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Capítulo 50.

— Assim, pode ser que isso seja um pouco demais. — Guilherme comentou, olhando para um Hector muito bêbado, mexendo num iPhone conectado ao carregador.

A sala onde estávamos agora era iluminada somente pelas luzes secundárias amareladas. A tempestade rugia do lado de fora como se o mundo estivesse realmente no fim, mas dentro daquela pequena festa particular, com um pouco de álcool no cérebro, eu me sentia intocável.

— Eu não sou idiota, né Guilherme. — Hector balbuciou, concentrado no celular. Na verdade, quando ele deu aquela ideia, ninguém tinha levado a sério que 1) realmente ainda teria um celular na casa 2) conseguiríamos carregá-lo e 3) ele conseguiria adivinhar o código de bloqueio, mesmo que tivesse sido algo simples como "3210". — Mesmo que eu colocasse mais alto do que a gente está falando, olha a tempestade lá fora! — Como se pontuando sua frase, o brilho forte de um relâmpago clareou a sala, seguido pelo som estrondoso do trovão, que me fez encolher.

Tomei mais um gole do suco de laranja com vodka, fazendo cara feia. Como se não bastasse estar morno, já que não tínhamos gelo, Guilherme encheu quase metade do copo de vodka. Mas como tudo já começava a ficar levemente desfocado e minha vontade era de sorrir por nada, não problema.

— Tá, a playlist desse moleque era um lixo — Hector falou, seco, o que desencadeou uma crise de riso em mim. Como o celular estava em um dos quartos dos filhos, provavelmente deveria ter pertencido a um dos adolescentes que nos recebeu, morto, na entrada do condomínio. Tudo aquilo tinha um ar incrivelmente macabro, mas eu estava bêbada demais para me sentir culpada. — Mas tem uma ou outra coisa que preste.

Quando uma música da Anitta começou a tocar, mesmo nunca tendo sido fã dela, tive vontade de gritar. Melissa e Alana realmente deram um gritinho empolgado. O som estava baixo, não mais do que uma música ambiente quase engolida pelos sons da tempestade, mas acredito que Hector não se atreveria a aumentar mais.

— Meu Deus. — Carlos chamou a atenção de todos, estirado em uma poltrona, com um copo na mão. — Vocês acham que a Anitta virou zumbi?!

Mesmo a sua pergunta sendo inteiramente séria, o acesso de riso que ela desencadeou foi inevitável. Todos estávamos bêbados (alguns mais do que outros, como Hector, que fez questão de comemorar seu aniversário de 16 anos tomando o primeiro porre) e independente de ser uma ideia inconsequente ou não, eu não imaginava que ainda conseguiria me divertir daquela forma depois do apocalipse. Até mesmo Melissa, que no começo estava receosa, já estava com as bochechas rosadas e fazendo comentários descontraídos sobre tudo.

— Meu Deus, eu não tinha pensado nisso! — Victória gargalhou, derrubando gotas de suco no sofá caro.

— Claro que não, porra, essa gente deve ter uns quinhentos seguranças! — Hector disse, cambaleando de volta para o sofá. A melhor coisa daquele dia estava sendo Hector bêbado, que disparava um palavrão por segundo.

— Você não viu o Twitter nos primeiros dias? — Melissa trançava meu novo cabelo. — Tinha um monte de notícias de celebridades morrendo, rolou até um vídeo do William Bonner sendo atacado na sede da Globo!

— Ah não, ele não! — Guilherme lamentou.

— Isso é sério? — Perguntei, inclinando-me para deitar no colo da minha amiga. Mei, que não estava particularmente animada com aquela festa, repousava a cabeça sobre as patas embaixo de mim, e estiquei a mão para fazer carinho nela — Eu não tinha Twitter.

— Juro por Deus, eu vi naquele dia lá em casa! — A loira deu um gole na bebida rosada, alguma coisa misturada com suco de morango, de onde repousava um guarda-chuvinha que encontramos no armário de bebidas. — Mas né, como estava todo mundo apavorado, não sei se ia ser legal comentar sobre. Até onde eu tinha visto, de gente famosa, o William Bonner, a Ariana Grande e o Shawn Mendes tinham morrido! Os assessores até fizeram postagens na época.

