Capítulo 61.
Leonardo seguiu pela roda que formávamos com a garrafa de gin na mão, misturando o que quer que tivesse em nossos copos com uma dose generosa da bebida.
Melissa recusou educadamente, pois o suco de limão em seu copo já estava misturado com vodka. Vi o cenho de Victória se franzir e presumi o motivo: apesar de termos destilados disponíveis, ninguém estava bebendo mais do que uma ou outra latinha de cerveja até então. Não era qualquer surpresa para mim que Melissa estivesse bebendo (na verdade, muitas vezes eu a acompanhava), mas não podia fingir que não enxergava o problema. Da mesma forma que eu comecei a fumar.
Dei de ombros, pois mesmo Victória não falou nada. Desde que estivéssemos protegidos dos mortos (ou dos vivos), cada um podia afogar o medo e ansiedade de suas próprias maneiras problemáticas.
Entreguei meu copo de água para Leonardo, que cheirou e ergueu uma sobrancelha para mim, como se tivesse descoberto que eu bebia gasolina. Atirou a água na grama e encheu um pouco menos da metade do copo.
— Você sai amanhã cedo, né? Então não pode exagerar.
— Sim, senhor — debochei. Então percebi que ainda não havia combinado com Melissa. — Amiga? — chamei. — Preciso que você me acompanhe amanhã. Tom não vai deixar eu ir sozinha.
A garota loira revirou os olhos dramaticamente, como se eu a estivesse convidando para dar uma volta no inferno. Pensando bem, até que não estava totalmente errada.
— Se eu acordar, Rebeca. — Seu tom era extremamente entediado, mas eu sabia que não era muito mais sério do que apenas um lamento. Apesar de ser descontraída na maior parte do tempo, Melissa sabia assumir rapidamente a seriedade necessária para qualquer situação. Dessa forma, mesmo sem falar nada que sugerisse aquilo, eu sabia que podia contar com ela.
— Tá, posso começar? — Alex ergueu a mão, um pouco tímido, e Leonardo gesticulou para que prosseguisse. — Meu nome é Alexandre Martins, tenho 22 anos... — Alexandre se interrompeu, deixando um riso escapar. — Credo, tá parecendo uma apresentação do Alcoólatras Anônimos. Enfim, acho bobagem esse negócio de signos; eu cursava Engenharia, mas ia trocar de curso porque decidi que queria ser professor; e era Vascaíno, não perdia um jogo.
— Puta merda, eu sinto muito — Guilherme fez uma expressão pesarosa e se esticou para dar dois tapinhas no ombro de Alex. — Pelo menos o apocalipse te tirou dessa miséria.
Alexandre não conteve o riso, mas mostrou o dedo do meio para Guilherme mesmo assim. Logo os garotos iniciaram uma discussão a respeito de seus times de futebol, na qual Paulina também participou energicamente, e apesar daquele assunto me dar sono, eu provavelmente estava com um sorriso no rosto.
Antes, nem Alex, nem Samuel passavam muito tempo conosco. Era visível que o primeiro se sentia um pouco deslocado entre os adolescentes, mesmo tendo Alana por perto. Na época que eu voltara ao condomínio, Alex passou vários dias depressivo, mas recentemente voltou a se enturmar, principalmente entre os novos membros do grupo que antes pertenciam à escola. Já Samuel sempre foi muito reservado (e não somente por causa de sua condição), mas ultimamente começava a fazer um pouco de esforço para participar das conversas do grupo — o que coincidiu com seus pais lhe dando maiores liberdades. Mesmo que já fossem rostos conhecidos, era bom vê-los conosco.
— Desculpem interromper o debate sobre qual time morto era o melhor — Melissa falou, sem disfarçar o desgosto na voz. — Mas a gente podia continuar a parte legal da noite, quem sabe?
— Vai você então, Mel — Guilherme gesticulou: — O palco é seu!
