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Obsessão, Odiosa Obsessão - Parte 3

Existiam muitos quartos, legal Ellyus, como vai fazer para saber em que quarto sua irmã está. Chegamos na porta do seu e entramos, o quarto era tão lindo, quanto o resto da casa também bem decorado em um tom neutro, claro, até lembrava os dias que eu passei a frequentar a casa.

— Gostou da reforma que fiz em nossa casa? Vamos passar bons momentos aqui.

— Hum... Sim!... — Digo envergonhado de tudo o que fizemos no passado nessa casa e nesse quarto.

— Ahhh!! Por que está envergonhado. Você curtiu cada minuto, todas as drogas que lhe ensinei a usar e claro, todo o prazer que lhe fiz experimentar nesse corpo magnífico que possui. — Linda diz apertando meu membro.

— Qual filme vamos ver? — Pergunto novamente me afastando.

— Qual gostaria, tenho de todos os tipos... Até os nossos filmes juntos. Sei que o ameacei dizendo que iria entregar para os abutres, mas eu estava blefando. Jamais deixaria que alguém o visse todo o seu vigor na cama. — Ela me olhou maliciosamente e se senta na cama. — Sabia Ellyus, que você é uma delicia, queria muito transar com você novamente, podemos realizar alguma fantasia ou mesmo algum sonho seu. Como ela falava aquelas coisas e nem ficava com vergonha, ela achou mesmo que eu gostava daquela vida. Eu era um viciado, tanto nas drogas como em sexo.

— Vamos assistir um filme de comédia, eu adoro comédia. — Vou até a estante onde se encontrava os filmes e fico procurando um que me agrade.

— Olha! Achei, este aqui... Eu adoro essa temática, é muito engraçado, vamos ver esse?

— Ok, Ellyus... Percebi que você está bem diferente, bem mais tímido do que eu me lembrava, essas coisas só depois do nosso casamento! — Linda fala rindo e se encostando na cabeceira da cama me deixando sem ação.

— Casa.... casamento? — Digo mais nervoso.

— Sim, Ellyus ou acha que vou deixa-lo escapar de mim outra vez. Sua irmãzinha pode ser a nossa dama de honra, o que acha?

— Pronto o filme vai começar. De repente ouço um barulho de algo caindo no quarto ao lado. — Linda, o que foi isso? — Pergunto e ela fica nervosa.

— Na... nada Ellyus, deve ser uns livros que estavam mal colocados, ou mesmo o gato que adotei. Vem vamos assistir o filme. — Linda sorri mais nervosa. Me sentei próximo dela e a mesma, deitou sua cabeça em meu ombro, fiquei tão desconfortável, mas fazer o que né, o filme ia passando e percebo que Linda começa a cair no sono profundo! Só precisava agora que ela dormisse para eu pudesse, ver se Ella estava aqui. Pois Linda sempre detestou animais e jamais adotaria um. Quando percebo que ela está cada vez mais sonolenta decido, deita-la na cama e a mesma acaba dormindo. Me levanto, e saiu do quarto a passos lentos, olho ao redor e penso, de qual dos quartos veio o barulho.

— Vamos Ellyus, são 6 portas, dele deve estar em uma próxima, se não o barulho teria sido mais baixo.

Vou no quarto ao lado e a porta estava aberta, mas não havia ninguém lá, vou em mais uma porta e de novo vazia. Resolvo então chamar Ella, ela conhece minha voz, vai saber que sou eu.

— Ella! Ella! sou eu Ellyus, por favor se estiver me ouvindo faça algum barulho, não muito alto e claro. Ouço um grunido como se fosso alguém tentando falar com a boca tampada, sigo o som que vinha do ultimo quarto do corredor, para minha sorte a porta também estava aberta e eu entrei e vi minha irmã, ela estava presa em uma cadeira, seus pés e mãos amarrados e em sua boca um pano branco manchado de sangue. O que aquela vadia fez com minha irmãzinha! Seu rosto e braços estavam machucados também, e ver aquilo doeu em mim...

— O que ela fez com você pequena? Oh Meu Deus! — Digo sentindo minhas lágrimas quentes deslizar por meu rosto e a abraço forte. Ella também começa a chorar.

— Fique calma, vou solta-la e vamos sair daqui? — Explico e retiro o pano de sua boca.

