A aula foi normal naquele dia, mas para o Rey  parecia uma eternidade. Foram três horários com professores diferentes, e todos queriam saber o que tinha acontecido com Rey. — Até parece que eles não assistiram televisão para saber o que aconteceu comigo — Rey pensa sentado na carteira.

Os alunos em sua volta, olhavam disfarçadamente, sempre tentando conversar com Rey. Antes do Rey ser sequestrado ele não tinha tanta atenção assim dos colegas de classe.

A atenção era tão grande, que chegaram no ponto de todos pararem para fofocar sobre Rey, ou somente chamar o Rey para conversar com eles.

O Rey saiu de um nada, para um popular no colégio dele, e ele não queria isso. Ele sempre foi um aluno quieto, com poucas amizades no colégio.

Quando terminaram as três aulas, o Rey foi direto para o lugar onde o grupo se reunia. Naquele banco de madeira perto da diretoria, onde tinha plantas em vasos de tijolo no chão.

— Oi gente — fala o Rey, chegando no cantinho deles.

Dessa vez ninguém estava arrodeando eles, mas algumas pessoas passavam por ali encarando o grupo. Isso incomodava muito o Rey, ele só queria ficar uma vez sozinho com seus amigos.

Depois de todos cumprimentarem o Rey, o mesmo fala. — Eu não estou gostando de ser observado — ele olha para o lado, e ver um grupo de pessoas olhando eles. — É muito esquisito. Eu não estou acostumado.

— Eu também não — Diego concorda o desabafo do Rey.

O problema que o Rey tinha, era o mesmo de todos ali, ficar incomodado com pessoas observando constantemente o que você faz. Mas o Rey passava isso com mais intensidade, porque era filho do Michel.

Um grupinho passa no corredor  da diretoria, onde ficava perto do cantinho deles. Os integrantes do outro  grupo, cochichavam sobre eles, e apontavam o dedo, enquanto andavam.

— Que tal a gente ir para a sala de aula? — Vex da um palpite.

Vex estava se adaptando a nova escola, ele parecia muito feliz ali. E o Rey principalmente, por ele está mais perto do Vex agora.

— Ótima ideia! Vamos para a minha sala de aula — sugere a Raquel. Todo mundo confirma, pois lá seria mais tranquilo do que ali.

Lá na sala de Raquel, estava tranquilo. Não passava muita gente lá dentro. Assim eles decidem ficar, até o intervalo acabar.

Lá naquela sala pequena, o Rey decide contar sobre a ligação, que ele recebeu a dois dias atrás. — Gente. Eu recebi um  trote. Eu acho.

— Sério, o que aconteceu? — Vex pergunta curioso.

— No trote, ele disse que ia me matar. Mas acho que ele fez de brincadeira.

Todos ficam surpresos. Ninguém gostaria de receber uma ameaça pelo telefone.

— Isso é uma brincadeira séria! Sabia? — Vex fala preocupado com seu irmão.

— Eu também recebi uma ligação, mas não foi uma ameaça. Foi de alguns caras pedindo o número do Rey. Já que foi o meu celular que divulgamos na televisão — fala a Jennifer.

Essa história estava mal contada. O Tonne que falou que era um trote, agora desconfiava se era verdade ou mentira. — Será que ele pegou seu número de celular, no celular da Jennifer?

— Eu não sei — Rey responde, coçando a cabeça. — Será que aconteceu isso mesmo? — Ele pensa, enquanto coçava a cabeça.

— Como eu disse. Tem possibilidade de ser só trote. Minha mãe sempre cai nesse trotes aí — Continua o Tonne. A Jennifer e o Diego concordam com a cabeça, enquanto o Rey e o Vex pensava sobre o assunto.


Com o silêncio perturbador que ficou no local, a Raquel levanta da carteira onde ela estava, e corta o clima tenso. — Vocês estão preparados para a entrevista na tv?

— Claro! Falta só dois dias para a gente queimar aquele  programa com músicas boas — fala o Diego empolgado.

— Sim, estou empolgada e bem tensa — Jennifer fala dando um sorriso.

— Acho que todos nós estamos tensos, né? — Tonne fala dando risada. Contagiando todos a rirem também.

Depois do ataque de risos de todos, o Vex fala. — Gente! Não vou tá no palco, mas desejo muita sorte para vocês lá! Aposto que vocês vão arrasar.

Depois do discurso motivacional do Vex, que deixou todos animados, o sinal toca, avisando que o intervalo acabou. Todos escutam e vão para suas devidas salas de aula.

Dois dias se passaram, e a situação no colégio, referente ao desconforto, estava se normalizando. O Rey já estava se acostumando com os olhares olhando ele constantemente.

Cada dia que se passava, ele esquecia da ligação e focava mais na carreira do grupo. E hoje era o grande dia da entrevista na televisão, e todos estavam bastante animados.

O grupo estava ensaiando seu repertório na nova casa da Irmã Sibele. A casa era muito linda e gigante. E ela comprou vários instrumentos musicais, tinha até um estúdio. Estava com um ar de profissional.

A Irmã Sibele comprou uma casa em um Condomínio perto da comunidade Likee. A casa dela era de dois andares. Em cima era o estúdio e no primeiro andar era enorme, em comparação com a casa antiga.

Irmã Sibele não quis gastar o dinheiro todo, só gastou o necessário para comprar a casa e o estúdio. O restante do dinheiro ela devolveu para o Michel.

