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Capítulo 32.

O ar chegava aos meus pulmões em lufadas espaçadas. Sem que eu percebesse, às vezes trancava a minha respiração, tentando suportar a taquicardia (a qual eu só saberia nomear por já ter estudado sobre nas aulas de ciências). Era assim que Guilherme se sentia quando sua ansiedade atacava?

Eu queria virar para trás, queria ver que meus amigos estavam vivos. Eu nem ligaria se também estivessem correndo por suas vidas como eu estava, apenas queria saber que ainda havia vida pela qual correr. Mas seria somente uma auto-flagelação, pois atrás de mim só havia desesperança.

Mei estava a alguns passos de distância, sua velocidade de cachorro nos ultrapassando com facilidade. Ainda assim, seus olhos estavam focados em mim, atentos, esperando por um comando. Somente então vi as costas do casaco azul-claro que Melissa usava, seu cabelo preso em um rabo de cavalo pulando de um lado para o outro com o ritmo de sua corrida. Queria dizer que o sentimento de alívio contribuiu para que eu respirasse melhor, mas estava longe disso.

Eu não saberia dizer se fora o barulho que fizemos ou o som infernal da horda de zumbis no nosso encalço, porém a rua que antes era ocupada somente com o vagar lento de um ou outro zumbi, agora começava a ficar mais povoada. As criaturas que nos seguiam eram auxiliadas por outras que estavam à nossa frente, esperando pelo menor descuido para atirarem-se, famintas, sobre nossos corpos cansados. Vi que Guilherme, ao meu lado, desviou um deles de nosso caminho com um chute. Ganhávamos somente tempo suficiente para passar.

Melissa virou para trás uma hora e pude ver seus olhos se arregalando, vendo algo atrás de mim. Sem precisar de um aviso da minha amiga, virei o corpo para ver o quão próximo estava de mim. Trouxe o bastão no mesmo movimento para acertar a criatura com um golpe certeiro na lateral do rosto e imediatamente voltei a correr. Em outras circunstâncias, eu teria me orgulhado do movimento.

— Rebeca! — Ouvi, entre arfadas, a voz de Guilherme. — O cadeado! — Ele apontou o dedo para frente, em direção a um portão a menos de 30 metros.

Não precisei que ele completasse para entender do que se tratava: uma casa do lado esquerdo, com muros relativamente altos e sólidos, tinha um pequeno portãozinho gradeado de acesso, de onde pendia um cadeado de chave simples. Como descobrimos no período em que arrombamos residências durante a estadia na minha casa, era um cadeado simples de quebrar. Assenti para ele, demonstrando que entendi.

— Melissa! — Guilherme também a chamou, apontando novamente para o portão. A loira desacelerou um pouco sua corrida, aproximando-se de nós.

Não era a melhor aposta que tínhamos, mas, para ser sincera, não existiam boas apostas: estávamos exaustos e agora o nosso problema não era somente fugir de uma horda atrás de nós, mas que em toda a extensão da rua a nossa frente também se amontoavam amontoar zumbis carniceiros. Poderíamos correr para sempre, até que um de nós fosse pego, ou parar e tentar raciocinar melhor a situação, mesmo que isso significasse ter todo um novo problema para sair depois. Talvez morressemos ali mesmo e nunca mais precisássemos sentir medo.

Não houve tempo para combinar nada, mas quando o portão chegou perto o suficiente, entendi que era uma tarefa adequada para mim e meu bastão.

— Me dêem cobertura! Mei, junto!

Sem olhar para os lados, somente contando com Guilherme e Melissa para conseguirem o tempo que eu precisava, segurei o bastão com as duas mãos, uma próxima à ponta e a outra mais afastada, oferecendo suporte. Senti o calor do corpo de Mei encostando em minha perna.

O primeiro golpe, como esperado, não surtiu nenhum efeito. Eu sabia que não era tão fácil quanto os filmes faziam parecer e precisaria de outras tentativas. O ar machucava meus pulmões à medida que eu o sugava e expelia em velocidade insana. Todo o meu corpo tremia, mas consegui desferir mais dois golpes na parte de metal que ficava presa na tranca. Senti sangue voando no meu rosto e vi que Guilherme e Melissa, ao meu lado, moviam-se. Haviam rosnados e grunhidos próximos e até mesmo Mei deixou um latido nervoso escapar, que eu não me dei ao trabalho de censurar.

Quando o suor já começava a pingar no meu rosto, dei um último golpe para soltar a tranca. Encostei a minha mão no cadeado e percebi o quanto tremia. Depois de duas tentativas, consegui abrir o portão e empurrá-lo com toda a força, abrindo passagem para o quintal desconhecido da casa.

Entrei primeiro e Mei me seguiu em um pulo ágil para dentro.

Olhei para trás e chamei por Guilherme e Melissa, que naquele momento estavam de costas para mim. Por um segundo, a lembrança de Helena em frente à casa de Melissa naquele primeiro dia assolou minha mente.

Por sorte, assim que perceberam a passagem livre, ambos atiraram-se desajeitadamente para dentro. Fechei o portão com força, amparando o empurrão de uma das criaturas.