— Obrigada, obrigada — Melissa se levantou e bebeu um gole longo do seu suco batizado. — Sou Melissa Marriot-
— Nome de burguesa. — Paulina interrompeu, com um sorriso no rosto.
— Tenho 17 anos; sou Taurina com ascendente em Leão e vênus em Câncer-
— Nossa, eu sabia! É tão você! — Dessa vez foi Guilherme quem debochou.
Victória precisou cobrir a boca para não explodir em uma gargalhada e Melissa fuzilou os dois com os olhos.
— Como eu ia dizendo — ergueu a voz, antes de continuar, abaixando o tom: — sempre odiei esportes, apesar de descobrir que sou boa na modalidade matar zumbis; queria cursar jornalismo; sei falar inglês e italiano medianos e espanhol fluente; cozinho muito bem; e eu tinha um gatinho que se chamava Milkshake, mas ele fugiu há dois anos e eu chorei por uma semana inteira. Isso é tudo. — Melissa concluiu com uma reverência, como quem termina uma apresentação, esticando a mão que segurava o copo e vertendo toda a bebida no chão.
Era impossível não gargalhar, mesmo que constantemente precisássemos avisar uns aos outros para controlar o tom. Já bastava termos estendido aquele encontro noite adentro, pelo menos que não perturbássemos quem dormia.
— Maravilhoso — Leonardo aplaudiu. — Mas vocês são muito bonzinhos, tá faltando umas informações mais chocantes!
— Eu plantava maconha. — Alex abriu um sorriso divertido. — Num vasinho na sacada de casa. Minha mãe sabia, e até fumava comigo.
Paulina deixou um riso escapar, erguendo a mão:
— Eu também, tecnicamente. Minha colega de apê tinha uma plantação na nossa sacada. Um dia a branquela levou um cara com quem tava saindo e descobrimos que ele era policial. Jurei que íamos as duas pra delegacia, mas no fim ele acabou fumando com a gente.
— Nunca fumei maconha, mas eu beijo mulheres. — Melissa colocou as mãos na cintura, erguendo as sobrancelhas para Leonardo, como quem fala "informação o suficiente para você?" — Só mulheres. Na verdade, o Guilherme foi o último cara que eu fiquei, quando eu ainda não tinha certeza do que eu curtia.
— Explica muita coisa — Leonardo comentou, dando uma leve cotovelada em Guilherme.
— É que ela percebeu que se nem com melhor representante do time dava liga, o negócio era trocar a camisa mesmo — respondeu, sem se deixar abalar.
Melissa escondeu o rosto na palma da mão, fingindo desgosto.
— Vocês são ridículos. — Mas, quando voltou a se sentar, já estava com um sorriso no rosto e Guilherme enganchou seu pescoço com o braço, puxando-a para perto dele, como um irmãozinho chato.
— Paulina? — Leonardo fez um sinal para a amiga, que estava dando diversas bicadas no seu copo enquanto não tirava os olhos de Melissa. Era difícil ler sua expressão.
— Paulina Oliveira; 26 anos; ex-professora de biologia; meus alunos me amavam porque eu não tratava eles como idiotas; sei lutar de jiu-jitsu; fiz um curso de defesa pessoal; tenho habilitação para dirigir caminhões; detesto chocolate; jardinagem me desestressa; cozinho o suficiente pra salvar minha vida. De informações chocantes, já falei da história da plantação de maconha no apartamento e é isso — falou tudo de uma vez só, praticamente sem pausar, então deu um gole longo no seu copo. Então olhou para Leonardo, como se esperasse uma confirmação de que estava liberada.
— Esqueceu de falar que também só curte mulher e quase me deu um soco quando dei ideia em você — ele comentou.
— Não tenho paciência para homem convencido — respondeu.
— Por isso nós somos melhores amigos. — Leonardo virou em nossa direção e falou, como se estivesse explicando um fato óbvio.
