Capítulo 43.
No ano passado (e era um pouco assustador pensar assim, pois fazia tão pouco tempo) eu havia namorado um cara mais velho. Ele tinha 19 anos e eu, que fazia aniversário em janeiro, já tinha 16. Nos conhecemos em um evento de cultura nerd e ficamos juntos por poucos meses até eu perceber que ele era grudento demais — o que sinceramente não vinha ao caso.
Uma noite, ele levou eu e minhas amigas Débora e Amanda (hoje provavelmente mortas) para um rolê com os amigos e no caminho paramos em um posto de gasolina, e pediu que eu comprasse as bebidas enquanto ele abastecia. Enquanto provavelmente sabia que eu não teria qualquer problema comprando álcool, como piada, pressionou-me para agir normalmente ou o atendente pediria pela minha identidade e, quando descobrisse que eu era menor de idade, ligaria para a minha avó. Aquela era uma época diferente, leve e despretensiosa e hoje em dia era ridículo pensar no quão tensa eu estava enquanto entrava no posto de gasolina vestida para uma festa, levava três engradados de cerveja para o caixa e timidamente pagava por eles com o cartão do meu ex-namorado. Depois, com o coração quase explodindo enquanto voltava para o carro, senti-me absurdamente adulta pelo simples ato rebelde de comprar bebidas. Como se eu já fosse uma mulher madura que fazia aquilo regularmente e não uma estudante do segundo ano que teria aula na segunda-feira.
Não sei exatamente porque lembrei daquela noite, mas deixei um sorriso escapar enquanto passava pelas bombas de gasolina. Ao invés de roupa de festa, vestia coturnos pesados e jaqueta de couro, e não segurava cervejas, mas o machado que usei para arrombar a porta de vidro. Os garotos me esperavam no Fiorino: Leonardo atrás do volante e Guilherme no banco do passageiro, indicando que já terminaram de colocar gasolina (nas rodovias do interior, as bombas sempre estavam cheias). Apaguei o cigarro e entrei pela porta traseira da van.
— Nunca te ensinaram a não fumar em um posto de gasolina, princesa? — Leonardo provocou, assim que fechei a porta e me sentei no chão duro, entre os quatro botijões de gás que usaríamos mais tarde.
— O cara que deu o machado para a menor de idade arrombar a loja e pediu especificamente pelos cigarros não avisou isso — devolvi, vendo pelo retrovisor o seu sorriso.
Estiquei a sacola com o resto do maço e três latinhas para o banco da frente.
Abri meu energético, tomando um gole pouco animado. A Rebeca de um ano atrás saiu do carro para comprar bebidas e a Rebeca de mais de um ano depois foi buscar uma lata de energético quente para evitar que desmaiasse de exaustão após três dias dias com quase nenhum descanso, após sofrer torturas e ser obrigada a matar três homens diferentes. Há um ano atrás meu destino era uma festinha, e agora ia na direção dos nazistas que mataram metade do meu grupo, pronta para devolver com um extermínio.
Bebi mais um gole da bebida quente.
Um ano.
— Pronta? — Leonardo perguntou, abrindo uma lata e bebendo mais da metade antes de colocá-la no porta-copos.
— Uhum — olhei para o relógio de pulso que me deram há menos de trinta minutos, quando chegamos à conclusão de que seria útil que cada grupo daquela missão maluca tivesse um. Eu não fazia ideia se realmente era 16h da tarde, mas o que importava é que os relógios estavam sincronizados. — Vamos.
Tentei não sentir um sufoco constrangedor naquele espaço. Sequer sei como as divisões de grupo me fizeram terminar em um carro com Leonardo e Guilherme, mas aquela estranha e familiar sensação de eu-não-devia-estar-sentindo-isso-no-meio-de-um-apocalipse-zumbi veio mais forte do que nunca, quase aplacando o peso de tudo o que aconteceu e tudo o que iria acontecer antes do final do dia.
O que aconteceria entre nós quando tudo acabasse?
Nem cinco minutos depois de pararmos para abastecer, já estávamos de volta à estrada. No momento, eu não conseguia ver o carro guiado por Paulina, onde estavam também Alana, Victória e Adão (amarrado e desmaiado, mas sob vigia constante). Por um motivo com o qual eu não concordava, Melissa ficou no colégio a fim de oferecer proteção para os feridos, Caio e Mei, enquanto Alana veio conosco, pois desempenharia um papel importante para a distração que precisávamos. Eu discordei completamente de colocar nossa enfermeira na linha de frente, mas após conversar seriamente com Melissa e garantir que o estado de Tom, Antônio e Alex estava o mais estável possível ao seu alcance, Alana conseguiu que uma maioria concordasse com o plano que a utilizaria como peça-chave.
