Apathy Dance
Eu tento sorrir, mas o sorriso em si mal chega até os meus olhos. E isso é tão claro para mim que eu fico com medo de que as pessoas percebam.
Mas isso não acontece.
Jack está ao meu lado. Estamos na frente dos jardins do Palácio de Kensington, de frente para um dos grandes portões, e tem esse amontoado de jornalistas e fotógrafos, ansiosos para registrar o momento.
O anúncio do noivado saiu há pouco menos de um dia, e as pessoas ainda estão alvoraçadas. Todos parecem animados, não só a imprensa, mas a minha família também - com exceção de Harry, William e Kate, que julgam a decisão algo precipitado. Mas sendo sincera, já não me vejo com ninguém se não Jack. Ele me entende, temos conversas boas e é alguém que eu sinto que consigo amar. Com ele tudo parece fácil, e eu posso fazer uso dessa facilidade, ao menos por agora, porque por muito tempo tudo foi complicado demais.
E eu estou realmente cansada.
Minha mão está entrelaçada a de Jack. Eu uso esse sobretudo em um tom escuro, e ele está amarrado escondendo o vestido preto por debaixo. Jack está com esse terno em um tom de azul mais escuro, ele usa uma camisa social branca por baixo e a gravata preta dele está muito bem arrumada - graças a mim, porque ele é péssimo com essas coisas. Nós estamos de frente para os jornalistas, com apenas o pequeno lago artificial do jardim os separando de nós dois. Tem muita gente aqui, e eu já estou acostumada com isso, mas sei que Jack não. Ele parece um pouco apreensivo, mas é muito clara a expressão de felicidade no rosto dele.
— Parabéns pelo noivado — uma das jornalistas diz — Jack, como você está se sentindo?
— Muito feliz — ele sorri de leve — Eu estou realmente muito feliz.
— Elouise, e você?
— Eu digo o mesmo — sorrio, ou tento, sorrir de leve — Eu estou muito feliz.
— E nos diga, Jack, como você fez o pedido?
— Eu o fiz algumas semanas atrás, foi algo bem simples.
— Foi romântico?
— Eu espero que tenha sido — ele brinca, o que faz algumas pessoas rirem pelo momento.
— Elouise, você pode nos mostrar a aliança?
— Claro — digo e então coloco minha mão à mostra, por poucos segundos apenas.
— Certo, podemos tirar algumas fotos? — um homem pergunta, e eu apenas sorrio de leve, guiando Jack até as escadas.
Subimos dois ou três degraus e então nos posicionamos centralizados de frente para o portão adornado enquanto vemos as pessoas começarem a nos fotografar. Eu aceno de leve, ainda com um sorriso no rosto, e Jack faz o mesmo.
Nós nos encaramos por alguns segundos, entre uma foto ou outra, e olhando de fora a impressão que passa é a de que estamos verdadeiramente apaixonados.
Pouco menos de um minuto depois, eu e Jack estamos fazendo nosso caminho de volta para Nottingham Cottage pelos portões dos Jardins. Quando passamos por entre o espaço entre os jardins e a entrada dos apartamentos, eu consigo ver a quantidade de pessoas que estão do lado de fora da propriedade seguindo o anúncio do noivado, e não deixo de acenar como forma de cumprimento, e Jack faz o mesmo.
James nos encontra na entrada de Nottingham Cottage e ele sorri de leve abrindo a porta de entrada.
— O entrevistador da BBC já está esperando por vocês — ele avisa — A entrevista não deve demorar muito, e ele provavelmente vai querer saber os detalhes do noivado, mas não será nada invasivo.
— Obrigada, James — digo e ele apenas acena.
— Vamos, eu vou acompanhar vocês.
Quando colocamos os pés na sala principal, tem esse homem alto e de cabelos castanhos muito bem penteados. Ele não parece ter muito mais que quarenta anos, e eu sei que já o vi em algum dos programas da BBC, só não consigo me lembrar ao certo qual.
Nós o cumprimentamos e após alguns minutos ajeitando tudo que precisa ser ajeitado, eu e Jack nos sentamos no sofá branco, um ao lado do outro. Ele segura minha mão no colo dele e sorrimos quando o Michael - o entrevistador - faz a chamada inicial antes de começar as perguntas.
— Sua Alteza Real, Jack Lowden, parabéns a ambos.
— Obrigada.
— Podemos começar com o pedido e o momento do noivado. Quando isso aconteceu? Como isso aconteceu?
— Aconteceu há algumas semanas, no meu apartamento em Knightsbridge; apenas uma noite típica para nós — Jack responde.
