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Jealousy

Eu respondo a mensagem de Taylor me perguntando como é que ela conseguiu o número do meu celular, mas então me lembro do óbvio.

É a Taylor.

Não é tão difícil para ela conseguir determinadas coisas. O meu número de celular certamente é uma dessas coisas.

Nós conversamos quase que a madrugada toda. E não é nada demais, é apenas uma conversa simples sobre a noite em si. Ela se mostra bem animada a respeito de ter sido anfitriã do MET Gala, mas em momento algum cita Tom, a dança com ele, ou mesmo Adam e o namoro dos dois. E eu não me vejo no papel de perguntar, porque ainda que a nossa conversa flua bem, parece que não temos mais tanta intimidade entre a gente - ao menos não como antes. O que é até normal levando em conta nossa distanciamento.

Quando o sol começa a aparecer no céu, Taylor se despede mas não sem antes perguntar se eu quero tomar um café com ela naquela tarde, e eu respondo que sim sem precisa pensar muito.

Por isso que às quatro da tarde de uma terça-feira eu estou nesse pequeno café em Tribeca, não muito longe da casa de Taylor. Ela está sentada de frente para mim, e está usando essa roupa mais simples - jeans em uma lavagem mais clara e uma camisa de botão branca. O cabelo dela está preso, e o rosto dela limpo, e ela está linda.

Mas até aí, nada é realmente novo.

Ela fala animada sobre o que tem feito nos últimos meses após o fim da 1989 World Tour, e eu escuto sem a interromper uma única vez porque estou realmente interessada.

O que acaba me chamando a atenção é que mais uma vez ela não cita Adam, e aí tem esse questionamento no fundo da minha mente de que "será que eles ainda estão juntos?" E parece mesmo brincadeira que quando penso nisso o celular acende. O aparelho dela está em cima da mesa, e quando a tela se ilumina eu consigo ler perfeitamente o contato "Adam" acompanhado de um emoji de coração vermelho. Taylor desvia a atenção para o aparelho mas não parece disposta a atender, e é por isso que eu pergunto "Não é importante?", E a resposta dela é um "não" tão rápido e sem emoção que fica nítido que alguma coisa está acontecendo.

— Tá tudo bem? — pergunto, e me parece uma idiotice de pergunta mas não sei que outro questionamento fazer — Em relação a... — aponto para o celular que ainda está recebendo uma chamada, porque aparentemente o Adam é insistente — Você não tem que responder, você sabe, eu s-

— Nós não estamos no nosso melhor momento — ela responde — E hoje de manhã nós brigamos porque... Bem, o vídeo que publicaram em que eu estava dançando com o Tom-

— Ele viu...

— Claro que viu... As meninas nos gravaram dançando e isso para o Adam foi algo horrível da minha parte, você sabe, estar dançando com outro cara que não ele.

— Vocês só estavam dançando — comento tentando amenizar as coisas, ainda que uma parte minha se lembre perfeitamente da cena e reconheça que Taylor e Tom estavam bem próximos.

Próximos quase como se eles estivessem juntos, e então tinha aquela mão dele na cintura dela, exatamente na parte que o vestido não cobria... Certo, eu não estou dando razão para o Adam.

Não estou, porque no fim isso é só essa gota de ciúmes dentro de mim falando mais alto.

Eu já neguei muita coisa nessa vida e me enganei em relação a outras, eu não vou ser hipócrita e dizer que a cena de ontem não mexeu comigo.

Meu Deus, Taylor foi realmente a primeira garota que eu gostei de verdade nessa vida. Isso não é o tipo de coisa que simplesmente se apaga e tudo certo, e eu entendi isso depois de algum tempo vendo que a garota simplesmente não saí da minha cabeça.

Longe dela eu consigo levar tudo como se esse momento da minha vida - eu e ela - fosse algo distante, minha atenção não se mantém nisso. Mas perto dela... Eu volto a ser a Elouise de 2013, em relação ao que sinto.

É uma merda.

— Eu sei — ela dá de ombros — E eu não fiz nada, o que me deixa bem tranquila em relação a isso tudo.

— Mas você, hm, você deveria atender e falar com ele — digo e nem sei porque digo isso — Quero dizer, ele ainda é o seu namorado. É uma merda deixar a situação continuar assim.

— Eu vou falar com ele — ela diz e eu observo a tela do celular em cima da mesa finalmente se apagar — Só não agora.

— Ele parece um cara legal — digo — Quero dizer, eu não conheço ele, mas eu vi algumas coisas sobre vocês e ele me parece um cara legal.

— Ele parece muitas coisas — ela suspira de leve — A maioria delas ele não é realmente.

— Por que eu sinto que tem muito mais nisso do que você está realmente falando?

Taylor respira fundo e então alcança o copo com café e bebe um pouco. Nós ficamos nesses silêncio por alguns segundos, e quando ele se quebra é ela quem fala.

— O Adam é complicado. Ele só... Ele é o tipo de cara que te engana bem.

— Como assim?

— No início tudo é perfeito e então quanto mais o tempo passa mais você entende que a pessoa que ele se mostrou ser não é nada parecida com quem ele realmente é.

— Isso é complexo, e me parece horrível.

— É só... Não é a melhor coisa do mundo — Taylor balança a cabeça negativamente — Mas não vamos falar disso, hm!? Falar do Adam é cansativo, e pensar nele tem sido cansativo também.

— Claro... — me ajeito de maneira quase desconfortável, me sentindo um pouco mal por entrar no assunto que entramos — Nós podemos falar sobre o que você quiser.

— Eu acho que você poderia me contar um pouco do que tem feito também.

— Eu não tenho muito pra dizer, e eu prefiro te ouvir falar, Tay.

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