Eu vejo seu rosto toda vez que fecho meus olhos
"Sem essa de 'amar demais machuca'. O que dói é amar sozinho."
Elizabeth e Ellyus saíram de Slavica depois do café da manhã, sem olhar para trás. Ela não perguntou o que tinham ido fazer ali e ele também não disse mais nada.
Havia um problema na estrada principal, e pegaram um desvio. Toda a força do automóvel era desperdiçada ali. Nos fins de semana, veículos de carga eram obrigados a dar passagem, mas aquela estradinha estava por fora das leis.
A briga sobre o lenço tinha feito com que Elizabeth se esquecesse um pouco do beijo. E as novas revelações feitas por Ellyus a deixou pensativa por várias horas. Mas não por muito tempo. Durante a noite, no meio dos pesadelos, sentia o calor da boca de Ellyus.
"Tocava o alarme, sentia seu braço através da cama para pegar no celular. Mais no sonho que em vida real, o seus lábios encostavam na minha nuca.
Eu amava como Ellyus gostava de me acordar todas as manhãs.
A gente sabia que tinha que levantar. Tínhamos que passar o café, colocar a comida na tigela do cachorro, a reunião 10:00, tínhamos que tocar a vida.
Mas com aquela ereção. Aquela ereção enorme, pressionando nas minhas nádegas, quente e pulsante, não tinha como tocar com nada.
Eu já dormia sem calcinha. Porque Ellyus sabia que eu queria, eu sabia o que eu queria. Me esfregava de costas no seu pau enquanto sentia sua língua no meu pescoço. Descabelados, amassados, mas tontos de tesão.
Eu pegava no seu pau e esfregava na minha lubrificação. E sim, como eu estava molhada. Pingando, sem nenhuma palavra sua. Só de sentir sua ereção atrás de mim, pulsante, procurando moradia, procurando minha buceta.
Ellyus entrava daquele jeito mesmo: na conchinha que dormirmos. Sua mão no meu clitóris, ele dedilhando do jeito que eu gostava: em círculos, rápido, muito rápido, a ponto de doer.
Às vezes eu pegava meu bullet para complementar. Mas hoje, sentindo sua urgência, sentindo sua vontade de me consumir e me comer, não queria mais nada.
Só seus dedos rápidos. Só nossas respirações ofegantes. Só seu pau entrando em mim devagar, enquanto seu dedo corria rápido no meu clitóris. Só você gozando fundo dentro de mim.
Eu senti Ellyus vindo. E mesmo com seu grito abafado, sua estremecida, ele continuou a correr a mão no meu clitóris com a mesma intensidade.
Fui além. Senti o quentinho permear todo meu corpo. Meus dedos dos pés curvos. Minha voz rouca de sono saindo livremente de prazer.
— Bom dia.
E que dia".
Ao se levantar, depois do sonho caliente que teve com Ellyus achou que não teria forças para conseguir atravessar o dia.
A atitude dele, no entanto, facilitou as coisas. Nada no homem frio de hoje podia lembrar aqueles braços que a seguraram com paixão, na véspera.
Pela estradinha, andavam dez minutos e paravam, porque um trator vinha vindo como se fosse dono do mundo.
Pararam várias outras vezes. Ora por causa de uma bicicleta motorizada, ora por causa de uma carroça puxada por cavalo. Elizabeth se surpreendeu ao ver tantas carroças carregadas de estrume seco. Estavam mesmo no campo!
A poucos minutos da estrada principal, quase bateram em um carro de boi velhíssimo, que surgiu não se sabe de onde, cheio de coisas das mais estranhas, como lenha, crianças e cachorros. Um velho, que deveria ser o bisavô das crianças, andava ao lado dos bois, bem no meio da estrada. Não tinha a menor intenção de dar passagem. Falava com os animais como se fossem membros da família, ameaçando-os de vez em quando com o chicote, sem nunca chegar perto, de verdade. Os bois andavam lentamente, como só eles sabem fazer.
Para alguém com pressa, nada podia ser pior. O homem fez um sinal de que se considerava o rei da estrada e Ellyus podia ir plantar batatas, se quisesse.
Até que Elizabeth gostou. Saber que alguém, pelo menos alguém no mundo, não estava dando nenhuma confiança para ele. E ficaram sentados, ele soltando fumaça pelos ouvidos, ela tentando disfarçar um sorriso. Tinha mais com que se divertir do que com a frustração dele. Os bois, geralmente uma mistura de dignidade e desajeitamento, estavam de chapéu, para evitar as moscas. Uns chapelões antigos, feitos para suas enormes cabeças, com abas todas enfeitadas de flores. Os animais pareciam alegres, prontos para uma festança.
Se Elizabeth estava achando tudo engraçado, Ellyus parecia a ponto de estourar, seguindo a passo de lesma, atrás do estranho veículo.