Michel, com o restante do dinheiro, resolveu fazer um projeto para ajudar moradores de rua. Ele mesmo que procurou voluntários para participar do projeto. E como era influente, conseguiu rápido os voluntários. Gastou em comida, comprou um abrigo para eles dormirem e  passarem frio. E o melhor de tudo, dentro do projeto, era a geladeira solidária, onde pessoas doavam comida botando na geladeira que ficava na praça da Av Likee. Que agora estava sendo reformada e mas movimentada.

Michel gastou mais de cinquenta mil para deixar o projeto sólido. Depois  do trabalho duro, ele ficou feliz com o resultado. Após adotar a Thaiana, ele percebeu que moradores de ruas não merecem passar por tudo que eles estão passando sozinhos.

E a Thaiana depois de dois dias, já tinha se acostumado com a sua nova casa. E adorava ficar conversando com a Juliette. E isso era o que o Rey temia, de Thaiana gostar mais da Juliette do que dele. E o pior é que eles se conheciam a mais tempo do que a Juliette, mas era compreensível. O apego dela com a Juliette era nítido, pois elas passavam muito tempo se arrumando e se maquiando, coisa que o Rey não fazia.

E daí para  frente, ela não desgrudava mais da Juliette e nem da Vó Cecília. Chamava a vó Cecília de Vovó e a Juliette de JuJu.

E Nesse exato momento, o Rey e o grupo estava se preparando para irem ao estúdio de TV.

O ônibus de viagem que o elenco da televisão disponibilizou, foi pegar cada um na frente das suas casas.

O ônibus era lindo e enorme, dentro era pintado de verde. Era uma cor diferenciada, e os assentos era bastante fofos, dava para dormir tranquilamente ali.

Todos do TigreStar estavam no ônibus. Além da irmã Sibele, Juliette, Cecília e o Michel de acompanhante do grupo.

Chegando lá, o grupo estava tremendo. Definitivamente aquilo era emocionante e tenso. Entrar no palco com a banda dava um frio na barriga, imagine entrar sozinho.

Depois de minutos no corredor do estúdio, o apresentador chama o grupo para entrar no palco. Todos do grupo estavam bem arrumados e elegantes. Os funcionários do camarim fizeram o bom trabalho ajeitando eles.

Todos os cinco chegam no palco do programa, e uma chuva de palma acompanharam eles. Ao sentarem no sofá que tinha no estúdio, o apresentador pergunta várias coisas. E cada um responde da sua forma.

Todos estavam bem nervosos. Gaguejando muito as vezes, mas se acontecesse isso, uns ajudavam os outros  a completarem as frases.

Uma pergunta muito estranha chama a atenção do Rey. Era um cara que mandou uma pergunta nas redes sociais do programa.

— Como foi a sensação de escapar da morte pela primeira vez? Essa é uma pergunta muito boa — o apresentador fala, lendo a pergunta no telão.

O problema da pergunta foi que ele colocou “primeira vez”

O Rey leu a pergunta, que parecia uma ameaça subliminar. — Será isso mesmo que estou pensando? — Rey se perguntava.

— Humm... F-foi uma experiência muito doida. Nunca mais quero passar por uma situação dessa de novo na-a vida — a Raquel responde.

Depois de muitas perguntas. O apresentador pede para o grupo TigreStar cantar.

O bom é que lá tinha um palco onde estava tudo pronto para eles tocarem e cantarem.

Estrelas
Estava tudo lindo e maravilhoso. A melodia suava muito bem naquele imenso estúdio de televisão.

O ritmo das músicas do repertório era contagiante. A plateia colaborava com palmas, e o som da guitarra se encaixava perfeitamente com a voz da Raquel e da Jeniffer. A bateria fazia a música ficar bem mais agitada em algumas partes.

Tudo o que não tinha acontecido na primeira vez em contato com a câmera, estava acontecendo no estúdio. Mesmo sendo bom a primeira vez, com a Jeniffer cantando solo naquele hospital. Mas agora estava perfeito, com todos da banda participando.

Eles terminaram a participação na televisão, dando os nomes das redes sociais do grupo. o Rey aproveitou para dar o Instagram da Juliette também.

No final o apresentador fez um convite para todos irem para o show de Canta galo, que faltava apenas dois dias para acontecer. — O show vai bombar. Todos da internet estão dizendo desse show. Quero ver todo mundo indo, viu? — apresentador fala para a plateia. E a resposta eram gritos contagiantes de alegria.

Ao sair do estúdio, a irmã Sibele, Cecília e o Michel, falam que eles arrasaram lá no palco. E a Juliette agradece o Rey por mencionar o Instagram dela no estúdio.

Quando eles estavam entrando dentro do ônibus de viagem para voltar para casa, os TigerStars foram surpreendidos por algumas fãs. Elas estavam pedindo para tirar fotos.

Eles tiraram as fotos, as fãs eram simplesmente simpáticas e legais. Dava para ver, que elas realmente gostavam da banda. Uma delas sabia até o nome de todos os integrantes.

Os TigerStars queriam ficar mais um pouco conversando com elas. Mas já estava ficando tarde, então deram tchau para elas, e entraram no ônibus.

Todos chegaram em suas casas para descansar e ensaiar amanhã, para eles estarem preparados pro Show em Canta Galo.

Rey chega exausto do dia de hoje. Tomando banho, fazendo suas necessidades, indo para seu quarto e deitando na cama, ele dorme.