Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1.

(Por favor, evitem spoilers desse livro ou dos próximos nos comentários — ou, pelo menos, deixem sinalizado. Aos novos leitores: infelizmente não tenho como controlar cada comentário, então tomem cuidado se não quiserem encontrar nenhum spoiler. Obrigada pela compreensão e boa leitura!)


Março de 2018.

Meu coração palpitou ao lembrar da necessidade de sair daquele lugar, como se a simples menção dessa ideia já evidenciasse a minha ruína.

Ainda assim, em uma manhã eu já havia visto mais carnificina do que seria capaz de figurar em meus pesadelos mais viscerais, e sobreviver àquele show de horrores para morrer de medo trancada em uma cabine de banheiro ainda parecia a coisa menos digerível do meu dia. Pensei que, se fosse para morrer, que fosse de exaustão tentando lutar contra esses monstros, ao invés de padecer como um rato assustado.

Uma pena que pensamentos heroicos fossem inúteis para me motivar a deixar aquele banheiro fétido em que eu estava trancada. A coragem é linda nos livros, mas na vida real ela pesa uma tonelada e fede como a morte.

Ouvi mais uma vez os gemidos e soube que eles estavam lá — como se alguma hora eu realmente tivesse sido capaz de esquecê-los. Também tinha um cadáver. Esses elementos me eram conhecidos porque eu presenciara o desenrolar da peça macabra que os dera origem, enquanto me obrigava a ficar quieta, pressionando as mãos contra a boca para impedir que o desespero se fizesse presente.

Ignoramos todos os avisos que o inferno estava chegando.

A primeira vez que lembro de ter prestado atenção naquelas notícias foi nas férias de verão. Houveram outras antes, mas a gravidade da doença ainda estava sendo questionada graças às tentativas de censura do governo para evitar o pânico. A propagação de fake news e teorias da conspiração ganhou força, então a população eventualmente parou de levar a sério.

Estava na sala de espera do posto de saúde aguardando o término do atendimento de minha avó, acompanhando preguiçosamente o jornal do almoço. Quinze minutos de notícias corriqueiras antecederam o anúncio feito por uma mulher de terninho escuro: "Trata-se de um espécime novo, congelado pelo que acreditam ser mais de dois mil anos. Os pesquisadores relacionam o repentino retorno à atividade do vírus com o derretimento das calotas polares, resultado da progressão do aquecimento global." disse para a câmera.

O homem de meia idade que dividia a tela com a apresentadora questionou sobre recentes boatos a respeito da morte de cientistas responsáveis pelo estudo do caso. Ainda havia poucas informações sobre essa nova doença e suas formas de transmissão, mas seis mortes já haviam sido confirmadas até aquele momento no instituto responsável pelas pesquisas, em Maryland, nos Estados Unidos.

A partir daí, minha memória se perde, pois minha avó Amélia saiu da sala de consultas, abrindo um sorriso ao me ver. Era uma senhora de quase 70 anos, os cabelos já estavam brancos e rosto era completamente dominado por linhas de expressão, porém tinha a saúde em dia e a beleza conservada.

Senti lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto ao me lembrar dela. Agora parecia tudo muito distante, presa há mais de quatro horas dentro da última cabine do banheiro feminino do meu colégio, acompanhada somente pelo cheiro da podridão e do sangue, além do constante grunhido vindo do lado de fora. Todas as vezes que chorei nesse meio tempo, teve de ser em silêncio. Pouco sabia sobre o que quer que fossem aquelas coisas do outro lado da porta, mas acreditava que se eu conseguisse me manter quieta, ficaria a salvo.

Por enquanto, pelo menos.

É pouco, mas "por enquanto" era tudo ao que podia me apegar. No curto período em que caminhei pelo inferno, tornou-se óbvio o quanto cada segundo era precioso

Abracei novamente os joelhos, colocando o rosto entre eles, pensando que só tomaria um pouco de fôlego e sairia dali. Àquela altura até eu já sabia que se tratava de uma mentira. Eu tentei de verdade na primeira vez, quando cheguei a escalar a parede e espiar pela porta, mas imediatamente desisti e desatei a chorar, segurando aquela sensação intermitente de vômito — embora já não houvesse mais nada para sair do meu estômago.

