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Capítulo 14.

Assim que consegui entrar, despenquei no chão, percebendo o quanto estava cansada. Alguns segundos depois, o barulho metálico da porta de correr acabou com a iluminação natural, deixando-nos somente com a luz de uma lâmpada branca. Fechei os olhos por alguns segundos, tentando raciocinar.

— O que vocês estão fazendo lá fora? — Sua voz era doce, porém parecia nervosa. Ela gaguejava um pouco.

Abri os olhos e vi que os cabelos da garota eram tingidos de azul, com dois dedos da raiz escura aparecendo. Ela tinha o rosto arredondado e olhos também azuis, a combinação era bonita. Um pensamento bobo cruzou a minha cabeça: "que bom que não pintei o cabelo de vermelho ano passado, seria realmente um problema encontrar tinta para retocar nesse caos". Imediatamente me senti mal por ainda ter disposição para pensar em coisas bobas.

— Estamos indo para o continente. — falei, já que ninguém havia respondido. Ela virou para mim, olhando-me de cima, mas eu não quis me levantar.

— M-mas... Ontem a noite a ponte... — Quando ela olhou em volta, sua atenção fixou-se imediatamente em Victória, que a essa altura já tinha deitado, o corpo coberto de suor. A moça de cabelo azul ajoelhou-se ao lado, afastando um pouco Guilherme e Melissa. — Eu sou enfermeira, o que houve com ela? — Assim que ela declarou-se enfermeira, sua voz perdeu o tom doce, tornando-se séria e firme.

— A pressão dela caiu. — informou Melissa, preocupada. — Ela disse que fica tonta e com dificuldade de respirar quando isso acontece.

A garota colocou a mão na testa de Victória, que permanecia respirando pesadamente, sem abrir os olhos. Em seguida, segurou o pulso dela na mão, tentando checar a pressão. Antes que pudesse falar algo, uma voz masculina invadiu a sala.

— Mas que porra é essa, Alana? — Um homem de aproximadamente 30 anos que se vestia como um adolescente entrou em nossa linha de visão. Tinha as pálpebras pesadas, barba por fazer e o cheiro de álcool invadiu meu nariz.

Ao virar meu rosto para ele, só então parei para refletir que havíamos entrado em algo que parecia uma loja, não muito grande e com prateleiras de produtos que pareciam ser castanhas e ervas expostos. Há alguns metros de mim havia um caixa com uma infinidade de barrinhas e vitaminas, e então identifiquei que se tratava de uma loja de produtos naturais. Nem a mulher nem o homem estavam usando qualquer tipo de avental ou identificação.

A menina de cabelos azuis, Alana, não respondeu e levantou-se, passando pelo rapaz com pressa e indo em direção à parte de trás da loja. Ela era maior do que eu, provavelmente com um metro e setenta.

— ALANA! — ele berrou, fazendo-me dar um pulo com o susto. Imediatamente a postura de Carlos mudou, assumindo uma posição de alerta. Vi que seus músculos tencionaram em volta da barra de ferro e isso fez com que eu também me levantasse, atenta. — Por que você deixou essas crianças entrarem? — Ele ainda falava alto, olhando com desprezo para nós.

Ela voltou correndo, esbarrando nele, mas não se dando ao trabalho de pedir desculpas. Carregava em suas mãos um copo quase cheio de água e um pote que demorei um pouco para identificar como sal.

— Cala a boca, Renan! A menina estava quase desmaiada na rua, que merda! — Os palavrões destoavam de sua aparência meiga. Ela se aproximou de Victória e dirigiu-se somente a ela, pedindo para que colocasse um pouco de sal sob a língua. — Vai ficar tudo bem, ok? Aqui dentro é seguro. Pode tomar água, se precisar.

— E você vai ficar abrindo a porra da porta para qualquer um mais quantas vezes?! — O rapaz bateu com a palma aberta sobre uma das prateleiras, em um surto de indignação. O barulho foi alto e fez com que eu automaticamente me encolhesse.

Carlos deu mais um passo à frente, na direção do homem. Tentou parecer calmo, mas eu já conseguia identificar pela sua postura que estava bastante tenso.

— Calma, cara! — Parou, a cerca de dois metros de distância do homem mais alto que ele, que o encarava com um olhar seco. — Nós só viemos para cá porque a nossa amiga estava mal, vamos sair logo. — Sua voz era ríspida. Ele tentava aplacar a situação, mas não se importava em ser gentil.

— E se eu disser que quero vocês na rua agora?

Carlos fechou o punho repentinamente e meu coração pulou, entendo o que iria acontecer. Adiante-me na direção dos dois, em desespero para impedir qualquer explosão. Guilherme também se moveu, disposto a ajudar o amigo se necessário, mas cheguei mais rápido.

