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Capítulo 45.

O fim de abril se estendia com os últimos dias de calor, e aquele era um dia quente como o inferno. Nossa viagem seria curta, de setenta e poucos quilômetros, que mesmo feita em baixa velocidade, tinha tudo para começar e terminar no mesmo dia.

A maioria de nós dormiu muito pouco e antes mesmo dos primeiros raios de sol, todos estávamos em pé. As olheiras refletiam o cansaço e aflição, mas assim que começamos a afastar os carros que permitiriam passagem para uma das ruas vazias, a adrenalina reviveu meus sentidos.

Terminamos os últimos preparativos, colocamos as mochilas e malas nos carros e deixamos o Fiorino devidamente vazio. Agora que a família Rosa também abandonaria a casa, podíamos pensar em possibilidades além do hipermercado que antes era nosso objetivo (e sem a obrigação de limpar o caminho até lá). Tomaríamos na verdade o caminho contrário, para evitar sequer correr o risco de encontrar aquele grupo de pessoas.

Faber reapareceu em alguns minutos, o rosto completo de suor e a respiração pesada, mas felizmente inteiro. Na noite anterior, conseguiu nos apontar no mapa a localização de um mercado menor e mais afastado, na direção de onde pretendíamos seguir. Como já estava familiarizado com aquelas ruas e lidava bem com viagens sozinho, insistiu em fazer o caminho de quase três quilômetros a pé a fim de se certificar que conseguiríamos seguir por aquelas ruas e nos aproximar do local.

A maioria se opôs, insistindo que não havia necessidade daquele risco, mas Faber insistiu. Por mais que disséssemos que não era necessário, ainda estávamos agindo apenas pela suposição de que a maior parte dos zumbis se concentrou na direção do hipermercado após o tiro e com aquele grupo lá teriam algo para se manterem interessados. Sabíamos que era necessário confirmar a possibilidade de transitar pelas ruas e avenidas, ou se uma parada para reabastecimento entraria nos nossos planos. Nosso estoque de comida ainda estava perigosamente baixo e, principalmente agora que nos afastaríamos de vez da cidade, era mais importante ainda que conseguíssemos repô-los.

Faber garantiu que era rápido o suficiente e que conhecia bem as ruas, assim como caminhos alternativos caso algo acontecesse e não correria nenhum risco. Graças a Deus ele estava certo.

— Não dá pra dizer que está completamente limpo, mas dá para transitar com cuidado — ele informou. — Acho que conseguimos parar no outro mercado também. Ele está completamente trancado, tem poucos mortos nos arredores.

Com a chegada de Faber e a confirmação, deveriam ser mais ou menos seis horas da manhã quando entramos no carro. Os primeiros a sair éramos eu, Melissa, Hector, Carlos e Tom, no Fiorino, com o destino para o supermercado. Para a minha surpresa, o pai da família Rosa ofereceu-se para fechar o grupo que realizaria a invasão do supermercado. Era uma missão de risco, que deveria ser completada no menor tempo e maior agilidade possível.

O restante do grupo nos daria cobertura em uma área maior, mas estarem prontos para partir assim que possível, seguindo o caminho combinado até o condomínio.

Já antecedemos que o barulho dos carros com certeza atrairia mortos, estando o mundo afundado em um constante silêncio sepulcral, e este era somente outro motivo para nos obrigar a sermos rápidos. Assim que Tom ligou o carro e rumamos para o mercado, senti meu coração bater mais forte, já acostumada com aquela sensação.

No caminho, peguei-me pensando nas palavras de Victória, quando disse que eu havia "nascido para aquele mundo", por isso as coisas eram fáceis para mim. Não havia motivos para trazer aquele assunto de volta, mas eu sempre pensava em como ela estava errada. Quando escolheram me seguir naquele fatídico dia no colégio, estavam apenas seguindo uma garota ingênua com muito medo de perder as pessoas que amava. Ainda assim, a partir de então, precisei participar de decisões que colocavam a vida de todos em risco, mesmo nunca me sentindo adequada para essa posição. Mas agora, independente do quão errada as palavras de Victória estivessem, eu iria honrar aquela mentira. Aquela Rebeca, incapacitada pelo medo, morreu para sempre em uma cabine de banheiro. De agora em diante, estava decidida a renascer para aquele mundo.

— Estamos quase no mercado, vou parar aqui! — Tom anunciou.

— A rua está praticamente vazia, mas tem uns errantes. Eu consigo ver um grupo maior adianta, provavelmente serão atraídos por nós — Hector adicionou, com a cabeça para o lado de fora da janela. Estava sentado ao lado de Tom.

