Capítulo 39.
Observei o vapor da xícara subir até o céu e se perder na escuridão noturna. Aquele chá poderia ter sido banal há um mês atrás, mas agora era um luxo. Carol amava chás, então sempre que podiam, Faber e Alex pegavam caixas de sachês para ela, além dos que ela própria cultivava na pequena horta atrás da casa (que, após o apocalipse, começaram a expandir).
O jardim da parte da frente, tão grande quanto o da minha casa, também esboçava as marcações de uma nova horta que Tom construía. Eu não saberia dizer quanto espaço seria necessário para que uma horta pudesse alimentar completamente uma família de três pessoas, mas parecia ter um tamanho razoável. Como Tom e Carol evitavam sair de casa, estavam fazendo o possível para encontrar outras maneiras de garantir comida.
A ideia não deixava de ser um pouco assustadora, também. Por bem ou por mal, a mim parecia que estavam condenados a ficar naquela casa para sempre.
Mei estava estirada no chão ao meu lado, dormindo de barriga cheia. Para uma cachorra que comeu apenas ração desde filhote, a vida pós apocalíptica, que lhe permitia experimentar todo o tipo de comida, devia parecer um sonho. Talvez, se pudesse reclamar, pediria que colocassem mais carne no cardápio.
Tomei um gole de chá e estiquei a mão para fazer carinho nela. Sobreviver parecia menos difícil com ela ao meu lado.
Quando ouvi o barulho da porta se abrindo, contive o impulso de revirar os olhos. Depois de tanto stress, terminei por remoer tantos pensamentos ruins que não me sentia bem para conversar com ninguém.
Principalmente ao ouvir as vozes de Alex e Hector se aproximando. Mei acordou com o rabo abanando, mas eu estava desconfortável. E não era por causa do homem mais velho que havia conhecido naquele dia.
Sentia raiva de Hector e por isso evitei conversar com ele durante o dia. Eu não estava de acordo com a forma como ele lidou com a situação na farmácia. Também estávamos armados, mas ficamos tão vulneráveis quanto filhotes de cachorro.
Hector poderia ter atirado primeiro e evitado o ferimento de Guilherme.
— Rebeca, que bom que você está aqui! — ele falou, completamente alheio ao meu desprezo. Mei tampouco poderia ser uma representante do meu lado, conforme ergueu-se e pulou no garoto, quase derrubando os óculos dele. — Ouve a história que o Alex tem pra contar, é um pouco pesada, mas explica muita coisa...
Não virei o rosto para ele sequer uma vez, por isso somente fizemos contato quando ele entrou na minha linha de visão. Sua expressão estava um pouco confusa com a minha falta de entusiasmo, mas fiz questão de me fazer entender:
— Então você ainda está com a arma. — Apontei com o queixo para o seu coldre, erguendo os olhos para encará-lo. — Não sei porque é você quem carrega ela, se não é capaz de usá-la.
Alexandre quem o acompanhou até ali e pareceu surpreso diante da minha acusação, como quem é pego num fogo cruzado. A expressão de Hector se fechou de imediato, mas no fim ele apenas soltou um suspiro pesado.
— Rebeca, de todos nós, eu achei que justamente você entenderia o que aconteceu naquela farmácia — ele começou a se justificar, mas estava longe de ser o que eu queria ouvir. Provavelmente nada do que ele diria seria o que eu gostaria de ouvir.
— Eu entendi. Você estava armado enquanto um cara apontava a arma pra gente e não conseguiu atirar! Não fez nada mesmo depois que ele atirou, e ainda mandou todos nós para fora com duas pessoas machucadas, para depender da sorte! Se o Faber não tivesse aparecido, poderíamos estar todos mortos — desabafei.
— Rebeca, calma. Acho que vocês... — Alex tentou chamar nossa atenção usando um tom descontraído, mas uma risada sem graça de Hector o cortou.
— E você, Rebeca? Estava tão cagada de medo que nem conseguia se mexer — retrucou, olhando-me de cima — mas eu não te julgo por isso, só não sei como você tem a cara de pau de falar de mim.
— Eu não estava armada! — Ergui a voz, mais nervosa ainda com suas palavras. Conforme aquilo se transformava numa discussão, eu já sabia que estava apenas sendo escrota, mas não conseguia encontrar outra maneira para escoar minha raiva ou frustração.
