Prólogo
Ilhas Elysian, 26 anos antes - Dias Atuais.
Há muito tempo atrás, quando os deuses gregos ainda governavam o mundo e eram venerados por todos os Mortais, Poseidon e Nêmesis entraram em guerra, cada qual usando seus filhos meio-sangue para lutar por eles. Nêmesis, que é a deusa da Justiça, do Equilíbrio e do Destino, revoltou-se contra o deus dos Mares quando o mesmo, ao se sentir ofendido por um grupo de Mortais, simplesmente, mandou um Tsunami para invadir um conjunto de Ilhas Pertencentes a ela.
Acontece que, reza a lenda, a maioria dos filhos de Nêmesis residia no local e ao ver a quantidade de filhos mortos, afogados, Nêmesis decidiu travar essa tal guerra, que durou anos. Filhos de Poseidon foram mortos diante de julgamentos, filhos de Nêmesis, muitas vezes, continuaram morrendo afogados.
Diante do tamanho caos que se espalhou entre esses dois deuses, Zeus, aconselhado por Hera, simplesmente decidiu dar um basta na história. Todos os filhos de Nêmesis restantes ganharam um refúgio em um conjunto de Ilhas bem distantes da Grécia Antiga e, contanto que Poseidon não tivesse o domínio daquele lado do Oceano e não atacasse novamente as Ilhas, continuaria sendo nomeado O deus dos Mares.
Dizem que a inimizade ainda continuou por alguns séculos e deuses se dividiram entre o lado de Nêmesis e o lado de Poseidon.
Mais tarde, esse pequeno pedaço de Ilhas, praticamente invisível aos olhos de qualquer mortal ou dependentes de Poseidon, abrigaria, por vontade da própria deusa do Destino, uma das suas maiores contradições.
Localizada ao Sudoeste da Flórida, as Ilhas Elysian eram um amontoado de três Ilhas mágicas, cujos habitantes, em sua maioria, descendiam de todos os semideuses que Nêmesis deu a luz ou, em outros casos, eram descendentes dos filhos de seus aliados de guerra. A Ilha tinha poderes curativos: Qualquer pessoa ferida, automaticamente, era curada enquanto estava nela e se alguma injustiça ocorresse no local, a terra chorava sangue.
Claro que, por ser encantada, nenhum tipo de barco não autorizado navegava até ela. Todo e qualquer visitante que enxergasse a Ilha vinha por vontade da deusa.
Por serem Ilhas pequenas e por, ao longo dos anos, muitos dos semideuses rogarem pela passagem para o Submundo, atualmente, ela era formada por cerca de 50 a 60 pessoas que se dividiam entre pescar, caçar, colher seus frutos e louvar tanto Nêmesis, quanto Deméter, Zeus, Apolo, Athena, Hefesto…
A regra, entretanto, era bastante clara: Não se podia, de forma alguma, fazer oferendas ou orações a Poseidon. Apesar de ser cercada de água, todos os habitantes sabiam sobre a lenda e sabiam que se louvassem ao deus do mar, poderiam sofrer graves consequências.
No entanto, naquele dia, uma madrugada de 13 de abril, vinte e seis anos antes, quando uma das piores tempestades caía, Nêmesis descobriu algo muito interessante através de Hermes e Apolo. Então, se juntou com Athena e Hera e, juntas, tramaram um plano.
Enquanto Zeus e Poseidon guerreavam por algum motivo fútil, um Cruzeiro, de nome “Thalassa”, foi guiado pelas águas calmas ao redor da ilha. Ao longe, a água do oceano se agitava e dos céus, caiam os raios mais pesados e ameaçadores já vistos pelos moradores, mas ao redor da Ilha, nem mesmo uma onda forte se agitava.
Claro que os habitantes da Ilha sabiam que se uma embarcação tinha sido ancorada no local, era porque a deusa permitiu, então, assim que o sol raiou e a tempestade começou a dar uma trégua, os moradores decidiram deixar com que toda a tripulação do barco desembarcasse na Ilha.
Entre eles, havia uma jovem, de mais ou menos 21 anos, cujo estado de gravidez avançado poderia ser notado de longe. A imensa barriga se projetava para frente, protuberante, e a cada cinco ou seis passos, ela parava para descansar.
Evangeline era a filha do Capitão Holt, responsável pelo Cruzeiro e aquela era a primeira vez em que passava tanto tempo ao lado do pai. Eva tinha perdido a mãe no ano anterior e, desolada, o Capitão Holt achou que uma temporada no mar a faria bem. O que eles não podiam contar era que Evangeline iria se apaixonar perdidamente por um dos tripulantes da embarcação.
Os encontros noturnos eram sorrateiros e carregados de paixão e se seguiu assim por meses, até misteriosamente, quando enfim tomou coragem para contar ao pai sobre sua paixão, Evangeline descobriu que o Homem nunca foi um tripulante. No mínimo, era algum hóspede do cruzeiro se passando por outra pessoa e que fugiu assim que eles pararam em alguma ilha.
No entanto, apesar de estar no mar, os enjoos de Evangeline ficaram mais fortes e não passavam por absolutamente nada, o que era estranho já que ela estava navegando com o pai há meses. E então, em uma de suas paradas, Evangeline descobriu a gravidez.
Não tinha sido planejada e Evangeline se sentia perdida, já que havia se apaixonado profundamente pela vida em alto mar, mas não se imaginava criando uma criança dentro de um Cruzeiro, de um lado ao outro, como uma Nômade sem lar.
Foi então que, no Segundo dia da embarcação na ilha, quando todos ainda tentavam entender o que aconteceu com o motor do cruzeiro e porque não havia sinal nem mesmo para uma simples ligação de rádio, que Nêmesis se fez presente fisicamente, orientando Evangeline em cada passo a partir dali.
Evangeline e a tripulação ficaram ancorados nas Ilhas Elysian por exatos, seis meses. Alguns se arriscaram a sair da ilha por outros meios e não chegaram nem mesmo aos domínios de Poseidon antes de sucumbirem e irem para o Submundo. Outros, gostaram tanto do local que decidiram firmar morada lá, afinal, antes de encontrarem a ilha, não faziam ideia de que eram semideuses.
No entanto, como foi orientada a fazer, Evangeline deixou sua filha, Thalassa Holt, nas mãos de uma jovem que havia acabado de perder um filho. A deusa autorizou que, tanto a mãe da criança, quanto o avô, poderiam ir, de seis em seis meses, visitá-la, o que serviu para unir tanto o propósito da deusa, quanto para unir o propósito de Evangeline, de se tornar Capitã de um navio e viver em alto-mar.
Assim foi feito: De seis em seis meses, Evangeline e/ou Capitão Holt desviavam de suas rotas e, magicamente, apareciam na Ilha. Thalassa, que tinha cabelos ruivos vermelhos intensos, tal qual os da mãe, e olhos azuis oceânicos, crescia feliz, longe de qualquer perigo, totalmente saudável. Era educada em casa e nunca tinha sido enganada sobre não ser filha de Elenir, a jovem que cumpriu o propósito de transformar Thalassa em uma moça. Ela sabia que sua mãe trabalhava velejando no mar e sabia que presava pela educação da filha. Portanto, aguardava as visitas de seis em seis meses, ansiosa para mostrar tudo que aprendia e para rever a mãe.
No entanto, Thalassa não sabia de sua origem, muito menos, do acordo firmado entre a deusa Nêmesis e a sua própria mãe. Ela achava apenas que, tanto quanto ela, sua mãe tinha crescido naquela ilha e Elenir era alguma parente distante que se dispôs a cuidar dela para que Evangeline pudesse a sustentar. E assim como achava que a mãe fez, Thalassa sonhava com o dia em que conheceria outras partes do mundo, em que pisaria em outros locais que não fossem Ilhas, sonhava em ir com sua própria mãe em um Cruzeiro…
Aos 25 anos, Thalassa fez Evangeline prometer que a buscaria dali a seis meses, quando passasse pela ilha novamente. E aguardou, ansiosa, pela visita da mãe.
Uma Visita que nunca veio.
Meses se passaram, quase um ano inteiro e, dia após dia, Thalassa sentava na areia, bem na beira do mar, com seus dedos mergulhados na onda da praia, olhando fixamente para o horizonte, na esperança de ver qualquer embarcação. Thalassa chegou até mesmo a desobedecer uma das principais regras da Ilha e simplesmente, rezou para que Poseidon trouxesse sua mãe em segurança, mas…
Não havia nada. Nem mesmo um barquinho. Então, no dia do seu aniversário de vinte e seis anos, Thalassa enfim se revoltou contra a deusa Nêmesis, culpando-a pela mãe nunca ter achado seu caminho de volta para a Ilha e, na calada da noite, quando tudo se resumia a ondas batendo na praia e silêncio absoluto na ilha, Thalassa recebeu a visita de Irís, que abriu um portal por meio de um Arco-íris, oferecendo proteção e um meio de escapar dos domínios de Nêmesis para que ela fosse atrás de sua mãe.
Sem nem mesmo pensar duas vezes ou olhar para trás, para a Ilha que Thalassa chamava de lar, ela atravessou o Arco-íris oferecido pela deusa Íris e se aventurou a conhecer um mundo completamente novo.
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