— Ellyus, nem acredito que você está aqui! Achei que fosse morrer. — Ella diz e suas lágrimas só aumentam e as minhas também, a abraço mais uma vez.

— Claro que eu viria, nunca abandonaria você maninha, nunca!... Você sempre esteve do meu lado, me dando apoio e equilíbrio. — Começo a desamarrar suas mãos.

— Ellyus, Ela é louca... louca! Agora sei o que passou nas mãos dela. Linda me disse que ela é a minha mãe. Diz que isso é mentira. — Ela começa a soluçar. — Ela também me acusou de tentar roubar você dela.

— Acalme-se, vai ficar tudo bem eu estou aqui, e ela vai pagar por todo mal que nos fez. Esqueça tudo o que a Linda lhe disse. — Falo cerrando os dentes de ódio, e agora soltando seus pés.

— Então é assim, Ellyus que você me agradece! Depois de eu só te dar amor? Realmente vai me trocar por essa bastarda. Eu que estava certa quando a abandonei naquele maldito internato. Mas quem poderia imaginar que logo a família Savalla Casquel iria adotar essa maldita! — Ouço a voz que menos queria neste momento, termino de soltar Ella e a mesmo se levanta com certa dificuldade, devido ao corte em um de suas coxas.

— Linda, você é um mostro... Como acha que eu te amaria algum dia? Olha o que fez com o minha irmã! Respondo trasbordando de ódio e fechando meus punhos com raiva.

— COMO PODE! COMO PODE.... Brincar com os meus sentimentos outra vez, eu vou te matar Ellyus! E matar essa maldita bastarda. Como eu me arrependo de não tê-la abortado no passado, assim teria me poupado inúmeros problemas. — Linda corre em minha direção e percebo que está com uma faca em uma das mãos, ela pula em cima de mim, e isso me desequilibra fazendo com que eu quase caísse, mas graças a Ella que estava ao meu lado, me segura evitando meu tombo. Empurro Linda para frente assim que volto ao meu lugar, a fazendo bater na cadeira antes ocupada por minha irmã, e a faca cair de sua mão, ficando próximo a meu pé, descido então pega-la.

— Vamos logo, acabe comigo de uma vez, você já destruiu minha vida mesmo. — Linda gritava chorando.

— Para de dizer essas coisas, você se destruiu sozinha... Olha o nível que você chegou de obsessão, eu acreditava que você era uma pessoa doente, que precisava de tratamento, mas você já passou desse nível... Você sequestrou e torturou minha irmã! Você é uma criminosa que deve ser presa! — Digo perdendo o controle de minhas emoções também.

— CALA BOCA, CALA A DROGA DESSA BOCA! TUDO QUE EU SEMPRE QUIS, FOI O SEU AMOR... MAS VOCÊ SÓ ME REJEITAVA! A única solução que eu achei, foi tirar alguém que você amasse, assim você sentiria o que eu sinto, que é viver sem alguém que amo... — Linda explica chorando mais ainda.

— Olha, Linda eu cheguei a entender os seus sentimentos e a amá-la tanto, mas isso acabou... eu sou grato pelo que tentou fazer por mim no passado, por seu amor e me deixar fazer parte da sua vida. Mas o que fez é algo imperdoável... Se você realmente me amasse como diz, nunca teria feito nada disso que fez comigo. Jogo meu celular para Ella chamar a polícia e por descuido meu, Linda consegue pegar um de seus instrumentos de tortura e me cortar no braço, empurro Ella para a porta dizendo para ela correr e não olhar pra trás. Ella faz isso enquanto Linda tenta me cortar novamente, mas não consegue e eu acabo cortando seu rosto ao tentar tirar o bisturi de suas mãos. Caio no chão e o bisturi cai um pouco longe de mim. Linda crava um dos estiletes, sim agora eu o via em minha perna e um grito de dor escapa de minha boca.

— É o seu fim, Ellyus... Eu lhe disse para me matar, quando teve chance. — Linda então segura outro estilete nas duas mãos e iria crava-lo em meu coração, se Ella não houvesse voltado, ela bateu na cabeça de Linda com a cadeira. Linda caiu em cima de mim, mas como eu havia conseguido pegar a faca... ela acabou caindo em cima dela também e acabou morrendo. Fico assustado por ter seu corpo sem vida em cima de mim e seu sangue, molhando meu corpo. Ella a tira de cima de mim, e me ajuda a levantar e eu a abraço tremendo.

