenho vários. Comecei a reunir nos primeiros dias aqui. Fiquem aqui, eu vou mostrar para vocês! — Praticamente implorou antes de disparar para dentro de casa, esbarrando quase imediatamente em Jin e recebendo uma chamada de atenção. Ele revirou os olhos para a garota e nos cumprimentou com um aceno de cabeça, então se dirigiu para a escada que levava até o telhado, provavelmente na intenção de falar com Maurício. Em menos de um minuto, Maitê já estava de volta, segurando uma bolsa lilás de alça comprida, onde guardava cerca de seis aparelhos. — Por favor, não contem para ninguém, porque eu precisei sair daqui para reuní-los... Mas só depois que o Leonardo e o Maurício limparam as ruas em volta, eu juro! Eu só fico com os que têm coisas interessantes salvas, tipo músicas baixadas, ou filmes e livros na biblioteca... Eu tive essa ideia porque às vezes fica bem tedioso aqui, então eu saio escondida para dar uma caminhada. Aí comecei a abrir os carros só por curiosidade e um dia encontrei um power bank. Hoje em dia isso é inútil para a gente, né? Mas aí eu pensei que o meu celular tinha um monte de músicas legais salvas. Eu ainda estava com ele lá no hospital, mas depois do ataque, eu perdi e...

— Hm, como exatamente você... — Comecei a elaborar a pergunta, mas Maitê me interrompeu, provavelmente sabendo como eu finalizaria a frase (ou querendo me distrair logo, com medo que eu questionasse sobre o fato de ela estar desobedecendo as ordens):

— Então, eu carreguei o power bank em um dos geradores... Por favor, não contem pro Jin! Enfim, desde então comecei a procurar por celulares e carregadores. Eu só pego os que acho dentro de carros ou bolsas, porque a essa altura, os que estão com os zumbis já estão quebrados ou tomaram chuva. Alguns funcionam, outros não, e alguns têm senha... Então eu tento encontrar carteiras também. Vocês ficariam impressionados com a quantidade de pessoas que usa a própria data de nascimento como senha... Um dia, eu consegui desbloquear com a digital de um zumbi! Na maioria das vezes não funciona, porque eles estão apodrecidos, mas aquele não parecia ter muito tempo... Enfim, aí agora eu tenho alguns celulares com coisas legais! É engraçado, eu fico tentando imaginar como eram os donos deles... Tem um com uma playlist de rock com mais de duzentas músicas, outro com várias do tempo dos meus pais, um de alguém que só ouvia Taylor Swift...

Maitê falava tão rápido, despejando tantas informações ao mesmo tempo, que tive dificuldade em processar tudo. Primeiro, que ela estava desobedecendo ordens diretas de não sair da área segura; segundo, que aparentemente já estivera nas ruas mais vezes do que eu imaginava; e terceiro...

— Esse celular... — Interrompi-a apontando para dentro da bolsa, o aparelho que sinalizara ser o "com uma playlist de rock com mais de duzentas músicas". — O que você quer por ele?

Os olhos de Maitê brilharam e ela tirou o celular da bolsa. Imaginei que me ofereceria no mesmo instante, mas antes abriu um sorriso malicioso:

— Todas as suas latas de sardinha da próxima semana.

Estreitei os olhos.

— Feito.

Estiquei a mão para pegar o aparelho, mas ela o afastou antes que eu alcançasse:

— E você vai me levar com você quando sair!

Encarei suas íris castanhas e ela sustentou meu olhar. Por um segundo, senti-me provavelmente como Leonardo quando precisava lidar com minha teimosia. Naquele instante, percebi que gostava muito de Maitê.

— Posso falar com Jin, mas a decisão final vai ser dele.

Maitê ponderou um pouco, mas eventualmente assentiu e me entregou o celular. Então procurou na bolsa até tirar um fone de ouvido e me ofereceu. Fiz uma careta:

— Você não tirou isso de um zumbi, né?

— Não! Eca!

Nós duas nos esforçamos para manter nossas risadas baixas, e somente então percebi que Samuel havia passado a maior parte dos últimos minutos completamente quieto. Quando olhei em sua direção, percebi seus olhos perdidos em algo além de nós.

— Ei, você não quer pegar um também? Você gostava de ouvir música antes, não?

Samuel virou para mim e piscou algumas vezes, como se tentasse sintonizar. Então virou para Maitê e abriu um sorriso:

— Ah, claro. Eu gostaria sim, se você não se importasse.

Maria Tereza desviou o rosto e esticou a bolsa na direção dele.

— Claro que não! Pode escolher, tenho outros fones também...

Ergui uma sobrancelha:

— Você não vai cobrar as sardinhas dele?

Ela me fuzilou com os olhos, antes de ficar visivelmente corada. Quando abriu a boca para responder, a voz de Rosana chegou até nós e a jovem fechou a bolsa com tanta pressa que fez parecer que havia sido pega no flagra, vendendo drogas.

— Maitê, querida! — Rosana a chamava através da janela da cozinha, o tom apenas um pouco mais alto do que o normal: — Você se importa em chamar as crianças, por favor?