— Apenas uma noite simples, foi - o que estávamos fazendo? Estávamos apenas cozinhando e...
— Tentando fazer uma torta.
— Sim, e foi apenas - uma surpresa incrível, foi tão doce e natural e muito romântico. Ele se ajoelhou.
— Claro, eu precisei fazer isso.
— Foi um sim imediato vindo de você?
— Sim, eu mal consegui deixar ele terminar de propor. Eu disse: "Posso dizer 'sim' agora?".
— É verdade, ela nem sequer me deixou terminar. Ela disse: "Posso dizer que sim? Posso dizer sim?" e depois foram abraços e eu tinha o anel na minha mãe e pensei: "Posso - posso lhe dar o anel?". Ela disse: "Oh sim, o anel". Então não foi - foi um momento muito bom, éramos só nós dois e acho que eu consegui pegar ela de surpresa também.
— E isso vem quanto tempo depois de vocês se conhecerem e terem começado a namorar?
— Oh, hm, acho que um ano e meio, um pouco mais do que isso? — digo, sem tanta certeza.
— Hm, sim, acho que... Apenas cerca de - seria cerca de um ano e meio, sim.
— O que para a maioria das pessoas parece ser algo rápido, digo, seu irmão levou pouco mais de sete anos até decidir se casar. Vocês acham que é tudo muito rápido?
— Eu não acho que seja, não. Acho que conseguimos realmente ter tanto tempo só para nos conectarmos e então é assim - nós fizemos funcionar.
— E como vocês se conheceram pela primeira vez?
— Ah sim, nós nos conhecemos - fomos apresentados por um amigo em comum, que - vamos ...
— Não vamos falar dele, vamos proteger a privacidade e não revelar muito disso — eu digo.
— Vamos proteger sua privacidade, sim. E - mas foi - foi literalmente - foi através desse amigo e depois nos encontramos uma ou duas vezes aqui na cidade mesmo. E então se passaram três, talvez quatro semanas quando viajamos para visitar minha família na Escócia. E nós - acampamos um com o outro sob as estrelas, passamos um bom tempo juntos- ela foi e ficou comigo por cinco dias lá, o que foi absolutamente fantástico. Assim, ficamos realmente sozinhos. O que eu acho que foi crucial para mim para garantir que tivéssemos uma chance de nos conhecer.
— O amigo que apresentou vocês, ele estava tentando fazer isso funcionar?
— Sim, foi definitivamente uma armadilha — solto um riso de leve — Foi um encontro, definitivamente. Eu não sabia muito sobre ele, e por isso a única coisa que perguntei quando esse amigo disse que queria nos apresentar, foi, eu tinha uma pergunta. Eu disse: "Bem, ele é legal?". Porque se ele não fosse gentil, simplesmente não fazia, não parecia que faria sentido e então, fomos e nos encontramos para uma bebida, e então eu acho que dissemos: "Bem, o que vamos fazer amanhã? Deveríamos nos encontrar novamente".
— "O que vamos fazer amanhã? Vamos nos encontrar de novo". E depois foi algo como "É, vamos fazer isso mais uma vez".
— Mas no caso de seu relacionamento, ao contrário da maioria das pessoas, tem toda essa camada do que significa se envolver com alguém da família real. Quanto você sabia, Jack, em relação a grandeza que é isso, e o que isso poderia significar para sua vida?
— Sendo bem honesto, eu não tenho ideia do que me espera. Quero dizer, acho que tem essa concepção errada de que, por ter trabalhado na indústria do entretenimento, isso é algo com o qual eu estou familiarizado. Mas mesmo estando nos palcos há alguns anos e pouco mais de três na televisão, eu nunca fiz parte dessa cultura que envolve a imprensa. Nunca estive na cultura pop a esse ponto e eu vivi uma vida relativamente tranquila até aqui, acho que me concentrei tanto em meu trabalho que não quis prestar atenção nessa outra parte. Mas, não sei, acho que fomos atingidos no início com um monte de artigos, as pessoas pareciam animadas com o nosso namoro mas eu nunca li nada, positivo ou negativo. Só, não fazia sentido e, em vez disso, eu concentrei minha energia na Elouise, eu quis ser alguém bom para ela.
— Vocês já conheceram as famílias um do outro, eu imagino?
— Sim. A família de Jack sido tão acolhedora e... Eu adoro eles!
— Você conheceu praticamente todo mundo — Jack comenta, e quando o olho ele tem esse sorri calmo nos lábios.
— Eu conheci! De ambos os lados de sua família.
— E em relação a você, Jack? Você conheceu a família dela?
