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Capítulo 16.

Em meia hora de viagem, já havia perdido a conta de quantas vezes sentira minha consciência escorrer por entre os dedos, independente do quanto eu tentasse me agarrar a ela.

No início, enquanto a adrenalina do combate ainda queimava nossas veias, Samuel tentou insistentemente falar comigo para me manter acordada. Questionava como eu me sentia ou pedia ajuda com o caminho, mas sinceramente eu pouco conseguia contribuir além de me esforçar para manter os olhos abertos.

O sol nascia em um horizonte de aquarela alaranjado enquanto todo o cansaço da noite em claro finalmente esmagava meus ossos, intensificando a dor dos machucados. Tentava ficar imóvel para ao menos diminuir as pontadas agudas, mas nem isso amenizava a dor incessante nas minhas costelas. Mesmo o simples ato de falar doía — mas tampouco foi por isso que eu não respondi às perguntas de Samuel.

— Para onde minha mãe falou que iriam, Rebeca?! Você acha que devemos ir para o hospital? — Samuel perguntou, mas manteve os olhos lacrimejantes na estrada.

Não sabia se era uma pergunta genuína ou ele apenas estava tentando se controlar, mas ambos tínhamos ciência de que estávamos indo para o lado contrário — o caminho em direção ao hospital estava bloqueado pela multidão de zumbis. Não respondi, porque nada que eu falasse nos ofereceria qualquer esperança.

Após perguntar, em meio aos prantos, se eu tinha certeza que seu pai não tinha conseguido sobreviver (dessa vez, olhando nos meus olhos) e eu responder apenas com um aceno de cabeça, seus questionamentos aos poucos cessaram. Observei a postura tensa, a forma como agarrava o volante do carro com tanta força que os nós dos seus dedos estavam brancos.

Então lembrei da frieza com a qual atirou no homem que estava no carro. Não que eu o julgasse — até porque, bastava prestar atenção em seus olhos azuis por apenas alguns segundos para entender que o que o movia era o mais puro desespero —, mas me atrevi a questionar se eu mesma teria sido capaz de tirar a vida de um desconhecido naquela situação. De Adão, com certeza, mas... não podia deixar de pensar no que aquele homem dissera, que haviam sido enganados por ele.

— Samu... Eu sinto muito. Por tudo. Seu pai era o homem mais corajoso que eu já conheci — murmurei, na esperança de pelo menos mostrar que solidarizava com sua dor, mas não recebi nenhuma resposta.

Quando o silêncio se estabeleceu e mais uma vez senti o cansaço esmagador me convidando a fechar as pálpebras, tentei me esforçar para ser útil de alguma maneira. Compensar o peso morto que eu havia virado. Vasculhei na mochila de Alex até encontrar as garrafas de água e algo que pudéssemos comer. Ofereci para Samuel, mas ele recusou. Falou que eu precisava mais.

Tomei um pouco de água e tentei comer, mas a náusea me impediu de engolir mais do que meia barrinha de cereal. Só então, atrevi-me a conferir meus machucados. Eu já estava acostumada com cicatrizes e roxos cobrindo todo o meu corpo, mas agora o número estava consideravelmente maior; o corte de quase doze centímetros na minha perna direita era profundo, mas não parecia ter acertado a artéria e o torniquete de Samuel diminuíra o fluxo de sangue; minha mão esquerda também havia parado de sangrar, mas a dor que me travava apenas ao tentar mover os dedos não parecia trazer boas notícia.

Todas as vezes que me imaginei morrendo, foi estraçalhada na boca das criaturas que saíram de nossos pesadelos para caminhar sobre o mundo. Desde que me atrevi a sair daquele banheiro, nunca pensei que merecia uma morte calma. Mesmo nas mãos de Klaus, antecipava o momento em que seria atirada aos zumbis apenas para prolongar o meu sofrimento. Ainda assim, vendo o sangue que manchava todo o meu corpo saído das feridas abertas, pela primeira vez em muito tempo pensei que morreria de outra maneira. Que sequer teria forças para sair daquele carro — ou que, quando o fizesse, desmaiaria sem forças no asfalto para sangrar até o fim.

Não sabia se era minha vida passando pelos meus olhos ou as lembranças nas quais eu me agarrava se repetindo incessantemente. As tardes da minha antiga vida que passei brincando com Mei, o dia de verão com Leonardo e Guilherme, a noite de comemoração no condomínio após o combate com Klaus... Tudo se misturava em um caleidoscópio de razões para eu me recusar a morrer.

— Sa... — Como uma piada sem graça, bastou que eu abrisse a boca para que uma tosse dolorosa começasse, que só terminou quando cuspi um pouco de sangue na mão. — Samu, eu... A gente precisa parar. Se eu não desinfeccionar esses machucados, vou acabar morta.