— Muito obrigada, por me salvar maninha, muito obrigado! — As lágrimas saem de meus olhos, sem controle nenhum.

— Só retribui o que fez por mim, Ellyus! — Ella também começa a chorar. — Eu não queria que isso tivesse acontecido assim.

— Nem eu, pequena!

A polícia chega, e nossos familiares e amigos também, Damon e os meus pais nos abraçam assim que nos encontram, nunca senti tanta saudade de ver aqueles rostos tão conhecidos, e pensar que minutos atrás eu talvez nem fosse ver eles novamente.

Mal dou um passo em direção a saída e desabo no chão desmaiado.

Um Ano Depois...

Fazia um ano desde a morte de Linda, eu me sentia mal... por ela ter morrido, nunca desejei isso para ela... Mas é como dizem "Aqui se faz, aqui se paga". Desde aquele dia voltei a passar com psicólogo, Ella também. Minha amizade com os meus pais adotivos só aumentou e prometemos nunca escondermos os problemas uns dos outros, nosso sucesso também cresceu de uma maneira que nunca imaginamos. E estamos nos preparando para a expansão da nossa multinacional de Modas e Comunicação, eu estou tão feliz... os meus amigos também. Ah! E eu comecei a namorar com uma atriz, eu finalmente achei alguém que me fizesse bem, achei não... já que ela sempre esteve ao meu lado, o grande amor da minha vida ainda não tenho certeza... não podia pedir mais nada, agora tudo estava perfeito e eu poderei voltar a me concentrar na minha vida empresarial.

O serviço de meteorologia alertara a população sobre a baixa temperatura em 10 de janeiro, quando chegou a -15ºC. E a possibilidade de fortes tempestades de neve na cidade. Mas, ao que tudo indicava, apenas algumas localidades não seria atingido por essa última tempestade de inverno deste ano.

Na sexta-feira à tarde, porém, houve uma mudança na temperatura e na direção dos ventos e, ao entardecer, as estradas que ligavam a região leste da cidade estavam cobertas de neve. A visibilidade era péssima e por isso só quem tinha muita urgência em chegar ao centro se arriscava a guiar naquelas condições. Muitos motoristas resolveram parar pelo caminho ficando hospedados em hotéis ou pousadas das cidades vizinhas.

Um Jaguar esporte Xe 1982 2.0 Turbocharged R-sport 240cv vermelho movia-se silenciosamente através da neve. O motorista inclinava-se para a frente, olhando com atenção através do pára-brisa, que os limpadores lutavam para manter desimpedidos, procurando algum ponto de referência para não se desviar da estrada. Suas mãos seguravam o volante com a força que lhe dava certo medo. Nesse momento, daria um ano de seu salário para estar a salvo, confortavelmente sentado a uma mesa diante de um copo de vinho tinto e em frente de uma lareira. Mas, há uma hora, a tempestade não lhe parecera tão forte. Além disso, o Sr. Lancellotti, seu chefe e sua irmã, Ella, deveria estar no estúdio ao entardecer para as filmagens.

Ella estava fazendo uma pequena participação numa mini série e estava muito empolgada contando ao irmão de um roteiro que ela mesmo havia escrito.

— Você só pode estar brincando?

— Claro que não estou. Disse Ella fazendo bico e arranco uma sonora gargalhada do irmão.

— E desde de quanto eu sou inspiração para alguém? Tem certeza que eu sou mesmo o protagonista da sua história.

— Claro que sim, eu jamais mentiria sobre isso. Você é um homem lindo, mesmo deixando essa barba enorme e esses cabelos sempre rebeldes na altura dos ombros. Um verdadeiro guerreiro irlandês. E toda mulher adoraria transar com "Você". Nada mais natural em eu escrever o imaginando em minha obra.

— Isso deveria ser proibido maninha. O que as pessoas vão achar disso? Indagou ele segurando outra gargalhada. — Transar com o seu irmão é pecado!

— Idiota! Bufou ela irritada. — Nos não somos irmãos de sangue. Apenas fomos adotados pela mesma família e sim eu não me incomodaria em transar com você.

Ellyus parou de rir imediatamente e engoliu em seco, as palavras de Ella o fez recordar das insinuações de Linda sobre Ella ser totalmente apaixonada por ele.