— Claro, e, hm, a família dela tem sido ótima. No último ano passamos um bom tempo nos conhecendo e eles me ajudaram a me sentir parte não só da instituição, da coroa, mas também parte da família, o que tem sido muito, muito especial.
— Você já conheceu a Rainha?
—Já conheci, sim.
— Vocês se encontraram algumas vezes — comento.
— Pois é, algumas vezes.
— E Como foi isso?
— Incrível, eu acho, você sabe, é realmente especial poder conhecê-la através do seu olhar, não apenas com a honra e todo o respeito por ela como monarca, mas com o amor que a Elouise tem por ela como avó, todas essas camadas foram tão importantes para mim que quando a conheci tive uma compreensão tão profunda e, claro, um respeito incrível por poder ter esse tempo com ela. E tivemos momentos realmente incríveis - ela é - ela é uma mulher incrível.
— E como foi apresentar o Jack ao seu pai e aos seus irmãos?
— Como foi? Foi divertido, quero dizer, eu - você sabe eu estava vendo o Jack por algumas semanas quando eu contei sobre para os meus irmãos. E então William estava ansioso para conhecer ele, assim como Catherine e Harry. Então, sendo meus vizinhos, nos encontramos todos juntos algumas - bem, algumas vezes agora, e Catherine tem sido absolutamente ...
— Ela tem sido maravilhosa — Jack comenta — Eu sinto que ela tem ideia do que é estar na minha posição, obviamente, e nós temos essas conversas incríveis. Ela é incrível!
—... Incrível, assim como William também, você sabe, tem sido um apoio fantástico. E então meu - meu pai também, tivemos alguns encontros ... Alguns chás e reuniões e todos os tipos de reuniões na casa dele também. A família está bem unida, e tudo tem sido absolutamente, você sabe, um apoio sólido e meus avós também tem sido maravilhosos durante todo esse processo e eles já sabem sobre o que temos há bastante tempo. Mas, é, hm, agora toda a família se uniu e tem sido um enorme apoio.
— Eles têm sido incríveis.
— E Jack, seus pais, você acha - você sabe, embora eles estejam contentes por você obviamente, você acha que eles estão preocupados com o tamanho da situação em que você está se metendo?
— Bem, tenho certeza de que no início, tanto meus pais quanto meus amigos íntimos estavam preocupados, porque fomos rapidamente inundados por uma tempestade da mídia que, como eu compartilhei, não fazia parte de minha vida antes disso. Mas eles também nunca haviam me visto tão feliz, então acho que não tem tanta preocupação quanto a isso.
— Certo, hm, e o seu anel, Elouise. Nos conte sobre seu anel.
— Acho que o Jack deveria falar sobre isso.
— Ah, certo, o anel é - é obviamente ouro branco porque é o seu favorito — ele diz com o olhar preso ao meu, mas logo desvia a atenção para Michael — A a pedra principal em si eu adquiri em Gales, quando fizemos aquele trabalho voluntário no último verão. Já os pequenos diamantes de cada lado são da coleção de jóias da mãe da Elouise, eu pedi permissão para o William e para o Harry, e eles me concederam, eu só... Não sei, eu queria ter certeza de que ela está com a gente nessa viagem maluca juntos. E ...
— E o que significa para você, Elouise, ter essas pedras no dedo que uma vez pertenceram à sua mãe?
— Eu acho que... É incrível, de certo modo saber que ela faz parte disso. E é - é incrivelmente especial.
— O que você acha que sua mãe teria pensado de Jack, ou dito sobre ele?
— Oh, ela diria apenas coisas boas. Eles se dariam bem, sem dúvidas. Eu acho que ela estaria encantada, extremamente entusiasmada por mim, ela teria sido a melhor amiga dele nesse momento. E, você sabe, são esses momentos quando eu realmente sinto falta de tê-la por perto e sinto falta de poder compartilhar essas notícias. Mas você sabe que com o anel e com tudo o resto que está acontecendo, tenho certeza de que ela-
— Ela está aqui com a gente — Jack diz.
— Tenho certeza de que ela está aqui com a gente, sim, você sabe, feliz com isso.
• • •
— Ele está aqui? — Harry pergunta assim que coloca os pés na sala de Nottingham Cottage.
— Com "ele" você quer dizer o Jack?
— Oh, é, esse cara — ele dá de ombros.
— Você sabe que em algum momento vai precisar aceitar que vamos nos casar, né!?
— Preciso mesmo? — ele pergunta irônico. Harry toma o espaço em uma das poltronas e eu me sento de frente para ele, no sofá branco, com apenas a mesinha de centro nos separando — Já tem um mês que eu sei da notícia e eu estou incrivelmente bem sem aceitar isso.
— Harry...