A cabine onde eu estava encolhida era a última do banheiro da biblioteca, onde as responsáveis pela limpeza guardavam seus instrumentos para faxina: produtos químicos, vassouras, baldes e estoques de papel higiênico. Não havia uma privada, mas um tanque para lavagem. Sempre ficava trancada, ao acesso somente das funcionárias da limpeza, por isso foi necessário que eu pulasse por cima da parede divisória para chegar até ela. No momento, apenas havia me parecido sensato ficar em uma cabine trancada, mais distante da porta e que dispunha de alguns centímetros a mais do que as outras.

Cheguei em completo pânico e desespero, desejando fugir do caos que se instaurava do lado de fora. Gostaria de dizer que quando finalmente pulei as cabines e sentei no chão com as costas rentes à parede, desfrutei do silêncio, porém que ilusão cruel esta seria: ainda era possível ouvir gritos frenéticos, grunhidos e rosnados em uma confusão digna da mente de um louco.

Pude apenas aproveitar da estranha tranquilidade de me ver longe do campo de guerra por algum tempo, o qual eu não soube calcular, já que não estava com meu celular. Posso dizer que quase consegui me acalmar completamente, rascunhando um plano tolo de tentar recuperar os meus pertences e sair do colégio pela parte de trás, quando um estrondo congelou o meu coração.

A porta principal do banheiro foi aberta e pares de passos adentraram, trazendo consigo vozes femininas assustadas. Quando corri para me esconder nesse banheiro, o escolhi justamente por ser afastado e pouco frequentado, mas talvez essa tenha sido a minha ruína.

Quando as meninas entraram, comecei a ouvir o desespero se espalhar. Pude perceber que eram três garotas que me faziam companhia, porém apenas ouvia duas vozes; a terceira só emitia gemidos e um choro abafado. Ouvi papéis sendo puxados e torneiras ligadas, enquanto uma das garotas, em prantos, fazia referências sobre "aquela mordida" e a febre da amiga que não parava de subir. Estavam nervosas e inquietas, mas demorou pouco para terem discrição e diminuírem o tom de conversa.

Eu ia revelar que estava lá, mas hesitei com a menção da "mordida". Sabia pouco sobre o que quer que estava acontecendo, mas só podia ter a ver com o vírus que começara a invadir as notícias e fóruns de internet. Ninguém poderia adivinhar o tamanho que tomaria e, em meio a notícias falsas e superstições, começamos a conhecer um pouco sobre o que viera para ceifar o futuro da humanidade.

Quase soava ridículo. Como uma espécie de filme de terror deturpado e estúpido. Mas era real. Eu li um pouco a respeito algumas semanas antes de tentarem impedir as discussões de se espalharem: o vírus deixava as pessoas violentas e irracionais. Fazia com que elas atacassem qualquer coisa, incluindo outras pessoas.

Assim aconteciam as mordidas. E então se espalhava.

Na verdade, o que diziam era que qualquer contato entre fluídos corporais era o suficiente para espalhar a doença, mas as mordidas acabaram ficando conhecidas. "Mordidas" trata-se de um eufemismo generoso para ataques brutais de canibalismo.

Por minutos intermináveis, acompanhei em silêncio as duas garotas conversando sobre o que deveriam fazer: permanecer e esperar ou sair e buscar ajuda para a amiga. Àquela altura, já estava claro que qualquer interferência minha não serviria de nada além de denunciar o meu esconderijo. Eu queria voltar a ficar sozinha e me concentrar em meu plano mental de fuga. Não queria dividir aquele banheiro com mais ninguém — muito menos alguém que já fora atacado por alguma criatura e agora carregava consigo a doença. Além do que, cada segundo que se passava tornava ainda mais inconveniente a minha situação, ouvindo escondida e sem demonstrar qualquer ajuda àquela cena macabra. Então, apenas permaneci quieta, esperando a gloriosa hora em que elas abandonariam aquele banheiro em busca de ajuda.

