Electric Circus
Taylor's POV
Acho que nunca passei por um verão tão complicado como esse de agora.
Com os ataques da mídia, as pessoas na internet falando sobre mim, toda a situação com Kanye e então Adam totalmente descontrolado me pintando como alguém que eu definitivamente não sou.
E claro que ainda tem a situação com Tom. O fato de que é muito perceptível a vontade dele em darmos um passo adiante na relação - como se termos começado isso no início do verão não fosse algum impedimento, como se não fosse uma indicação de que talvez tudo seja rápido demais.
Eu sei que ele comprou uma aliança e sei que ele tem levado ela para todo lugar, eu sei que ele só precisa de um momento certo para fazer o pedido que tanto quer fazer e eu sei que preciso colocar um fim nisso porque não é justo com ele - e não é justo comigo. Mas eu também sei que assim que eu fizer isso meus problemas vão se tornar maiores, eu já tenho enfrentado críticas demais para sequer pensar em mais críticas vindo por conta da minha relação com Tom, ou o fim dela.
As pessoas adoram ele, e aparentemente adoram me ver com ele.
Ele é esse resquício de algo bom na minha imagem recente, e me preocupa imaginar o que talvez aconteça quando terminarmos.
E ainda tem Elouise que não sai da minha cabeça.
Eu gosto dela.
Eu ainda gosto dela.
E voltar a ser amiga dela exatamente no momento em que Tom entrou na minha vida talvez tenha sido a pior decisão desses últimos meses. Porque somos amigas, e temos passado muito tempo juntas, o que me leva a realização óbvia de que ainda gosto dela, mas não posso fazer muito coisa quanto a isso, não agora e não com tudo que tem acontecido.
E é difícil não pensar nela quando eu me deito à noite. Tudo que me vem na cabeça são as mãos dela no meu corpo e é realmente estranho que eu pense nos lábios dela nos meus quando Tom se inclina para me beijar.
Ela é de longe tudo que penso.
É apenas triste o que eu tenho sentido, e é incômodo pensar que eu estou nessa situação em que eu precise fingir que nada disso é algo pelo qual estou passando, apenas por medo.
Medo de bagunçar mais ainda tudo isso.
Minha vida.
— Então... A situação com o Kanye, o que a Tree disse sobre isso? — Lou pergunta quando se encosta na parede, de frente para mim. Estamos bem perto, tentando fugir do sol que está forte, e ela segura esse copo médio com frappucinno que estamos dividindo.
Estamos do lado de fora do Starkbucks do posto de gasolina Gilmore, e paramos aqui depois de termos caminhado um pouco no Griffith Park.
— Ela disse que eu já dei minha versão do que aconteceu, então não tem muito o que fazer — dou de ombros.
— Oh, então é como "as pessoas acreditam no que quiser e tudo bem"?
— Algo assim. Sendo bem honesta, eu só estou tentando não pensar nisso.
— Bem, o cara foi um idiota de ter feito o que fez — ela diz, e eu consigo sentir esse tom claro de irritação na voz dela, o que me faz sorrir de lado - e claro que ela percebe — Por que você está sorrindo?
— Você está irritada — digo.
— E você não?
— Claro que eu estou mas é só- Você fica engraçada irritada.
— Legal que a minha irritação te faça rir — ela brinca e me estende o frappucinno depois de tomar mais um gole — Eu definitivamente estou aqui pra isso.
— Isso é totalmente o seu trabalho — brinco e ela ri de leve.
— Totalmente voluntário, mas é... Definitivamente é — ela diz e logo em seguida caímos em um silêncio. Não é nada incômodo e dura por alguns segundos, até eu tomar coragem para dizer o que acho que preciso dizer.
— Hm, eu acho que não te disse isso ainda mas obrigada por estar me fazendo companhia nesses últimos dias. As coisas não estão boas e ser vista comigo não é bom mas-
— Mas eu não ligo pra isso, Tay.
— Só que você deveria. Eu sei que você é quem é e... Bem, é só um timing péssimo.
— Não para mim — ela dá de ombros —Eu estou aqui, e eu não tenho planos de deixar de estar aqui. Nós somos amigas.
E é claro que somos.
Somos amigas.
• • •
É metade do mês de Setembro e eu estou uma completa bagunça.
O que já não é novidade alguma.