— Pois não seja por isso. — Para a minha surpresa, Hector tirou a arma do coldre, girando-a para que o cano ficasse apontado para o chão. Ele esticou o cabo da pistola para mim e senti todo o meu corpo ficar tenso. — Agora você está. Já segurou uma arma algum dia na vida? Ou só viu elas em filmes?
Mantive meus olhos nele, mas não fui capaz de disfarçar o desconforto. Sentia meu coração batendo forte com a proximidade da arma, como se ela tivesse algum tipo de aura estranhamente pesada.
Pensar que, se a tivesse em mãos, eu poderia usá-la para matar alguém, só me fazia querer mantê-la afastada. Eu tinha certeza que Hector me colocaria naquela posição quando segui com aquele desabafo. A verdade é que estive, até hoje, com medo de segurar a arma. Todos estávamos, até mesmo Carlos, que em momento nenhum fez questão de tê-la para si. Já havíamos visto Hector montá-la e desmontá-la algumas vezes, checando as balas e vendo se estava tudo em ordem. Testava o gatilho e a trava de segurança. Em sua expressão concentrada, vimos a segurança que ele tinha em mexer com ela e, ao mesmo tempo, o respeito.
— Você tem medo de segurar essa merda porque sabe o peso que carrega. Talvez Carlos ou Guilherme teriam apertado o gatilho, mas quer saber? Eu duvido. Na hora que você aponta ela para alguém, que você está preparado para atirar... É só você e aquela pessoa. Todo mundo que eu conheço morreu sendo comido por zumbis, a gente está a um passo de morrer de fome, mas quem vai tirar a vida de outra pessoa é você. — Seus olhos estavam sérios. Ele não estava sendo grosso, mas suas palavras eram sinceras e pareciam me cortar.
Diante do meu silêncio, ele continuou:
— E esse é só um problema. Rebeca, você já parou para pensar que eu não queria que ninguém atirasse? O barulho de tiro foi o que atraiu todos os zumbis. Se eu tivesse matado aquele cara mesmo, você acha que seria só ficar na farmácia? Porque a gente estaria rodeado por mortos em minutos, de qualquer jeito.
Mei havia levantado ao perceber o nosso tom de voz. Ela estava perto de mim, protetora, embora não mostrasse qualquer ameaça a Hector.
— Eu sei como o barulho atraiu eles, mas correr de zumbis infelizmente já é algo normal nas nossas vidas! Parece que você esquece que o Guilherme podia ter morrido lá. — Tentei justificar, agora esforçando-me para manter mais baixo o meu tom de voz.
— Se eu sei que o Guilherme poderia ter morrido? — Entendendo a deixa, talvez percebendo que eu não queria brigar, mas ainda sem vontade de recuar, Hector baixou a voz e continuou: — E você sabe quem poderia ter morrido? Todo mundo! Se ele tivesse visto a minha arma antes, podia achar que estávamos dispostos a matá-lo. Ele já estava com a dele apontada e engatilhada. Rebeca, no momento em que ele percebesse que eu estava com uma arma, eu teria tomado um tiro!
Respirando fundo e ajeitando os óculos no nariz, Hector continuou:
— Você sabe como se mira? Tem um pontinho aqui. — Ele apontou uma pequena elevação no cano. — E um buraco aqui. — Em outra elevação, um pouco mais para frente da primeira e mais próxima à saída do cano, um pequeno círculo vazado estava na reta do pontinho. Precisei me esforçar para ver, devido à escuridão da noite, a qual meus olhos pareciam nunca se acostumar. — Quando você mira, você tem que alinhar o pontinho no meio desse buraco. Tem menos de 1 centímetro. Rebeca, você já parou para pensar que eu poderia errar? Que, se ele não me matasse no momento em que eu mostrasse a arma, meu tiro poderia pegar de raspão, ou nem chegar perto dele? Eu consigo atirar, mas não sou nenhum profissional.
O horror naquelas palavras atravessou a minha mente como o tal tiro que falávamos. Hector não precisaria ter dito o que veio a seguir, mas mesmo assim ele o fez, descrevendo uma cena em que erraria o tiro e só assustaria mais ainda aquele homem, podendo iniciar um tiroteio que mataria todos nós.