— Te peguei idiota! É brincadeira, você não faz o meu tipo! Ruivo demais! Rodado demais!... Nem sei como esse pau ainda não caiu de tanto que já se esfregou nas...

— Pode parar com isso, Ella, Respeite o seu irmão!

— Me respeite e se respeite primeiro então! Disse ela ficando mais irritada ainda.

— Certo, eu prometo ler a sua obra assim que voltar de viagem.

— Promete mesmo? Indagou a garota com esperanças.

— Eu juro e se o roteiro for bom. Eu o indico a um amigo meu. Que tal assim?

— Bem melhor, mas me promete outra coisa?

— Claro... O que é agora? Perguntou com curiosidade quando viu a sua irmã lhe entregar uma pequena chave. — Sabe como eu vou chegar de Miami depois de você. Pode abrir a minha escrivaninha e ler o meu roteiro. Mas só o meu roteiro, o meu diário. Fique longe dele ou eu acabo com a sua raça quando voltar.

— Eu juro, pequena. Disse pequena a chave e colocando em sua carteira. — Então a minha irmãzinha possui um diário secreto. O que escreve nele? Poesias ou o nome dos garotos por qual se apaixonou.

— Na verdade, eu escrevi as diferentes posições que gostaria de transar com...

— Ella... Me poupe de certos detalhes.

Nisso o carro derrapou um pouco para direita o fazendo olhar em direção ao motorista.

— Você é novo na empresa?

— Estou substituído o motorista, senhor! A resposta foi estranha, mas Ellyus preferiu deixar isso para depois.

O motorista deu uma olhada para a bela adolescente sentada à vontade ao lado do irmão, com pernas compridas esticadas sob o colo do mesmo, e pensou em pedir-lhe que se sentasse direito. Afinal, ela era jovem e irresponsável, estava acostumada àquela espécie de tensão e risco, nunca rejeitava um trabalho mesmo que fosse arriscado. Mas parecia terrivelmente cansado dessa vez. Também, pudera, com todo o trabalho das últimas três semanas vigiando Ellyus Lancellotti! Além de ter de aguentar aquela insuportável mulherzinha o infernizando sem parar. Ellyus trocava de namorada como se trocasse de cueca.

— Por Deus! Por que não me avisou que estava tão difícil assim? Poderíamos ter evitado sairmos tão tarde do hotel. Resmungou o empresário da moda.

A voz profunda e expressiva assustou o motorista. Mccarty endireitou-se no banco e viu quando Ella soltou o cinto de segurança.

— Estava pensando nisso, Senhor. Está realmente ficando impossível enxergar a estrada. É melhor pararmos no acostamento. Podemos também fazer uma parada em algum lugar na beira da estrada. Ou vamos tentar achar uma saída diferente?

— Depende de onde estamos. Você tem... Que inferno! Olhe para a frente! Preste atenção isso está ficando perigo.

Alden Mccarty, na mesma hora, viu um vulto negro surgir na neve e pisou no freio, diminuindo a velocidade do carro. Distinguiu, imediatamente, a traseira de um caminhão carregado de madeira parado à sua frente, e desviou para a direita, tentando contorná-lo. Pisou no freio mais uma vez, e sentiu a pesada traseira do Jaguar derrapar para a direita bem na hora em que uma luz brilhante, atrás dele, começou a dançar de um lado para outro. Rodou, então, a direção, para desviar do carro que se aproximava, percebendo que iria ser atingido de lado.

— Cuidado! — Gritou Ellyus, protegendo o rosto com o braço esquerdo e inclinando-se para o lado do seu motorista. Nisso viu a sua irmã ser lançada para frente e para trás como uma boneca. Sua cabeça bateu no vidro de trás e gotas de sangue respingou em seu terno.

Ouviu-se um ruído de metais e uma pancada surda, quando uma limusine bateu com todo o seu peso na lateral esquerda do Jaguar.

O ruído do choque e dos vidros quebrados se misturou ao zumbido do vento e se perdeu na imensidão.

Alguns minutos depois, tudo se acalmou. Apenas a neve continuava a cair, incessantemente.

Ellyus Lancellotti apagou de imediato e a última coisa que veio em sua mente foi o terrível encontro que teve anos antes.

"Eu foi tirar o que você mais Ama, Ellyus!" Ou não me chamo Linda White!

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