De repente, a carroça parou, sem avisar. O velho berrou umas instruções para as crianças, que puxaram as rédeas, e a parafernália toda atravessou na estrada. Bloquearam o trânsito nos dois sentidos.
Ellyus pisou no freio. O carro quase bateu no lado da carroça. Elizabeth foi jogada para a frente, sem se machucar, mas morta de susto. Poderia ter sido um acidente grave e ela agradeceu a seu anjo da guarda ter saído sã e salva.
Escutou o velho e as crianças gritando ao mesmo tempo, furiosos porque Ellyus não tinha lido os seus pensamentos e não adivinhara que iam parar naquele exato minutinho.
Elizabeth não entendeu por que se zangaram tanto, se tinham sido eles os culpados da confusão. Ellyus berrou de volta. Só se ouvia o croata, mas os gestos eram internacionais.
Ellyus perguntou se ela estava bem, e saiu do carro. Dentro de minutos, voltou.
— O que é que está acontecendo? — Perguntou Elizabeth.
— Vamos ter que ficar aqui por um tempinho. — Disse, mais paciente do que deveria estar.
— Como é que fizeram isso? Parar no meio da estrada, desse jeito?
A voz dele estava surpreendentemente calma.
— Não podem fazer isso legalmente. Mas não têm a menor dúvida de que a estrada é só deles, e, se quiserem parar no meio dela, azar dos outros...
Mais uma vez, imprevisível. Os camponeses tinham dado a última palavra, e ele não estava zangado por ficar preso!
Elizabeth olhou a carroça. Tinham dado capim aos bois, que ruminavam, calmamente. Os braços dos meninos estavam cheios de flores, mas conseguiram descer da carroça. O velho tirou o avental de couro e pôs um chapéu. Elizabeth achou que estavam se preparando para passar o dia ali.
Ellyus observava tudo, e ela ficou esperando uma explicação.
— Se você olhar do ponto de vista deles. — Disse ele, naturalmente, desligando o motor. — Vai ver que têm boas razões para agir assim.
Ellyus passara uma descompostura neles e agora se preparava para esperar.
Por que tão paciente, de repente? Parecia que ela não tinha muito mais a fazer, senão esperar junto. Não podia forçá-lo a explicar por que havia mudado de atitude.
Se não ia falar, era melhor aproveitar a paisagem.
De um lado da estrada, a uns três metros da carroça, havia o que pareceu a Elizabeth um altar ao ar livre, protegido da chuva por um telhadinho. Tinha visto outros semelhantes na estrada, mas não sabia o que eram.
Ellyus explicou que eram santuários, erguidos a santos locais ou em memória de filhos mortos ou soldados.
Os meninos da carroça depositavam suas flores lá, e Ellyus achou que seria amável juntar-se a eles. Ao fazer a mesma coisa, Elizabeth percebeu que a raiva daquele homem extraordinário havia desaparecido, quando soubera o motivo da parada. Tinha a capacidade de sentir compaixão, só não conseguia expressá-la, a não ser com pessoas bem intimas do seu convívio!
Ficaram juntos, lado a lado, na cerimônia simples que se seguiu. Aquele santuário, explicou o menino mais velho a Ellyus, era em honra dos três tios, filhos do avô. Tinham morrido na Segunda Guerra Mundial, antes dos dezenove anos de idade. O pai, que era muito mais moço do que os irmãos, foi o único que restou ao avô. E agora, eles deveriam tomar o lugar dos tios ausentes.
Elizabeth custou a segurar as lágrimas. Algumas, pela tristeza daquela família; outras, pelo própria dor e tristeza de Ellyus, e várias, por sua incapacidade de dar um jeito na própria vida.
Vendo que Elizabeth e Ellyus compreendiam o motivo da parada súbita, o velho tirou a carroça do caminho o mais depressa que pôde. Assim mesmo, demorou um pouco, pois os bois estavam felicíssimos ali, relutantes em sair. Afinal, o carro conseguiu passar.
Ellyus por fim deu uma risada.
— Neste país, ou você anda no mesmo ritmo que o povo, ou então não anda.
Ficaram calados por muito tempo. A cerimônia tinha acalmado a raiva deles.
Se não fizeram as pazes, pelo menos não eram mais inimigos mortais por um tempo.
Quando ele perguntou se ela se importaria em anotar algumas coisas, não teve objeções. Mas o trabalho não rendia como devia. Elizabeth ainda estava preocupada com o que chamava de a tragédia da noite anterior e a cabeça de Ellyus parecia longe do roteiro, sabe-se lá onde. Pois suas palavras não tinham nada a haver com o filme.
Depois de um pedaço complicado e confuso de ditados, Elizabeth pediu um instante de descanso. Olhou a estrada. Será que ele estava fazendo um caminho de volta diferente para Verica? É por que não mencionara nada?
1498 Palavras
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