A dinâmica
a d i n â m i c a
Bernardo estava exausto pela mudança. Foi o dia inteiro. Pegando suas coisas da casa de Luís para a casa de Catarina - sua nova casa - e tendo que encontrar espaços para tudo.
Quando ele e Sophia terminaram, ele deixou muitas coisas no antigo apartamento dos dois, porém ele percebeu que ainda possuía inúmeros itens repetidos quando entrou no apartamento mobiliado de Catarina naquele dia para descarregar suas coisas.
Além de Luís estar com Bárbara e não poder ajudá-lo, ele descobriu que iria guardar a maior parte de seus pertences no depósito, na garagem, até eles decidirem o que fariam com tudo aquilo. O melhor dos planos? Iriam vender.
- Bem, acho que isso é tudo - Catarina falou, colocando a última caixa de papelão em cima de sua mesa de jantar - quer ajuda com algo?
Ele olhou ao seu redor, perdido em caixas, malas e sacolas, sem saber por onde começar, apenas que ele queria dormir eternamente e acordar com tudo pronto.
- Eu não faço ideia do que fazer - ele confessou, procurando os olhos castanhos dela por algum apoio ou compaixão.
Ainda bem que ele encontrou o que ele estava procurando.
- Tenho experiência em mudanças - ela admitiu, ruborizando um pouco em suas bochechas brancas - podemos começar com suas roupas.
Ele assentiu, pegando suas malas e levando até o quarto, começando a desfazer sua mala. Calças. Bermudas. Camisetas. Blusas. Camisas. Terno 1, Terno 2 e Terno 3. Gravatas perfeitamente arrumadas e...
Quando ele percebeu, Catarina já estava dobrando suas cuecas boxer antes que ele pudesse pegá-las. Isso era estranho, não era? Uma garota que ele conhecia por uma semana já mexendo em suas roupas íntimas? No entanto ele não tinha mais forças para pedir que ela deixasse aquilo de lado.
E ela realmente o ajudou a tarde inteira, dobrando, movendo e colando coisas em seu quarto, fazendo com que ele se sentisse o mais a vontade possível dentro da casa dela, que agora era dos dois.
O maior embate do dia foi a decisão das canecas, pois a coleção de canecas de viagens que ela possuía era extensa demais para comportar as canecas de séries e filmes que ele havia levado da casa de Sophia.
- Podemos criar um espaço aqui - ela empurrou suas canecas para o canto, conseguindo apenas uma fileira, que foi o suficiente, para que ele encaixasse as canecas dele ali - e agora jamais poderemos mexer nisso de novo.
Ele sorriu, se fosse tão simples ele até acreditaria mais. Mas nunca era.
- Vou tomar um banho se já terminamos - ela disse com o questionamento intrínseco e ele olhou ao seu redor, percebendo que estava tudo pronto para que ele pudesse passar a primeira noite ali.
- Tudo certo, você já me ajudou o suficiente - ele afirmou, pegando a última caixa de livros que ele tinha que organizar na prateleira de seu quarto.
- Ok, vou fazer algo para jantar depois, você vai querer algo? - ela perguntou já dentro de seu quarto, mexendo em suas gavetas, longe da visão de Bernardo.
- Eu não quero incomodar, acho que vou pedir comida fora - ele coçou sua nuca.
- Não é incômodo, prefiro cozinhar para dois que para um - ela garantiu, trancando-se no banheiro, encerrando ali a conversa deles.
Bernardo sentou-se na cama e colocou sua cabeça em suas mãos, pensando em como tudo complicou-se quando Sophia decidiu que ele amava Ana - logo Ana que nada tinha a ver com ele. E como ele conhecia a sua namorada, nada adiantaria ele lhe dizer que era loucura, pois ela já tinha escolhido como iria seguir com aquilo.
E agora ela estava noiva, noiva de um florista, e ela tinha um brilho no olhar, um brilho no sorriso, que ela não tinha quando estava com ele. Por noites sem fim ele se perguntou se não deveria correr atrás de Sophia e declarar seu infinito amor, porém ele não poderia destruir a felicidade dela. Isso não era amor.
E agora ele se perguntava como poderia negar ir ao casamento dela desacompanhado, recebendo a piedade de tantos olhares que bem o conhecia.
E agora ele só conseguia pensar em como ele tinha que se mexer e voltar a viver a vida que ele merecia. Uma vida que não envolvesse Ana ou Sophia ou qualquer parte desse passado que ele tanto queria deixar para trás.
E agora?
.:.