Tirei o papel dobrado do meu bolso, examinando mais uma vez o desenho que Antônio fez da planta da oficina. Era amador e sem qualquer proporção, mas eu reconhecia os prédios em que já havia pisado, por isso poderia contar com aquelas informações na medida do possível.
Depois de alguns minutos em silêncio, um murmurar atraiu minha atenção:
— Country roads, take me home... — ouvi a voz de Guilherme cantando baixinho, olhando pelo vidro fechado da janela. A paisagem esverdeada do campo era maculada eventualmente por um ou outro morto vagando.
— ... To the place I belong.... — Leonardo completou, e pelo tom da sua voz, eu sabia que sorria.
Guilherme desapoiou o rosto da mão e olhou para Leonardo, a expectativa brilhando em seus olhos.
— West virginia, mountain momma — larguei o mapa, surpresa pela empolgação com a qual os dois começaram a cantar juntos: — TAKE ME HOME, COUNTRY ROADS!
Observei-os cair numa gargalhada alta e depois tocando os punhos em um comprimento. Guilherme comentou o quanto aquela música era boa, mas que jogo era uma merda e Leonardo concordou de imediato. Em menos de um minuto, entravam num debate animado sobre quais jogos de videogame mais gostavam antes do apocalipse. Guilherme debochou de Leonardo por jogar FIFA, alegando que jogo de esporte não prestavam e que preferia jogá-los de verdade e descobriram que ambos gostavam de futebol. No segundo seguinte estavam compartilhando suas idades e combinando de jogar bola quando tudo terminasse, como se fossem antigos amigos em um mundo sem zumbis ou neonazistas.
Sequei o resto do energético, com as bochechas quentes. Se houvesse um ser poderoso por trás de tudo aquilo, eu realmente odiava o seu humor.
✘✘
Quando passamos por uma lombada, abri os olhos em um susto. Merda. Independente do energético, a exaustão me consumiu e o silêncio de uma viagem na estrada era convidativo demais para não tirar um cochilo. De qualquer forma, sabia que no momento em que saísse daquele carro, a adrenalina devoraria qualquer resquício de cansaço.
O caminho era um pouco maior do que o habitual, pois Antônio nos indicou um desvio que ajudaria a chegar na cidade por estradas secundárias, evitando o posto de vigia dos homens de Klaus. A princípio fiquei receosa, mas Paulina, experiente naquelas estradas, confirmou que a informação procedia.
Depois que os garotos finalizaram a conversa, ficamos em silêncio a maior parte do tempo. Eventualmente algum dos dois olhava para trás ou perguntava como eu me sentia, e em todos os momentos tentei transmitir calma em minha resposta. Não que fizesse diferença, eu prosseguiria de qualquer maneira.
Imaginei que quando alguém quebrasse o silêncio, seria para anunciar que estávamos chegando, mas a fungada repentina chamou a minha atenção. Desviei os olhos da planta do local, percebendo que Guilherme também virava o rosto para fitar Leonardo. Seus dedos se fecharam com mais força em volta do volante. Ele fungou mais uma vez e pelo espelho retrovisor eu pude ver como seus olhos estavam vermelhos.
O motivo era óbvio: para Leonardo estar aqui, precisou tomar uma decisão difícil. Sua mãe havia sido baleada e o ferimento era sério. Para afastá-la do centro do conflito e proteger a mulher grávida e a criança, Carol propôs levá-las para a segurança do condomínio e, quando conseguíssemos resgatar o resto dos sobreviventes, levaríamos Valentino até ela. Com a morte do único médico hábil a lidar com aquele tipo de situação, não restava muita esperança — para ser sincera, não restava mesmo antes de sua morte.
O problema é que agora Ivete estava no condomínio (era sensato agir com tanta certeza a respeito disso? Sendo realista, sequer sabíamos se Carol e as mulheres conseguiram chegar). Mesmo se quiséssemos apostar tudo e levá-la às cegas para o hospital de Blumenau, ainda seria uma viagem longa: voltar, buscá-la e pegar a estrada novamente. E havia o perigo de ser como Leonardo previra e sequer sermos bem recebidos.
Ele também podia largar aquele plano suicida e voltar para, com sorte, ter tempo de se despedir, mas mesmo conhecendo-o tão pouco, sabia que aquela não era a escolha que tomaria. Sua maior esperança, conforme nos contou, era terminar com tudo aquilo e tentar convencer algum dos médicos a ir até o condomínio, mas eu sequer sabia se era um plano sincero ou só estava tentando parecer bem para nós.
— Eu sinto muito pela decisão que você precisou tomar — falei, esticando a mão para pousar no seu ombro.
— Não tinha decisão para tomar. Não dá para sobreviver a uma bala no estômago sem assistência imediata.
Mordi o lábio inferior, sem saber como responder. Leonardo tirou uma das mãos do volante e esfregou os olhos com as costas do pulso, fungando mais uma vez. Sua expressão permanecia séria.
