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Capítulo 66 - Alma Negra

O mar estava calmo, o céu estava azul e o sol raiava, um ótimo dia para capturar piratas e enforca-los no mastro.

— Avistamos o navio, senhor.

— Excelente. - Mitchel, o capitão do Rainha do mar, olhava o ponto preto no horizonte. O Alma Negra estava bem a sua frente e faltava pouco para alcança-los.

Depois das reuniões primordiais na Cúpula Imperial, sua ordem foi ir ao mar e encontrar o tal navio que estava causando um reboliço nas línguas. Ora, um navio tão pequeno e fraco estava dando coragem a outros piratas e sem precisar de motivo, aqueles ratos do mar achavam-se no direito no pilhar e vadiar por aí. Não bastasse os infortúnios com o próprio mar, ainda os piratas saiam dos bueiros para infernizas as vidas dos bons cidadãos.

O Capitão Mitchel aguardava com ansiedade por estas ordens e em menos de dois dias tudo estava organizado e as velas já estavam bastante abertas. No entanto, em menos de duas horas que havia saído do Porto do Sol, no Império Central, foi alcançado por uma embarcação menor com o recado de mudanças nas ordens.

— Droga! - Ele vociferou.

O pequeno e minguado mensageiro tremia da cabeça e aos pés e voltou para o porto levando a aceitação com amargura de Mitchel. Independente de seus gostos pessoais, ele ainda servia aos Imperadores e se um deles o havia ordenado, ele não poderia discutir. Então com planos em mente o Rainha do Mar havia encontrado o Alma Negra na rota que um bom informante os havia dito.

Qualquer um que soubesse o mínimo sobre o Rainha do Mar teria a informação sobre a sua velocidade. Independente de qual fosse o outro navio, não haveria nenhuma possibilidade de ganhar do Rainha do Mar, ele com certeza seria mais rápido. Num embate armado, poderia ter aqueles que conseguissem a vitória ou ao menos a chance de escapar, há burburinhos mar a fora de que meia dúzia ou menos escaparam das garras de Mitchel, ninguém consegue afirmar e o capitão mesmo nunca desmentiu então deve ser verdade. Acontece que no estado em que o Alma Negra se encontrava qualquer navio que não estivesse caindo aos pedaços daria trabalho a eles, então Jane tentava ao menos tirar o Rainha do Mar de perto da Ilha Esmeralda. Nenhum trabalho era poupado e os piratas armavam-se da cabeça aos pés, homens e mulheres lutariam por suas vidas custasse o que fosse.

Jane e Simon comandavam do convés, Victhor e Theodora organizavam os homens nos canhões na parte de baixo.

— Você deve ficar perto de mim. - Theodora disse a Darren. — Eu vou proteger você.

Os olhos de Darren brilhavam, via em Theodora sua tutora e a cada dia tinha mais orgulho de quem se tornaria debaixo do olhar da mulher forte que o treinava.

— Sim, senhora! - Ele respondeu.

— Reforcem o navio, se não ele não vai aguentar! - Era a voz de Jane vinda de algum lugar.

Cordas são puxadas, as ondas levantam e descem o navio, bastante água entra e os piratas fazem o possível para manterem-se de pé enquanto navio balança buscando a estabilidade.

O vento soprava como se fosse ordenado por alguém para que ajudasse o Alma Negra, a fera embaixo do navio estava mais próxima a superfície e sem dúvida seria de grande ajuda apesar do tamanho do Rainha do Mar ser maior do que aqueles que ela estava acostumada a lidar, as águas levavam o navio sem judiar da carcaça, mas ainda assim a cada dezena de minutos que passavam o Rainha do Mar chegava mais perto do Alma Negra e o embate ficava mais a flor da pele. Em meio ao caos organizado, Jane percebeu o inevitável, olhos arregalados por toda parte e o cheiro do medo inebriava as narinas de John Mitchel.

— Lantis! - Ele finalmente chegou, estava na água afastando as sereias que teimavam em ficar próximas ao navio, fazia um tempo que elas aumentavam de número.

Jane pegou-o pelas mãos e o levou até a cabine, ao chegar próximo a porta Lantis soltou-se com grosseria e frisou o cenho com desgosto.

— Não vai me prender aí dentro de novo, eu vou lutar!

Jane queria sorrir e abraça-lo, mas se conteve e voltou assegura-lo com mais força e entraram os dois na cabine.

— Jane, Jane! - Lantis manteve o tom de voz sem aumentar nenhuma vez sequer. — Não sei o que você planeja, mas eu não vou ficar aqui. Mesmo que eles sejam muitos, eu agora posso lutar. - Lantis estava descrente. Não era possível que depois de tudo Jane ainda o via como um ser frágil e inútil que devia ficar escondido enquanto todos lutavam. Não! Ele não ficaria ali! — Você precisa entender que eu posso empunhar uma espada. A maldição das bruxas não faz efeito em mim mais, Jane, eu posso matar alguns deles, posso proteger você! - Enquanto ele falava de perto da porta a capitã estava revirando os poucos objetos que ainda estavam na cabine.

— Achei! - Ela disse por fim se aproximando de Lantis com uma caixinha nas mãos. Lantis olhava para ela ainda com olhar fugaz, esperando que ela dissesse algo para voltar a rebater.

— Eu não vou ficar aqui! - Ele disse.

— Eu não espero que fique. - Ela disse com uma expressão preocupada. — Quero que pegue isso e termine o que eu comecei.

Nas mãos de Jane havia uma caixinha de madeira, talvez fosse usado como um porta joias antes. Lantis já havia visto antes, sabia e sentia o que havia ali dentro.