A realização do meu egoísmo foi dolorosa. Até então, eu havia considerado somente o que significaria o peso de matar alguém para Hector — embora tivesse conscientemente ignorado quando resolvi criticá-lo. Mas havia algo maior: o medo de um deslize ser o suficiente para matar todos nós. Suas atitudes pensadas não foram querendo evitar a morte do homem da farmácia, foram para evitar as nossas mortes.
— Hector, eu... Me desculpa. — murmurei, sentindo a exaustão do dia mais pesada do que nunca. — Eu meio que sabia que não era sua culpa. Eu só estou frustrada.
— A sua frustração não é motivo para jogar a culpa em mim — Hector respondeu, seco. — Alex tem uma coisa para te contar — falou, antes de me dar as costas e voltar para dentro da casa.
Senti raiva de mim mesma naquele momento, lutando contra lágrimas de frustração, vergonha e exaustão. Depois de alguns segundos de silêncio, Alex chamou minha atenção, pigarreando.
— Tudo bem? — perguntei, ansiosa para tentar me distrair da discussão com Hector.
— Estou ótimo, e você? — Alex sorriu para mim, tentando tornar o clima mais leve. — Eu e Hector estávamos conversando sobre o Alberto... O senhor da farmácia. Eu, Tom e Carol o conhecíamos. Estava contando o que aconteceu com ele, mas se você quiser, podemos conversar outra hora.
Recusei a proposta com a cabeça, sinalizando para a cadeira branca ao meu lado, como se aquela casa fosse minha. Só então lembrei da xícara de chá no meu colo, mas infelizmente, quando tomei um gole, ele já estava morno.
Alex se sentou do meu lado.
— Então... — ele começou, medindo as palavras. Pela sua mudança de tom, soube que eu não gostaria do que estava prestes a ouvir. Aquilo afastou os pensamentos sobre Hector da minha cabeça. — O que eu tinha contado para o Hector foi a história do Alberto. Eu o conhecia antes do apocalipse começar, sempre passava na farmácia quando precisava de algo, era um senhor gente fina, gentil...
— Todo mundo era um pouco mais gentil antes do apocalipse. — Pontuei, desanimada, enquanto tomava outro gole de chá.
Alex sorriu, mas não respondeu. Então continuou:
— Eu e Faber fomos à farmácia algumas vezes depois que o caos começou. Ficamos surpresos em ver que ele e a família estavam vivos. Ele e o casal de filhos moravam na parte de cima da farmácia; o filho já era mais velho, tinha vinte e alguma coisa, mas a menina só tinha 14 anos, então eles resolveram ficar na farmácia mesmo. Era um local bom e, contanto que não houvesse nenhuma confusão nas ruas, permaneceriam em paz. Era o que pensavam.
"Não muito tempo depois, aparecemos lá de novo. Estávamos levando algumas comidas como agradecimento, já que ele nos deixou pegar remédios da primeira vez. Quando entramos, as coisas estavam diferentes: tudo lá dentro estava uma bagunça, prateleiras tombadas, coisas quebradas... Alberto parecia não dormir há dias. Estava transtornado. Quase tomamos um tiro também. Ele demorou algum tempo para perceber que éramos nós."
Terminei de tomar o meu chá frio, olhando para Alex. Ele era um homem de quase dois metros, grande e forte, mas enquanto me contava aquilo, parecia somente uma criança transtornada. A iluminação da única vela que eu trouxe comigo refletia-se em seus olhos, possibilitando-me ver como estavam úmidos.
— Ele nos contou o que tinha acontecido três noites atrás. O filho dele saiu para buscar comida e encontrou um grupo de outros três rapazes, deveriam ter uns vinte e poucos anos também... A minha idade. Eles estavam em uma casa próxima, então ele contou que morava na farmácia com o pai e a irmã. Prometeram manter contato, trocar remédios por comida, esse tipo de coisa. Acho que a gente tem um instinto de tentar manter outros humanos por perto...