— Eu não tenho nada contra ele, é bom deixar claro. Ele é um cara legal, tão legal que o William deixou ele te pedir em casamento usando alguns dos diamantes da mamãe — ele diz — Você sabe, eu só não acho certo você se comprometer com alguém sem amar a pessoa. Nós já vimos isso acontecer e você sabe como as coisas acabaram — eu sei exatamente sobre quem ele fala, mas não digo nada, porque não sei ao certo o que dizer — Enfim, o Jack está aqui?
— Lá em cima — respondo e aponto para o andar de cima — Ele está ajeitando algumas coisas no quarto, tentando arrumar espaço para as coisas dele.
— Ele sabe que não precisa fazer isso né?
— Ele gosta de fazer as próprias coisas — dou de ombros.
— Claro que gosta...
— O que você veio fazer aqui, afinal?
— Eu estava sozinho em casa mas eu não queria ficar sozinho em casa, então... — ele sorri de leve — Aqui estou.
— Você s-
— Lou! — a voz de Jack me interrompe, e eu de imediato reparo no tom beirando o irritado que ele carrega.
Quando me viro na direção das escadas, vejo Jack terminando de as descer.
Ele tem o olhar realmente irritado, e um tanto quanto confuso, mas não é nisso que me foco, e sim nas polaroids que ele carrega nas mãos.
Várias.
E eu sei exatamente de quando são.
Jack parece pronto para falar algo mas quando ele repara que Harry está na sala, ele suspira de leve e pergunta: — Podemos conversar? Sozinhos.
— Jack-
— Por favor, Lou — ele pede.
— E-Eu vou-hm —Harry se levanta e aponta na direção da biblioteca. Antes de fazer o caminho até lá, ele passa por mim e deixa um beijo na minha cabeça, e sussurra um "qualquer coisa me chama" que eu respondo com apenas um aceno de leve.
Assim que Harry some de vista, Jack se coloca a falar.
— Porque exatamente tem várias fotos com a... — ele estende algumas das imagens — Com a Taylor. Vocês se abraçando, vocês aqui em Nottingham Cottage, vocês em West End... Deus! Vocês duas se beijando, e isso aqui- Lou, vocês se conheceram na época que ainda estávamos juntos, antes daquele tempo sem sentido que você pediu. Aquilo... Aquilo foi por causa dela?
— Jack-
— Lou, eu só preciso de uma resposta, é sim ou não, não é tão difícil — ele diz, e ele carrega esse tom trêmulo e eu sei que é nervosismo. Eu não estou tão diferente.
— Sim — respondo, e mal consigo encarar Jack nos olhos. Nós dois estamos de pé, a distância entre a gente é enorme e eu não tenho muita ideia do que fazer ou do que esperar, então continuo falando porque já não parece ter sentido esconder as coisas — Eu conheci ela no último ano.
— No White Gala.
— Sim, e, hm, não sei... Nós nos envolvemos, mas não foi certo com você, por isso eu terminei — digo, como se isso fosse o suficiente para consertar a situação.
— E aí quando tudo deu errado com ela você voltou para mim e eu, como o bom idiota que eu sou, aceitei sem dizer um "a".
— Não foi bem assim, Jack-
— Me parece ter sido exatamente assim. Você ficou com ela estando comigo, e eu tenho certeza de que se as coisas para vocês tivessem funcionado eu não estaria aqui agora — ele diz e eu já não sei dizer ao certo se o tom dele é mais irritado do que triste, ou um misto das duas coisas.
— Nós vamos nos casar, Jack. As coisas que aconteceram já passaram, eu escolhi estar com você e-
— Lou, isso é insano. Nós vamos nos casar mesmo!? Porque sendo sincero, eu já não tenho certeza disso. Minha mente está uma bagunça porque eu encontrei fotos suas com outra garota e olhando pra isso... Lou, olhando pra isso é tão nítido a situação. Você nunca olhou pra mim do jeito que você está olhando pra ela aqui — ele estendeu uma das fotos, e eu vejo que é a que tiramos no sofá dessa mesma sala — E o fato de que você ainda guarda isso... Você ainda gosta dela?
— Jack-
— Sim ou não, Elouise.
— Eu não sei — dou de ombros, e realmente não sei. Tem tanto tempo que tudo aconteceu que não parei para pensar sobre.
— E você gosta de mim? Você me ama?
Eu suspiro de leve, e fecho os olhos por alguns segundos, pensando que nada disso é realmente certo com Jack. Nem um mísero ponto dessa história.
— Não sei, Jack. Eu realmente não sei.
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A coisa triste disso aqui é que eu realmente gosto do Jack
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