Assim que sentimos o Fiorino parar e abrimos a porta traseira, Mei foi a primeira a pular para fora. Eu insisti em levar minha cachorra, mesmo que a maioria das pessoas fosse contra. Mei já tinha alguma noção sobre o perigo que aquelas criaturas representavam, por isso seu comportamento se tornava protetor e agressivo ao menor sinal delas. Como entraríamos no mercado escuro sem qualquer noção do que nos esperava lá dentro, contava com os sentidos aguçados dela para detectar as ameaças antes que elas se aproximassem demais.

Hector saiu do banco da frente, apontando para os lados onde haviam errantes, informando para mim, Carlos e Melissa. Ele usava seus óculos, mesmo com uma das lentes quebradas. Tom aproximou-se da porta de metal trancada do mercado, desferindo um golpe no cadeado com a machadinha para abri-lo.

Carlos e Melissa foram os que se afastaram mais para limpar a área. Eu não conseguia desgrudar meus olhos dele, já sem as bandagens ou pontos no braço. Qualquer médico que se preze o proibiria de realizar aquele tipo de tarefa — assim como Alana fez —, mas não era o suficiente para impedi-lo. Ele não aguentava mais ficar em casa sentindo-se inútil, como ele mesmo dizia.

Ouvi o barulho de metal ecoar conforme a porta do mercado foi aberta. Mesmo que Tom estivesse fazendo tudo com calma, era impossível ser 100% silencioso. Ouvi-o estalando a língua conforme constatou que a porta automática também estava trancada. Estávamos antecipando aquela situação, porém seria uma verdadeira benção se nosso acesso tivesse sido mais simples.

— Rebeca!

Corri para entregar o meu bastão para ele, que estilhaçou a porta de vidro em um movimento rápido. Sabíamos que aquilo atrairia zumbis e eu rezava para que Faber estivesse certo na especulação de que não haviam muitos pelos arredores.

— Vamos entrar, fiquem de olho e se vierem muitos, gritem para voltamos! Carol e Alex estão logo atrás com os outros carros! — Tom ladrou as ordens enquanto eu passava a base do meu coturno pela parte debaixo da porta, limpando os vidros e, em seguida, atirando-os para o lado da melhor forma possível.

— Vem, Mei!

Eu e minha cachorra assumimos a frente. Liguei a lanterna de Tom e varri os corredores o melhor que pude, sem sinal de mortos. Apesar do mercado estar fechado, não sabíamos em que momento da pandemia aquilo acontecera — se outras pessoas, ou até mesmo funcionários, já haviam se escondido lá dentro. Dei o comando para que Mei ficasse em guarda, enquanto ela mexia as orelhas freneticamente.

Com uma rápida troca de palavras, dirigi-me diretamente para os grãos, enquanto Tom foi em direção às conservas. Agarrei um carrinho de supermercado abandonado próximo a um caixa, arrastando-o comigo, ignorando o barulho insuportável que ele fazia.

Apressei-me em enchê-lo da melhor forma que pude com todos os alimentos não perecíveis que achei: sacos de feijão e arroz, macarrão, farinha... Prestava o mínimo de atenção nesta tarefa, muito mais atenta na Pastor rondando minhas costas, atenta ao meu redor, como se soubesse exatamente o que deveria fazer.

O mercado era grande, mas a escuridão prejudicava o trabalho, apesar da lanterna. Minhas mãos tremiam, tornando a luz instável e deixando Mei ainda mais nervosa, mas não permiti que o medo me atrasasse.

Assim que enchi o carrinho, levei-o para frente do mercado e comecei a repassar os alimentos para Carlos, como havíamos combinado antes de sair de casa. Tom também se aproximava com um carrinho cheio de conservas. Era complicado transportar tanto vidro, mas chegamos a conclusão de que precisaríamos variar mais a nossa alimentação além de só grãos e derivados de farinha. Carlos recebia os itens e corria para colocá-los dentro do Fiorino. Esforcei-me para ver como estavam as coisas do lado de fora, mas somente consegui ver Melissa golpeando um zumbi que se aproximava, sem sinal de Hector. Como tudo ainda estava limpo, deixei Carlos com o carrinho e voltei para dentro do supermercado.

Na segunda viagem, busquei encher um segundo carrinho encontrado a esmo com uma maior variedade de comidas, prestando pouca atenção além da óbvia constatação de que somente alimentos não perecíveis me interessavam.

Exatamente no momento em que achava que a tarefa começava a ficar muito simples, um barulho de vidro espatifando-se no chão ecoou pelo mercado escuro. As prateleiras que dividiam as sessões eram altas demais para que pudéssemos ver sobre elas, por isso precisei me mover.