Os grunhidos aumentaram até se tornar uma cacofonia infernal conforme se amontoavam em frente aos muros da casa. Antes de respirar aliviada, olhei ao redor, em busca de qualquer coisa que pudesse fortalecer o portão. O quintal era pequeno e estaria completamente vazio, não fosse um carro popular estacionado.

— Algum de vocês consegue colocar o carro contra o portão?! — perguntei, percebendo o quanto a minha voz estava alta. Àquela altura já havíamos nos afastado das grades, por onde agora braços pútridos se espremiam.

Guilherme e Melissa se entreolharam.

— Eu acho que consigo! — Melissa respondeu, movendo-se em direção ao carro, sua voz tão alta e esbaforida quanto a minha. Estava estacionado com a frente apontada para a porta da garagem e a porta do motorista, no lado oposto ao nosso, entreaberta. — Rezem para a chava estar no carro.

A parte de baixo do portão era forçada para dentro, torcendo-se em um ângulo preocupante. Cerca de oito daquelas coisas amontoavam-se em volta do portão, tentando espremer-se por entre as grades, e mais incontáveis os rodeavam, ajudando na pressão. Mandei Guilherme se afastar, pois apesar de não saber dizer se corria o risco de ceder, também não tinha a menor vontade de descobrir.

Só então percebi que, por trás do barulho da grade de metal torcendo-se batendo contra a base, Mei estava latindo..

— Quieta! — mandei e minha cachorra se virou para mim, o rabo encolhendo entre suas pernas. Mei se aproximou e só então percebi o motivo para tanta aflição.

De uma passagem na lateral da casa, uma criatura se aproximava. A visão já era tão corriqueira que achei que nem sequer seria capaz de sentir um frio na espinha, mas a situação era completamente o oposto: mesmo que já houvesse presenciado inúmeros seres pútridos vagando em minha direção, aquela mulher que outrora podia ter tido cerca de 35 anos e ter sido muito bonita, oferecia um risco tão mortal quanto qualquer outro. Sentia uma dor angustiante esmagando meu peito cada vez que meu coração batia, como se ele já estivesse completamente inchado e pronto para explodir. Eu não aguentava mais.

— Fica tranquila, Rebeca. — Melissa garantiu, esticando a mão para pegar uma faca invisível no coldre improvisado, que nada mais era do que uma tira amarrada a sua perna. Então olhou para baixo, surpresa, e em qualquer outro momento, eu poderia ter gargalhado. — Acho que perdi a minha faca...

Estiquei o bastão para ela, sentindo meus braços latejando somente ao imaginar ter que bater em mais zumbis. Melissa aceitou e testou o peso com um balanço, como se a mulher não estivesse a poucos passos de nós. Enfim, com um movimento limpo, bateu como uma jogadora. Não fez nenhum home run, mas atirou a criatura contra a parede sólida e a mulher bateu a cabeça, deixando uma marca de sangue manchada lá para sempre, antes de despencar até o chão. Observei Melissa apertar os cabelos loiros no rabo de cavalo e percebi como era difícil lembrar da garota incapacitada pelo medo há algumas semanas atrás.

Enquanto minha amiga caminhava até a porta do motorista, olhei para trás a fim de checar o estado de Guilherme, que estava apoiado no muro, com uma mão pousada sobre o peito. Apesar do rosto vermelho coberto de suor e da respiração rápida, parecia bem. Fez um sinal de ok para mim e deixei um riso escapar. Quando finalmente achei que poderia tentar acalmar meu coração, um grito agudo chegou aos meus ouvidos e fez Mei latir de novo.

Guilherme e eu corremos em sua direção e chegamos em segundos, apesar do percurso de alguns passos ter parecido durar anos, enquanto eu temia que Melissa pudesse ter se ferido.

À primeira vista, a garota loira parecia bem, mas algo estava errado. Com as costas coladas na parede e os olhos arregalados, espremia seu corpo para se manter longe do que quer que a tivesse assustado. Olhei na direção da porta do carro aberta, procurando o que poderia haver de errado.

Meu estômago se revirou com tamanha violência que parecia que ele próprio seria expelido para fora. O cheiro de carne podre e sangue seco já se tornara habitual e quase conseguíamos esquecê-lo normalmente, mas naquele pequeno espaço, o agridoce da carne em decomposição invadiu minhas narinas como fogo. Quase como se eu tivesse voltado para aquela primeira semana, o segundo movimento do meu estômago foi tão intenso que me obrigou a virar o rosto e vomitar tudo que havia nele.

Havia um deles no banco do passageiro. Era raro ver um completamente devorado, porque até onde sabíamos, as criaturas só se alimentavam dos que estavam quentes. Lembrei de Helena, que foi reduzida a pouco mais que um esqueleto apenas porque haviam muitos deles na rua naquele fatídico primeiro dia. Normalmente, as vítimas ficavam com partes do corpo devoradas e feridas abertas feitas por dentes, mas a maior parte do corpo mantinha-se intacta o suficiente para lembrar um humano. Diferente do que estava no carro.

