Tentativa
Não era preciso ser alguém muito sensível para ler a aura de mau-humor que envolvia Oikawa Tooru. Mesmo os seus fãs evitaram falar com o garoto naquela manhã. No fim ele nem disse nada sobre o concurso para [Nome], depois que o italiano se afastou, ele fez o mesmo dando uma volta mais do que necessária até retornar para a sala de aula.
É algo completamente fora das atitudes que ele geralmente tomava, mas Fideo realmente sabia o provocar.
Um par de dedos estalou em sua frente.
— Oikawa-kun — [Nome] o chamou.
O garoto, que estava com o rosto apoiado na mão olhando para lugar algum, tomou um susto e então se virou para observar sua colega de classe parada ao seu lado com alguns livros nos braços. Sons de carteiras sendo arrastadas começaram chegar aos seus ouvidos, o tirando de onde estava e o trazendo de volta para a realidade.
— Desculpe, disse algo?
[Nome] manteve o rosto sem expressão e então puxou a carteira da fileira ao lado para juntar a dele, colocando sistematicamente os livros sobre a mesma, ignorando a expressão confusa do capitão do clube de vôlei.
— Você disse querer ser minha dupla nas aulas de química — respondeu depois de se ajeitar na carteira. Só então fazendo Oikawa reparar no professor da matéria no canto da sala colocando algumas instruções na lousa. — Mudou de ideia?
— Não — ele levantou as mãos em forma de desculpa —, só estou com pensamento longe. Obrigado por aceitar meu convite.
Oikawa se curvou levemente para frente agradecendo, [Nome] fez o mesmo sem deixar qualquer tipo de rubor tomar seu rosto. Coisa que qualquer outra garota da Aoba Johsai já estaria fazendo apenas por sentar ao seu lado.
— Notas importam, não vou recusar tutoria a um colega — ela virou algumas páginas do caderno olhando para frente. — Você devia anotar o que o professor passa, ajuda na hora de estudar.
A garota comentou sem sequer tirar os olhos do próprio material, algo na maneira com que ela falou fez ele se sentir culpado. Afinal, tudo foi uma desculpa para não dar ao italiano, a razão. A fim de não desperdiçar a gentileza de [Nome] fingiria precisar realmente de auxílio na matéria, estudar com alguém não poderia trazer nenhum mal.
Mas era chato.
O silêncio era incômodo, enquanto as outras duplas conversavam entre si, eles estavam quietos apenas anotando o que era escrito na lousa. Ignorado pela maioria dos outros alunos.
— Então, [Nome] tiveram muitas inscrições no concurso deste ano? — ele tentou puxar um assunto.
— Não.
A resposta veio seca, imediata, fazendo um calafrio subir a sua espinha. O apelido de rainha do gelo era mais que merecido, Oikawa se sentiu como se tivesse no meio de uma nevasca, vendo a oportunidade de conversar desaparecer por completo, soterrada embaixo de uma grossa camada neve. Para alguém que estava num clube de comunicação, aquele não parecia ser seu forte.
Porém, o capitão do time masculino de vôlei insistiu — Será que eu deveria me inscrever?
A caneta dela parou de escrever e então pela primeira vez desde que juntou à mesa na sua, [Nome] se virou. Tooru precisou engolir seco e recuar um pouco pela intensidade nos olhos dela.
— Sei que química não é uma das matérias mais animadas que existem, mas se você ficar divagando. Será ainda pior — continuou —, aqui no seu caderno, acabou misturando dois enunciados. As linhas para resolver estão muito próximas, se tiver mais espaço consegue organizar e entender a resolução melhor, além de poder anotar o que achou importante.
A garota afastou a caneta do próprio caderno dele — Talvez seu problema com as notas seja falta de atenção, tem algum diagnóstico psicológico? TDAH, por exemplo.
— Claro que não! — disse com a voz um pouco mais alta, chamando atenção da sala.
— Oikawa-san — o professor o encarou por cima dos óculos —, algum problema?
Ele ajustou a postura solenemente — Não, professor.
O mais velho franziu por um momento e então o encarou por cima da armação de óculos. — Por favor, mantenha a voz baixa em respeito às atividades dos seus colegas.
