Capítulo 1.
O cheiro decrépito invadiu meus sentidos em uma lufada tão densa que se tornou impossível respirar.
Ao meu redor só havia escuro e podridão, mas estava debilitada demais para sair dali. A dor rasgou meus músculos quando tentei fazer o primeiro movimento e, ao olhar para o meu corpo a fim de entender a extensão dos machucados, constatei que apenas estar de pé já era muita sorte.
Eu estava completamente queimada. A carne avermelhada fundia-se com pedaços de tecido de minhas roupas, alguns pontos enegrecidos de onde saía uma densa fumaça escura que se perdia nas trevas do local onde eu estava.
Em um baque repentino, lembrei-me que precisava proteger Hector. Seu rosto era indistinguível, mas eu sabia que estava em algum lugar daquela escuridão, então desatei a correr no ritmo vagaroso que meu corpo carbonizado permitia. Como se em resposta à minha realização, escutei pela primeira vez os familiares rosnados das bestas reanimadas que habitavam o mundo. Não progressivamente, mas de um segundo para o outro, incontáveis criaturas se fizeram presentes com seus sons blasfemos como gritos saídos do inferno. Acelerei o passo e garras arrebentaram minha pele, transformando minha visão numa explosão vermelha.
Ainda assim, no fundo de todo aquele pandemônio, eu sentia a presença do meu amigo. Via alguns vislumbres por trás de rostos desfigurados de zumbis (alguns tão parecidos com pessoas que eu já amei...), mas como uma criança perdida entre formas sombrias, eu nunca conseguia alcançá-lo. O cheiro de podridão se intensificava e em determinado momento tive certeza que ele estava me envenenando, então minha única escolha foi tapar meu nariz e boca com as mãos.
Percebi algo escuro seguir o meu movimento, como se estivesse grudado ao meu corpo. Por um milésimo de segundo, ousei imaginar ser a carne carbonizada do meu braço se desprendendo dos ossos, mas teria sido bom demais. O horror da origem daquele aperto, cujas unhas cravaram-se na pele infeccionada do meu corpo, fez com que eu desejasse estar morta.
O braço preto de Klaus estava agarrado a mim em um aperto implacável.
Enchi meus pulmões até o limite com o ar fresco da manhã, como se aquilo me salvasse de um afogamento. Mesmo a visão do quarto semi-iluminado pelos raios de sol que passavam pela veneziana demorou para acalmar meu coração. Depois de vários segundos, percebi que meus braços doíam graças à força com a qual eu esmagava o lençol entre os dedos e exercitei o controle sobre meu próprio corpo, obrigando-me a soltá-lo.
Provavelmente havia acordado em um sobressalto, mas mesmo que o sono de qualquer sobrevivente tivesse se tornado leve por questão de sobrevivência, quem dividia a cama comigo já estava suficientemente acostumado com meus pesadelos àquela altura.
Seis meses haviam se passado desde o conflito na oficina, mas diferente da dor e do luto, que de maneira lenta, mas constante, desvaneciam, a tortura dos meus sonhos só se intensificara desde então. Quando minhas queimaduras, cicatrizaram e o insuportável peso sobre meu coração começou a ceder, eles vieram, com lembranças cruéis de cada violência cometida contra minha sanidade.
Foi graças a isso que comecei a evitar o momento de apagar as luzes e fechar os olhos. Graças a estas lembranças distorcidas que terminei buscando abrigo onde eu estava nesse momento, mesmo que esse costume não particularmente tornasse mais simples o momento após os pesadelos se dissiparem.
Respirei fundo, incapaz de decidir se era graças ao medo ou ao calor que uma fina camada de suor cobria meu corpo. Já estávamos no fim do verão, em março, e as manhãs começavam cedo. Fiquei em silêncio, mas quando não escutei nenhuma movimentação vinda do andar debaixo, deitei novamente a cabeça no travesseiro. Provavelmente ainda tinha algum tempo de descanso, o que sempre era apreciado, visto que a maior parte das minhas madrugadas eu passava tentando controlar a ansiedade após acordar de outro pesadelo.
Ouvi um expirar profundo e o braço que envolvia minha cintura instintivamente puxou-me para mais perto do calor do seu corpo. Agora eu estava de frente para Guilherme, nossos rostos tão próximos que podia sentir sua respiração. Sem sono, observei seu semblante tranquilo, alguns fios loiros escuros do cabelo bagunçado caindo sobre ele.
