Nossa família se foi ao céu aberto
Os dias carinhosos eram apenas partes das memórias de um Alfa que em breve esqueceria da própria vida.
Como se esquecer que até poucas horas atrás, tinha consigo um Ômega perfeito capaz de lhe fazer sorrir e de uma hora para a outra, essa sua felicidade escaparia pelos seus dedos?
Hyunjin não queria acreditar, era demais para si… Seu doce Ômega, estava tão feliz consigo…
Hyunjin se perguntava o que havia feito de errado, era tão insuficiente assim? Que não conseguia nem guardar o amor dele para si, não era o suficiente?
As lágrimas transbordam como cascatas, percebendo que havia perdido seu primeiro e último amor pra toda sua vida.
A mão grande acariciava a própria barriga, se lembrando do quão romântico seu amado estava, se lembrando que seu Ômega beijava sua barriga desejando que um brotinho do casal estivesse crescendo ali, sorrindo com os olhos para o Alfa e beijando seus lábios.
Foi tão decepcionante assim? Não aguentar carregar uma gravidez… Foi culpa sua? O bebê nem chegou a existir, não conseguiu aguentar, ele sofreu tanto quanto Minho quando recebeu a notícia… Então por que ele carregaria todo esse peso sozinho?
O universo desde sempre mostrando que ele deveria abandonar o amor, desde que se apaixonou por um Ômega e se descobriu como o verdadeiro submisso desse romance… As pessoas olhavam tão feio para eles… Mas antes… Ele não se importava.
Seu pescoço doía, sentia a marca de Minho arder ali, os olhos marrons apenas transbordaram mais, a mordida quem recebia era o submisso e ela só doía em três ocasiões.
A primeira é quando acaba de morder, durante o ato sexual, coisa que obviamente não é o caso.
A segunda é apenas em caso de traição, mas não era também, pois a ardência vinha apenas na mordida e ela desaparecia.
A terceira era a que estava desesperando o Alfa, que arregalou os olhos com o pensamento correndo sua mente, o sangue que pingava pela mordida e escorria como uma trilha para seus pulsos cortados e pingava sobre o chão, era sinal da morte de seu parceiro.
Hyunjin soltou um sorriso sarcástico para si mesmo, não imaginou que seus pensamentos suicidas viriam da marca, agora não faria mais sentido algum… Ele não poderia mais voltar atrás, não quando o chão já era um só com seu sangue e seus dedos já pálidos estavam frios.
Sua respiração doía, queria seu amor de volta, sua vida, sua felicidade, seu Lee Minho.
Hyunjin sentia como se um filme passasse pela sua mente, a imagem do Ômega de fios castanhos veio a sua mente, assim como os olhos negros como a noite mais bela repleta das mesmas estrelas que pintavam o céu com sua iluminação tão única.
O sorriso doce vinha em sua cabeça como um martelo, via o Ômega, que era mais baixo do que o Hwang, estender a mão em sua direção, estava confuso, ele sorria para si e queria levá-lo.
O Alfa não negou, tocou as mãos do amado e tudo clareou, junto a imagem de um pequeno serzinho que era a perfeita fusão dos dois, o menino sorriu junto ao casal, Hyunjin apenas… Permitia-se sentir, sentir que não havia os perdido, que essa era sua real realidade, sua real promessa, ele estava ali, ele era real.
O garotinho correu, abrindo um véu transparente para um jardim, florido e iluminado por estrelas e pirilampos, o céu era marrom e preto, com nuvens cinzas dividindo as duas cores, cinzas como os olho da criança que os guiava com as gargalhadas felizes.
O Hwang chorava, mas com um sorriso nos lábios, tais que foram secados pelo homem de sua vida, ele não segurava o sorriso satisfeito, Hyunjin não conseguia falar, apenas sentia, ouvia, Hyunjin apenas… Amava outra vez.
Os lábios pintados de rosa beijaram os seus.
Seu reflexo era tão límpido nos olhos negros do amado… Seus fios loiros e os próprios olhos marrons eram refletidos com amor.
– Por quê? – o Hwang conseguiu dizer, mesmo que chorasse, sua voz era carregada de amor e em seus lábios havia um sorriso pintado.
– Eu… Não queria que viesse… Não aguentava mais, meu amor… Eu… Eu esqueci que viria junto. – o Lee sorriu fraco, acariciando o rosto do amado – Eu deveria simplesmente ter cortado nossa ligação antes…
– Se o fizesse… Jamais lhe perdoaria. Eu te amo… E jamais iria te abandonar… Lino… Finalmente temos nosso filhote. – o Hwang disse com um sorriso, vendo o seu amor afirmar com a cabeça, ainda que lágrimas escorressem sem parar – Então por quê choras?
– Pois não te terei por tanto tempo. – o Lee suspirou, antes de beijar a testa do Hwang, mesmo que precisasse ficar na ponta dos pés para tal ato.
O Hwang não entendeu, não entenderia, apenas compreendeu quando sua vista escureceu e sons de apitos contínuos soavam irritantemente, seus olhos lentamente piscaram, junto a claridade irritante, veio a imagem do teto branco do hospital e o som dos batimentos cardíacos eram ecoados pela máquina.
O Alfa não teve controle de seus sentimentos, apenas permitia-se, permitiu suas lagrimas escorrerem e molharem o travesseiro, permitiu o grito de dor sendo ecoado pelo cômodo com a voz contida do desespero.
As mãos grandes agarraram o lençol, apertando o tecido até seus nós ficarem brancos, estava quebrado, assim como seu coração, uma mente vazia e partida, junto com a partida de seu amor e seu filho.
O Hwang se perguntava como havia sobrevivido a tudo, preferia não estar mais ali…
Nem tudo é um mar de rosas e nem tudo é como queremos.
Assim como aquele céu que era a mais pura mistura dos olhos belos e negros de seu Ômega, de seu Minho, os próprios olhos marrons do Hwang e os olhos cinzas do pequeno que em sua cabeça, estava crescido e feliz, aquele céu aberto e estrelado era apenas algo que jamais veria outra vez.
O amor de sua vida se foi, sua família partiu com aquele céu aberto tão puro.
Sua cabeça agora estaria assim, em outro mundo, se martirizando.
Se perguntando novamente, como ele foi tão insuficiente para tudo ser desta forma.
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