Após resmungar que sim, ele voltou a olhar para a carteira e as folhas incompletas. Sempre que ele tentava sair de uma situação, parecia que ele se afundava ainda mais.
— Sabe, não precisa ter vergonha de pedir ajuda — [Nome] se inclinou em sua direção —, posso te indicar um psicólogo se precisar.
Tooru fechou a mão em punho sentindo um calor se estender até as orelhas, inclinando na direção da garota para a responder no mesmo tom baixo.
— [Nome]-chan, eu puxei o assunto do concurso porque quero me inscrever.
Ao mesmo tempo que Tooru Oikawa quebrava um pouco do seu orgulho, Fideo assistia às aulas de maneira desinteressada.
É claro que o assunto da sua participação já havia se espalhado pela classe, alguns dos colegas já anunciando seus votos em suporte. Com um sorriso, o italiano agradeceu antes de pegar a bolsa e sair da sala em direção à sala do clube. Hoje as pessoas olhavam para ele e sorriam, mas nem sempre foi assim. Quantas vezes ele, como mestiço, já ouviu piadas sobre seu lado italiano.
Fideo levantou a mão para o pescoço, o apertando de leve enquanto andando para um dos vestiários mais afastados da escola para se trocar para o treino da tarde. Ficar sozinho às vezes ajudava a colocar seus pensamentos no lugar e principalmente se livrar por algum tempo da máscara de bom garoto. Fideo não tinha um lado vilanesco sombrio dentro de si, mas não daria tantos sorrisos para desconhecidos se não significasse passar pelo colegial de maneira mais tranquila.
Não podia reclamar, era uma escolha pessoal e nem era de todo ruim, apenas exaustivo.
Após trocar as vestes para as de treino, Fideo lavou o rosto e saiu do vestiário em direção aos clubes. Não se importava em andar de uniforme de treino nos corredores comuns, se tinha um lugar onde o loiro se sentia seguro era no basquete.
Yuta, o capitão, já sabia como ele era, então não iria reclamar dele gastar mais alguns minutos antes do treino. Desde que se dedicasse em quadra depois, não teria problema.
Quando passando perto dos clubes internos, escutou um certo barulho, como se algo estivesse caindo.
Ele, que já passou ali pela manhã, onde se encontrou com Oikawa, descobriu vir da sala de Rádio e Comunicação. Uma das garotas estava nas pontas dos pés segurando uma caixa de papelão que parecia ter caído do alto com certa dificuldade acima da cabeça. Ele se apressou para dentro da sala segurando a caixa após pular o que já havia caído no chão.
— Você está bem? — questionou sem sequer ver quem era. — Pode soltar, eu seguro.
Fideo levantou a caixa para ela passar por baixo dele e então se virou colocando a caixa apoiada na mesa. Se surpreendendo ao ver que era [Nome] que estava lutando embaixo dela.
— Por que não pediu por ajuda quando a caixa caiu? Ia esperar alguém passar milagrosamente por perto? — sua voz saiu um pouco ríspida.
A garota olhou para o armário e em seguida a caixa — A princípio, sim, mas agora que disse parece ser uma ideia idiota.
O loiro bateu as mãos uma na outra, para se livrar do pó e em seguida colocou ambas mãos na cintura. — Não me leve a mal, não é uma bronca. Só foi um pouco perigoso.
— Sim, achei que podia aguentar — respondeu e em seguida se curvou. — Obrigada por me ajudar.
Quando ela fez esse movimento, Fideo notou uma vermelhidão surgindo próximo a sua sobrancelha.
— Está machucada.
— Não.
Fideo abriu a bolsa tirando uma toalha limpa — Não foi uma pergunta, foi uma afirmação.
Ele colocou o pano felpudo acima do olho esquerdo dela e afastou a fim de mostrar as pequenas manchas vermelhas que tingiram o tecido.
— Não percebi.
O loiro riu genuinamente dando um passo para se aproximar — Claramente não. Não parece nada, mas deve deixar um galo pela forma que está vermelho.