Ele assentiu.

— Vou parar na primeira cidade que aparecer.

Mas mesmo aqueles últimos vinte minutos de viagem pareceram durar uma eternidade. A cada segundo sentia-me mais fraca e a dor se intensificava e, caso ainda precisássemos fazer uma busca por itens de primeiros socorros, eu duvidava muito que conseguiria ajudar.

Quando as primeiras residências começaram a aparecer pelas janelas, eu precisei lutar para manter minhas pálpebras abertas. A manhã já havia raiado completamente e a luz acinzentada denunciava os mortos que vagavam pelas ruas estreitas. Nem eu ou Samuel conhecíamos aquela cidadezinha ou já havíamos parado ali antes, mas não tínhamos tempo para buscar um local estratégico. Qualquer casa murada precisava servir.

Pela falta de prática, Samuel dirigia devagar e, em conjunto com as constantes manobras para desviar de um acidente ou corpos mortos, um grupo considerável de zumbis começava a nos seguir. Assim como era comum em cidades menores, grande parte das casas aparentava estar trancada e não se via qualquer carro na garagem.

Conforme Leonardo havia me contado, o apocalipse acertou as capitais com mais violência enquanto demorou um pouco para alcançar as cidades menores. Algumas até mesmo criaram centros seguros para tentar proteger os sobreviventes, mas até onde sabíamos, todos haviam tido o mesmo destino. Ainda assim, a maioria dos antigos moradores teve mais tempo de trancar suas casas antes de partirem, encher os porta-malas de mantimentos e tentar se reencontrar com familiares de cidades maiores.

— Rebeca, você tá bem? Acho que vamos precisar correr. — Samuel falou, depois de algum tempo, com a voz repentinamente baixa. Seus olhos estavam fixos no retrovisor, observando o grupo de mortos que havíamos reunido.

Meu coração começou a bater mais rápido, tremendo a iminência de sair daquele carro. Movi-me apenas o suficiente para olhá-lo de frente e apenas isso já lançou uma onda de dor quase incapacitante por todo o meu corpo.

— Samuel, eu não vou conseguir! Precisamos pensar em outra coisa.

A respiração dele se tornou igualmente acelerada. Nenhum de nós falou nada por vários segundos enquanto tentávamos buscar alguma solução.

Então me lembrei de quando eu, Mei, Melissa e Guilherme terminamos separados do resto do grupo, logo nas primeiras semanas do apocalipse. Embora a situação fosse diferente e já estivéssemos atrás dos muros de uma casa, havíamos usado um carro para impedir a entrada dos mortos que tentavam nos alcançar.

— Estaciona o carro em frente ao portão daquela casa!

Era uma residência a poucos metros de nós, simples e de apenas um andar, como todas as outras daquele bairro. A pintura azul das paredes estava descascada e a grama crescida no jardim indicava que havia sido abandonada ainda no começo do apocalipse. O portão de acesso à garagem era de metal grosso, completamente fechado, mas o que chamou a minha atenção foi um segundo acesso de grades para pedestres que ficava ao lado.

— Tem certeza?! — Samuel perguntou.

— Sim, saímos do carro e pulamos o muro — expliquei enquanto torcia o corpo (e outra onda de dor me deixava tonta) para olhar pela janela traseira. Tínhamos alguns segundos, talvez um minuto inteiro de vantagem da massa de zumbis que nos acompanhava. — Só me ajuda a subir no capô lá fora!

Samuel me obedeceu e virou o volante, então ouvi o barulho da lataria sendo amassada contra o muro quando o carro parou angulado ao portão. Independente do que encontrássemos naquela casa, eu duvidava muito que eu conseguiria sair nos próximos dias, então ainda que modesto, aquele bloqueio teria de servir.

Samuel saiu do carro e estendeu a mão para me ajudar, já que a minha porta estava esmagada contra o muro. Sabia que seria difícil, mas bastou que eu me movesse para a tontura e o sangramento voltarem com toda a força. No fim, precisei ser quase arrastada de dentro do carro e mal pude suportar o peso do meu corpo quando os coturnos encostaram no asfalto.

O mundo se tornou um borrão preto enquanto me apoiei na porta aberta do carro. Samuel tirou algumas coisas de dentro do veículo, mas não me falou nada antes de subir no teto e apenas esticou a mão para me puxar. Olhei ao redor e era difícil distinguir as criaturas que se aproximavam dos borrões negros se formando na minha vista. Eu tentava mover meu corpo com a agilidade que Samuel esperava, mas tudo parecia letárgico e pesado demais. Uma dor aguda na lateral do corpo toda a vez que eu respirava tornava impossível esquecer das possíveis costelas quebradas e quando, por descuido, usei a perna ferida para subir no banco do carro, achei que desmaiaria.