— Moço... Renan, peço desculpas por chegarmos assim, eu entendo que essa situação deixa todo mundo nervoso. — Aproximei-me de Carlos e coloquei a minha mão sobre seu punho fechado, que tremia, em um gesto para acalmá-lo. — A sua colega nos chamou e, como estávamos em uma situação desesperadora, com uma adolescente desmaiada — menti — aceitamos a ajuda. Não temos o menor interesse em continuar aqui e assim que ela se recuperar pretendemos sair. Não vamos causar o menor problema, nem pegar nada.

Senti a ansiedade balançar meu coração, um silêncio tenso dominando o ar enquanto o homem claramente bêbado, com os olhos vermelhos, me encarava de cima a baixo.

Por fim, seus ombros relaxaram um pouco e ele virou de costas, reclamando. Criticou a atitude de Alana de deixar qualquer um entrar em uma situação de crise e se dirigiu a uma escadaria que ficava no final da loja, enquanto berrava que iria ver o que o pai dela achava daquilo. Só quando ele saiu da minha linha de visão, pude respirar aliviada. Carlos demorou mais para relaxar, sua expressão assustadora se tornando cada vez mais neutra.

— Ele não é meu colega. — Ouvi a voz doce de Alana, que agora ajudava Victória a se sentar, dando-lhe água diretamente na boca. Minha amiga tremia, mas parecia estar melhorando um pouco. Alana olhou para nós três. — Ele trabalha para o meu pai, que é o dono da loja e mora na parte de cima. Eu estava vindo visitá-lo ontem, quando as coisas saíram do controle. Mesmo que Renan quisesse expulsar vocês daqui, ele não manda em nada, por isso nem me dei ao trabalho de prestar atenção. — Revirou os olhos, visivelmente incomodada. — Ele só é um babaca medroso, está desde ontem chorando e enchendo a cara, tentando impedir que eu preste atendimento às vítimas.

— Preste atendimento...? — Melissa indagou.

— Estou vendo centenas de pessoas machucadas passarem por aqui e ele insiste que não devo ajudá-las. Até mesmo esses... Doentes... Sei que são perigosos, mas e se só precisarem de tratamento? — Ela olhou para fora, em silêncio, e os rosnados abafados se fizeram presentes novamente. — De qualquer forma, acabei ficando quieta porque não queria arranjar confusão e preocupar meu pai, mas... pensar em deixar todos vocês em perigo do lado de fora simplesmente não dava...

— Você deixou mais gente entrar?! — falei com pressa, não percebendo o quão alto até que a minha voz voltasse ecoando. Não me preocupei naquele momento no quão grosseira aquela desconfiança poderia soar.

Ela olhou para mim com o mesmo semblante.

— Sim, mais um casal, antes de vocês. Eles estão na parte de cima, em repouso e não vão incomodar. Os dois estavam machucados e desesperados.

Machucados.

Percebi como essa palavra colocou a todos em alerta.

— Eu sei o que estão pensando. A mulher estava machucada, mas o homem só teve alguns arranhões. Eu sei que são vetores de contaminação, mas limpei completamente as feridas com álcool e estou observando os dois. Não temos absolutamente nenhuma informação sobre esse vírus, não consigo aceitar que não tem forma de parar a infecção!

Carlos e Guilherme olharam para mim ao mesmo tempo, a mesma incerteza pairando no ar.

— Há quanto tempo? — perguntei.

— Por volta das 18h de ontem, eles passaram a noite aqui. A mulher somente está com febre, enquanto o homem está bem. Eu já vi a infecção dominar completamente alguns deles em intervalos menores de tempo. — ela garantiu.

— Bom, eles estão lá em cima. — sussurrou Hector atrás de nós. — Eu também estou com medo, mas de qualquer forma, estamos bem longe aqui embaixo.

— Não é como se tivesse outra opção mesmo... — Olhei para Carlos, incerta, que simplesmente encarou a nós dois e estalou a língua, voltando a se sentar no canto.

Alana nos assegurou que estava no controle da situação e que poderíamos ficar lá o tempo que achássemos necessário para que Victória se recuperasse completamente. Deixou bem claro, porém, que achava quase suicídio tentar atravessar o centro da cidade daquela maneira, principalmente após a ponte ter sido explodida.

Agora sentada, retirei meu celular do bolso e olhei para a tela, sentindo o meu coração bater ao ver quatro barrinhas de sinal aparecendo. O ícone do 4g também estava disponível.

— Gente, testem os celulares! — anunciei. — O meu está funcionando.

Logo todos nós estávamos mexendo nos celulares, como se esse fosse mais um dia normal em que as pessoas estivessem somente ocupadas com suas próprias vidas.