— Tom?! — Gritei, indiferente se isso atrairia o que quer que quebrar o vidro, mais focada em ver se tudo estava bem.

— Não fui eu, Rebeca!

Para o meu terror, sua voz vinha do lado oposto do barulho. Mei estava com os pelos eriçados, rosnando e atenta à escuridão. Tentei acompanhá-la com a lanterna, mas por alguns segundos não vi nada.

Quando achei que precisaria ir atrás do som, um zumbi apareceu em minha linha de visão, quase em bom estado, não fosse o vômito misturado com sangue seco próximo a sua boca. O uniforme do mercado quase parecia ter sido vestido naquela manhã. Assim que o garoto de, no máximo, 17 anos me viu, iniciou uma corrida apática em minha direção, um rosnado gutural arrastando-se por suas entranhas.

— Mei, fica!

Aproximei-me com cuidado, dividindo-me em manter a postura em guarda com o bastão e mirar a lanterna. Para golpear a criatura eu precisaria abdicar da luz e somente o pensamento da escuridão era sufocante. Calculei rápido a velocidade com a qual ele se aproximava e ergui o bastão no último segundo, desferindo um golpe no escuro usando toda a minha força.

Assim que me recuperei do baque, mirei a lanterna a tempo de ver que havia sido o suficiente para deixá-lo imóvel no chão. Uma dor incômoda me subiu pelos braços e fiquei um pouco impressionada com a força que apliquei.

Mei latiu no mesmo instante em que senti minha cabeça sendo puxada para trás por uma força descomunal, que nem sequer dera tempo para eu me recompor. Uma dor aguda perfurou minha cabeça e, somente por já ter sentido algo parecido jogando handebol, entendi que algo puxava uma das minhas marias-chiquinhas. A lanterna e o bastão escaparam de minhas mãos e, antes de desabar no chão pela força repentina, peguei-me pensando se Tom estava tentando me salvar mais uma vez.

Infelizmente logo percebi que o que tinha os dedos ensanguentados enroscados nas mechas escuras do meu cabelo era um zumbi. Uma mulher com a parte inferior do rosto quase destruída abriu a boca em um rosnado, erguendo as mãos e cravando seus dedos na altura do meu cotovelo, por cima da jaqueta de couro. Conseguia ouvir os latidos de Mei e, lutando para me mover, só conseguia pensar em mantê-la segura:

— Mei, pra trás! — Gritei o comando.

A criatura estava sobre mim, prendendo-me no chão com seu peso sobre os agarrões. Quando abriu a boca, percebi que não conseguiria reagir.

Antes que seus dentes pútridos se cravassem fundo em meu rosto, fechei os olhos, sentindo gotas nojentas de sangue e sabe-Deus-mais-o-que caírem sobre mim. Subitamente, a pressão que me mantinha contra o chão cedeu e abri os olhos, buscando entender o que acontecia. Consegui ver somente a sola do sapato de Tom passando por cima de mim logo após chutar o monstro para longe. Infelizmente seus dedos não se desenrolaram do meu cabelo, então fui grosseiramente arrastada junto.

— Rebeca, você está bem? — Ele perguntou, mas não parou para me ajudar, optando por passar por cima de mim e cravar a machadinha na boca da criatura, puxá-la com força para cravar uma segunda vez em sua testa. Assim que teve certeza que o zumbi estava imóvel, voltou a atenção para mim.

Tentei não parecer transtornada, mas estava um pouco atordoada. Mei se aproximou, esticando o focinho para me cheirar e garantir que estava tudo bem. Havia sido por tão pouco... Evitei pensar no que aconteceria se Tom não estivesse presente e apertei Mei em um abraço, buscando algum consolo ali.

— Vamos, eu te ajudo. — Aceitei sua mão, mas quando tentei me erguer, senti a resistência do meu cabelo ainda preso e grunhi de dor. — Caramba, que merda... Ela se enroscou de verdade aqui.

Tom abaixou-se para tentar soltar a maria-chiquinha presa e minha atenção dirigiu-se para onde a lanterna caída no chão ficou apontada, revelando que mais três zumbis se aproximavam lentamente, atraídos pelo barulho.

— Que merda, Tom, não dá tempo! — Virei para olhar a mão embrenhada em meus fios. Era uma mistura nojenta de dedos, fios e sangue seco que criavam um enorme nó. — Corta fora!

— Tem certeza?

— Anda!

Posso assegurar que Mulan não teria conseguido partir os próprios cabelos em um corte tão limpo, pois mesmo com a faca retirada de meu coldre, Tomas teve alguma dificuldade para cortar fora o comprimento daquela maria chiquinha.