Eu perdi a conta de quantas vezes tentei terminar com Tom e simplesmente me faltou coragem. Também já perdi a conta de quantas vezes quis dizer para Elouise que gosto dela mas fiquei com medo demais por não saber o que esperar.
Gosto dela... Isso não é nem perto do que eu tenho sentido.
— Tá tudo bem? — Tom pergunta depois de algum tempo em que estamos no banco de trás do carro, voltando para casa.
Eu respondo que está tudo certo, e ele sorri de leve e então junta as nossas mãos, deixando um beijo leve no meu rosto.
Mas eu estou mentindo.
Nada está bem, e isso fica claro quando chego em casa e começo a chorar no quarto do andar de cima.
Eu estou sentada encarando a janela, e só não consigo parar de chorar.
Isso é algo que preocupa Tom, porque ele escuta meu choro do andar de baixo e logo está ao meu lado, me abraçando.
Ele tenta entender o que está acontecendo mas é realmente difícil parar e dizer "eu estou assim porque tenho mentido sobre o que tenho sentido. Eu tenho escondido alguns segredos, apenas para não destruir o que a gente tem, ainda que isso que temos não seja o que eu quero".
Quando eu me acalmo um pouco mais Tom volta a repetir a pergunta a respeito do que está acontecendo, e eu respondo com "é só coisa demais", e acho que ele entende que estou falando de todas as coisas que andam acontecendo com a minha imagem - e também estou, mas o ponto principal não é esse.
— Eu sei que é ruim ver o que falam d-
— Eu não estou falando só disso — comento tentando não pensar muito porque sei que se pensar um pouco mais eu não digo nada.
— Do que mais você está falando?
— Eu gosto de você Tom — digo e me afasto um pouco, cortando o contato entre a gente — Mas eu não- Eu não sou a pessoa certa para você.
— O que você quer dizer? — ele pergunta confuso.
— Eu gosto de você mas não do jeito que você gosta de mim, e não do jeito que você merece que gostem. Tom... você merece alguém que te ame, e eu não sou essa pessoa.
• • •
É final do verão quando eu me encontro com Elouise na casa dela em Los Angeles.
Duas semanas depois do fim do meu namoro com Tom, que terminou estranhamente bem. E me tirou um peso enorme, porque esperar mais um pouco talvez significasse magoar ainda mais ele, e acho que eu já fiz besteira o suficiente.
Eu e Lou estamos falando sobre qualquer coisa aleatória e, como sempre é com ela, o clima em si é leve. Nós estamos rindo e eu não consigo parar de prestar atenção nos detalhes dela, porque tudo é incrível.
Então tem essa virada de assunto em que estamos falando de Tom e de como tudo terminou, e então falamos de Adam e em algum momento eu assumo que meus últimos relacionamentos foram complicados, e Lou começa a falar dos últimos relacionamentos que teve - e que eu não tinha ideia sobre - e eu apenas escuto, mas em determinado momento eu me perco completamente.
Porque estamos uma ao lado da outra, nossos ombros estão se encostando e eu tenho meu rosto virado para observar ela. E eu faço isso, eu presto atenção em tudo.
Ao ponto de que apenas mergulho nela e em tudo que ela faz e sem nem conseguir me controlar eu me vejo dizendo-
— Eu ainda te amo, Lou — e isso sai tão simples mas totalmente sem controle. Nos primeiros segundos eu pareço não ter ideia do que digo mas então logo entendo e acabo desviando meu olhar, porque não quero ter que encarar Elouise.
Eu disse que amo ela, algo que eu não disse nem quando estávamos juntas, mas não tem como fingir que isso não saiu da minha boca.
Porque é verdade.
— Taylor? — ela pergunta talvez tentando entender se ouviu certo e eu espero realmente que ela vá falar que não sente nada, que nosso tempo passou e passou de vez, que isso não pode estar acontecendo e fico triste só de pensar nisso. Eu desvio meu olhar de volta para ela e suspiro de leve quando meus olhos encontram o dela.
E tudo é tão estranho.
Porque Lou balança a cabeça de leve e olha pra cima por alguns poucos segundos, e eu então reparo que ela está sorrindo, e eventualmente ela me olha, ainda com esse sorriso no rosto.
E sendo bem honesta, tem essa sensação de alívio dentro de mim mas eu não tenho ideia do que esperar a partir disso.
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