Atentei-me às mudanças que surgiram no seu rosto desde o começo do apocalipse: a eterna barba por fazer com a qual ele finalmente havia parado de se preocupar; cicatrizes na pele clara um pouco queimada de sol; a marca de um vinco entre as sobrancelhas. De alguma forma, todos parecíamos ter envelhecido mais do que nossas aparências denunciavam naquele ano.
Dormia sem camiseta graças ao calor e eu podia observar seu peito subindo e descendo com a respiração constante. Sabia que eu não era a única que tinha pesadelos, mas, ou os meus eram mais frequentes, ou os meninos sabiam esconder melhor. Eu acreditava que era a segunda opção. Ninguém sobrevivia tanto quanto conseguimos sem marcas tão profundas quanto a própria morte.
Ergui a cabeça, procurando por Mei. Desde que o inverno se fora, ela havia parado de dormir comigo na cama e, em pleno verão, fazia questão de ficar ainda mais longe para evitar até o mínimo contato com um cobertor caído de noite que pudesse matá-la instantaneamente de calor. Sorri, encontrando apenas o focinho da minha Pastor para fora do banheiro aberto, onde ela gostava de dormir por causa dos ladrilhos frios. Mei já estava com quatro anos e às vezes eu ficava feliz apenas lembrando da sorte de tê-la ao meu lado.
Depois de alguns minutos em silêncio, finalmente comecei a ouvir sons do lado de fora do quarto: movimentações no andar de baixo, portas abrindo e vozes baixas murmurando "bom dia" umas às outras. Esforcei-me para lembrar do cronograma para ter certeza de que eu não precisaria me apressar a levantar, pois não era meu dia de saída hoje.
Darlene, Bruna e Antônio estavam fora, três pessoas que se uniram ao nosso grupo após escapar do cárcere de Klaus. Tomas, Alex, Paulina e Samuel voltariam hoje, então outro grupo sairia. A maioria de nós ainda preferia duplas, mas os três primeiros haviam se acostumado a trabalhar juntos, e Tom ainda não tinha confiança para sair completamente sozinho com o filho. Agora, com quase vinte pessoas no grupo (e três cachorros), a força-tarefa de reunir mantimentos nunca parava. Não só tínhamos sempre a necessidade de arranjar comida, mas também itens de necessidade e higiene, gasolina, munição, roupas, brinquedos para as crianças (jogos para Leonardo e Guilherme)... Tudo sempre estava em falta, mas pelo menos garantimos a nossa segurança atrás dos quatro muros de pedra do condomínio que virou nosso lar.
Refiz novamente o cronograma de revezamentos na minha cabeça para me assegurar que estava correta, antes de acordar Guilherme:
— É hora de levantar — Toquei seu braço e sussurrei. — Hoje é sua vez. E precisa acordar a Melissa.
Guilherme afastou minha mão como se fosse uma mosca, deixando um gemido de protesto escapar de seus lábios. Assisti enquanto ele virava de costas para mim e puxava o lençol até o pescoço, resmungando algo sobre mais dez minutos e sorri. Cuidadosamente, ergui a mão para mexer em suas mechas douradas e ouvi um grunhido de aprovação.
Mas muito antes do fim de seus dez minutos, Guilherme soltou um suspiro pesado e afastou o lençol, provavelmente porque sabia que Melissa levava tempo para se levantar. Sentou na cama e puxou os cabelos para trás a fim de tirá-los da frente dos olhos e sua movimentação chamou a atenção de Mei. Minha cachorra se levantou em um pulo e correu até ele para desejar um bom dia com lambidas.
— Bom dia, Mei, bom dia — resmungou, afastando o focinho dela e se espreguiçando (Mei imitou, esticando todo o seu corpo sobre as patas dianteiras enquanto abanava o rabo).
— Pode dar comida para ela? — pedi, ainda com o cuidado de não falar muito alto. Mesmo que fizesse calor, cobri-me com o lençol, agradecendo mentalmente por não ser eu a ter que levantar tão cedo. Pelo menos hoje.
— Uhum — Guilherme murmurou e encostou na tela do iPhone sobre a mesinha de cabeceira para checar o horário. 6h34. Contive um riso, sem qualquer maturidade diante de coisas tão banais que faziam parecer que não havia um apocalipse do lado de fora dos nossos muros. — Bom dia, Rebeca.
— Bom dia — respondi e sorri discretamente, porque sabia que seu tom seco não tinha nada a ver comigo. Guilherme apenas acordava com a disposição de alguém que havia sofrido um atropelamento.
