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Capítulo 24.

Àquela altura da madrugada eu não sabia dizer o que era pior.

Quando a súbita realização do desespero completo voltava, acertando-me repentinamente como uma bala perdida. Minhas mãos tremiam com força total (não que alguma hora tivessem parado) e eu as odiava por isso. Odiava não ter a força que faltava para engolir o choro sufocante, ver-me tão pequena diante do medo que me assolava. O pavor era como algo enfiado na minha garganta, impedindo o ar de chegar independente da força que eu botava em inspirações contínuas. Enfiava as unhas no rosto, como se de alguma forma isso pudesse afastar alguma coisa: o medo, o sufocar, a certeza de que morreria hoje. Ou amanhã.

Ou a outra coisa igualmente terrível: quando tudo ia embora. Quando, como se de exaustão ou tédio, a sensação sufocante ia embora e eu finalmente podia engolir uma lufada dolorosa de ar. Quando as lágrimas secavam e só restava a dor de cabeça como atestado de sua existência. Até mesmo o medo se esvaía, sabendo que era inútil permanecer ali. Mesmo meus pesadelos mais insanos não eram capazes de figurar o que quer que me esperava, fosse dor física ou mais desespero.

E quando o medo se esvaía, só restava a compreensão. A compreensão de que meus atos trouxeram a mim e Hector até ali. De que mesmo se eu implorasse a um Deus em que eu não acreditava, aquilo não era um pesadelo, mas a mais pura verdade. Ou de que nem um Deus poderia me ajudar.

Eu sequer sabia há quantas horas estava sem comer, mas o apocalipse já me acostumara com isso. Fazia frio e a janelinha do banheiro estava permanentemente emperrada, então só me restava abraçar os joelhos e torcer para que minha blusa de mangas e jaqueta de couro fossem o suficiente para aguentar aquela noite gelada de junho, o que no sul do país já significava bastante frio.

Na primeira hora o medo me consumiu em crises de choro que pareciam intermináveis. Só depois de conseguir controlar um pouco minhas emoções, limpei o rosto sujo de sangue e tomei água da torneira para afastar o gosto ruim que havia na garganta. O frio era intenso e o pouco contato com a água gelada já me deixou tremendo. Depois, passei a próxima hora tateando cada pedaço de ladrilho daquele banheiro, procurando por um buraco, uma falha, algo para quebrar e usar como arma, como se de alguma forma eu tivesse a coragem para usar.

Não havia absolutamente nada naquele banheiro além de uma privada, uma pia e armários vazios. Perguntava-me onde Hector estaria, e se sua situação era pior do que a minha. Era difícil pensar que não.

Também tentei dormir, mas apesar da exaustão, as crises de ansiedade intermitentemente se faziam presentes e mesmo exaurindo toda minha energia, não eram o suficiente para me apagar. Pensei em gritar por Hector, esperando que talvez ele me ouvisse e respondesse, mas tinha medo de lembrar àqueles homens sobre minha existência. A ameaça de estupro ainda estava fresca como uma queimadura em meu cérebro e agradecia por metade do grupo ter precisado sair. Não me atrevia a pensar em quantos dias de segurança ainda me restavam.

Ou horas.

O irônico era que mesmo com o medo sufocante, mesmo com a imagem dolorosa do que aqueles homens podiam fazer comigo na cabeça, meus pensamentos sempre terminavam em Hector. Poderiam me quebrar, poderiam destruir o resto de esperança que me restava, mas eu aguentaria a dor que fosse para manter meus amigos e Mei a salvo. Só queria que Hector fosse poupado dos meus erros. A surra que ele levou ainda era fresca em minha memória: seus machucados, o olhar apavorado... Eu estava pronta para enfrentar o inferno, mesmo que não restasse nada de mim, mas não conseguiria aguentar se algo acontecesse com ele. Ou com qualquer outra pessoa com quem eu me importava.

Estava com a cabeça entre os joelhos, perdida em todo o tipo de pensamentos e medo, quando ouvi o som de passos contra os ladrilhos do corredor se aproximando. Meu primeiro impulso foi me afastar até a parede oposta como um bichinho assustado, pois de fato temia o que quer que poderia estar do outro lado, mas respirei fundo, decidida a tentar manter alguma dignidade ao me levantar. Busquei no bolso por uma de minhas facas, assim como busquei nas últimas horas por um cigarro para suportar a ansiedade, mas em nenhuma das vezes encontrei o que queria.

Ouvia meu coração batendo nos tímpanos, todo o frio que congelava meu corpo sendo substituído pelo calor da adrenalina voltando a correr pelas veias. No pior dos casos, fingiria medo até encontrar uma brecha para acertar um bom golpe. Não restava dúvidas de uma coisa: se fossem tentar me abusar, lutaria até a morte.

A tensão já me deixava fraca quando os passos chegaram até a porta e ouvi o som da chave girando na fechadura. O banheiro estava um breu, então a luz forte feriu meus olhos desacostumados com a claridade, obrigando-me a fechá-los. Não vi quem entrou no banheiro, mas ouvi seus passos se aproximando.