— Eu sinto muito por você e por ela. — Guilherme respondeu — Sua mãe deve ser uma mulher foda para ter chegado até aqui.
Percebi que estava roendo a unha do polegar, observando, ansiosa, as reações de Leonardo. Temia que o que Gui tinha dito pudesse deixá-lo ainda pior.
Mas Leonardo apenas fungou outra vez e abriu um sorriso fraco:
— Ela é... Era. É. Pra caralho. — respondeu, virando o volante para desviar do começo de um engarrafamento — Quando estourou o caos no colégio, ela ajudou as crianças a se esconderem na cozinha. Várias sobreviveram àquele dia graças a minha mãe.
— Caramba. Estive com ela por pouco tempo, mas só naqueles minutos... Estava ferida, mas não se permitia nem desmaiar. Continuava falando para a amiga dela que tudo daria certo.
Leonardo sorriu um pouco.
— Ela era assim mesmo. Em nenhum dia falou que estava com medo, porque as crianças eram muito suscetíveis ao que sentíamos. Então ela agia como se tudo estivesse bem, sempre, mesmo que nossa comida estivesse quase acabando...
— Eu vi ela matar um zumbi usando uma bomba de chimarrão — murmurei, e no segundo seguinte, arrependi-me. Guilherme estava lidando tão bem que temi que minha observação aleatória não fosse bem recebida.
Mas Leonardo deu uma risada alta. O sol de fim de tarde batia em seu rosto, criando um contraste bonito entre seus olhos claros e a pele escura. Os olhos de Guilherme também eram verdes, porém mais escuros.
— De novo?!
Surpresos pela resposta, eu e Guilherme acabamos rindo um pouco. Para a minha surpresa, o clima estava surpreendentemente leve diante de tudo o que aconteceu — mas eu sabia bem que não duraria para sempre.
— É foda mesmo — Gui esticou o braço esquerdo, colocando uma mão de reafirmação no ombro de Leonardo — nada mais é justo. Só posso imaginar como você está se sentindo.
— Obrigado, mas não fui o primeiro a perder alguém. Tive muita sorte por ter estado ao lado dela todo esse tempo.
Guilherme assentiu, em concordância, e voltou a encarar a janela. O carro ficou em silêncio e o choro de Leonardo cessou. Respirei profundamente, sentindo um estranho alívio, mesmo que eu não tivesse dito praticamente nada.
Depois de quase um minuto inteiro, Guilherme falou:
— Minha mãe também era foda pra caralho — sorriu, distraído, olhando para os campos que se transmutam em florestas de pinheiros — ela ia ter se dado bem no mundo de hoje... Mas era enfermeira e estava de plantão no dia em que estourou o apocalipse na capital. Ela ligou, ainda de madrugada, falando que estava tudo bem, que um paciente havia atacado ela, mas que foi só uma mordida... Perto do meio dia, quando já haviam chegado zumbis dentro do colégio, eu meio que sabia que não tinha mais jeito.
— Puta merda, que forma de saber... Sinto muito, cara — Leonardo respondeu.
Estendi a mão para colocá-la no ombro de Guilherme e depois passei os dedos pelos seus fios de cabelo, percebendo como estavam compridos. Lembrei que me contou aquela história nos primeiros dias em que estivemos juntos. Ele virou o rosto para mim e sorriu antes de continuar:
— Ela provavelmente se daria bem com a sua mãe, também nunca deixava transparecer nada de ruim... — Guilherme continuou — Meu pai largou ela quando eu fiz um ano e meu irmão mais velho tinha cinco, então ela terminou a faculdade e fez especialização enquanto cuidava e sustentava a nós dois. Mas eu juro para você que em nenhum dia eu vi aquela mulher sem um sorriso no rosto... Não quero romantizar ou coisa assim, sabe? Não é bonito nem justo que ela tenha passado por tudo isso, mas... Bom, ela conseguiu. Eu sempre tento ser como ela.
— Minha mãe me criou sozinha também, mas a história com o meu pai é diferente. É o motivo de eu ter esse navio tatuado — Leonardo ergueu um pouco o braço direito, sem tirar a mão do volante.
Já havia reparado nas tatuagens de seu braço naquele dia, pois mesmo no meio do inverno, o sol estava forte e Leonardo não vestiu a jaqueta de couro. Só agora prestei atenção nos desenhos: praticamente todas tinham estilo old school e seu antebraço era coberto com desenhos menores, enquanto a parte do braço era ocupada principalmente pelo navio. Havia outros desenhos interessantes e meus olhos se dirigiram para uma lápide com a inscrição "Try again?" Seguida de "Yes" ou "No" na omoplata, como opções de um videogame.
— Essa aqui significa o que? — perguntei, colocando meu dedo sobre ela.