Poucos segundos antes da situação ficar desesperadora, finalmente senti a pressão na minha cabeça desaparecer. Mesmo com as pernas fraquejando, atirei-me para frente e agarrei meu bastão, sem ter tempo de levantar do chão para afastar o primeiro zumbi com um golpe impreciso no tronco que o lançou para o chão.

Tom desferiu um chute no peito do segundo, que foi lançado contra uma das prateleiras do mercado, derrubando infinidades de mercadoria com um estrondo. Enquanto o zumbi tentava encontrar estabilidade, o homem finalizou-o com um só golpe.

Tomas já nos dissera que antes de Alex e Faber chegarem (e inclusive nos primeiros dias, junto aos meninos), ele também se aventurou para fora dos muros da casa atrás de comida e mantimentos, mas ainda era chocante ver como ele também era capaz de lidar bem com a situação.

Quando me levantei, cravei a sola do coturno na boca aberta do zumbi que eu derrubei, para estabilizar sua cabeça e impedir que ele se levantasse. Peguei impulso para golpear a segunda criatura que vinha em minha direção.

Um som oco seguido de uma chuva de sangue e lascas chegou aos meus ouvidos e o peso do bastão reduziu-se em minhas mãos. Aquele golpe foi o suficiente para transformá-lo em um corpo imóvel, mas também partira meu bastão ao meio. Olhei incerta para o pedaço de madeira em minhas mãos, que agora se alongava em uma ponta irregular. Dei de ombros e selei o último suspiro do meu fiel companheiro, enfiando-o como uma estaca de madeira no olho do zumbi caído sob mim.

Tudo se desenrolara em um suspiro de tempo e, ao final, a adrenalina de ter ficado tão perto da morte atingiu meu peito como uma erupção e somente tive tempo de me afastar alguns passos antes de vomitar meu café da manhã.

Quando consegui me recompor, precisei gritar um sonoro "não" para impedir Mei de tentar cheirar os restos de comida meio-digerida

— Tudo bem? — Tom se aproximou, ajeitando as mangas da camisa.

— Mais ou menos... Viva. — Olhei para ele, sentindo um pouco de fraqueza. — Obrigada por me salvar.

— Não precisa me agradecer por esse tipo de coisa.

— Preciso sim. Você se arriscou por mim.

Ele ergueu uma sobrancelha para mim, mas seu tom de voz não foi agressivo:

— Rebeca, não sei se foi o que vocês entenderam... Eu com certeza vou fazer de tudo para manter minha esposa e filho a salvo, mas não ache que não estou preocupado com vocês também. — Ele sorriu, colocando a mão no meu ombro e dando um aperto gentil. — Eu fiz o mínimo.

Sorri para ele, aproveitando aquele tempo para descansar um pouco, mas logo a realização de que não tínhamos tempo a perder me atingiu.

— Bom, vamos continuar. Ainda não nos chamaram, então podemos pegar mais coisas.

— Você tem certeza?

— Não precisa se preocupar comigo. — Garanti, voltando ao carrinho que eu abandonara para levá-lo até a frente do mercado.

Assim que cheguei até a porta, os olhos de Carlos foram até minha maria chiquinha pela metade. Enquanto a esquerda descia até a metade das costas, a direita terminava em um corte desregrado na altura do meu pescoço, sujo de sangue.

— O que diabos aconteceu?

— Hm, tinha zumbis lá dentro. Um deles me agarrou, mas eu e Tom estamos bem. — Expliquei às pressas, substituindo o novo carrinho que eu trazia pelo que Carlos descarregou antes e me preparando para correr de novo para dentro do mercado.

— Rebeca, estão começando a vir muitos. — Ele me alertou. — Melissa, Faber e Alex já estão aqui nos dando cobertura, mas é melhor irmos logo.

— Só me dá mais dois minutos, sério. — Comecei a correr, não dando ouvidos para o que Carlos gritou atrás de mim. Aquela pequena missão já se alongara o suficiente e corri riscos demais para sairmos de lá sem um estoque generoso de mantimentos.

Não fui tão crítica com a seleção de comidas para a última viagem, derrubando no carrinho tudo que me parecesse útil pelo caminho. Dessa última vez, não atentei-me somente aos alimentos, certificando-me de passar na sessão de higiene pessoal para pegar um pouco de absolutamente tudo: sabonetes, escova e pasta de dente, shampoos, desodorante, absorventes, papel higiênico... Nosso principal objetivo ainda era reunir comida, já que encontrávamos esse tipo de coisa com mais facilidade durante as saques às casas, mas Tom também ficou encubido de reunir outras utilidades, como lanternas, pilhas e ferramentas.