Em silêncio, observei-o levantar da cama para ir até o banheiro e Mei assumiu seu lugar, esticando o focinho até mim para receber um pouco de carinho enquanto o esperava. Depois de alguns minutos, a porta do banheiro se abriu e Guilherme voltou para o quarto, ainda com a expressão de sono, mas com o rosto lavado e os cabelos presos em um meio-coque bagunçado.
Colocou a roupa sem muita pressa; um jeans um pouco surrado e uma camiseta simples, e pegou sua jaqueta de couro, atirada sobre a escrivaninha de madeira. Era sempre um saco usar roupas grossas agora que os dias estavam tão quentes, mas elas já nos salvaram de mordidas demais para serem dispensáveis. Guilherme parou no meio do quarto e bocejou, encarando minha mochila com uma expressão de quem ainda não estava completamente acordado.
— Posso levar suas armas? — Ele virou pra mim e fechei os olhos rapidamente para fingir que não o estava observando esse tempo todo.
Ergui somente uma pálpebra e assenti, mas provavelmente ele já sabia, pelo sorrisinho no seu rosto. Era uma piada recorrente entre nós o quanto eu não sabia disfarçar como era observadora (a palavra que Leonardo insistia em usar era "metida").
— Minha mochila já está arrumada para sair — falei, baixinho. — Pode levar.
Guilherme piscou pra mim, num agradecimento silencioso e se dirigiu à Mei:
— Vamos comer?!
Reconhecendo o chamado, minha cachorra ficou eufórica e correu em direção à porta, batendo as patas enquanto esperava Guilherme. Àquela hora, provavelmente o café já estava servido na casa dos Rosa, que já estavam acostumados a receber o pessoal que acordava junto com o sol. Normalmente eu estava inclusa, porque mesmo quando não era meu turno em algum dos revezamentos, os pesadelos nunca me deixavam descansar por muito tempo.
Porém, como havia chegado perto do anoitecer com Melissa na noite anterior, sentia-me particularmente exausta e disposta a ficar mais meia hora deitada. O que não falhava em me intrigar em como Guilherme convencera minha amiga a acompanhá-lo na manhã seguinte.
Ouvi os barulhos das unhas de Mei descendo a escada depois que ela e Guilherme saíram do quarto e fechei novamente os olhos, apreciando o clima morno enquanto tentava captar mais alguns sons da manhã: as vozes do lado de fora, os latidos dos cachorros e, surpreendentemente, até o canto de um passarinho. Talvez, assim como nós, com o passar do tempo, os animais também aprendiam a sobreviver naquele mundo.
Mas a movimentação de alguém na cama atrás de mim foi o suficiente para me distrair daqueles devaneios.
Senti o calor de seu corpo se aproximando segundos antes do braço de Leonardo me envolver. Sua pele escura estava ainda mais bronzeada graças ao sol forte de março, contrastando com o branco da camiseta que eu usava para dormir. Que também era dele.
— Não quer levantar? — Ele perguntou, a voz baixa ainda embargada de sono.
A minha intenção nunca era acabar passando a noite ali quando me esgueirava para o quarto dos garotos ao anoitecer, mas também acabou se tornando parte da minha rotina.
Da primeira vez, foi mais fácil acreditar que havia sido um acaso. Quando acordei de um pesadelo no meio da madrugada e saí do quarto que dividia com Melissa para tomar um pouco de ar, quando as noites ainda não estavam tão quentes. Muita coisa havia mudado desde que mais pessoas se juntaram ao nosso grupo e nem Leonardo, nem Melissa me deixavam continuar naquela casa afastada que eu queria transformar no meu refúgio. Provavelmente nem pegaria bem, depois de tantas perdas... Estávamos sempre preocupados com a saúde mental uns dos outros.
De qualquer maneira, as risadas mal disfarçadas que eu ouvi por trás da porta foram o que me atraiu da primeira vez. Ou a necessidade de encontrar algo (ou alguém) para ajudar a acalmar o coração acelerado. Fosse como fosse, bati na porta do quarto que os dois passaram a dividir desde que os sobreviventes do ataque à escola se juntaram a nós. No quarto onde eu e Guilherme dormimos juntos na primeira noite do condomínio, que parecia ter sido há anos atrás, e para onde eu não quis mais voltar depois das nossas brigas.
Sempre que não estavam no revezamento da saída (porque Guilherme e Leonardo passaram a ser uma dupla), costumavam jogar videogame até tarde. Sorri comigo mesma, lembrando do dia em que fomos juntos saquear um shopping center abandonado e quase acabamos cercados e comidos apenas para conseguir um Playstation e duas sacolas de jogos. Mesmo que não houvesse mais acesso à internet, os painéis solares do condomínio permitiam que usássemos quase qualquer tipo de eletrônico. Então, mais de uma vez, entrei no quarto enquanto estavam jogando Mortal Kombat ou Resident Evil (Leonardo sempre achava muito cômico jogar aquele jogo enquanto estávamos vivendo o próprio apocalipse).