— Você não falou o seu signo! — Melissa chiou.
— Qual você acha que é? — A mulher mais velha respondeu.
Era difícil não enxergar o carinho toda a vez que a sua voz amansava ao conversar com Melissa, mas eu podia imaginar em que situação difícil tudo aquilo a deixava. Se fosse sincera, havia deliberadamente nunca me permitido pensar na diferença de idade entre mim e Leonardo.
— Hm — A loira pensou por alguns instantes — você tem jeito de Áries!
— Não, sou de Libra, sabe por que? Porque signo não significa nada — ela piscou para Melissa, abrindo ainda mais o sorriso.
— Por isso tenho que saber do resto do mapa também... — Melissa balbuciou, derrotada. Eu sabia que ela realmente era aficionada por astrologia e também já havia pego no pé dela, questionando por que no dia em que os zumbis chegaram eu não encontrei nenhum aviso no meu horóscopo do dia.
— Samu, sua vez! — Guilherme fez um sinal para Samuel, que até então estava quieto. Eu sabia como haviam se tornado próximos, por isso reconhecia que a presença dele em um lugar normalmente tão desconfortável para Samuel fazia alguma diferença.
— Ahn, meu nome é Samuel Rosa, tenho 18 anos. Gosto de desenhar e ler quadrinhos. — Ele falava baixo, sem erguer os olhos do cooler que encarava. — Sou do espectro autista, meu grau é leve. Antes de existirem zumbis eu fazia teatro, para ajudar com a parte de socialização. — Ele parou por alguns segundos, como se estivesse pensando no que adicionar. — Eu nunca matei um zumbi.
— Nunca matou ainda. — Interrompi, dando ênfase na última palavra. Samuel ergueu os olhos momentaneamente para mim. — Vamos começar a sua contagem logo.
— Seus pais são bem protetores — Paulina observou.
— Eles sempre foram — Samuel concordou. — Mas meu pai deixou eu aprender a atirar, então estou empolgado.
— Eu e o Gui saímos essa semana — Leonardo explicou — assim que eu voltar, te transformo num fuzileiro, fechou?
Samuel pareceu perdido por alguns segundos, até Guilherme sacudir a cabeça e se aproximar para explicar:
— Ele quis dizer que vai começar as aulas quando voltarmos.
Então o garoto mais velho assentiu, finalmente compreendendo. Graças ao seu diagnóstico, Samuel tinha dificuldade em entender figuras de linguagem. Mas me deixava feliz ver como ele começava a se sentir mais à vontade conversando com várias pessoas. Pelo tempo em que ficamos na casa dos Rosa, raramente conseguíamos trocar mais do que rápidas frases com Samuel até que seu interesse voltasse a se prender em seus desenhos. Era uma boa mudança.
— Então, minha vez! — Guilherme chamou a atenção e, assim como Melissa, se levantou da cadeira. — Guilherme Borges Schmidt, tenho 17 anos, sou de Câncer e meu aniversário é dia 21 de junho, caso a Rebeca já tenha esquecido. — Ele piscou pra mim e revirei os olhos, com um sorriso. — Jogava futebol bem pra caralho; sou... Era Avaiano-
— E teve coragem de me dar os pêsames?! — Alex perguntou, indignado.
— Destruía nos jogos online — murmurei, repetindo o que ele tinha me dito no dia em que nos beijamos.
— Sim, eu era Águia no CS, uma das minhas maiores conquistas, obrigado por lembrar, Rebeca. — Sorriu pra mim e continuou: — Uma coisa que quase ninguém sabe é que eu sei tocar violão muito bem e também fiz hípica por 5 anos; pretendia cursar engenharia na faculdade, mas antes ia fazer um intercâmbio para o Canadá. Eu e meu irmão queríamos morar lá depois que ele se formasse.
