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Capítulo 5

Quarta parada – Lisse

Os olhos do Hoseok brilharam quando chegamos ao parque Keukenhof, localizado em Lisse e considerado o maior jardim do mundo. Eu estava devendo a ele por tudo e apenas passeamos pelo local sem comentar nada sobre a anônima Wang.

— E quando chegarmos à Coreia eu vou fazer um pequeno campo de tulipas. — Hoseok disse enquanto andávamos entre as tulipas. O lugar era realmente fascinante e eu pude esquecer tudo apenas olhando.

— Essa alma de botânico que persiste. — Falei meio entretida em seu sorriso.

— Obrigado, Soo Yeon. — Ele parou de andar. — Eu só quero gravar esse momento e guardar para sempre.

— Você não deveria ser botânico, deveria ser jardineiro. — Fingi tossir e recebi um olhar que me fez rir. — Se bem que eu não sei qual a diferença.

— Respeite minha profissão. — Hoseok ameaçou me agarrar, mas saí correndo.

O fato de estar rindo tirou minha força e ele me alcançou bem rápido. Eu continuei rindo mesmo que suas mãos tenham abraçado minha cintura por trás, mas sentir sua respiração em meu pescoço me fez esquivar.

— Tire uma foto comigo. — Ele disse pegando o celular, e me encontrei novamente envolvida pelos seus braços. — Sorria.

Eu sorri, mas meu sorriso nunca iria poder competir com o seu. Depois de algumas selfies, passeamos um pouco mais e o local ficou simplesmente maravilhoso com o pôr do sol.

Paramos num lugar para comer antes de ir ao hotel.

— Onde esteve a anônima Wang? — Hoseok perguntou pegando mais batata frita.

Eu peguei o celular com a boca cheia e acessei o perfil da Brigitta Wang, a qual parecia uma pequena descendente de coreana com a personalidade meio gótica. Assim que a página carregou levantei as sobrancelhas em perceber que ela tinha acabado de postar que estava numa boate.

— Parece que ela está curtindo a sexta-feira à noite. — Mostrei a foto a ele e Hoseok espremeu os olhos. — Devemos ir lá? — Sorri animada. Ele respirou fundo.

— Vamos. — Ele encheu a boca de batata fritas.

***

Eu já sentia meu coração acelerado antes de entrar na balada, porque a música já estava vibrando dentro de mim. Hoseok estava se movendo, e parecia bem inconsciente, seu corpo apenas seguia a batida da música.

— Como vamos encontrá-la? — Hoseok disse alto assim que entramos.

— Dançando aqui e ali. — Sugeri e comecei a rir quando ele levantou os braços depois de gritar um "Uhuuuu".

Adentramos o local e dançamos ao som de Uptown (Bruno Mars e Mark Ronson). Hoseok sempre chamava atenção quando se tratava de dançar e eu deixei que ele brilhasse no nosso pequeno espaço.

Tentei desviar quando senti um cara me rondando, e fui surpreendida quando Hoseok abraçou minha cintura me conduzindo numa dança agitada. Meu coração estava chacoalhando loucamente com todo aquele frenesi.

— Também estou com ciúme. — Ele disse com sua testa quase colada na minha. Acabei sorrindo descendo minha mão até seu peito.

— Você vai ameaçá-lo com sua enxada, jardineiro? — Hoseok gargalhou.

Quando virei o rosto avistei uma garota de aspecto gótico bebendo no bar. Me afastei do Hoseok e coincidentemente a música tinha acabado.

— Acho que encontrei nossa vítima. — Agarrei seu pulso e comecei a puxá-lo entre a multidão. — Traga a enxada, jardineiro.

— Ah que legal, uma adolescente quase bêbada. — Hoseok zombou e eu ri.

Me encostei na bancada, o barman se aproximou e pedi dois do mesmo que a menina estava tomando. Era cerveja. Minha sorte era ser fluente em inglês.

A garota tinha uma franja bem emo e os olhos estavam escuros com uma grossa camada de lápis de olho. Ela estava apenas sentada observando as pessoas dançarem.

— Que tal um cantada? — Falei olhando para o Hoseok e ele suspirou parecendo derrotado.