Algumas vezes eu até participava, mas logo aprendi que Leonardo era muito melhor do que eu e Guilherme melhor do que nós dois juntos. Então, cansada de ser massacrada em jogos de luta (ou, muito pior, vencer apenas porque eles pegaram leve comigo), preferia aproveitar a companhia deles lendo um livro. Às vezes, nos perdíamos madrugada adentro em partidas de cartas, jogos de tabuleiro, mas na maioria das vezes, apenas jogávamos conversa fora durante noites longas demais.
Àquela altura, os meninos estavam cientes da minha história com cada um; sobre como, nos últimos meses, eu e Guilherme nos amamos e nos odiamos na mesma intensidade; ou como eu e Leonardo também já estivemos juntos outras vezes. Nenhum dos dois se incomodava com o passado e, no começo, eu parecia a única a se sentir um pouco desconfortável quando nós três estávamos juntos, mas não tardou para que até os poucos silêncios constrangedores fossem preenchidos por uma amizade confortável. A naturalidade com a qual Leonardo tratava toda aquela situação ajudava — "Tem a porra de um apocalipse zumbi acontecendo! Se eu e ele estamos tranquilos com tudo, que outro problema tem?!" Foi o que ele me disse quando estávamos sozinhos e revelei aquela insegurança.
E se eu fosse sincera... Também nada disso me impediu de beijar os dois em outras ocasiões. Apesar da maior parte do tempo nossa convivência não passar de amizade, às vezes as duplas de busca por mantimentos revezavam e eu me encontrava sozinha com Guilherme ou Leonardo. Talvez a Rebeca de alguns anos atrás tivesse fortes opiniões sobre isso, mas... Leonardo tinha razão. Com o apocalipse espreitando bem ao nosso lado, era difícil julgar o que cada um fazia para sentir seus corações baterem com força de novo.
Sobre acabarmos dormindo na mesma cama... Fora algo que aconteceu gradativamente. Primeiro, quando Leonardo gargalhou diante da sugestão de Guilherme de "colocar um colchão no chão e revezar a cama de casal" sob o argumento de que dormiria ali e, se Guilherme não quisesse dividir a cama, podia dormir na rua. Já eu, no começo, sempre voltava para o meu quarto depois de algumas horas. Porém, depois de bebermos um pouco no jantar, estendemo-nos assistindo filmes de terror antigos (DVDs eram campeões na lista de não-prioridades-necessárias) e, quando caí no sono depois de semanas dormindo menos de quatro horas por noite, nenhum dos dois teve coragem de me acordar. Desde esse primeiro dia, mais e mais vezes me permiti o "descuido" de fechar os olhos enquanto estava deitada entre eles, lendo algum livro e acompanhando despretensiosamente as campanhas que jogavam.
— Mais dez minutos? — respondi, depois de vários segundos, repetindo as palavras resmungadas de Guilherme.
Leonardo deixou um riso anasalado escapar. Assim como eu, ele não era de ficar na cama após acordar e sabia que aquilo não duraria muito.
Tão logo quanto me abraçou, afastou-se para deitar de barriga para cima, provavelmente porque começava a ficar quente pra caramba. Ouvi o barulho de algo caindo no chão de madeira, mas não sabia dizer se era meu livro de suspense policial ou um dos controles de Playstation. Mesmo sem qualquer resquício de sono, aproveitei cada segundo naquele lugar que me passava tanto conforto, já esquecendo, àquela altura, do sonho que me trouxe tanto pavor.
Do sonho, apenas. Nunca de Hector.
Virei na cama para ficar de frente para Leonardo. Ele estava de olhos fechados, o braço apoiado sobre a testa com o punho fechado, mas eu sabia que não dormia. Observei a cicatriz que percorria quase todo o seu pescoço até o maxilar num alto-relevo rosado, de quando me protegeu da explosão que eu mesma desencadeara ao atirar nos cilindros de gás dentro da oficina. Esta era a maior, mas outras marcas de sobrevivência adornavam seu corpo junto às várias tatuagens. Ainda mantinha seu cabelo do mesmo jeito: curto nas laterais e com dreadlocks em cima, que ele e Paulina davam um jeito de manutenir. Não usava camiseta (na verdade, ela estava comigo) e seu corpo se mantinha forte, com músculos visíveis mesmo quase um ano após o começo do apocalipse, graças aos nossos treinos constantes.