Pegando-me desprevenida, uma mão forte cobriu minha boca e empurrou minha cabeça contra a parede. Senti o coração disparar e tentei ver algo, mas o feixe de luz permanecia forte contra meu rosto. Meus membros estavam rígidos e difíceis de mover, mas tentei acertar golpes no rosto de quem me segurava.

— Rebeca, fica calma. Sou eu. Não farei nada de ruim com você.

A forma como Celso falava parecia ter a intenção de me trazer alívio, mas mesmo aquele som familiar não foi capaz de fazer nada por mim. Meu corpo continuava rígido, meu coração em ritmo doloroso e minhas mãos suavam, ao mesmo tempo que eu desejava partir para cima dele, não conseguia me libertar do aperto que forçava minha cabeça na parede.

Pelas minhas pálpebras fechadas percebi que a luz não estava mais sendo apontada no meu rosto e arrisquei abrí-las, agora dando uma boa olhada no rosto de Celso sob o ângulo macabro da luz. Seu rosto arredondado com marcas de expressão de quem beirava os quarenta anos, fáceis de ver pois somente havia um rastro de barba. Suas olheiras, porém, não pareciam sequer pertencer a alguém vivo, tão profundas e escuras em contraste à pele oliva que eram quase preocupantes.

— Eu preciso que você fique quieta agora, eu não posso estar aqui. Sei que não confia em mim, mas precisa entender que sou a única pessoa que pode ajudar vocês nesse momento.

Não respondi, respirando pesadamente contra a mão que continuava pressionada contra minha boca. Celso dizia que não faria nada comigo, mas qual seria sua atitude se eu tentasse gritar?

— Posso te levar até seu amigo e explicar o que está acontecendo, tudo bem? — minha reação deve ter sido perceptível, pois Celso relaxou um pouco o aperto — Vou tirar a mão agora, por favor, fique quieta.

Hesitante, ele afastou a mão de minha boca e pude respirar novamente. A sensação em meu corpo era estranha, um súbito alívio ainda repleto de medo. Não sabia se devia confiar nele, se realmente deveria esperar ver Hector. Suas palavras, "precisa entender que sou a única pessoa que pode ajudar vocês nesse momento", ecoavam em minha cabeça.

— O que você quer comigo? — perguntei, sentindo minha garganta arranhar e tendo dificuldade em manter o tom de sussurro.

— Não era para você estar aqui, Rebeca. Não sei como veio parar nessa cidade... Como está o pessoal da escola? Eles sabem que você está aqui?

— Porque finge que se preocupa com eles? — sibilei.

Celso respirou fundo, coçando nervosamente a nuca.

— Seu amigo, ele é de confiança? — Celso perguntou, e só então percebi que era a segunda vez que se referia assim a Hector. Era óbvio: da primeira vez Hector ficara escondido, enquanto da segunda Celso já estava fora e não o vira. Assenti. — Vou te levar para ver ele, explicar tudo, preciso que vocês dois me ajudem aqui.

Antes que eu pudesse responder, provavelmente mandá-lo tomar no cu, ele esticou seu braço e vi que me oferecia uma barrinha de cereal.

— Temos pouco, então é tudo que consigo pegar sem perceberem. Tem uma para seu amigo também. Por favor, Rebeca, precisamos ir logo.

Meu estômago grunhiu com a visão e torci para que Celso não tivesse ouvido. Acostumada ou não com a fome, não era uma sensação agradável. Lentamente peguei a barrinha da mão do homem, que imediatamente se virou e começou a encher um copo plástico na pia do banheiro. Pensei se estaria levando para Hector.

O homem estava de costas para mim, sinceramente bastante vulnerável, mesmo que eu não pudesse fazer muito. Grossas gotas de suor desciam por sua testa e pescoço e ele parecia nervoso. Não sabia absolutamente nada daquele homem, mas de que maneira minha situação era melhor recusando-me a ir com ele? Devorei a barrinha de cereal em segundos, enquanto ele enchia o copo de água e me perguntava se podíamos ir. Assenti.

— Me desculpe, só preciso ter certeza que ninguém vai desconfiar — assim que fechou a porta do banheiro, trancando-a novamente, segurou meu braço em um aperto delicado, mas que poderia muito bem fingir que estava me puxando. Ele parecia desconfortável com aquilo e, sem escolhas, acompanhei-o pelo corredor escuro.

Atravessamos aquela passagem, indo por uma direção diferente da qual fui trazida. Haviam outras portas, mas não paramos em momento nenhum, seguindo até o corredor desbocar em uma sala ampla que outrora devia ter uma aparência impecável, com ladrilhos claros e janelas de vidro extensas (agora cobertas por cortinas improvisadas). Grande parte da sala era ocupada por divisórias também improvisadas, restando uma espécie de corredor até a escadaria. Vendo como aquele terreno se tratava de algo muito maior do que apenas uma oficina, pensei que a frente poderia ter pertencido a uma revendedora de carros. Dei de ombros, porque aquelas conclusões eram inúteis.