Ele afastou a toalha por um momento — Quer ir à enfermaria? Posso te acompanhar.
A garota negou com a cabeça e colocou a mão na toalha, dando a Fideo um indicativo de que podia soltar. — Não é nada, deve parar de sangrar em pouco tempo. Desculpe pela toalha.
— Um pedaço de pano é o de menos agora — Fideo abriu a bolsa de treino e tirou de dentro dela um curativo. Ao contrário das expectativas, era um adesivo verde repleto de dinossauros coloridos, algo que se esperava ver na mochila de um aluno de 7 anos, não de 17.
— Eu ganhei — explicou ao ver o julgamento passando nos olhos da garota. — Tenho um irmãozinho de consideração que gosta de dinossauros. Já que não quer ir à enfermaria, pelo menos lave o corte e coloque um curativo, vai saber quantos anos tem a poeira acumulada nessa sala.
[Nome] aceitou o band-aid e em seguida Fideo coçou a cabeça um pouco inquieto pela situação. — Ainda acho que devia pegar ao menos um gelo, mas vou deixar essa decisão para você.
O garoto recuou alguns passos, escutando enfim conversas se aproximando. — Não pegue caixas pesadas sozinha, vossa alteza.
— Obrigada Akiyama-kun.
— Só Fideo está bom — ele olhou da porta uma última vez e então saiu da sala cumprimentando as garotas no corredor com um "senhoritas" tal qual um antigo cowboy de velho oeste.
Quando chegou na quadra, o capitão Yuta veio fumegando em sua direção, por exagerar demais nos seus minutos roubados. O loiro cobriu ambos ouvidos enquanto era balançado pelos ombros ao receber as reclamações.
— Estava fazendo uma boa ação — rebateu as acusações de ser preguiçoso para começar a treinar. — Ah, e você não quer saber o que aconteceu hoje com Oikawa quando nos encontramos antes do técnico chegar?
Yuta parou imediatamente de o balançar — O que aconteceu?
— Ele provavelmente se inscreveu no concurso, claro depois de negar pela manhã e criar uma desculpa para ver a rainha de gelo antes das aulas.
— É claro que ele iria participar, será que ele está tentando roubar votos da comissão?
Fideo girou os ombros — Sabe capitão, essa sua obsessão parece algo diferente, tem certeza de que não tem nenhum interesse além do competitivo com Tooru?
O capitão recuou alguns passos até o carrinho de bolas, pegou uma em mãos, girou e atirou na direção do italiano como se fosse uma bola de queimada e não de basquete. Prevendo a reação exagerada depois da provocação, Fideo saltou para o lado, evitando um acerto doloroso.
— Mais cinco voltas na quadra para você Akiyama!
— Você brinca com a sorte Fideo — um dos seus colegas de time disse. Recebendo uma risada em seguida.
— O que é a vida sem um pouco de perigo — respondeu levando os braços para cima num alongamento. [Nome] aparecendo rapidamente em sua mente.
Geralmente suas preferências pessoais o levam para pensar mais em garotos. O time de futebol tinha alguns caras interessantes, tendo crescido num país diferente, ele podia ver a sua sexualidade também de uma forma diferente. Ter uma boa família que também tinha pensamentos bem distantes do tradicional o ajudou quando percebeu que se sentia atraído por ambos. Tinha namorado meninas no passado, e trocado alguns beijos escondidos com meninos, mas foi a primeira vez em algum tempo que sentiu uma certa curiosidade.
— Até que ela é fofa — disse para si em voz alta, mas sendo escutado pelo colega de time ao seu lado.
— Hum? Quem?
— Nossa rainha.
N/A: Sabe o que eu percebi, que eu falei quarta, não quinta, mas estou eu aqui para honrar com a minha palavra.
Imagem, Fideo, NA MINHA CONCEPÇÃO, vocês podem imaginar ele diferente como desejarem.
Esse capítulo, foi o momeno fofinho do Fídeo com a [Nome]. O próximo é do Oikawa.
Obrigada por ler até aqui!! Próximo capítulo na SEXTA-FEIRA, não quinta hahahahaha.
Até mais, Xx!!
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