— É errado achar isso engraçado? — Alana comentou, fazendo um esforço monumental para não cair no riso. — Tipo, pensar em gente famosa sendo comida por zumbis... meu Deus, eu sou horrível! — Ela teatralmente colocou as mãos sobre o rosto.

— Errado? Alana, eu nem sei se vale a pena viver em um mundo onde o Shawn Mendes não existe. — Victória colocou a mão carinhosamente no ombro da amiga, tentando conter o riso.

— Eu juro por Deus — Guilherme falou, juntando as mãos e olhando pro céu. — Que se a Anitta-zumbi tentasse me comer, eu ia deixar.

— E se a Rebeca-zumbi tentasse, você deixaria também! — Melissa adicionou, com malícia, e pensei que desmaiaria de vergonha.

Pego de surpresa pelo comentário, Guilherme corou, mas se recompôs e respondeu rápido:

— Deixaria mesmo não sendo zumbi. — E piscou para mim.

Até mesmo Mei levantou, apavorada, quando a ovação dos meus colegas irrompeu pela sala, esta sim muito mais alta do que deveria. Meu corpo estava tão quente que cogitei abrir um buraco no sofá e não sair de lá nunca mais, mas a vergonha e a minha alegria se misturaram em uma gargalhada sem graça que não pude conter. Sorri de volta para Guilherme e coloquei uma almofada sobre o rosto. Ele parecia hiperativo, andando de um lado para o outro da sala, sempre em pé, mas queria que ele sentasse do meu lado.

— Tá, seguinte, pergunta importante: — Carlos ergueu a voz, chamando a atenção de novo. — Se vocês pudessem escolher, que famoso zumbi iria comer vocês?

— Shawn Mendes! — Victória ganiu, empolgada.

Eu ainda tentava controlar o riso, mas a cada resposta, e somente imaginar tal pessoa como um zumbi, era o suficiente para me fazer gargalhar mais, até a minha barriga doer.

— Tá, é muito previsível se eu falar o Patrick Dempsey, que faz o médico do Grey's Anatomy? — Alana encolheu os ombros, sorridente, mas repentinamente seus olhos se arregalaram: — Não! A Emilya Clarke, do Game of Thrones!

Os olhos de Melissa brilharam como os de um cachorrinho ao ouvir aquela resposta e não contive um sorriso. Eu sabia da pequena quedinha que ela tinha pela enfermeira, mas ela nem sequer sabia se Alana gostava de meninas até então.

Enquanto Carlos travava um impasse mental entre Daenerys e Sansa Stark, e Alana ficava repentinamente desolada ao perceber que jamais saberia o final de Game of Thrones, percebi que Hector havia se encolhido um pouco no sofá, parecendo sem jeito.

Hector me contou há dois dias sobre algo que lhe afligia, enquanto conversávamos no caminho para o condomínio. Provavelmente imaginando que eu havia entendido, seus olhos se encontraram com os meus e sorri para ele. Não necessariamente queria incentivá-lo a falar, porque entendia se quisesse manter aquilo guardado, mas percebi que ele estava decidido quando respirou fundo e falou por sobre as divagações aleatórias da sala:

— Eu sou gay.

Até para mim, que não era nenhuma surpresa, foi um pouco chocante ver como Hector foi direto, atraindo a atenção de todo mundo virar o rosto.

Era difícil para ele, mesmo cercado de pessoas de sua idade que não tinham qualquer razão para ser intolerantes, e eu sabia. Com uma família tão conservadora quanto a que ele tinha, como me contara, aquele tipo de pensamento foi reprimido a sete chaves em sua cabeça.

Hector continuou:

— Eu, sei lá por que estou contando isso, mas... É estranho pensar que eu posso. Eu já sabia antes, quando tudo era normal, mas minha família... Meu pai... Eu nem queria pensar no pesadelo que seria se eu fosse gay. — Ele começou a estalar os dedos da mão, nervoso, mas deixou um riso fraco escapar. — Depois que os mortos começaram a nos atacar, eu finalmente me deixei pensar que talvez gostar de caras não fosse a pior coisa do mundo.

Me levantei de onde estava deitada, no colo de Melissa, para abraçá-lo com carinho e reforçar o quão incrível ele era. Alana esticou a mão para segurar a de Hector:

— Estou muito feliz por você.