Subimos a escadaria até um corredor menor onde outras portas estavam dispostas e seguimos até a última. Celso tirou a chave do bolso e se aproximou de mim:

— Precisamos ser rápidos. Enquanto Klaus não está, a parte de cima fica vazia. Avise o seu amigo que você está bem. Tudo que não queremos é que ele chame atenção de alguma maneira.

Celso soltou meu braço. Meu corpo tremia de expectativa em rever Hector e saber se haviam feito algo com ele. Toquei de leve com a unha na porta, para chamar atenção e murmurei:

— Hector?

— Rebeca?! — ouvi a resposta de imediato, como se estivesse de prontidão. — Você está bem?

— Sim — era difícil expressar tudo o que eu tinha para dizer em uma voz baixa — fique calmo, Celso me trouxe até aqui. Não sei o que ele quer dizer, mas talvez queira nos ajudar.

Silêncio.

— Você confia nesse cara?

— Hector, não sei se podemos nos dar ao luxo de desconfiar agora.

Grudei meu ouvido na madeira da porta e ouvi o que pareceu um suspiro. Hector não respondeu nada, então olhei para Celso e assenti.

O homem parecia distraído pelo nervosismo enquanto girava a chave na fechadura, dando brecha para que eu pudesse fugir ou partir para cima dele. Quando escancarou a porta, também não parecia esperar uma reação de Hector, embora de fato não a tenha recebido. Só agora havia percebido que algo na sua atitude me deixava claro que ele tinha tanto a perder com aquilo quanto nós, embora eu não soubesse exatamente por que.

Dominada pelo alívio, atirei-me para dentro do quarto pequeno (menor do que o banheiro em que eu estava presa) e envolvi meu amigo em um abraço, sentindo as lágrimas voltarem a cair. Estava tão vivo quanto possível, as marcas de sangue ainda no rosto, mas aparentemente bem. Isso era muito mais do que eu podia pedir.

Com meus braços em volta do seu corpo, percebi que Hector ainda estava com os seus atados nas costas. Afastei-me e vi a expressão tranquila que Hector tinha ao me ver transformar-se em uma encarada fulminante ao homem atrás de mim.

— Eu sei que nenhum de vocês têm qualquer motivo para confiar em mim, mas todos nós temos algo a perder aqui — Celso começou, entrando atrás de mim naquela sala pequena, iluminada somente pela sua lanterna e fechando a porta atrás de si. — Preciso que me ouçam, preciso que entendam meus motivos e preciso que colaborem com o que eu disser.

— Por que motivo colaboraríamos com você e esses neonazistas doentes? — Hector disparou, sem se preocupar com o tom de voz. Havia ódio em seus olhos.

— Shh! Fala baixo! — Celso censurou, aproximando-se dele, mas sua postura não era agressiva — Você acha que concordo com aquele louco do Klaus? — Ele respirou fundo, controlando a voz: — Por favor, deixe eu explicar. Pelo menos me ouçam.

— Primeiro solte as mãos de Hector — falei, baixo, olhando para o facão na lateral de sua calça.

Celso olhou para mim por alguns instantes, sua expressão indecifrável.

— Quem te trouxe aqui? Enrico ou outra pessoa?

— Uma mulher — Hector respondeu — a mesma que levou Rebeca.

Celso respirou novamente, como se estivesse diante de um impasse, mas por fim desembainhou a faca, entregou-me o copo de água e foi para trás de Hector, que em alguns segundos tinha as mãos livres. Ele tomou a água em um gole desesperado e aceitou com desconfiança a barrinha de cereal de Celso.

— Podem me ouvir agora? — o homem disse, limpando as gotas de suor que insistiam em se formar em sua testa, apesar do frio.

— A menininha na escola — comecei — realmente é sua filha?

Por um segundo a expressão do homem mudou, como se aquelas palavras lhe machucassem de alguma forma. A lanterna estava virada para a parede, por isso seu rosto estava somente meio iluminado.

— Sim, Laura é minha filha.

— Como você pode — Hector o interrompeu — roubar comida deles? O que tem aqui que é o suficiente para sabotar a sua própria filha?!

— Minha irmã. — respondeu, começando a tremer subitamente — Klaus e aqueles malucos estão com minha irmã. 


✘✘


Nota da autora:

Boa noite amigos, tudo bom com vocês?

Nossa, vocês devem me odiar por estar terminando com tanto gancho ultimamente! Mas é que esse capítulo estava ficando gigantesco e eu achei melhor quebrar em dois, principalmente com a quantidade de informações novas (ficava difícil até para mim organizar tudo em um capítulo só). 

Então, parece que Celso não é a ameaça 👀 Quem esperava que ele também estivesse na mão do Klaus? 

O que será que ele vai pedir para o Hector e pra Beca? 

Por favor, não se esqueçam de deixar o seu voto e comentários caso estejam gostando da história, significa demais pra mim 💕

Um beijo para vocês e até segunda-feira.

Não sejam mordidos até lá! 

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