Mas essa hora nunca chegou e agora eu estava fodida.

A situação piorou conforme a garota mordida perdia a consciência e calava os seus tortuosos gemidos para sempre. As colegas, desesperadas, sacudiram-na e gritaram o seu nome pelo que pareceram décadas. Ainda em meu completo torpor, um gosto amargo dominou a minha garganta, sinalizando a ânsia de vômito. Quais horrores não se passavam diante dos olhos daquelas garotas, sendo elas apenas estudantes tão comuns quanto eu? Que mundo blasfemo era aquele que as obrigava a segurar o corpo (com ou sem vida?) de alguém tão jovem quanto elas próprias?

Quando, por fim, calaram-se, o silêncio caiu sobre o banheiro e choramos juntas. Elas, em prantos e eu, baixinho. Meu corpo estava congelado e a vergonha de ter me escondido por esse tempo todo me assolava. Ainda assim, não era capaz de sentir nem o menor impulso para sair daquela cabine. Não havia nada em mim além do medo.

O silêncio resumiu a maior parte do tempo que se seguiu. Às vezes uma das meninas chorava e a outra oferecia algum tempo de consolo. Tentavam conversar, esboçaram planos de fuga que morriam em seu nascimento, mas sempre terminava no silêncio. Assim como eu, temiam o momento em que se veriam obrigadas a sair do nosso banheiro. Eventualmente uma das duas abria a porta para espiar o que acontecia do lado de fora e eu podia ouvir os gritos de novo. Uma hora tentaram forçar a porta da cabine em que eu me escondia, fazendo-me beirar o infarto, mas desistiram.

Quando a monotonia finalmente acabou, foi apenas para iniciar nossos pesadelos.

Horas depois, um novo som chegou aos meus ouvidos, diferente de todos os outros: uma espécie de rosnado profundo e gutural, que parecia invocar os próprios demônios para a terra. As garotas chamaram pelo nome da terceira novamente, Sarah, com as vozes chorosas. O que parecia ser alívio transformou-se rápido em horror conforme as palavras transmutaram-se em gritos. Também havia aquele rosnado. Um calafrio glacial fez meu corpo chacoalhar, mas esse foi o único movimento que fui capaz de fazer. O entorpecimento atrapalhava até para executar funções básicas, como respirar. Eu nunca senti tanto medo em toda a minha vida.

Ouvi passadas, batidas contra as portas de madeira e um grito de dor sair da boca de uma das garotas com quem dividi o banheiro. A segunda perguntou se tinha algo errado com a tal Sarah, mas logo se calou. O inferno sabia o que havia de errado com a Sarah.

Através de seus gritos, entendi que a menina dada como morta atacou uma das colegas. Era difícil compreender tudo o que acontecia, mas os sons pareciam intermináveis e só o rosnado era claro.

Tremendo, subi no tanque da cabine para tentar enxergar alguma coisa. Precisava confirmar o terror que eu só podia ouvir.

Por cima da porta, vi que aquela que deveria ser a Sarah se erguia lentamente, provavelmente após ser derrubada pelas outras garotas. Foi fácil identificá-la pelos olhos arregalados com veias vermelhas. Além disso, seu pescoço era uma indistinguível massa de carne viva e sangue seco. Uma de suas mãos estava torcida em uma posição que doía só de olhar, mas ela não parecia se incomodar. No canto da boca suja de sangue, havia também uma camada espessa de baba esbranquiçada.

Olhei para a direção das outras duas. Uma delas, de cabelos castanhos, tentava ajudar a amiga a se levantar, praticamente arrastando-a na direção da porta. Era inútil tentar descobrir onde a segunda havia sido mordida, sua blusa de uniforme que outrora fora branca agora estava completamente empapada de sangue.