Catarina saiu do banho com seu roupão azul, fechando as cortinas de seu quarto e colocando uma calcinha enquanto tentava retirar todas as gotas de água que existiam em seu cabelo.
Ela nunca foi extremamente vaidosa, ainda mais trabalhando em um ambiente tão masculino quanto um escritório de engenharia automotiva. Ela, que nunca foi muito fã de carros em si, era a responsável pelos novos designs que a empresa entregava aos clientes.
SC Motors ainda era uma startup pequena em comparação com as outras, porém depois de ganhar alguns prêmios internacionais, estava recebendo o reconhecimento que merecia. Eles tinham uma missão: ser o melhor carro 4x4 do país até 2032. Tinham tempo, mas a concorrência era difícil.
Havia, então, a competição de M-outubro, que ocorria a cada 3 anos em um país diferente, e naquele ano, era no Brasil. A SC Motors estavam dedicada completamente a essa competição, pois ela era patrocinada pelo grupo da Mercedes Daimler, e isso significava que eles ganhariam o patrocínio dela. E isso era grande. Muito grande.
Catarina se arrepiou pensando na última reunião que ela teve com o pessoal que trabalhava. Foi intenso demais. Muitas pessoas sob pressão, muitas pessoas exigindo o impossível. Ela não tinha ido trabalhar lá para ter um cotidiano daquela maneira, porém cada vez mais ela sentia que pertencia àquele lugar.
Ela saiu de seu quarto e foi até a cozinha, começando a revirar suas prateleiras de comida a fim de encontrar algo que desse para duas pessoas.
Tinha atum. Ele gostava de atum?
Catarina andou até a porta de Bernardo e bateu na mesma, esperando a resposta enquanto lia o rótulo da latinha que tinha em mãos.
- Sim? - ele estava com a voz grogue, provavelmente estava dormindo depois do dia exaustivo de mudança.
- Gosta de atum? - ela indagou, ainda mexendo na lata.
- Gosto - ele respondeu.
Ela não elaborou muito, voltando para a cozinha para refogar alho e cebola. Ela inalou bem, pois amava aquele aroma, na verdade, ela acreditava que todas as pessoas que um dia já refogaram algo eram apaixonadas por aquilo.
Absorta em seus pensamentos, ela acabou ignorando a música que aumentava no quarto de Bernardo, enquanto ela despejava o atum na panela e o mexia.
Aquilo com certeza faria com que seu cabelo cheirasse a atum no dia seguinte, ela ponderou, porém pouco poderia se importar.
Seu celular começou a tocar e ela espiou a tela, pensando quem iria mandar mensagens tão tarde de um domingo - contudo ela havia acabado de perceber que era apenas oito da noite e era Guilherme.
Catarina engoliu a seco, ignorando seu celular, pois aquilo era o melhor que ela poderia fazer, mesmo que seus dedos estivessem formigando para saber o que ele havia escrito daquela vez.
Não, aquilo não era bom, pelo menos não desde aquele dia em que Elisa havia passado o mês trancada em seu quarto, tentando passar no vestibular de medicina e os dois decidiram beber juntos na casa de Catarina. Aquele dia não foi um dia prudente dos dois, não desde que Guilherme e Elisa haviam assumido o relacionamento aberto, como algo fechado.
Guilherme, a Catarina suspirou, acrescentando shoyo em seu atum e verificando o macarrão que já estava no fogo, os dois eram amigos desde o colégio, e mesmo cursando faculdades completamente diferentes, continuaram amigos desde então.
Tão amigos que as vezes a linha entre amizade e outras coisas se misturava e complicava.
E então ele conheceu Elisa neste meio tempo e se enrolou com ela por anos, sempre em um relacionamento que estava aberto demais para ser real, porém com ciúmes demais para funcionar. Eles terminavam e voltavam com mais frequência do que ela conseguia acompanhar, porém ela sempre soube que não importava Elisa, a amizade dela e de Guilherme sempre prevaleceria - e prevaleceu.
- A comida está quase pronta - ela anunciou a Bernardo, voltando a olhar seu celular e percebendo que Guilherme havia mandado mais mensagens.
Catarina foi até a sua geladeira e se serviu uma taça do vinho tinto que já estava aberto, esperando que ele pudesse acalmar suas mãos.
Eles haviam concordado que nada havia acontecido, não é? Eles não haviam se beijado, então nada havia acontecido. Mas houve uma troca de olhares, carinhos, abraços e... e beijos. Não na boca, pois parecia que aquilo traçou uma linha do permitido e do proibido, porém beijos no pescoço, na bochecha e no canto da boca não eram tão inocentes assim.
