Capítulo 03: Mãe
Lola
05 de Março de 2019
Nove meses.
Há exactamente nove meses eu estou grávida. Meu pequeno está no meu ventre há nove meses.
Minha barriga está enorme. O tamanho dos meus seios duplicou. Eu estou enorme.
Sinto tanta fome, meu corpo dói, mal consigo andar direito. Quase toda minha roupa antiga não cabe mais em mim. Devo estar com o dobro do meu peso normal.
Mas apesar de tudo isso, estou tão ansiosa para ter meu pequeno nas minhas mãos. Não vejo a hora de poder ver seu rostinho, poder vesti-lo, dar banho, trocar fraldas e ensiná-lo a falar.
Meu pequeno Theodore, meu filho. Mesmo sem ainda poder vê-lo, amo-o tanto. É algo inexplicável, parece que eu estou em segundo plano agora, a primeira pessoa em quem penso é nele, meu filho.
Seu quartinho está pronto, papai, Rosie, Kim e eu arrumamos cada detalhe, escolhemos tudo, o berço, o armário, as mantinhas, roupinhas, tudo.
As coisas para o parto estão prontas, pode ser a qualquer momento, já completei os nove meses. Meu filho pode nascer a qualquer momento.
Não vejo a hora.
Confesso que tenho medo de como será, mas quero acreditar que irá correr tudo bem.
•••
Quando saio e encontro pessoas conhecidas. Das mais íntimas, recebo várias perguntas, mas a que mais me incomoda é "quem é o pai?. Essa pergunta tem a capacidade de tirar qualquer sorriso do meu rosto.
Sei que ninguém pergunta por maldade, mas droga. O que eu devo responder? "Eu não sei".
Muitos sempre perguntam sobre Alex, talvez por ser meu último namorado e com quem fiquei mais tempo, mal sabem que ele nem imagina que eu estou grávida. As vezes tenho vontade de responder "sim, é ele". Mas prefiro dizer "Ah, é um namorado de quando eu estava fora". Pronto.
Não tenho coragem de responder "Eu não sei quem é o pai do meu filho". Simplesmente não tenho.
— No que está pensando? — papai, que está com um pote do meu sorvete de chocolate, pergunta se sentando do meu lado e tal como eu encara a tv onde passa um programa de moda.
Pego o pote — estou viciada em sorvete, devo ter tomado mais nesses meses do que em toda a minha vida — e agradeço.
— Nada, só não vejo a hora do Theo nascer — ele sorri.
Não sei como irei me sair como mãe.
Mas tenho a máxima certeza de que meu pai será um excelente avô. Ele tem me apoiado com TUDO. Está sendo, como sempre, um pai maravilhoso e já está se saindo um bom avô, cuidando não só de mim, como do Theo.
— Também não vejo a hora — ele sorri olhando para minha barriga enorme que está coberta apenas pelo tecido fino do meu pijama.
Ficamos em silêncio. Não um silêncio incômodo. Apenas não temos nada por dizer.
Mas enquanto olho para a televisão, um pensamento novo invade a minha mente, nunca pensei nisso, não pensei nisso em nenhum momento desde que descobri a gravidez.
Mas agora, isso está passando pela minha mente, e sinceramente, não é uma hipótese a ser ignorada.
— E se eu morrer no parto? Como a mamãe? — minha voz sai como um sussurro, mas sei que ele ouve, pois me olha assustado e muito surpreso.
Será que ele nunca se perguntou?
Não sei exactamente qual foi a causa da morte da minha mãe, nunca quis saber. Mas agora, isso me preocupa.
Meu filho não tem um pai. Se eu morrer, ele não era ninguém. Eu não posso morrer.
Eu tenho que viver por ele, serei seu pai e sua mãe. Seremos eu e ele.
— Não diga isso — ele me repreende — Você não vai morrer, vai ficar tudo bem. Você e meu meu neto vão ficar bem, eu te garanto. — ele diz.
Assinto sem olhá-lo e sinto ele me abraçando. Retribuo.
— Eu te amo muito, sabe? Vocês os dois, são minha vida — sorrio.
— Eu sei papai, eu também amo muito você. E Theo também com certeza já o ama bastante.
Nos separamos e continuamos a ver o programa enquanto eu me enchi de sorvete. Queria que meu filho tivesse um pai como eu tive, ele é tão perfeito. Mas vou cuidar para que ele tenha a mãe que eu não tive.
•••
Acordo sentido dores. Muitas dores. E vontade de vontade de mijar. Muita.
Me levanto com dificuldades me apoiando na cama. Mas quando ainda nem sai da cama sinto minhas pernas molharem.
Eu mijei nas minhas próprias pernas?
Droga. Ou será a bolsa estourando?
Suspiro sentindo as dores aumentando. Pego meu celular na cabeceira e ligo para meu pai que em poucos minutos aparece no quarto correndo.
— Está tudo bem? Você está bem? — pergunta me olhando preocupado.
— Eu acho que ele quer nascer. — digo com dificuldade.
Papai me surpreende. Ele não entra em pânico nem nada parecido, me ajuda a levantar, mas antes chama Rosie que também vem correndo.
Ambos me ajudam. Rosie confirma, eu não mijei. A bolsa realmente estourou. É agora.
As bolsa já está arrumada há mais de dois meses. Claro, cada semana que passava e meu filho não nascia eu rearrumava tudo.
— Vem, se segura em mim — Papai diz enquanto me ajuda a entrar no carro.
•••
Estou na sala de parto. Morrendo de dores. Fiz um monte de "exercícios" com a enfermeira. E agora, meu pai segura minha mão. Rosie e Kim está do lado de fora.
A cada vez que o médico pede, eu faço força, força e mais força.
Meu pai e a enfermeira me encorajam e eu continuo forçando os dentes, fechando os olhos com força e empurrando meu filho para fora.
Nunca pensei muito nisso, mas certamente que em todas minhas imaginações, estava um homem do meu lado, que não era meu pai, e sim o pai do meu filho, que eu também queria que fosse meu marido, e não um estranho.
Nunca tive pressa, mas sempre me imaginei conhecendo um homem legal, me apaixonando, casando e só depois tendo filhos. Sempre pensei que quem seguraria minha mão numa sala de parto seria meu marido, o pai do meu filho.
Mas não é isso que acontece.
Ouço o choro que faz meus olhos se abrirem sem que eu dê o comando. Ele nasceu.
O choro fino se ouve mais ainda quando o cordão umbilical é cortado. O menino todo cheio de sangue está nas mãos do médico que sorri.
Eu estou ofegante. As dores continuam mas minha atenção está virada para ele, meu filho.
Sinto a mão do meu pai sobre minha testa um pouco abaixo da touca que está completamente molhada de suor tal como meu cabelo.
— Agora você é mamãe — ele diz sorrindo de orelha a orelha. Orgulhoso.
Eu sorrio. As lágrimas ainda esto sobre o meu rosto. Mas sorrio. Respirando com dificuldades e com os olhos focados no meu bebê que agora, está sobre o meu ombro.
— Meu Filho — digo baixo, apenas para ele ouvir.
Mãe. Eu agora sou mãe.
Tenho um bebê. Um filho. MEU filho.
________
A história continua.
O que estão achando?
Só eu me emocionei com o nascimento do Theo?
Votem e comentem por favor.
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