A primeira coisa que tentei fazer foi ligar para a minha avó. Ouvi cada barulho de indicação de chamada, mas esta nunca foi atendida. Senti como se um pedaço de tijolo tivesse entalado na minha garganta.

Disquei o número do meu pai, porém também não houve resposta (a ligação nem havia sido completada). Não vendo outra alternativa, também tentei ligar para o meu irmão, mas, novamente, sem respostas, o que realmente não me surpreendeu: Vinícius nunca foi particularmente próximo de nenhum de nós e esse afastamento apenas piorou quando meu pai se mudou. Senti um pouco de raiva por ele nem ao menos ter tentado se comunicar comigo, esperando que pelo menos tenha tido a decência de falar com nossa avó.

Abri meu Whatsapp, em busca de alguma mensagem dela. Havia muitas que eu nunca cheguei a ler no grupo da minha família, com alguns tios e primos, mas nada da minha avó. A última coisa que ela havia me enviado era um "Vovó te ama", há 5 dias, quando conversamos por ali a respeito de um favor que ela precisava.

Meu corpo inteiro tremeu. Eu queria gritar para colocar toda aquela mistura de ansiedade, pavor e dor para fora, mas a única maneira que encontrei de externalizar aquele tijolo trancado na garganta foi pelas lágrimas que começaram a cair, quentes e pesadas. Larguei o meu celular no chão, abraçando os joelhos em seguida, descansando a minha cabeça entre eles. Embora fosse pleno verão, eu senti frio.

Apenas a esperança de encontrar novamente com a minha avó e Mei que me guiava, suprindo os outros sentimentos que, por mais que eu insistisse em negar, faziam-se presentes. E se eu realmente conseguisse, apesar das dúvidas, voltar para casa, apenas para descobrir que era tarde demais? Meu corpo tremeu com o pensamento e apertei mais forte meus joelhos. Minha respiração se descompassou conforme o choro se intensificava.

Meu Deus, eu estava tão exausta! Qual sequer era o motivo de estar fazendo aquilo?

Senti um toque em minha mão e me contive para não soltar um sonoro "Me larga!", direcionando esses sentimentos ruins da primeira forma que me apareceu.

Mas os olhos azuis de Alana me receberam com tal preocupação que a raiva se dissipou rápido.

— E você, está bem? — ela tentou dar um sorriso. Expliquei que estava, aquilo era somente exaustão e saudades e ela me abraçou com sinceridade, dizendo que sequer podia imaginar a dor que se passava no meu coração. Então me ofereceu um copo de água e agradeci, tentando me acalmar.

Ao meu redor, as mais diversas emoções se desenhavam nos rostos dos meus colegas. Guilherme havia conseguido resposta e falava no telefone, baixinho. Carlos simplesmente teclava, parecendo despreocupado. Ana e Melissa conversavam em um canto, um pouco afastadas e com rostos apreensivos. Hector derramava lágrimas.

— Obrigada, Alana. — Estendi o copo vazio para ela. — Quantos anos você tem?

— Eu tenho 24 — ela sorriu para mim. — Vocês ainda são estudantes, né?

— Isso. Eu, os dois meninos — apontei para Carlos e Guilherme. — e as duas garotas, — indiquei Melissa e Victória. — Somos do terceiro ano. A garota de cabelo castanho e o menino de óculos são do segundo. E você realmente não parece ter 24 anos. — Acrescentei, sorrindo.

— Nossa, todo mundo me diz isso... Eu estou quase formada. — Ela riu, mas lentamente o seu semblante ficou sério. — ... O seu nome... Eu nem perguntei. Na verdade, por enquanto só sei o nome da Victória.

— Eu sou Rebeca. Rebeca Agnes, tenho 17 anos. O pessoal do meu grupo se chama Guilherme, Carlos e Hector. — apontei para cada um deles, conforme ia citando. — E Melissa e Ana. A Victória você já conhece.

— E meu nome é Alana Martendal e estou quase me formando em enfermagem. — Ela apertou a minha mão em um comprimento. Suas mãos eram pequenas e macias. — Essa é a loja do meu pai, Augusto. Ele é bem velho e mora na parte de cima, raramente fica aqui fazendo atendimento. Quem cuida da loja é Renan, que trabalha aqui já tem quase 5 anos. Eu passo aqui às vezes para visitar o meu pai e ver se tudo está sob controle. — Ela fez uma pausa, olhando para o chão. — Desculpe pela súbita explosão dele.... Eu sei que ele parece um bêbado descontrolado, mas normalmente é uma boa pessoa, apesar de ser um pouco grosseiro, não tem nenhum vício, ele... Ele só está assustado, sabe? Quem pode imaginar como vamos conseguir encarar isso. — Olhou para a porta fechada e eu entendi o que ela queria dizer.