"E para ser sincero, quem poderia julgá-lo? Qualquer um pensaria que somos nós, os humanos, contra os zumbis, né? Mas acho que esquecemos que antes dos zumbis, ainda tínhamos medo de outros humanos... Aquele grupo foi para a farmácia. Estavam todos armados. Alberto também tinha uma arma, mas ela ficava escondida em um cofre, por isso ele e o filho foram subjugados. A filha dele se escondeu e eles levaram tudo que a família tinha, também pegaram remédios. E tudo bem se fosse só isso, sabe? Mas não. Eles encontraram a menina."
Alex fechou os punhos com força, respirando fundo.
— Então eles trancaram Alberto e filho em um quarto e... Eles... — Alex não conseguiu continuar, mas sequer havia necessidade. Percebi seu corpo tremendo um pouco enquanto uma única lágrima escorregou por sua bochecha. Coloquei a mão em seu ombro, querendo mostrar qualquer apoio que eu pudesse.
— Eu... Entendi. Não precisa dizer mais nada. — Sussurrei, sentindo que meu próprio coração apertava. Como eu não poderia entender algo que qualquer mulher teme desde que se entende por gente? Eu nem sequer conhecia aquela menina, mas meu coração queimava também.
— Ela tinha só quatorze anos. Era um doce, sem qualquer maldade... Eu a vi poucas vezes, mas adorava ela. — Ele limpou o rosto com as costas da mão. — Ela ficou muito machucada. Não sobreviveu... — Alex sacudiu a cabeça, como se quisesse afastar aquela lembrança. — O que isso não deve fazer com a cabeça de uma pessoa? Naquele momento, ele poderia atirar em Deus e no mundo que eu o acharia com razão.
E, gostando ou não, finalmente consegui entender aquele homem e o seu estado transtornado... Seu medo. Alex terminou de me contar sobre sua visita com Faber, quando eles ouviram aquela terrível história. Ofereceram apoio ao homem, ao filho que estava vivo e deixaram as comidas que levaram, mas nunca mais voltaram a vê-lo. Faber quem havia chegado perto da farmácia outras vezes, mas eles haviam fechado-a completamente, cobrindo as janelas com papelões e mantendo a porta sempre trancada. Provavelmente, quando entramos, estava destrancada pois o seu filho saiu em busca de mantimentos. Com a expressão dura, Alex sentiu vergonha de falar, mas confessou que era um alívio para ele que Alberto não sabia da localização deles.
Tentamos conversar sobre outras coisas, mas não houve muito clima. Alex era gentil e animado, mas nem ele foi capaz de afastar meus pensamentos sombrios. Então o medo que eu sentia em perder um de meus colegas já havia sido sentido muito mais intensamente por aquele homem.
Eu não havia compartilhado com ninguém aquela ideia, mas tive, em algum momento, a vontade de voltar para farmácia. Talvez fazer coisas que não me trariam orgulho. E eu sabia que alguns dos meus colegas aceitariam. Carlos, certamente.
Antes mesmo que eu pudesse digerir tudo aquilo, Tom também aparecera na varanda de sua própria casa. Ele foi calmo e respeitoso, principalmente ao saber o que Alex tinha acabado de me contar.
— Saber disso... Foi realmente chocante. Eu lamento muito pelo que ele e sua filha passaram. Sei que Deus a levou para um lugar melhor. — Tom disse — Mas infelizmente sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, algo como o que houve com vocês acabaria acontecendo. Era um homem transtornado com uma arma, essa combinação raramente traz bons resultados. — Ele passou a mão pelos cabelos, irritado. — Eu carrego uma e a odeio com todas as minhas forças. Toda vez que a seguro, é porque penso no meu filho e na minha mulher, e esses são os únicos motivos que deviam fazer um homem empunhar uma arma.
Concordei com sua divagação, incerta do que acrescentar. Eu raramente pensava naquele tipo de coisa antes do apocalipse, mas Tom e sua família pareciam boas pessoas, então confiei no que dizia. E mesmo que não fossem, eu fingiria concordar com qualquer coisa que acreditassem, se isso nos mantesse naquela casa segura por mais tempo.
— Sabe, eu fico feliz de verdade que conseguimos servir de alguma ajuda para você. Sei que não faz sentido, mas como conheço Alberto e sei o que aconteceu, parece que é um pouco a minha responsabilidade... — Tom murmurou. Alex permanecia quieto, ao meu lado.