— Rebeca, vamos! — Ouvi a voz de Tom e rumei para a saída, o carrinho já se tornando um pouco pesado e difícil de controlar enquanto eu corria.

Próxima a porta, virei o rosto para um corredor que eu nem sequer havia dado atenção e quis bater na minha própria cara. Em meio ao apocalipse, às vezes esquecemos o óbvio.

— Carlos! — Chamei ele, que podia me ouvir da distância que estávamos. — Entra aqui e leva esse carrinho, vou pegar só mais algumas coisas.

— Caralho, Rebeca, não dá tempo!

Ele me repreendeu, mas novamente não dei ouvidos. Próximo aos caixas, encontrei uma cesta e dirigi-me para o corredor cheio de produtos. Mei corria de um lado para o outro atrás de mim, em um galope animado.

Novamente não me permiti ser muito crítica e atirei quantidades exorbitantes de algodão, gaze, água oxigenada e outros itens de socorros. A cada passo, eu encontrava coisas cada vez mais úteis naquela pequena sessão de medicamentos e me esforçava para enfiar o que quer que ainda não tivesse colocado na cesta. Soro fisiológico, bolsa de água quente, cotonetes, tudo parecia ser útil quando o mundo estava acabando.

— Rebeca, vamos! — Ouvi a voz de Tom e, relutante, comecei a me dirigir à saída.

Em frente a uma sessão específica, senti minhas bochechas esquentarem. Ignorei qualquer urgência para olhar para os dois lados antes de pegar alguns pacotes de camisinha e escondê-los no bolso de trás da calça, completamente sem graça, mesmo que só eu e Mei tivéssemos presenciado aquilo.

Voltei a correr para realmente sair do mercado, mas tive tempo de olhar para o lado e ver uma caixa marrom. Estiquei a mão e peguei duas antes de realmente ir embora, sentindo-me surpreendentemente animada, mesmo depois de quase ter morrido. Contradições do apocalipse.

Quando saí pela porta de vidro, percebi como realmente estive brincando com o perigo. Os carrinhos já estavam vazios e o porta-malas do Fiorino, cheios. Um grupo crescente de zumbi se aproximava, com errantes rápidos liderando-os, e só pude rezar para que a nossa rota de fuga fosse segura.

— Meu Deus, boa, Rebeca! — Ouvi Alana gritando, satisfeita ao ver a minha sacola repleta de itens de socorros.

— Boa, boa, agora vamos! — Hector ladrou ao meu lado com tanta força que senti meu ouvido doer. Agora ele estava com um modelo de óculos diferente, com a armação amassada e a lente um pouco suja de sangue.

Com um comando alto, Tom ordenou que todos entrassem de volta nos carros. Alex e Hector assumiram a parte da frente do Fiorino, enquanto no Ônix, Carol estava ao volante, com Samuel ao seu lado. Faber, Melissa e Victória já estavam na parte de trás. Olhei para a picape, onde Tom enfiou-se pela porta do motorista, já com Alana ao seu lado. A parte de trás ficaria reservada para mim, Guilherme e Carlos, porém conforme o combinado, entrei na caçamba junto com Mei, ainda carregando aquela última sacola, e segurei-me com força na parte de cima do carro, dando o comando para que que a minha cachorra ficasse deitada.

— Pode ir, Tom! — Berrei, sabendo que as janelas estavam abertas.

— Rebeca, se segura! — Ouvi-lo gritar de volta enquanto o carro ligava.

Segurei com força as duas barras laterais do teto durante a arrancada, vendo Mei se desequilibrar e rolar desajeitada pela caçamba, felizmente, sem parecer ter se machucado. Os itens da cesta caíram desordenadamente, mas não me preocupei naquela hora.

A picape liderou o comboio de carros, enquanto Tom acelerava em direção a um caminho completamente novo para mim. Olhando para trás, via que Alex e Hector, no Fiorino, nos acompanhavam e Carol manobrava o Ônix, terminando a fila. Os primeiros metros foram tumultuados, em uma velocidade muito maior do que a prevista, para que pudéssemos nos afastar logo e dar espaço para os dois outros carros saírem da área de risco.

Da minha posição, eu conseguia ver o grupo de zumbis correndo em nossa direção como uma enxame faminta, porém ao passo que os primeiros corredores cruzavam a esquina do mercado, já estávamos longe demais para nos alcançarem.


Nota da autora:

R.I.P. bastão do Red Sox

Daqui para frente, só digo uma coisa: preparem seus corações, bastões e machados, porque o final está vindo.

Não sejam mordidos até lá!

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