Normalmente, Maitê levantaria com uma bufada e reclamaria da tarefa (mesmo que completasse no final), mas dessa vez apenas vestiu a alça da bolsa e sorriu para Samuel:

— Ahn, eu preciso ir, mas depois eu te deixo escolher! — Ela deu um aceno de cabeça e meu amigo sorriu educadamente, então seus olhos voltaram a me encarar: — E eu não vou esquecer do nosso acordo.

Sequer consegui responder, porque Maitê já tinha começado a correr em direção à cozinha. Deixei um riso escapar enquanto virava para Samuel:

— Vê se pode, ela... — Então me calei, percebendo que seu semblante sério estava de volta. — Ei, Samu... Tá tudo bem?

— Rebeca... Eu não vou ficar aqui por muito tempo.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa, ao mesmo tempo que imediatamente fizeram todo o sentido. Havíamos chegado ali há apenas dois dias e, quase imediatamente, desapareci para aproveitar a companhia de Leonardo. Desde então, eu e Samuel estivemos tão ocupados com demais obrigações naquele grupo que acabamos mal trocando algumas palavras.

— Aqui, você diz... — Era algo entre uma pergunta retórica, porque a resposta estava bem óbvia, e uma tentativa de ganhar mais tempo para pensar.

— Com esse grupo. Ficar aqui, agora que sei o paradeiro da minha mãe. — Ele falou, seu tom calmo habitual inalterado: — Eu sei que você tem motivos para ficar, com Leonardo aqui e...

De imediato, percebi que a resposta já estava na ponta da minha língua.

— Nossa dupla ainda não se desfez, Samuel.

Parecia tê-lo pego de surpresa, porque ele me olhou nos olhos por alguns segundos antes de desviar o rosto novamente. Na verdade, de certa maneira, pegou até a mim de surpresa.

Eu e Samuel vivemos juntos um pesadelo naquele último mês, onde minha vida esteve em suas mãos durante todo o tempo, já que eu sequer tinha forças para levantar ou sequer me alimentar sozinha. Desde que ele literalmente me salvou e conseguimos sair juntos daquele fim de mundo onde fomos parar, esteve implícito que buscaríamos juntos pelo resto do nosso grupo.

Apenas nunca esperamos encontrá-lo desfalcado como estava.

Imediatamente pensei em Leonardo, e na dor que seria perdê-lo novamente. E Paulina, Laura, e todo aquele grupo que precisava tanto de ajuda. Por outro lado, seria de um egoísmo tremendo permitir que Samuel fosse embora sozinho, quando ele foi a minha companhia por todas aquelas semanas.

Eu tive a chance de ter a minha noite tranquila ao lado da (pelo menos uma) pessoa que eu amava. Samuel ainda dormia todas as noites acompanhado da incerteza.

Por apenas um segundo, fiquei receosa que Leonardo pensasse que eu estaria deixando-o para procurar por Guilherme, mas a certeza no meu coração de que o único lugar ideal para mim seria com os dois ao meu lado aplacou aquela sensação ruim. Eu não estava indo embora, apenas fazia a minha parte para consertar o que precisava ser remendado. Afinal, eu sabia que Leonardo não teria a frieza para deixar aquelas pessoas necessitadas para trás. Eu, por outro lado...

— Sim — confirmei, para Samuel e para mim mesma — nossa dupla continua, Samuel. No mínimo, até que nós dois encontremos todas as pessoas que amamos.

Primeiro ele hesitou, depois suspirou e, por fim, abriu um sorriso melancólico, mas sincero e, principalmente, aliviado. Eu sabia que ele não queria me tirar dali, se fosse a minha vontade, mas conseguia imaginar o medo que sentiria ao se imaginar sozinho novamente, como no dia em que descobriu que conseguia camuflar sua movimentação entre os zumbis.

Porém, sua última expressão me pegou desprevenida. Subitamente ele franziu a testa, olhando para algo específico naquele fim de tarde que começava a escurecer.

— Se ainda estamos juntos, então tem algo que você precisa saber — murmurou, ficando sério. — Tem alguma coisa acontecendo. — Ele fez um movimento tão discreto com a cabeça que foi quase imperceptível. Tentei manter a mesma discrição, olhando de canto de olho...

Na direção em que Jin e Maurício conversavam, duas figuras escuras em pé no telhado da casa mais alta, contrastando com a iluminação alaranjada do céu.

— Quando chegamos, este homem, Maurício, estava fora. Descobri pelas conversas que ele tinha saído há apenas dois dias, e foi o único que não estava em dupla ou trio — Samuel explicou, com a voz baixa. — O que quer que tenha saído para fazer, foi um bate-e-volta. E desde que chegou, ele e Jin se afastam para conversarem juntos. Falam cochichando... E às vezes olham para nós dois.

Meu coração errou uma batida com a súbita descarga de adrenalina que senti. Porque soube o que aquelas peças significavam antes mesmo que ele as ordenasse. Porque já havia pensado na mesma coisa.

— Você acha que...