— Sabe, os zumbis eu até aguento — Leonardo murmurou, olhando para Paulina. — O foda é ficar preso com um monte de playboy. Hípica é forçar a amizade, cara. Tu tinha um cavalo, por acaso?
— Eu não, mas a minha mãe tinha um — respondeu, bebendo um gole do gin em seu copo, sem fazer cara feia. Sempre era interessante ver como Guilherme e Melissa eram extrovertidos e seguros rodeados de outras pessoas, quase como se estivessem de volta ao seu habitat natural. — O nome dele era Alado.
Leonardo sacudiu a cabeça, como se estivesse ouvindo algum absurdo:
— Manda uma história que me convença que você não era um playboyzinho, então. Algo que deixaria sua mãe horrorizada.
Guilherme apenas riu.
— Minha mãe era bem de boa, na real. Deixava eu ir nas festinhas, beber, qualquer coisa, desde que dormisse em casa. Aí eu sempre precisava levar meus amigos caindo de bêbados.
— Ter mãe "de boa" é coisa de playboy. — Paulina observou. — Na sua idade, se eu sonhasse em ir pra uma festa e voltar bêbada, minha mãe me dava uma coça até que o chinelo pedisse pra parar.
— Isso porque vocês não viram a casa do Samuel — Alex apontou, mas imediatamente se corrigiu, olhando para a casa dos Rosa no condomínio: — Quer dizer, a casa que eles moravam, não a de férias.
— Vai, Victória, traz uma história diferente — Paulina falou, um pouco mais descontraída e realmente parecendo se divertir para quem não queria socializar. — Ou você também era uma burguesa safada?
Vic deu um sorriso sem graça, enrolando um dedo no longo cabelo alisado.
— Bom, primeiro: meu nome é Victória Carvalho, tenho 16 anos, meu signo é Libra, ascendente em Câncer. Eu era bailarina, representei o estado duas vezes em jogos escolares... Também fiz hípica por alguns anos, inclusive conhecia o Guilherme de lá. — Guilherme fez um hangloose, concordando. — Era uma das melhores alunas e pretendia cursar medicina na faculdade. Aliás, cheguei bem perto da nota de corte fazendo vestibular como treineira, ano passado! Bom, descobri durante o apocalipse que sou uma boa atiradora, mas sempre fui muito medrosa. Acho que por isso nunca arranjei muita encrenca em casa... Meus pais eram o oposto dos de Gui, extremamente rígidos, mas eu morria de medo de tentar sair escondida ou algo assim... Acho que vou dever histórias que cumpram o seu conceito de chocante. — Deu de ombros.
— "Medrosa" não é exatamente a forma que eu classifico quem matou com dois tiros os caras que estavam mantendo seus amigos de refém. Ainda matou um zumbi logo depois — fiz uma observação em voz alta, sabendo que Victória ficaria sem jeito e negaria os elogios.
— Aliás, você não teve mais queda de pressão, né, amiga? — Melissa questionou.
— Ah, na verdade não... Pode parecer loucura, mas desde que o apocalipse começou eu abandonei alguns hábitos não muito saudáveis. Minha saúde está melhor. — Victória deu um sorriso doce.
— Bom, acredito que seja minha vez — Respirei fundo, após perceber que de acordo com a nossa disposição no círculo, a próxima era eu. — Eu estudava no mesmo colégio que eles, mas minha história não tem hípica ou vários idiomas. — Provoquei, recebendo encaradas de Melissa e Guilherme. — Enfim, meu nome é Rebeca Agnes Flores-
— Você tem "Flores" no nome? Achei que era só Rebeca Agnes — Guilherme comentou.
Olhei diretamente para Leonardo, erguendo uma sobrancelha e apontando para Guilherme.
— Viu? É normal não saber coisas básicas hoje em dia!
Leonardo apenas riu, gesticulando para que eu continuasse.