— De forma alguma acho que é sua responsabilidade, mas fico feliz que tenha pensado assim... Pelo menos por hoje. — Sorri para o dono da casa, tentando parecer amigável. — Fazia algum tempo que não encontrávamos outras pessoas vivas. Eu estava começando a pensar que éramos...
Deixei minha frase se perder no ar e ele completou:
— Os últimos.
Assenti, em silêncio. Era estranho conversar daquela forma com um homem tão mais velho que eu mal conhecia. Quando você tem dezessete anos, os adultos tendem a não te levar muito a sério. Naquela conversa, porém, a última coisa que parecia interessava eram as nossas idades.
— Eu disse que não havia problema que vocês ficassem aqui, e falei sério. Conversei com Carol e Samuel sobre isso. Carol não conseguiu acreditar que eu sequer cogitei a possibilidade de não deixar crianças feridas entrarem, mas sabe como é... — Ele me olhou, sério. — Alex e Faber também sabem que eu faria de tudo para manter a minha família a salvo.
— Isso só me deixa mais segura para confiar no senhor. — Acrescentei, sincera. — Hoje mesmo eu comecei a repensar muitas das minhas decisões até aqui. Eu nunca acharia que deveria desconfiar de outro humano em um mundo como esse, mas... Agora eu só quero que os meus fiquem vivos.
— Mais ninguém vá lutar por nós, além de nós mesmos. — Tom parecia um pouco ansioso, como se fosse dar uma má notícia. — Eu não vejo problema de vocês ficarem aqui, mesmo que o lugar seja apertado para tanta gente e precisemos de mais comida. Na verdade, a minha intenção era justamente essa: gostaria de também pedir um favor a vocês. Compreendo que os garotos feridos não possam, nem a enfermeira, não acho que faça sentido colocar alguém com conhecimento tão valioso em risco, mas... — Ele mudou abruptamente a frase, mas entendi o que ele queria dizer. "Mas vocês vocês servem". — Existe um hipermercado a dois quilômetros daqui. — Ele apontou para a direção contrária à que viemos. — O lugar é enorme, e Faber e Alex já passaram por ele, mas não conseguiram entrar. Ele ficou trancado desde o começo do apocalipse. Se abriu naquele dia, fecharam antes que o caos chegasse com força... É um mercado que pode estar cheio de comida, coisas úteis... Mas teríamos de fazer muitas viagens.
Logo entendi onde ele queria chegar.
— Você quer que ajudemos Alex e Faber a deixar o caminho seguro. — Conclui, lembrando-me do caminho que tomamos até chegarmos ali. Mesmo se estivesse cercado de zumbis, eles não conseguiam passar pelas barricadas de carro e arame. Provavelmente esse era o único jeito que Tom sentiria confiança para sair de sua casa: com caminhos protegidos dos mortos.
— Sim. Não posso obrigar nenhum de vocês e entendo como existem riscos, mas seria de grande ajuda para mim e para Carol. Alex e Faber são bem vindos aqui para sempre, mas sabemos que nem todo mundo se contentaria em ficar aqui pelo resto da vida, esperando sabe Deus o que... Mas eu e minha mulher não pretendemos sair, quem dirá deixar Samuel, então...
Mesmo que sua prioridade fosse manter sua esposa e filho a salvo, ele nos ofereceu uma ajuda valiosa, então me solidarizei com seu pedido. No fim, ele era um bom homem e estávamos em dívida com ele.
— Vamos ajudar. — Garanti a ele. — Pelo menos sei que eu vou. Converso com os outros amanhã, mas tenho certeza que Melissa e Hector não irão se importar.
— Obrigado, Rebeca.
Tom sorriu com sinceridade e estendeu a mão para mim. Apertei-a com um pouco de hesitação, simplesmente porque poucas vezes na vida havia feito isso, principalmente para selar um acordo que envolvia colocar minha vida para jogo no domínio dos mortos.
Nota da autora:
Eu amo tanto esse capítulo. Aqui com certeza devem ter se iniciado milhares de fã-clubes do Hector 🙏
Estou louca para ler suas opiniões sobre ele!
O próximo capítulo está a caminho.
Está tarde, mas ainda não sejam mordidos!
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