Aquilo jamais seria tão sério se Elisa não tivesse lhe contado que ela e Guilherme estavam namorando oficialmente havia mais de uma semana. Uma exata semana desde aquela noite.
Havia algo errado com Guilherme, mas havia algo ainda mais errado com Catarina, por não conseguir ignorar completamente aquele dia.
Desde aquele dia, houve uma pequena tensão entre os dois, porém logo aquilo dissipou e eles voltaram a sair normalmente, no caso os três, e tudo estava certo. Até que Elisa voltou estudar durante as noites com mais frequência e Catarina se encontrou em mais situações com apenas Guilherme.
Era muito errado, mas ela não conseguia dizer não aos convites "inocentes" dele para filmes e vinhos, pois mesmo que eles realmente fossem assistir um filme ou beber um vinho, ainda havia uma pequena, e nenhum pouco inocente, troca de olhares.
E só olhares, era o que a garota se reafirmava para tentar se consolar. Eram apenas olhares - pelo menos da parte dela.
Quando percebeu, ela já havia terminado com a sua taça de vinho e o atum estava queimando.
Correndo, ela conseguiu salvar o jantar, escorrendo a água do macarrão e preparando dois pratos relativamente bonitos, servindo-se de mais vinho enquanto pensava em sua vida e desbloqueava a tela de seu celular.
Catarina respirou fundo e bloqueou a tela de seu celular. Ela odiava piadas sobre o estado preocupante do seu time na série B, porém aquilo era temporário, pois logo no ano seguinte ele já estaria competindo na série A de novo. Rumo a libertadores? Era o que ela esperava. Em cima do São Paulo ainda, só para esfregar na cara de Guilherme.
A porta do quarto de Bernardo foi aberta abruptamente e ele saiu cambaleante, levemente embriagado.
- Tudo bem aí? - ela se levantou, indo na direção ele com as sobrancelhas franzidas, sem entender o que poderia ter acontecido em duas horas.
- Vou sair com uns amigos do trabalho. Preciso sair. Preciso beber - ele desviou do toque dela, e a fitou com o olhar inchado e magoado, porém não era com ela - obrigada, você é um anjo que caiu na minha vida na hora certa, mas agora eu preciso sair.
- Tudo bem - ela afastou a sua mão, ainda olhando-o com calma - mas mande mensagens, tudo bem? E me dê o seu celular.
Ela pegou o celular do bolso dele e anotou o nome e número de dois amigos dele, Carlos e Rodrigo, para que pudesse ligar para eles caso Bernardo não voltasse aquela noite para casa.
O rapaz apoiou o queixo dele na cabeça dela, pois ela nunca foi uma garota conhecida por ser extremamente alta ou esbelta ou um mulherão. Ela era pequena, magra, tinha poucas curvas e um rosto extremamente jovem.
- Você tem cheiro de amêndoas - ele murmurou, inalando profundamente.
- É o meu óleo de banho - ela comentou, ainda concentrada em pegar informações suficientes para que o rapaz não desaparecesse para jamais ser encontrado - tudo bem, você está pronto para ir - ela devolveu o celular para ele - se divirta.
- Obrigada, moça - ele agradeceu, depositando um beijo confuso na cabeça dela e saindo pela porta, nem se lembrando de trancá-la atrás de si mesmo.
- De nada - ela falou para si mesmo, guardando o prato dele dentro do micro-ondas caso ele sentisse fome caso voltasse do local que ele estava indo.
Aquilo foi quase suficiente para que ela se esquecesse de Guilherme, e por pouco ela não voltou a comer sem o responder, porém ela não queria fazer aquilo, pois conversar com Guilherme lhe fazia bem, em algum lugar dentro do seu consciente.
A/N:
Oi e oláaaa
Vim aqui só estar como ficariam as imagens das conversas por whatsapp hehehe
O que acharam? Gostaram? Ou preferem que eu continue com o bom e velho apenas digitando o que seria hehehe?
Essa é a trama inicial da história! Trângulo amoroso? Olha, se for só um triângulo você não estaria aqui hehehe essa história terá muitas reviravoltas com todos os personagens, então preste atenção em todos!
Espero que gostem!!
#berina já pode shippar? Eu shippo desde que a ideia surgiu em minha mente, então sou super suspeita para falar hehehe (mas se quiser shippar #guilhira, també, pode, ok? só não acho que é um shipp de sorte hahaha)
Opiniões são sempre bem vindas!
Beijinhos
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