— Poxa cara, que legal, de verdade. — Guilherme ergueu o copo como se propusesse um brinde, um pouco sem-jeito, sem saber exatamente o que dizer. — Digo, você assumir e tal.

Carlos levantou e deu um tapa amigável nos ombros de Hector, que tremia um pouco, as bochechas vermelhas de nervosismo (e também graças ao álcool). Também sem saber o que acrescentar, preferiu dar seu apoio indo em direção ao frigobar para pegar mais bebida e Gui o acompanhou.

Melissa, mais do que todo mundo, parecia alegre ao se levantar para abraçar Hector, os olhos um pouco brilhantes.

— Eu entendo, sério. É louco pensar que você só começou a ser você mesmo depois que o mundo acabou... — Ela sussurrou, limpando as lágrimas que se formavam. — Mas é um peso que você tira dos ombros, né?

Hector franziu as sobrancelhas, olhando intrigado para a loira.

— Calma, você gosta de mulher?

O olhar caloroso de Melissa virou uma cara de paisagem.

— Sério, Hector?

— Meu Deus, eu não sabia, juro! A Alana me disse que era bi, mas... — E, subitamente, ele começou a rir como se aquela fosse a coisa mais engraçada do mundo.

Aquela interação inesperada era o que precisava para quebrar o clima delicado, trazendo novamente tranquilidade enquanto Melissa, Hector e Alana conversavam. Eu sentia uma alegria quase indescritível dentro de mim vendo meus amigos felizes daquela maneira.

Senti algo encostando no meu ombro e os cabelos compridos de Victória passaram em frente ao meu rosto. Ela estava com a mão delicadamente pousada sobre mim e, quando nossos olhos se encontraram, deu-me um sorriso amigável, fazendo um movimento de cabeça que indicava o canto da sala. Entendi que ela queria que nos afastássemos, mas fiquei um pouco nervosa por não imaginar nenhum motivo para aquilo.

Segui Victória, e Mei me acompanhou de perto.

— Desculpa te incomodar agora, mas eu queria falar com você. — Ela ajeitou os cabelos negros e compridos, que contrastavam com o vestido amarelo que vestia. Victória estava linda e radiante naquela noite, uma aparência que lhe caía melhor do que a constante insegurança e o medo. — Pedir desculpas, na verdade...

Entendi sobre o que ela pretendia falar e levei meu copo à boca para tomar um gole, enquanto assentia para ela e percebia que a minha bebida havia terminado.

— Acho que você sabe, né? — Começou, sem graça. — Mas eu queria pedir desculpas de verdade pela forma que... Por tudo que aconteceu na casa do Tom. Principalmente pela forma como falei com você. Mesmo se eu não estivesse errada e essa casa não fosse a melhor coisa que já nos aconteceu, você nunca fez nada pensando somente em você, que nem eu disse. — Victória respirou fundo. — Você tem alguma coisa sobre proteger os outros, e eu admiro isso em você, em Carlos... É bom que pessoas como vocês existam, para manter pessoas como eu, que não fazem parte desse mundo, a salvo.

Fiz uma careta. Apesar de apreciar os pedidos de desculpas, não gostava da forma como Victória se auto depreciava com tanta facilidade.

— Vic, quantas vezes eu preciso falar que...

— Eu sei o que você vai dizer. — Ela me interrompeu. — E aprecio, mas não concordo. Estou fazendo o que posso para me tornar melhor e espero um dia ser uma enfermeira ao nível da Alana. Quem sabe possa te ajudar, cuidando dos seus machucados... — Brincou, com um sorriso, antes da sua expressão se tornar mais séria. — Mas sabe, Rebeca, acho que no fim é sempre você que vai acabar se machucando.

Era estranho, mas eu gostava como Victória não se importava em ser cuidadosa com as palavras, nem tampouco explosiva pela raiva. Apesar da bebida fazê-la se embolar um pouco, também a deixava sincera.

— Não se sinta mal pelo que você disse pra mim. — Dei de ombros, porque realmente eu não me importava tanto assim, tendo ciência de que suas palavras e ações naqueles dias foram intermediados pelo ódio. — Eu sei o que é ter medo, ficar nervosa, com raiva... Também já descontei muita coisa nos outros nesse tempo.