— Que estão armando alguma coisa. Que a viagem de Maurício foi um reconhecimento. — Samuel falou, sem desviar os olhos do chão de pedra da varanda. — Se esse Jin for tão inescrupuloso como você e o Leonardo contam, colocado nessa situação desesperadora, depois do ataque em sua própria cidade tê-lo feito perder tudo...

Samuel não precisou terminar. A seriedade em seus olhos deixava claro:

Achava que Jin queria se vingar de quem os atacou. De quem nos atacou.

E se o líder daquele grupo achava que eu tinha interesse em me arriscar para garantir que até o último dos nosso inimigos fosse destruído, estava completamente certo. 


✘✘✘


Nota da autora:

Eu juro, minha vida é um sitcom (ruim).

Vejam bem, o motivo pelo qual eu me atrasei para atualizar e que fiquei com vergonha de contar no Instagram é o seguinte:

21h, faltando só algumas palavras para concluir o capítulo, decido parar e jantar com a minha prima. Fizemos um lámen caseiro bem feio porém gostoso, com cogumelos e carne de porco.

Eu e ela compartilhamos o mesmo neurônio e estávamos rindo como duas hienas de uma piada ruim que eu fiz enquanto saboreávamos nossa refeição quando...

eu senti que RESPIREI um cogumelo.

Do nada, tossi e senti como se algo tivesse trancado no meu peito. Não tive mais tosse, nem falta de ar, nem absolutamente nada... apenas aquela sensação de alguma coisa presa em alguma parte do meu corpo que não deveria estar.

"Prima, acho que mandei um cogumelo para dentro do meu pulmão" 

Primeiro a gente riu porque só podia ser idiotice minha. Depois a gente riu de nervoso porque a sensação ruim não passava. Depois estávamos consultando o Google para descobrir se eu iria morrer em um ou dois dias.

Agora vejam bem: eu tenho uma prima médica. Ela é uma mulher muito inteligente, mas nessa mesma semana eu já tinha pedido ajuda dela para um assunto NO MÍNIMO idiota.

Perturbei a minha prima médica para perguntar com 100% de seriedade se ela achava que, caso eu jogasse uma torradeira numa banheira com um zumbi dentro, o zumbi morreria. 

🤓

Eu não queria chamar a minha prima médica pela segunda vez na semana, primeiro para perguntar se uma torradeira na banheira mataria um zumbi, depois porque eu estava com medo de ter RESPIRADO UM COGUMELO e morrer.

Então fiz o mais sensato: pedi ajuda para a prima veterinária (sim eu tenho muitas primas), visto que o meu caso claramente estava na jurisdição dela, afinal eu obviamente sou uma ANTA 

(isso depois de uma hora de consulta no Google que apontava que eu teria uma pneumonia em breve 🙏)

Em suma, se dentro de duas horas não aparecessem sintomas de uma FODENDO PNEUMONIA, então eu não tinha RESPIRADO UM COGUMELO e ele só tava preso no meu esôfago sei lá???

Agora é 01h24 e eu NÃO ESTOU TENDO SINAIS DE PNEUMONIA então acho que é um bom sinal de que afinal eu não RESPIREI UM COGUMELO, pois o incômodo no meu peito também já passou!!!!!!!!!

Ou seja, passei três horas lendo todas as complicações possíveis de respirar um cogumelo, para provavelmente sequer ter respirado a merda do cogumelo.

Moral da história: sei lá, provavelmente não respirem cogumelos.


ENFIM, sobre o capítulo de hoje:

Esse foi um daqueles capítulos em que eu aproveito para jogar toneladas de informações e pensamentos sobre o mundo pós-apocalíptico. Eu juro para vocês, uma das coisas mais legais para mim em escrever essa série é estudar sobre assuntos variados e que eu jurava que nunca precisaria aprender na vida apenas para tentar retratar o apocalipse da maneira mais realista possível.

(gera situações meio vergonhosas, tipo perguntar para a minha prima médica sobre o zumbi na banheira...)

Eu tive essa conversa com o meu irmão recentemente de que... ok, no inicio a maioria dos animais animais provavelmente se escondeu ou morreu, mas na altura atual do apocalipse, faz muito sentido que alguns deles voltassem em grande quantidade, sem humanos para garantir um como controle populacional. Baratas e ratos, (infelizmente) é óbvio, mas então pensamos que... gatos provavelmente se dariam muito bem no apocalipse.

Seja bem-vindo a história, Bigode!

TAMBÉM finalmente conhecemos mais de uma personagem que apareceu lá no final do Em Desespero, a Maria Tereza (ou Maitê). Eu amo muito essa tietezinha da Rebeca e estou ansiosa para saber o que vocês acharam dela 🙏

Ah, e claro... Não podia acabar sem um pouco de caos 👀

Ai ai, quem mais tinha saudades de quando eu escrevia notinhas finais maiores do que o próprio capítulo???? (ninguém)

Bom, depois de me humilhar para vocês, para as minhas primas e para mim mesma, vou finalmente descansar.

Espero que todos tenham uma boa semana e me perdoem pela demora 🙏

Não sejam mordidos

(nem respirem cogumelos 🍄)

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