— Eu entendo. — olhei para Carlos, mas não falei nada. Certamente eu não poderia dizer que era uma grande amiga dele e que o conhecia bem antes, mas sabia que, apesar de seu semblante sério, nunca havia visto ele estourar e gritar de maneiras que eu já havia visto algumas vezes após as coisas desandarem. — Bom, não é como se eu pudesse culpar alguém. Ontem eu estava trancada em um banheiro esperando a morte chegar e hoje estou batendo nessas coisas com um taco de baseball.

Ela arregalou os olhos.

— Que badass que você é. — Falou, pegando-me de surpresa e me fazendo rir. Ela sorriu comigo, mas sua expressão eventualmente endureceu: — e como está lá fora?

Tive um pequeno impulso de responder "nublado", fazendo uma piada, mas não sabia se ela interpretaria bem.

— Está... — Busquei as palavras.

— Horrível. — Foi Melissa quem completou. Dei um suspiro pesado, mas realmente não havia como corrigí-la. — Essas coisas estão em todo o lugar. Todas as ruas estão obstruídas por acidentes e corpos mutilados. — Percebi que seus olhos estavam úmidos. — E têm pessoas feridas, mas... Não dá pra ajudar... E às vezes as pessoas que estão com você... — Sua frase se perdeu no ar.

— Mas também não é como se ficar escondido esperando um milagre fosse melhor. — falou Ana e percebi que ela tentava trazer alguma esperança. Foi uma atitude bem-vinda.

— Sim, mas também é preciso de muita força pra sair na rua... — disse Hector. — No fim, se não fosse a Rebecca e os meninos, a gente ainda poderia estar naquela cobertura do colégio.

O pensamento trouxe um calafrio para todos. Eu nem sequer havia parado para pensar nisso até então. Faber, Davi e o professor ficaram lá, certos de que chegaria algum resgate para eles. E poderia até ter chegado, nunca haveria uma maneira de termos certeza.

Embora eu acreditasse que não.

— Bobagem, — respondi, um pouco sem-graça. — Vocês teriam ido embora por conta própria.

— Não. — murmurou Guilherme, atraindo a minha atenção. — Provavelmente não. Talvez alguns de nós certamente tivessem essa vontade, mas entre querer e fazer existe um abismo. Você foi o fogo inicial que acendeu qualquer chance de sobrevivência... Pelo menos em mim. — Ele não olhava para mim e parecia quase estar divagando.

Não encontrei as palavras para responder, sentindo minhas bochechas arderem um pouco. Como era ridículo ficar sem graça por causa de um garoto enquanto o mundo era devorado por canibais.

— De qualquer forma. — Continuou Carlos, parecendo um pouco ansioso. — O que vamos fazer agora? Eu estou com medo que, depois da bagunça que fizemos, essa merda de rua esteja cheia desses bichos.

— Tem uma saída pela parte de trás. — Alana disse, olhando para nós. A essa altura, ela e Victória já estavam de pé. — Subindo a escada, tem o segundo andar, que é onde o meu pai mora. Lá tem uma escadaria que dá direto na rua de trás. Não tem problema vocês irem por ali, mas... Vocês já vão sair?

— Nós agradecemos imensamente pela ajuda, Alana. — Carlos deu um sorriso charmoso, quebrando seu semblante sério. Ele era um garoto muito bonito quando não estava sendo grosso como uma mula. — Mas, como eu falei pro seu amigo Renan, realmente não temos intenções de ficar por aqui, precisamos chegar logo até o outro lado da cidade.

Sua expressão não parecia tranquila ou sequer conivente. Era evidente que não gostaria que colocássemos nossas vidas em risco de novo. De qualquer maneira, por fim, acabou aceitando com um suspiro pesado.

Antes que qualquer um de nós sequer pudesse responder, uma voz familiar masculina ecoou pelas paredes da loja:

PELO AMOR DE DEUS, ALANA, VEM AQUI! — A última parte da frase me causou um calafrio: — SOCORRO! 


Nota da autora:

Boa noite! 

E finalmente a Alana apareceu 💙

Fun fact: sabia que ela não fazia parte do planejamento inicial do livro? Enquanto eu escrevia esse capítulo, pensei "e se eu adicionar um personagem novo agora?" e simplesmente coloquei essa menina de cabelo colorido, sem qualquer noção do que aconteceria dali para frente. 

Tem muitas partes dessa história que aconteceram desse jeito kkkk

Espero as atualizações duplas essa semana compensem a falta de leitura coletiva da semana passada! Essa quinta-feira voltaremos com elas, então reservem suas noite 😉

Um beijão para todos, e não sejam mordidos.


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