Victória assentiu, com um sorrisinho e o silêncio que se seguiu deveria ter sido constrangedor, mas pareceu somente natural. Melissa, Hector e Alana ainda conversavam, enquanto os outros dois garotos estavam afastados, próximo do bar de mármore, conversando baixo. Guilherme olhou ao redor, seus olhos se encontraram com os meus e ele abriu um sorriso.

— Ei. — Victória se aproximou da minha orelha, sua expressão menos dura. — Eu tenho um amigo que quer ficar com você. — Ela apontou com o copo para os garotos no canto da sala.

Há alguns dias, estaria um pouco envergonhada que todos soubessem sobre mim e Guilherme, mas naquela situação, só conseguia me divertir com as brincadeiras.

Agradeci Victória e, quando me virei para ir até Guilherme, senti meu coração congelar com o susto.

Hector, que não parou de beber nem por um segundo, tirou a arma do coldre, ultrajado.

— Claro que eu estou bem para ficar com a arma, Melissa! — Ele destravou e soltou o pente, esvaziando-o e depois colocou bala por bala de volta, encaixando-o de volta na pistola. Suas palavras se embaralhavam, mas não seus movimentos. — Eu tô bêbado, não burro.

Melissa, em uma mistura de admiração e nervosismo, respondeu:

— Então, Hector, acho que manusear uma arma completamente bêbado é o tipo de coisa idiota que adolescentes fazem e termina em merda. — Ela ergueu uma sobrancelha.

O garoto de óculos franziu um pouco o cenho, como se processando aquelas palavras, antes de um vermelho acusatório se espalhar pelo seu rosto. A esta altura Carlos e Guilherme também prestavam atenção mas o susto inicial já havia passado.

— Tá, tá, pode ser. — Ele travou a arma com um clique e a ofereceu para a loira pelo cabo. — Não é como se eu fosse fazer merda, mas fica com ela.

Melissa sorriu para ele e garantiu que fazia aquilo apenas como prevenção. Ela pegou a pistola em mãos, mantendo-a próxima de si.

Depois que toda a cena terminou, as meninas voltaram a conversar e Hector deitou a cabeça no encosto do sofá. Antes de seguir meu caminho, me aproximei e sussurrei perto dos cabelos loiros ondulados:

— Melissa, você se importa de deixar o quarto pra mim e pro Guilherme hoje? — Perguntei, tentando parecer segura e despretensiosa, mas somente ouvir aquelas palavras saindo da minha boca me fizeram sentir um arrepio de constrangimento.

— Quem te viu, quem te vê, Rebeca. — Ela pronunciou a exata expressão que passou pela minha mente, com malícia. — Se eu disser que me importo, vai te impedir?

Sorri de canto.

— Não.

Ela riu, tomou o último gole do copo cor-de-rosa e deu de ombros:

— Vai lá, amiga, aproveita. — Ela se virou para passar a mão em Mei, convencendo-a a parar de me seguir. — Pode deixar que eu fico com essa princesa.

Meu Deus, eu nem tinha pensado em Mei! Se a minha cachorra estivesse decepcionada comigo, eu não poderia culpá-la.

Caminhei na direção de Guilherme, sentindo-me quente e pensando que todos estavam olhando para mim. Enquanto as luzes baixas e o álcool que me subia à cabeça faziam com que eu me sentisse nervosa e um pouco deslocada, Guilherme aparentava total tranquilidade, apoiado na bancada enquanto conversava com Carlos.

Mas antes de tudo, entrei no quarto que eu dividira até então com Melissa, parando em frente ao gigantesco espelho da penteadeira para ajeitar os cabelos com a escova abandonada por lá. Sentia um misto de ansiedade, nervosismo e vergonha alheia de mim mesma, principalmente pensando que eu realmente havia pego uma calcinha emprestada do closet da dona do lugar (e não era uma discreta).

Se Melissa soubesse daquilo, ela iria rir de mim até nossa próxima existência. E riria ainda mais se soubesse que eu passei a festa inteira com uma camisinha no bolso.


Nota da autora:

Que famoso-zumbi vocês deixariam que comessem vocês?

Não sejam mordidos, porque vocês precisam ler o próximo capítulo...

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