No entanto, nenhum também era tão pequeno quanto aquele.

Quase todo o corpo cabia no banco do passageiro — e logo não me senti mais à vontade para chamar aquilo de "corpo". Do busto para cima, a visão já beirava a insanidade: um pequeno rosto desfigurado por mordidas, com um olho pendendo para fora do crânio. As costelas mais pareciam ossos de passarinho, expostas por pedaços de pele arrancadas. Também tínhamos um vislumbre de sua coluna vertebral, mas todo o resto era um amontoado de carne disforme, mutilado. As pernas não estavam mais lá, somente ossos que se estendiam até terminar abruptamente sobre uma massa de pele retorcida que sequer lembrava algo remotamente humano. Tudo ao redor estava coberto de sangue seco e pedaços do corpo apodrecido eram devorados por larvas.

A pior parte foi que, assim que entramos em sua linha de visão, aquela coisa se mexeu. O olho ainda conectado ao crânio virou em nossa direção e a pequena mandíbula quebrada abriu-se para soltar um rosnado engasgado. Mesmo havendo tão pouco, aquilo conseguia se mover em direção à porta aberta. Em nossa direção.

Ficamos imóveis enquanto a aberração se arrastava para fora. Quando caiu no chão, a carne mastigada fez um barulho úmido e grotesco. Dois pensamentos cruzaram minha mente como um raio e, juntos, eram tão absurdos que me fizeram querer golpear o crânio daquilo até que ficasse tão irreconhecível quanto o resto da gosma disforme que era o seu corpo. Como se dessa forma pudesse apagar a sua existência daquele mundo.

O primeiro, foi que parecia comida de cachorro; o segundo que, em vida, a criança não devia ter tido mais de dois anos.

Alguém encostou no meu rosto e me fez olhar para o lado, mas meus olhos já estavam fechados. Eu odiava aquele mundo. Odiava aquela vida nojenta que eu era obrigada a perpetuar, incapaz de ser forte como as pessoas que pouparam a si mesmos da existência miserável ao acabar com suas próprias vidas. Seus corpos nunca sentiriam a exaustão de correr do diabo; seus corações não seriam eternamente dominados pelo medo que aos poucos destruía qualquer resquício de esperança; seus cérebros nunca seriam molestados com aquelas imagens do inferno. Não importava quantos horrores enfrentávamos, parecia que sempre viria um pior. Que aquele mundo nunca terminaria de nos torturar.

Se as nossas almas forem, de fato, eternas, a minha para sempre estará corrompida pela sua breve existência nesse mundo profano.

A exaustão que dominou meu corpo foi tão intensa que senti um torpor bem-vindo abafar meus sentidos. Acho que todos nós tivemos qualquer sentimento de alívio varridos por uma tristeza desoladora que nos impregnou. Pensei em meus colegas. Será que presenciavam, em algum lugar, horrores como esse, ou sequer estavam vivos para fazê-lo?

Pensei também numa mãe fugindo às pressas com seu filho no colo, uma mordida sangrenta escondida sob gaze em alguma parte do seu corpo. A febre já estava alta demais, mas ela não percebeu.

Guilherme disse que eu estava muito pálida e me ajudou a sentar no pequeno degrau na entrada da casa. Mei veio lamber meu rosto, incerta do que acontecia, e a abracei com força enquanto Melissa e Guilherme resolviam aquele problema da forma como achavam adequada. Um dos dois vomitou e eu não sabia dizer quem foi.

Melissa ligou o carro, mas se recusou a entrar, então ela e Guilherme empurraram o veículo pelo lado de fora até o portão de entrada. Ouvi as grades rangerem ao serem pressionadas, assim como a lataria amassando, mas eventualmente perdi a visão da rua, assim como os mortos não conseguiam mais ver o interior da casa. Então Melissa desligou o carro e ela e Guilherme trocaram algumas palavras, mas não prestei atenção ao que saía de suas bocas.

Quando virei o rosto em direção ao local onde aquele corpo estaria caído, encontrei um lençol atirado sobre algo no chão, as delicadas flores bordadas contrastando com o sangue escuro que se espalhava. Eu não sabia onde eles haviam conseguido aquilo ou quem havia coberto aquela abominação, porém fiquei feliz em não ter que vê-lo novamente.


Nota da autora:

Boa tarde, amigos! 

Antes de tudo, quero pedir desculpas por não ter conseguido atualizar ontem! Minha casa estava em reforma, acabei ficando envolvida com os problemas e esqueci completamente. Espero que os dois capítulos de hoje compensem o atraso 🖤

Caras, esse capítulo...

Ele era um pouco diferente antes da revisão e a coisa no carro que eles viram não era um bebê, mas um adulto igualmente mutilado. Aí, relendo, eu pensei "cara, não faz sentido que seja ISSO que quebre a Rebeca... Então como eu posso tornar essa cena ainda mais traumática?" 

🤓

E essa virou a minha cena grotesca preferida desse livro 🙏 Espero ter deixado vocês enojados!

Até breve e não sejam mordidos!

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