— Você me usa muito, sabia? — Peguei a cerveja o oferecendo e Hoseok tomou um grande gole. Eu sorri agradecida e ele me respondeu com uma careta engraçada.

Tomei um pouco da minha bebida observando o Hoseok andar até lá. A garota o encarou de forma intimidadora e cocei o cabelo com medo de colocá-lo numa enrascada. Aquele era o olhar de uma predadora que se interessou a primeira vista, e por um segundo aquilo me incomodou.

— Uma bebida em troca de uma história. — Hoseok disse em inglês e ela levantou as sobrancelhas. Bati a mão na testa. Alguém precisava de umas aulas.

— Você é coreano? — Ela respondeu num inglês fluente e lambendo o piercing em seu lábio inferior. — Parece um k-idol. — Hoseok sorriu e me senti tensa de repente.

— Sou. E você, é coreana? — Ele insistiu.

— Descendente. — Ela respondeu depois de beber. — Meu pai veio de lá. Sou Brigitta Wang.

Parecia que a Brigitta havia levado a cantada super a sério, porque ela o encarava como se fosse devorá-lo. Virei o resto do copo repetindo a mim mesma o foco da minha viagem e que estaria tudo bem mesmo que Hoseok quisesse se divertir um pouco com alguém, mas... Eu não gostei. Sempre fui ciumenta com minhas coisas e às vezes achava que as pessoas eram minhas (errado, eu sei).

— Jung Hoseok. — Ele disse enquanto eu pedia outro copo. — Eu estou procurando uma história. Você por acaso tem um blog?

— A gente pode fazer um se você quiser. — Ela respondeu o puxando pela gola da camisa.

O sangue se concentrou em meu rosto. Pior ideia do mundo, Soo Yeon!

Não pensei muito quando reagi.

— Aqui está você. — Falei puxando o braço do Hoseok. Ele se virou para mim parecendo assustado. — Te procurei em todos os lugares.

— Que safado. — Brigitta continuou segurando a gola da camisa dele. — Você tem uma namorada coreana?

— Ele tem. — Respondi por ele e me curvei brevemente para ela.

Depois de suspirar parecendo chateada ela se levantou e desapareceu no meio da multidão. Hoseok soltou o ar pela boca parecendo frustrado.

— Desculpa. — Falei tentando alinhar nossos olhares. — Não te colocarei nisso de novo.

— Tudo bem, namorada. — Ele se soltou de mim e fez sinal para o barman. Eu ri um pouco sem graça.

Sentei num banco me sentindo cansada. Talvez minha anônima Wang não estivesse ao meu alcance. Hoseok me ofereceu outro copo e lá ia meu terceiro, seguido de um quarto, e não me lembro bem se teve o quinto.

***

Entramos no Hotel de Lis rindo da situação com o motorista do taxi. Foi uma mistura de inglês e coreano, que confundiu o rapaz.

— Acho que bebemos demais, jardineiro. — Falei na porta do meu quarto. — Ainda estou vendo as coisas se movendo.

Hoseok riu e encostou a cabeça na porta do meu quarto.

— Você continua bonita, mesmo meio turva. — Bati em seu ombro um pouco boba.

— Vai dormir. — Falei no meio de uma risada. — Está vendo coisas.

Hoseok concordou com a cabeça. Ele estava muito fofinho com aquela cara de sono. Tentei encaixar a chave na porta quando senti uma mão tocando meu pescoço.

— Boa noite, Soo Yeon. — Hoseok disse depois de pressionar nossos lábios. Foi um selinho demorado e desajeitado.

Pisquei os olhos tentando processar, mas Hoseok ajeitou sua mão em meu pescoço e inclinou seu rosto encaixando nossos narizes. Eu não sabia se meu coração estava acelerado pela situação ou pela bebida.

— Hoseok... — Sussurrei aquecendo o ar entre nossos rostos.

— Só deixa eu tentar uma coisa e depois você me fala. — Respondeu e logo senti seus lábios encostarem outra vez.

Fechei os olhos e acabei me rendendo quando ele me beijou de verdade. Eu apenas deixei.

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