— Você quer malhar depois do café? — perguntei. Quando ele ergueu as pálpebras, suas bonitas íris verde-claras me miravam:
— Claro — murmurou, então deixou um bocejo preguiçoso escapar. — Conseguiu descansar bem, princesa?
— Acho que sim. Tive um pesadelo, mas estou melhor.
— Ótimo — Ele deu um sorriso genuíno para mim.
Leonardo se preocupava bastante com a saúde de todos, tanto física quanto mental. Constantemente reforçava a importância de nos esforçarmos para expandir a horta e buscar alimentos frescos para variar nossa dieta (e evitar a preferência pela facilidade dos alimentos não-perecíveis); foi quem insistiu para transformamos a casa-afastada numa academia improvisada para que pudéssemos nos exercitar sem colocar a vida em risco; além de sempre checar se alguém precisava de qualquer coisa, se estavam conseguindo dar conta das tarefas e descansar bem, ou simplesmente ser o ouvinte de algum desabafo. Ele fazia bem para o grupo e, desde que se aproximaram, mesmo Guilherme parecia mais tranquilo e menos propenso a discursos autodepreciativos.
Depois de mais alguns minutos em silêncio ao meu lado, Leonardo se espreguiçou e enfim levantou da cama. Meu olhar devia ter sido questionamento o suficiente, pois ele me respondeu:
— Eu já vou levantar, o Guilherme me pediu ajuda ontem à noite com os carros. Pode dormir mais um pouco e eu te chamo na hora que for tomar café, pode ser?
Sequer sentia necessidade de mais descanso, porém concordei, apreciando o tempo de preguiça que eu nunca me permitia ter. Tentando fazer o mínimo de barulho possível, Leonardo foi ao banheiro e depois vestiu uma roupa casual, pois não precisaria sair do condomínio naquele dia.
— Bom dia — falei em tom de brincadeira, percebendo só então que não havíamos nos cumprimentado.
Leonardo riu e seu sorriso fez meu coração bater mais forte:
— Vai dormir, Rebeca — mandou e abriu a porta. — Bom dia.
Enquanto ele ia embora, Mei aproveitou para voltar para dentro do quarto, de barriga cheia e satisfeita. Vendo que agora a cama King Size estava vazia a não ser por mim, arriscou-se a subir e deitar ao meu lado, mas eu sabia que não duraria muito até desistir por causa do calor.
— Comeu bem, meu amor? — perguntei e vi seu rabo comprido balançando de um lado para o outro. Era reconfortante conversar com Mei, mesmo que eu nunca recebesse uma resposta. Talvez exatamente por isso. — E conseguiu dormir bem? Hoje a noite foi tranquila pra mim. Tive um pesadelo, mas só depois que já tinha amanhecido.
Minha Pastor deitou a cabeça no travesseiro onde antes Guilherme dormia e senti sua respiração quente contra meu rosto. Enrolei os dedos nos pelos macios, apreciando sua companhia, então me permiti fechar os olhos novamente, mesmo que não estivesse mais com sono.
Eu amava manhãs de verão.
✘✘✘
Nota da autora:
Não sou eu que estou tremendo, são vocês!!!
Como é bom estar (quase) de volta! Lembrando que esse primeiro capítulo é apenas um gostinho e as postagens oficiais começaram dia 19 de setembro!
Minha nossa, vocês não tem noção do quão ansiosa eu estava para finalmente mostrar esse capítulo para vocês 😭 Eu quero MUITO ver as reações, a alegria de matar a saudades dos personagens, tudo...
Podem me responder: o hype se pagou? 👀
E eu quero aproveitar para agradecer do fundo do meu coraçãozinho a todos por estarem aqui de novo e por terem tido a paciência de aguardar todos esses meses 🖤 Escrever essa série é algo que me torna completa e nunca deixa de ser uma honra ter leitores tão incríveis que a amam tanto quanto eu.
Vou ser sincera aqui, eu nunca tive tanta dificuldade para começar a escrever um livro do que estou tendo com Em Fúria!! Parece um passo surreal estar entrando no terceiro livro da história e às vezes toda a ansiedade envolvida me trava. Apesar de tudo, claro que estou mais do que preparada para dar tudo de mim para entregar a melhor história que eu puder (e que vocês merecem). Esse livro vai ser uma loucura...
Espero que as segundas de vocês voltem a ser especiais 🖤
Um beijo enorme para todos e até dia 19!
E, com muita alegria, finalmente posso dizer:
Não sejam mordidos até lá.
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