Somente uma espécie de grito escapou da minha garganta diante do que aconteceu. Mesmo se eu quisesse ter avisado, a movimentação da Sarah (deveria chamá-la assim?) foi rápida demais. Com as pernas flexionadas, atirou-se em um pulo predatório em direção às garotas. Suas mãos se enroscaram nos longos cabelos castanhos da que tentava ajudar, puxando-a para o chão, onde abriu a boca de uma maneira quase irreal e cravou os dentes na cabeça de sua antiga amiga.

O rosto da garota se transfigurou em uma careta de dor e ela foi ao chão, soltando sua colega ensanguentada. Esta conseguiu se afastar e, desesperada, arrastou-se para uma das cabines, trancando a porta atrás de si.

A menina que estava no chão gritou quando o monstro ergueu a cabeça, segurando entre os dentes um pedaço de carne que pingava sangue. Seu rosto nada mais era do que um buraco desfigurado.

Uma contração forte no meu estômago obrigou-me a descer do tanque e antecedeu um vômito amargo. Mesmo não vendo mais nada, o terrível som de carne molhada sendo mastigado foi o suficiente para me manter curvada sobre o tanque por incontáveis minutos. Naquele momento, descobri o motivo primordial que guiava os seres a atacarem seus semelhantes.

Eles os comiam.

Com pesadas gotas de suor se formando em minha testa, liguei a torneira do tanque para limpar o rosto e os restos do meu café da manhã, mas desliguei imediatamente. Eu não sabia se o meu pequeno ataque havia chamado atenção, mas tudo indicava que a coisa ainda estava ocupada

comendo

com a garota que ficou para trás.

Mesmo tendo acabado de lavar o rosto, as gotas de suor logo estavam de volta. Na verdade, escorriam por todo o meu corpo junto a uma sensação gélida. Eu tremia em completo descontrole enquanto abaixava até o chão e me enrolava em posição fetal. A cena grotesca onde a menina arrancava o rosto da amiga com os dentes se repetia em loop na minha mente.

Penso que eras haviam se desenrolado sobre a terra enquanto eu permanecia deitada, abraçada aos joelhos e tremendo. Aquela peça de horror aconteceu bem ao meu lado e eu não fui capaz de fazer nada. Estar presa com aquele monstro era a punição que Deus escolhera pela minha omissão.

A ideia de morrer ali era tão terrível quanto pensar em sair e encarar novamente os olhos arregalados e vermelhos. Quando sequer cogitava me esgueirar para fora, meu corpo tremia a ponto de prejudicar os movimentos, o coração batendo tão forte que machucava. Tudo isso com a dissonância macabra daquele infindável grunhido desumano.

Eu nunca sairia daquele banheiro.


Nota da autora:

Queridos sobreviventes, é uma honra estar de volta!

Esse mês fazem exatos 4 anos que eu comecei a postar Em Decomposição no Wattpad. Nesse meio tempo, a saga já conta com dois novos volumes, um prêmio Wattys e uma publicação física 🖤 Nunca desistam dos seus sonhos. 

Espero que esse reencontro encha o coração de vocês de alegria, assim como enche o meu.

Vou ressaltar algumas coisas: do fundo do coração, evitem spoilers nos comentários! É surreal a alegria que me dá poder acompanhar as primeiras reações dos leitores, os choques das reviravoltas e a dor da perda. Não tirem esse prazer nem de mim e nem deles 🖤

Segundo: por favor, mesmo que seja sua segunda ou terceira leitura, não deixem de comentar! A parte mais triste disso tudo é perder a marcação dos comentários com a revisão, então significaria o mundo para mim se vocês ajudassem a encher essa história de (mais) história. É isso que faz o Wattpad ser tão especial. 

E, por fim, divirtam-se mais uma vez com esse mundo macabro!

Mas não se permitam ser mordidos. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro