Acampamento Meio Sangue
-Quando você entra na água, você ganha cauda de sereia?
A pergunta levou exatos cinco segundos para ser absorvida por Percy Jackson. A Seguir, o rapaz, que estava sentada na mesa de refeições correspondente ao seu Chalé junto de sua irmã, engasgou com o macarrão. Logicamente, Thalassa tinha sido a culpada.
Há dois dias atrás, Thalassa tinha descoberto que era filha de Poseidon, irmã de Percy, que havia uma Profecia envolvendo ela e seus amigos e que estava de sobreaviso para participar de uma missão. E de alguma forma, a única coisa que a mente de Thalassa conseguia pensar era no fato de Percy ter dito que tinha poderes aquáticos, os quais, ela nem mesmo imaginava quais seriam.
A pergunta da cauda de sereia poderia ter sido apenas uma brincadeira, é claro, mas depois de formular, Thalassa ficou se perguntando se, por acaso, poderia ser verdade. Por que não? Ela conseguia enxergar muita utilidade em uma calda, afinal.
Mas, pela reação de Percy e pelo jeito que ele se virou, claramente, indignado para ela, Thalassa percebeu que não, Percy não virava uma sereia quando entrava na água quando ele exclamou:
-Meu Zeus, Thalassa! Óbvio que não, não estamos estrelando H2O!
-O que é H2O!? - Thalassa perguntou, franzindo a testa para Percy. - E se você não ganha uma cauda, que tipo de poderes você tem, então?
Percy riu, pegando com o garfo uma generosa garfada de macarrão cheio de molho vermelho pingando. Ele enfiou o garfo na boca e mastigou ruidosamente. Uma única olhada da ruiva para a mesa de Athena fez Thalassa perceber que Annabeth prestava atenção no namorado e desaprovava o jeito que Percy comia.
Afinal, realmente, parecia que a comida sairia correndo se ele demorasse a levar à boca.
-Com certeza, não é ser uma sereia! - Percy respondeu, de boca cheia, apontando para o prato dela. - Não vai comer?
Thalassa encarou o resto de macarrão em seu prato e fez uma careta, sentindo seu estômago revirar. Há dois dias, estava praticamente sem apetite de tanto nervoso, então, apenas empurrou o prato para Percy e negou.
-Você bem que poderia me ajudar a encontrar meus poderes. Ou será que eu não tenho?
-Bem, você fez a água da cozinha espirrar na cara daquele idiota do Chalé de Ares. - Percy respondeu, pegando o prato. - Claramente, sim, você tem. Mas você quem vai ter que descobrir quais e até onde eles vão.
Thalassa cruzou os braços e soltou o ar, se sentindo perdida.
-Bem, não tem como você, sei lá, ligar para Poseidon e perguntar?
-E você perderia a diversão de descobrir? - Percy retrucou, revirando os olhos. - Além disso, Papai não é um sistema de Telemarketing, Lassie. Não é sempre que eu consigo falar com ele.
-Bem, pelo menos, você já falou com ele, né?
Thalassa desviou o olhar, enquanto Percy decidia se respondia alguma coisa, mas pareceu mudar de ideia no último segundo e voltou a comer, agora do prato dela.
Thalassa soltou o ar, bem devagar, enquanto fixava o olhar na mesa de Apolo. Serena estava bastante amiga de suas irmãs e Thalassa adorava ver ela rindo e se entrosando com seu próprio Chalé, claro, assim como Thalassa estava fazendo nesse momento, com Percy.
Mas queria que a amiga estivesse ali, naquele momento, para pelo menos, xingar Poseidon junto dela. Afinal, Serena odiava ser filha de Apolo pelo fato de que o deus a deixou no escuro e, muito provavelmente, a tinha feito com uma semideusa, filha de Afrodite, o que a tornava uma Legado.
Ser uma Legado era quase proibido, porque eles eram inconstantes e tinham mais poderes do que um semideus comum, apesar de Thalassa não conseguir entender como Serena poderia ser tão perigosa.
Tirando os olhos da mesa dela, Thalassa voltou a encarar Percy e esperou que ele a encarasse, com a testa franzida.
-Hm? Que foi?
-Vocês disseram que vai ter Caça à bandeira hoje, mais cedo, lá no deque. O que é Caça Bandeira mesmo?
-Estava ouvindo minha conversa com o Luke, é? - Percy revirou os olhos, mas assentiu. - Vai. Caça Bandeiras é uma dinâmica em grupo, praticamente dividimos o Acampamento em dois e tentamos capturar a bandeira do outro lado. É para treinar as habilidades de senso de equipe, de batalha e de estratégia.
-Você já jogou isso? - Thalassa perguntou, cruzando os braços sobre o peito, curiosa.
-Era bem comum quando cheguei aqui. A Annabeth é a maior ganhadora do Caça Bandeira que existe! - Percy declarou, com o peito estufado de orgulho, o que fez Thalassa sorrir. - Só que ficamos com muitos campistas, eu acho. Bem, acho legal Quíron e Dionísio estarem voltando com essas tradições aos poucos.
Thalassa assentiu, olhando ao redor de novo. Estava entediada e não queria mais almoçar, então se despediu de Percy - que sinceramente, parecia ter ficado bastante aliviado de não ter que responder mais mil perguntas por minutos - e decidiu ir caçar o que fazer.
De preferência, alguma coisa que envolvesse atividades físicas porque sua cabeça estava agitada e ansiosa demais.
Então, Thalassa começou a caminhar pela beirada da Floresta. Caminhar parecia melhor do que ficar parada, afinal, ainda tinha cerca de uma hora de descanso pós- almoço antes de retomarem as atividades físicas daquele dia.
Em sua cabeça, por mais que tentasse não ficar chateada, Thalassa estava se sentindo rejeitada. Não. Talvez, não fosse essa a palavra certa. Mas também, não sabia qual era.
Era difícil explicar seus sentimentos porque ao mesmo tempo que estava aliviada de saber que sua mãe estava bem, se sentia triste porque a mulher achava que nunca tinha tido filhos e nem mesmo fazia ideia da existência dela. Levou vinte e seis anos para descobrir quem era o próprio pai e ainda descobriu que era um deus e que era uma criança proibida. Ou seja: Nunca teria um relacionamento verdadeiramente paternal com ele.
Achou que tinha provocado a ira de Nêmesis, mas a Profecia dizia que precisava da proteção dela para seguir sua própria missão. Além disso, estava ansiosa e com medo.
Tudo bem, tinha sido treinada a vida inteira para se um dia, precisasse. Sabia luta corporal, sabia guerrear com espada, faca, manusear armas e até, estratégias de guerra. Mas nunca achou que ia sair das Ilhas Elysian e, de fato, usar seu treinamento.
Se Thalassa achasse que se jogar no mar e se afogar adiantaria, ela teria feito aquilo no mesmo instante. Não que seus pais fossem se importar ou que alguém sentiria muita falta dela, é claro. O problema era que, se Poseidon realmente precisava dela, nunca a deixaria se afogar, não é?
Antes que Thalassa, que já tinha se embreado em um bom pedaço da Floresta, se desse conta de que estava levemente perdida, ela escutou o inconfundível barulho de passos atrás de si.
Sem alterar o próprio passo, ela continuou andando, enfiando a mão na cintura para puxar a faca.
-Calma aí, ponha essa faca no chão, Querida!
Parando abruptamente, Thalassa se virou, mas não soltou a arma e nem relaxou. Afinal, não conhecia o homem que estava parado atrás dela.
Ele era alto e tinha porte atlético e estava vestido com calça e casaco de moletom cinzas. Tinha um nariz um pouco grande demais e um sorriso ladino que lembrou alguém que Thalassa conhecia, mas ela não se lembrava exatamente de quem. A barba por fazer e o cabelo penteado para trás davam a impressão de alguém que gostava de se cuidar, mas não tinha muito tempo.
“Sim, não gostamos de facas, criança! Abaixe isso!”
“George, a menina está assustada!”
Thalassa franziu a própria testa, sem entender de onde tinham vindo aquelas vozes sibilantes. Talvez, estivesse ficando maluca igual quando ouviu um Pégasus falando.
-Ah, mil perdões. - O Homem tirou um celular do bolso quando este começou a tocar, mas ele apenas desligou a ligação e ela pôde perceber duas cobrinhas se enrolando ao redor dela. - Afrodite está maluca atrás de uma encomenda de Perfume, mas eu não fui pegar ainda.
Thalassa deixou o queixo cair. Duas cobrinhas, uma encomenda e os sapatos com asas…
-Hermes?
O Homem sorriu, enfiando as mãos nos bolsos, e sumindo com o celular.
-Ah, que bom que me reconheceu! Abaixa a faca, Filha de Poseidon.
Thalassa não gostava da ideia de abaixar a faca, mas como ele era um deus, a garota o fez, embora, ainda a segurava com firmeza.
-Eu te assustei, não foi?
-Sim, Senhor. - Thalassa concordou, cruzando os braços a seguir. - Dizem que é perigoso ficar nessa floresta.
-E você vem aqui sempre. - Hermes sorriu, também cruzando os braços. - Gosto disso, sabia? Você é bem corajosa e não gosta de seguir regras. Igual seu pai e seu irmão.
Thalassa sentiu as bochechas queimarem e deu de ombros, encarando os próprios pés.
-Eu… Desculpe, sem querer ser indelicada, mas já sendo… Por que o Senhor está aqui? Achei que os deuses não podiam, sei lá, aparecer no Acampamento!
Hermes continuou sorrindo e a encarando como se ela fosse algo muito engraçadinho. E daí, ela percebeu quem Hermes lembrava, era claro. Luke. Era o mesmo sorriso e o mesmo olhar.
-Por que não? - Hermes franziu a testa e balançou a cabeça, chegando um pouco mais perto. - Na verdade, os deuses não gostam, mas não é proibido. Eu mesmo vivo aparecendo por aqui, seja para me certificar de que anda tudo bem, quanto para entregar recados, encomendas, decretos, materiais…
Thalassa assentiu, arrastando o pé no chão da floresta, fazendo com que as folhas secas produzissem um barulho característico.
-Hm…
-Mas é, Thalassa. Você tem razão…
“Ela é esperta. “
“Ela é bonita!”
-Que?
-Martha e George. - Hermes puxou o telefone e o transformou em seu caduceu, onde as cobras se entrelaçavam, acenando com a pontinha do rabo para ela. - Minha cobrasse falantes. Digam “Oi” Para a Thalassa, George e Martha.
Thalassa deixou o queixo cair, mas se recompôs a tempo de ouvir:
“Oi para Thalassa! Você tem um ratinho aí, Thalassa?”
“George, pelo amor dos Deuses… Me desculpa, querida. Ele é um abusado!”
-Ah, tudo bem… - Thalassa deu de ombros, meio sem jeito. - Mas não, infelizmente, não tenho nenhum ratinho…
“Droga, eu adoro ratinhos!”
-Já chega, me deixem falar com a Thalassa, por favor!
O caduceu virou um celular novamente e Hermes o enfiou no bolso, voltando a sorrir para Thalassa.
-Essas cobras falantes… Sabe como é, né?
-Ah, bem… Na verdade, não. - Thalassa respondeu, fazendo o deus rir.
-Verdade, né? Que cabeça a minha… Enfim! Onde eu estava, Thalassa?
Thalassa aguardou que ele terminasse de ajeitar a roupa e a encarasse.
-Você ia me explicar o que está fazendo aqui. Não aqui, Acampamento. Aqui, comigo.
-Bem direta. - Hermes assentiu, como se aprovasse. - Certo. Bem, então serei direto também, já que se eu não me engano, já notaram a sua ausência. Luke. Eu queria conversar com você sobre ele.
Thalassa ergueu as sobrancelhas ruivas, claramente surpresa. Então, viu um tronco de árvore partido, caído no chão, e acenou com a cabeça para Hermes, enquanto se dirigia ao tronco. O deus a seguiu e eles se sentaram, lado a lado, meio sem jeito.
Thalassa não sabia se deuses ficavam constrangidos, mas Hermes parecia um pouco quando a encarou. Apoiando os cotovelos em cima dos joelhos e cruzando os dedos, ele soltou o ar e falou:
-Eu sei que você sabe o que meu filho fez.
-Sei. - Thalassa assentiu, torcendo o lábio.
-E sei que, mesmo assim, escolheu confiar nele.
Thalassa analisou o olhar de Hermes. Era como se tivesse uma pergunta embutida nessa frase e, embora Thalassa não soubesse qual era a pergunta, ela assentiu e falou a verdade.
-Acho que, se vocês todos não soubessem que era possível que Luke mudasse e se arrependesse do que fez, vocês não teriam dado uma segunda chance a ele. Então… Sim, até que me prove o contrário, o Luke é tão digno da minha confiança quanto a Serena ou o Percy.
O sorriso que Hermes deu foi melancólico, apesar de ele parecer ter soltado o ar tão forte que ela teve certeza de que ele estava aliviado com a resposta.
-É… Às vezes, as pessoas merecem uma segunda chance. Mas… É difícil, sabe? Confiar novamente… Eu sabia que meu filho ia se transformar no Cronos, mas eu não fazia ideia de que ele pudesse ter um espírito tão forte que o expulsaria do próprio corpo. Você sabia que o Luke morreu?
Thalassa franziu a testa, negando. Seu corpo automaticamente chegou para mais perto de Hermes, interessada. Ele continuou.
-Por dois dias. A alma dele ficou entre o Submundo e o mundo mortal enquanto todos decidíamos se… Se valia pena que ele tivesse uma segunda chance. Mas veja, isso só foi possível pois As Parcas não cortaram o fio da vida dele. Elas sabiam que, se déssemos uma segunda chance ao Luke, ele… Poderia se redimir e ter uma vida longa.
Thalassa deixou a cabeça cair de lado, interessada demais no que Hermes tinha a dizer.
-Mas nem mesmo Zeus pode interferir na decisão delas, então teve que acatar o pedido de segunda chance e teve que ordenar que Hades enviasse a alma de Luke de volta para o corpo dele. Luke não sabe que isso aconteceu, nunca contamos que ele ficou entre a vida e a morte e muito menos, que foram as Parcas que se recusaram a atender Zeus e não cortaram o fio da vida dele.
-E por que eu sei disso? - Thalassa perguntou, hesitando.
-Porque você é o motivo pelo qual meu filho está vivo, Thalassa. Essa Profecia sobre você existe desde muito antes da Profecia sobre Percy. Se não fosse por ela e pelas Parcas saberem que o destino dele estava ligado diretamente ao seu, Zeus teria fulminado Luke mesmo ele tendo expulsado Cronos do corpo dele.
Thalassa prendeu o ar em seus pulmões por alguns segundos. Nunca tinha se sentido tão nervosa quanto naquele instante.
-Eu vim te ver, na verdade, para agradecer por você ser amiga dele. - Hermes deu de ombros, como se não fosse nada demais. - E para dizer para vocês dois tomarem cuidado. A Missão de vocês virá em breve e eu sei que, aparentemente, Nêmesis não é tão relevante assim quando se comparada aos outros Olimpianos e deuses menores, mas uma guerra é uma guerra. E as vezes, tudo que precisa para incendiar, é uma faísca.
Thalassa sabia do que ele estava falando, é claro. E coçou o pescoço, constrangida.
-Eu não sabia de nada disso quando fugi…
-Eu sei. Mas lembre-se: Não se culpe por isso, querida. Estava no seu destino. E no de Luke também.
Thalassa assentiu, observando Hermes puxar do seu lado uma caixa de papelão bastante embrulhada com fita adesiva e símbolos em grego. Bem grande, havia a frase “Olimpo Xpress, sua mais rápida fonte de entrega!”, o que a fez piscar, confusa, já que não tinha nada alí um segundo antes.
-O que é isso?
-Um presente. Para você e para o Luke. - Thalassa segurou a caixa que era leve e encarou o deus. Hermes continuou falando. - Ele não vai querer usar, você sabe. Ele mal quer ouvir meu nome e… Por mais que eu seja um deus e odeie ser acusado… Não vou tirar a razão dele. Um dia, Luke vai conseguir me entender, eu espero. Mas leve com você. Vocês dois vão precisar. Ah, e o mais importante: Eles tem um padrão anti-encantamento, viu?
Thalassa nao entendeu muito bem porque aquilo era o mais importante, mas mesmo assim, agradeceu. Sabia que ganhar um presente de um deus era muito importante e era raro, então se sentia grata por Hermes ter ido até ela, mesmo sabendo que, provavelmente, era só porque não poderia ir diretamente até Luke.
-Obrigada! Eu posso abrir?
-Claro, vai em frente!
Thalassa rasgou a caixa de papelão sob o olhar atento do deus e soltou um suspiro quando viu o presente. Eram dois calçados: Um salto enorme, cheio de brilhos, cujas tiras provavelmente iriam subir por seus tornozelos, enquanto o do lado eram um par de calçados italianos sociais, polidos.
-Vocês vão precisar deles, e não se preocupa com Serena. - Hermes piscou. - O Pai dela já está cuidando dela. Ah, claro… Que cabeça a minha! Pega seu sapato, Thalassa.
A garota obedeceu, tomando cuidado com as pedrinhas. Era a coisa mais linda que ela já tinha visto e, ao olhar para a sola do sapato, pôde ler “Sapataria Afrodite, moda Grega”.
-Basta dizer: Maya!
-Maya? - Thalassa perguntou, em dúvida.
A seguir, o sapato vibrou em sua mão. Dá parte de trás do salto, saíram asas. Eles bateram e Thalassa o soltou com o susto, mas os saltos ficaram ali, voando no ar, bem diante dela.
-O que…?
-Acredite, Thalassa. Vocês vão precisar disso. - Hermes pegou os saltos e murmurou Maya novamente, os guardando na caixa. - Ah, e eu tenho uma coisinha para você, também. Espera aí.
Thalassa estava impressionada. Enquanto observava Hermes tirar do bolso uma fita de embalagem e fechar a caixa, ela também observou ele puxar, do mais absoluto nada, um apito azul bebê e entregar em sua mão.
-Aqui, tome. É um presente do seu pai. Vai em frente, assopra!
Thalassa hesitou um único segundo, mas depois assoprou. Um som bem leve, quase como se fosse um assobio, saiu do apito, mas Thalassa teve a impressão de que somente ela poderia ouvir. A seguir, Hermes ficou encarando os céus, o que fez Thalassa olhar junto, perguntando:
-O que estamos esperando?
-Um minutinho… - Hermes acenou com a mão, exclamando. - Ah, alí está!
Thalassa viu ao longe. Parecia um avião contra o céu, o que era estranho, já que nunca tinha visto um avião sobrevoando aquela área. Mas então, o “avião” foi descendo e entrando em foco e, a seguir, ela percebeu que não era um avião.
Era…
-Oceana?!
Thalassa exclamou quando Égua-Pegasus Cor de Champagne e areia pousou a sua frente, relinchando. Hermes franziu a testa e encarou a égua, confuso.
-Vocês já se conhecem?
-Ela se apresentou para mim há dias atrás, mas achei que estava ficando maluca! Quer dizer… Eu estava falando com uma Égua!
Hermes franziu os olhos para a egua, como se aquele não fosse o plano, mas Oceana estava esfregando o enorme focinho em Thalassa, fazendo a menina rir.
-Essa égua abusada… Mas, sim, ela é um presente do seu pai, Thalassa. Feita especialmente para você. E não sei se o Percy te explicou, mas você não está louca, filhos de Poseidon podem falar com qualquer tipo equinos e…
-Thalassa!
Hermes perdeu a cor assim que a voz de Luke soou, ao longe. Então, ele catou a caixa de papelão e soltou um suspiro, virando para Thalassa.
-Eu vou levar isso aqui, mas assim que vocês precisarem, você pode ter certeza absoluta que eu vou enviar para vocês. E acho melhor eu ir indo, não quero estar aqui quando Luke descobrir que falei contigo. É um prazer conhecer você, Thalassa.
Thalassa queria fazer mais perguntas sobre tudo, mas até égua se despediu dela e estava esperando Hermes, então ela assentiu.
-O prazer é meu, Senhor Hermes. E muito obrigada pelos presentes e… Por confiar em mim.
Hermes sorriu de lado, como se soubesse algo que Thalassa não sabia e em um instante, tanto a égua quanto Hermes desapareceram em um brilho de luz.
No segundo seguinte, Luke apareceu na frente de Thalassa, de testa franzida e cara fechada, a encarando.
-Era Hermes aqui. Não era?
-Aí, que susto! - Thalassa reclamou, fingindo, enquanto tentava sorrir. - Ah, é você…
Luke continuou sem sorrir, parado, encostado de lado em uma árvore. Thalassa soltou o ar e assentiu.
-Ele veio me entregar um presente do meu pai.
-Presente do seu pai? - Luke ergueu a sobrancelha, surpreso. - Poseidon?
-E eu tenho outro pai?
-Ah…. Claro, perdão. - Luke descruzou os braços e cortou a distância entre eles, se sentando bem ao lado dela. - O que é?
Thalassa mostrou o apito e explicou que era uma Égua-Pégasus, que ela já tinha ouvido falar com ela, mas que tinha chegado à conclusão de que tinha ficado louca e isso pareceu distrair Luke do fato de que Hermes estava ali, segundos antes.
Pelo menos, por um tempo, já que assim que pôde, Luke a encarou, de lado, desconfiado, como se soubesse que ela não estava contando a história inteira.
Porém, isso só fez com que Thalassa ficasse encarando a cicatriz no rosto dele, sentindo um ímpeto de senti-la com os dedos.
-Lassie? O que meu pai falou de mim?
-Nada! - Thalassa desviou o olhar e limpou a garganta. - Bem, só que está feliz que eu seja sua amiga. Só isso. Ele estava com pressa para entregar um perfume para Afrodite também, sabe?
Luke assentiu, soltando o ar. Mesmo assim, olhou no fundo dos olhos dela e falou:
-Não sei porque você está mentindo para mim, mas tudo bem, entendo que não dá para falar absolutamente tudo. Só… Vamos voltar? A Caça à bandeira vai começar e achamos melhor deixarmos Annabeth e Percy serem os Capitães dessa vez.
Thalassa assentiu, guardando o apito no bolso da calça. Ela deixou Luke dar a mão a ela em um gesto bem automático, mas que a fez corar, e, encarando o chão, perguntou:
-Você está em qual time?
-Da Annabeth, é claro. - Luke respondeu, olhando para ela. - E você, no do Percy. Aliás, peço desculpas adiantado, mas você vai perder seu primeiro Caça Bandeiras, Lassie.
Thalassa ergueu o olhar pra ele, enquanto eles se afastavam do ponto de encontro da garota com Hermes. Então, Thalassa sorriu de lado e negou com a cabeça.
-Eu quem peço desculpas, Luke. Vai ser a primeira vez que Annabeth vai perder, então!
-Aham… Claro, vou deixar você sonhar, Princesa!
Thalassa revirou os olhos e continuou andando, mas tudo que sua cabeça conseguia pensar era que Luke estava vivo por algum tipo de Alinhamento Milenar entre os dois. Quer dizer… Eles estavam de mãos dadas, pele contra pele, sentindo o calor de suas mãos e se Thalassa não existisse, Luke também não existiria.
Isso a deixava mais assustada do que, chegar ao Pavilhão, e perceber todas as armas e escudos que os semideuses portavam.
Luke ainda estava de mãos dadas com Thalassa quando eles chegaram perto de Percy e Annabeth. Ele se virou para ela, murmurou um “Boa Sorte, Perdedora!” E fez algo que fez Thalassa corar até a raiz dos cabelos: Ele se inclinou e deu um beijo na bochecha dela.
Na frente de todo o Acampamento.
Na frente de Percy Jackson, que, ao ver, fechou a cara instantaneamente.
Thalassa não sabia como não tinha caído de joelhos com o beijo, mas de alguma forma, conseguiu apenas se virar e seguir na direção de Serena, para colocar o elmo e a armadura, evitando o olhar do seu irmão.
Oiie, Meus Xuxus 💘
Desculpem, semana passada foi minha segunda semana de aula, me embolei toda e ainda fiquei passando mal 🤡
Porém, hoje, quando abri o Wattpad, percebi que chegamos a 1k de leituras! 🥺🥺❤️😭 Obrigadaaaa, juro, eu tô MUITO feliz com isso, é pouquinho, mas para mim, tá maravilhoso!
Obrigada a cada um que lê, vota e comenta! Vocês são incríveis!
Ah, e antes que eu esqueça: Em comemoração aos 1k, teremos capítulo duplo! 🥳❤️
Ou seja, postarei um hoje e um amanhã!
Obrigada por estarem acompanhando, eu tô AMANDO ESCREVER ELES!
Até o próximo capítulo que vem amanhã, hein! Deixe anotado!
Beijos 💋 💋
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