— Sim, Flores é por parte de mãe. Bom, tenho 17 anos, meu signo é Capricórnio, faço aniversário dia 15 de janeiro... Hm, eu fui criada desde pequena basicamente pela minha avó Amélia, que era como uma mãe pra mim. Minha família morava no interior do estado, mas depois que minha mãe faleceu mudamos para capital; ganhei a Mei quando eu tinha 14 anos e a treinei praticamente sozinha; era a capitã do time de handebol do colégio; passava a maior parte do tempo lendo, minha saga preferida era Jogos Vorazes...
— Você era nerd, não esquece de contar! — Guilherme se meteu, fazendo-me revirar os olhos.
— Eu não era muito popular no colégio, mas saía sempre com as minhas amigas; eu gostava de escrever, que é algo que acho que ninguém sabia, e já escrevi um livro completo, mas nunca cheguei a publicar. Eu não fazia ideia do que fazer na faculdade, então em alguma coisa o apocalipse zumbi me ajudou... Meu humor é de mau gosto, aliás, gosto de rir da desgraça. — Finalmente levei o copo à boca, dando um longo gole de gin e franzido o cenho. — Aliás, de chocante eu também não tenho muito o que contar. Namorei um cara alguns anos mais velho quando recém tinha feito 16, mas... Bom, nada demais.
"Mas desde o começo do apocalipse dormi com um mais velho ainda" foi o pensei, e a risada baixa de Leonardo não ajudou meu rosto a não esquentar. Tomei outro gole de gin, para disfarçar.
— Tá, vamos lá — Leonardo também se levantou da cadeira, esfregando uma mão na outra, parecendo organizar os pensamentos. — Meu nome completo é Leonardo Ferreira da Silva, tenho 21 anos, sou de Áries e não fazia ideia que se podia ter mais de um signo. — Brincou, referindo-se ao ascendente. — Eu não fiz faculdade, mas fui militar por 3 anos; sou licenciado para dar aula de tiro; perdi o meu pai antes de nascer e fui criado pela minha mãe; era um encrenqueiro metido a badboy quando adolescente; já tive uns 7 empregos diferentes e aprendi a fazer um pouco de tudo... Sou pan, aliás.
— Ué, sério? Jurava que você era hétero! — Melissa comentou.
— O que isso quer dizer? — Guilherme questionou, confuso.
— Quer dizer que se cair na vila — Leonardo fez um símbolo de arma com os dedos, mirando no garoto, então fingiu atirar. — O peixe fuzila.
Paulina literalmente bateu na própria diante daquela "explicação".
— Ah. — Guilherme ergueu as sobrancelhas, um pouco sem jeito. — Tá. Saquei.
De histórias chocantes, Leonardo compartilhou algumas que já havia me contado no dia em que mostrou o significado de suas tatuagens. Alexandre gargalhou quando, após vários significados profundos, mostrou as que havia feito só porque achou legais e Victória literalmente derramou lágrimas quando ele contou sobre seu pai. Em seguida, descobrimos que Paulina tinha uma borboleta tatuada entre os seios, e Melissa quase morreu de vergonha quando Leonardo perguntou o que ela achava da tatuagem, o álcool deixando nossas brincadeiras com cada vez menos limites e nossas risadas mais altas.
Sem demora, estendemos aquele jogo para mais uma rodada de curiosidades, até que qualquer organização fosse completamente esquecida e estivéssemos dividindo histórias aleatórias enquanto secávamos completamente a garrafa de gin. Alex contou mais sobre sua família; Victória dividiu, pesarosa, sobre como as quedas de pressão afetaram suas apresentações de ballet; e Melissa e Guilherme falaram por quase quinze minutos inteiros sobre o gato Milkshake e o cavalo Alado. Guilherme não me deixou em paz até que eu descrevesse todo o enredo do livro que havia escrito, e quase se matou de rir quando descobriu que era um romance porque "esperava algo mais violento vindo de mim".