— Se a gente sair daqui vivo, eu conto o significado de todas — respondeu, já com um sorriso no rosto, alcançando o maço de cigarros com uma das mãos — e você, Rebeca, qual é a história triste da sua mãe?
Deixei um riso sarcástico escapar. Eu podia não ser delicada com certos assuntos, mas Leonardo era muito menos. Não era como se eu me ofendesse, de qualquer forma.
— Acho que eu ganho essa. Minha mãe sequer chegou ao apocalipse. Perdi ela quando ainda tinha cinco anos para um câncer e fui criada pela minha avó desde então. Eu tenho um pai, mas ele não foi tão presente, também precisava trabalhar muito para sustentar nós duas e ficou bem abalado depois disso... Mas a minha avó eu perdi para o apocalipse. Guilherme viu eu me enfiar no meio de uma horda de zumbis quando descobri que ela virou um deles.
— Puta merda, Rebeca. Eu não sei nem o que te falar — Leonardo desistiu, colocando o cigarro atrás da orelha e olhando para mim pelo retrovisor.
— Ah, eu sei! — Guilherme interrompeu — Sua mãe teve um câncer e você tá fumando que nem a porra de uma chaminé, Rebeca?!
Sua explosão foi tão súbita e sincera, mesmo que ele não estivesse exatamente bravo, que me deixou sem palavras por alguns segundos. Seus olhos verdes me encararam com um ar de poucos amigos.
Mas Leonardo quebrou o silêncio, explodindo em uma gargalhada.
— Foi um câncer de ovário, idiota — murmurei, sentindo as bochechas quentes. Falei tão baixo que foi quase inaudível: — mas você tem um pouco de razão.
— Óbvio que eu tenho — Guilherme fingiu revirar os olhos, voltando o para frente. Apesar das palavras, seu tom era animado.
— Ai, velho — Leonardo — vocês dois... — ele limpou uma lágrima, mas àquela altura não sabia se fora pelo seu choro anterior ou pelas risadas.
Mas dessa vez, quando nos calamos, não foi um silêncio agradável que caiu sobre nós. Conseguíamos ver algumas casas a distância, interrompendo a paisagem campestre e a realização pareceu atingir a todos de uma vez. Logo identifiquei a outra van a distância, onde Paulina e Alana esperavam do lado de fora.
Guilherme quem falou:
— Que merda. Acho que chegamos.
✘✘
Nota da autora:
Mas que sensação gloriosa que é estar aqui novamente! Foram duas semanas sem atualização, mas para mim pareceu um ano, juro.
Atualização cedo para compensar a espera 😎
Em primeiro lugar, a respeito de toda a preocupação que causei e desejos de melhora: agradeço imensamente a todos e fico feliz em dizer que no fim tudo deu certo com relação ao problema da minha família. Foi um susto enorme no dia, mas conseguimos resolver. Quanto ao motivo do segundo atraso: a principio finalizo ainda hoje meu TCC 💕 Se a minha orientadora aprovar, então esta etapa fica oficialmente concluída. O peso que sai dos meus ombros é gigante, mas fiquei muito feliz com o resultado.
Dessa maneira, agradeço também pela compreensão que todos vocês tiveram nessas últimas semanas. Eu sei que é muito chato precisar esperar por tanto tempo e peço desculpas por isso.
A pior parte é que esse capítulo estava 70% encaminhado naquela segunda em que recebi a tal notícia que me abalou. É muito raro eu ter um bloqueio de escrita, mas foi impossível concluir — vocês talvez não, mas hoje eu agradeço. Estou satisfeita demais em como esse capítulo ficou e tenho certeza que foi por ter tido a mente mais limpa depois que tudo se resolveu.
Quem estava esperando uma trocação de socos entre o Gui e o Leo: 🤡
A Rebeca: 🤡🤡🤡🤡🤡🤡🤡
Aliás, tenho uma coisa pra falar pra vocês. Eu ultimamente venho tendo um pouco mais de dificuldade em responder os comentários desse livro e nunca entendia porque. Queridos, por favor, voltem os capítulos anteriores dessa história e vejam a média de comentários: entre 500 a 600 por capítulo!!! Vocês são INCRÍVEIS, sério. 1) eu choro rindo com os comentários 2) eu agradeço demais por toda essa dedicação e engajamento de vocês e 3) peço desculpas se não consigo mais responder todo mundo, mas saibam que eu leio cada um deles com muito carinho. Quando atualizo a história, fico um tempão só acompanhando as reações de vocês. É gratificante demais. Vocês são os melhores 💕
Agora acho que deu porque já to escrevendo um segundo capítulo só de notas finais. Desculpem por não saber calar a boca.
Eu amo vocês. Novamente, obrigada pela paciência, mas aqui estamos nós de novo: o desespero continua.
Até segunda-feira que vem e não sejam mordidos!
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