O mundo virou um borrão enquanto Samuel me ajudava a subir no capô e passávamos pelo muro alto. Demorei a compreender que os barulhos que eu ouvia eram dos primeiros zumbis chegando e colidindo com o carro. Só então ficou claro o quão perto eles chegaram de mim enquanto tentava vencer o torpor.

Em algum momento, quando cheguei ao chão e senti o mato alto encostando nas canelas, cambaleei e tentei encontrar estabilidade com a perna ferida, mas apenas serviu para uma nova onda de dor me derrubar. Senti mais sangue escorrer e um grito vazou pelos meus lábios enquanto eu caía.

Com a visão turva, observei as nuvens que se formavam sobre nós. Vez ou outra o rosto preocupado de Samuel aparecia em minha linha de visão, mas ele desistiu de tentar me acordar após o segundo ou terceiro grito.

Pelo menos, alguns segundos antes da minha visão escurecer de vez, eu mal podia sentir a dor. 


✘✘✘

Respirar era difícil.

Quando tentei abrir os olhos, junto a uma agonia que eu mal conseguia identificar, o lado direito da minha cabeça latejou com tanta força que tudo ficou preto novamente.

Resetei a perna quando a senti queimando, mas de alguma maneira ela continuou doendo. Lutei contra as pálpebras pesadas e torpor e, quando os borrões escuros começaram a desaparecer, meus olhos encontraram com os de Samuel.

Ele não me falou nada, mas me observou atentamente por alguns segundos antes de virar mais uma vez a garrafa que segurava sobre o meu ferimento e a dor voltou ainda mais intensa.

Só então percebi que não estávamos mais no exterior. Observei as paredes brancas e tentei distinguir os móveis que pareciam se fundir enquanto todo o mundo girava. Quando movi a mão esquerda, soltei um protesto de dor e lembrei dos tiros, mas quando olhei, encontrei-a devidamente enfaixada com gaze e não mais a tira rasgada da minha camiseta. Estava sobre uma almofada florida estampada, contrastando com o sofá creme que agora tinha manchas de sangue.

Fiz menção de me mover, mas Samuel pressionou a mão cuidadosamente sobre meu ombro para me impedir. Percebi que ele se movia e tentei falar alguma coisa. Eu sequer conseguia entender o motivo da minha pulsação acelerada, mas temi que ele iria partir. Seguiria viagem sozinho e me deixaria para morrer em um lugar desconhecido.

Mas até o momento em que finalmente consegui abrir os lábios, ele já levara um copo de vidro até eles. Senti a água fresca sobre meus lábios ressecados e tomei um gole tão grande que me fez contorcer de dor.

Samuel pacientemente me esperou terminar, mas não falou uma palavra. Eu não conseguia distinguir sua expressão, mas ele apenas me olhava atentamente. Quando terminei, colocou o copo em algum lugar fora da minha linha de visão e se ajoelhou novamente diante da minha perna.

Percebi que pegava algo de uma caixa de papelão. Tentei perguntar onde estávamos, ou como ele se sentia, ou literalmente qualquer coisa, mas mesmo a simples tarefa de falar parecia me exaurir quase completamente. Demorei para processar quando ele tirou mais um pedaço comprido de gaze da caixa e, quando ela entrou em contato com o corte na minha perna, o ardor pareceu voltar mil vezes mais intenso.

Sequer saberia dizer se consegui terminar a frase que tentei formar antes da tontura me derrubar novamente. 


✘✘✘


Nota da autora:

Para a leitora que pediu que eu postasse mais cedo pois iria viajar: eu tentei 🥺🙏

Boa noite amigos, espero que estejam bem!

Parem tudo que estão fazendo e olhem o capítulo de avisos iniciais dos livros da saga!! Eu fiz títulos fofos para cada um  👉👈

O motivo (para quem não viu) é que Em Decomposição vai voltar para o Wattpad em fevereiro (a versão reescrita e revisada!) então quero trazer algumas novidades para comemorar 🖤🖤

Então, para quem não conseguiu ver a versão publicada: em 06/02 iniciam as postagens (provavelmente com três ou quatro capítulos por semana!).

Sobre o capítulo de hoje: minha nossa é difícil narrar as coisas quando a Rebeca tá toda estrupiada. Não faz sentido ela estar 100% atenta e reparar em todos os detalhes, mas ao mesmo tempo tudo fica tão confuso quando ela está confusa!!!! 

MAS FELIZMENTE ESSES DOIS ENCONTRARAM UM POUCO DE PAZ... né? 👀

Que bom que logo a Rebeca vai melhorar e eles vão poder se reencontrar com o grupo no hospital........

Né? 👀

Um beijo para todos e até semana que vem.

Não sejam mordidos até lá! 

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