Samuel foi o primeiro a se despedir, voltando para casa um pouco depois da meia-noite. Foi seguido por Alex e Paulina, quase uma hora depois. Quando Victória começou a dormir na cadeira, chegou à conclusão que era hora de ir, perto das 2 da manhã. Ofereceu-se para levar Mei junto, que àquela altura já dormia estirada no chão.
Eu, Melissa, Leonardo e Guilherme continuamos conversando noite adentro, enquanto os meninos tentavam explicar porquê a ideia de arranjar um playstation era genial e Leonardo eventualmente incomodava Melissa sobre a quedinha óbvia que tinha por Paulina. Bêbada do jeito que estava, minha amiga teve a audácia de virar para mim e mandar eu controlar meus dois namorados, mas felizmente até mesmo isso se transformou em piada.
Estipulamos quantos zumbis cada um tinha matado (eu estava na liderança), quem teria mais chance num um versus um desarmado contra um zumbi (Leonardo, claro) e falamos das perdas que sofremos. Por fim, eu e Melissa convidamos os dois a participarem do nosso pequeno joguinho, e até quase quatro horas da manhã, compartilhamos sobre momentos, pessoas e sensações que sentíamos falta do mundo antes do apocalipse.
Quando finalmente coloquei a cabeça no travesseiro, espremida na cama entre uma Melissa desmaiada que acordaria com muita dor de cabeça na manhã seguinte e um Pastor Alemão de 50 quilos, ainda estava com um sorriso no rosto.
Contra todas as expectativas, meus sonhos tiveram a audácia de serem bons. Neles, Ana, Hector e Alana estavam sentados junto conosco, contando suas próprias histórias.
✘✘
Nota da autora:
Eu sei que eu normalmente sou uma filha da puta, mas você acharam mesmo tão impossível que o livro terminasse sem tragédia? 🤧
Eu também sei trazer refrescos! E daí que na maioria das vezes eles vêm cobertos de sangue?!
Espero do fundo do coração que tenham gostado desse penúltimo capítulo, onde pudemos conhecer um pouco mais de um mundo de paz há muito perdido (mas talvez não completamente...)
Vocês lembram que o livro começou com a Rebeca e Melissa (e a Mei, claro) longe do condomínio, onde elas não se sentiam mais bem? 🥺
Em Decomposição é uma história sobre muitas coisas e uma delas é sobre buscar a felicidade mesmo no lugar mais desolado. Capítulos como esse chegam a destoar, quando personagens que já passaram pelo próprio inferno se entregam a momentos tão banais que sequer parecem pertencer a essa realidade... Mas acho que não seria possível escrever sobre sobrevivência sem falar da necessidade de tentar voltar a se sentir feliz.
Acho que é um pensamento que sempre me ajudou, principalmente em um momento tão difícil e de enorme carga emocional como o que passamos no mundo real. Sobreviver também é sobre buscar uma forma de voltar a se sentir bem e não tem nada de errado nisso.
Porque ninguém aguenta ser triste o tempo todo e independente do quão destruído o seu mundo pareça, sempre vale a pena tentar reconstruí-lo.
🖤
Mas vamos falar de coisa boa 🤪 Acho que vocês já perceberam que
🥳 EM DESESPERO ESTÁ DE CAPA NOVA 🥳
Eu não consigo expressar o quanto eu estou simplesmente apaixonada por essas obras-primas. Por favor, ME DIGAM O QUE ACHARAM 🛐
(a minha favorita ainda está por vir 👀)
Lembrando que em comemoração ao final do livro, amanhã postarei o último capítulo (lembrando que ele é um pouco mais curtinho, quase um epílogo) e teremos o anuncio oficial de Em Fúria, junto com a capa + sinopse.
Lembrando que a capa vai ser anunciada um pouco mais cedo no meu instagram, então vale a pena me seguir lá 🥰 (@autoramarinabasso)
Estarei de volta amanhã, por isso até lá
não sejam mordidos.
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