— As pérolas do Império da Água.

Jane viu quando os olhos dele reagiram ao verem as pérolas ali dentro, brilhando numa intenso azul cor de onda.

— Eu não estou entendendo, Jane.

— É claro que está. - Ela tirou as pérolas da caixinha e deixou que a madeira colidisse com o chão. — Vá atras das outras pérolas, entregue-as para Ellyn, eu sei que você sabe onde ela está e deixe que ela liberte o seu povo.

Jane pegou com cuidado as mãos de Lantis e depositou as pérolas em sua palma, se fosse antes elas estariam trêmulas, no entanto ele pegou as pérolas e as apertou com firmeza sempre olhando para Jane, sem desviar de seus olhos nenhum instante.

— Eu levei uma vida para conseguir juntar só um pouco delas, tenho certeza que você vai ser mais rápido que isso.

Aquelas pérolas significavam tanto para Jane, talvez fosse até mais do que significava para Lantis. Ele não poderia negar e ser egoísta agora, mesmo que esse fosse o seu maior desejo.

— Lantis, você é especial. - Jane acariciou o lado do rosto de Lantis. — Mas não é só porque tem qualquer dessas coisas de sereia, você é mais pelo que você carrega em si, pela identidade do seu povo. Você não quer pertencer a algum outro lugar, você é de lá, você é do mar e isso é fácil de ler em você. Há tanto tempo você viveu entre as pessoas, você absorveu muita coisa de nós, mas isso não mudou quem você realmente é e isso é incrivelmente lindo. - Ela sorria tão bonito que Lantis teve vontade de chorar. — E eu quero ajudar, quero fazer o possível para que você consiga levar tudo isso ao seu povo, que eles consigam voltar a se ver assim como aconteceu com você. Que todos eles possam ser livres assim como você é e que todos possam encontrar alguém que os ame, assim como eu amo você.

Ele tocou os cabelos dela com as duas mãos, trazendo-a para perto de si, beijou suave sua testa, desceu até suas bochechas e chegou aos lábios onde a beijou demorado. Sua boca continuou quente mesmo depois que eles afastaram o rosto um do outro, Lantis permaneceu com os braços ao redor da cintura dela.

— Você deve ir agora.

Lantis olhava para baixo, não queria ir, queria ficar e lutar ao lado de Jane.

— Você deve ir, deve encontrar as pérolas e depois deve me encontrar.

Ele a encarou.

— Eu vou sobreviver, então você deve ficar livre e me encontra depois.

— Sim, capitã. – Lantis apertou os lábios com força. De algum jeito as pérolas sumiram dentro das mãos de Lantis.

— O que ele vai fazer com você, Jane?

— Nada de bom, eu presumo. - Lantis apertou o corpo dela contra o seu.

Lágrimas quentes tocaram o rosto de Jane, ela não olhou para cima, não queria desprender daquele abraço e não queria que ele visse as suas também.

— Mas eu não vou deixar que seja fácil.

— Tenho certeza que não. - Ele disse.

Jane pensou no caminho que a levou até aquele momento, em todas as escolhas que havia feito, as boas e as ruins, tudo o que havia vivido até ali. Era um alivio saber que não foram um desperdício e que seu objetivo seria cumprido em prol de uma causa maior do que ela.

— Sabe, Lantis, eu tive muita sorte de ter pessoas boas ao meu lado, - Jane olhava para ele e dizia essas palavras como algo que ela já havia pensado há algum tempo. — Essas não eram pessoas boas da boca para fora, elas eram realmente boas. Pensando em como eu era antes e agora onde eu estou, as vezes a gente não é capaz de tudo, mas tem que fazer tudo que é capaz, entende? Pra não ser só um corpo vazio vagando por aí. A gente é mais do que isso, só que nem todo mundo consegue ver. - Ela respirou fundo. — Eu não era ninguém, eu era só uma pentelha no meio de uma loja de tecidos, mas porque eu escolhi fazer algo a respeito de uma situação que eu sabia que era injusta, hoje eu estou aqui e pude conhecer você, conhecer Simon, Victhor, Theodora, Pyra, Capitão Daniel, Rupert e todos esses homens e mulheres que passavam pelo Alma Negra e por tudo isso eu sou muito grata.

Lantis vivera uma dura realidade, mas apesar de não ser capaz de ainda conviver bem com seu passado, por ser quem agora era, ele entendia o que Jane estava dizendo.

— Jane, eu...

O som estrondoso do fogo queimando invadiu os ouvidos dos dois e o navio balançou. Lantis segurou Jane em seus braços e mal saíram do lugar.

— Você deve ir. - Ela disse.

— Eu vou voltar.

Ela sorriu, ele não sorriu de volta.

— Eu juro que vou voltar e vou tirar você de onde estiver.

— Eu não duvido. Mas não me procure em uma cela, eu com certeza estarei no mar. Me encontre sob as ondas.

Mais uma vez e depois mais outra o navio foi atingido, a bola de aço perfurou a porta e derrubou toda a madeira de dentro do navio. Quando o navio é atingido e a madeira explode, muitos perdem membros e pedaços de madeira perfuram o que tiver por perto, inclusive pessoas, o medo era palpável e audível. Lantis puxou Jane mais uma vez para perto de si e a beijou entre lágrimas e vontade. Homens e mulheres gritavam, madeira para todo lado, pólvora e fogo, espadas e vozes misturavam-se enquanto os homens de uniforme branco balançavam-se em cordas para invadir o Alma Negra.

— Tragam ela para mim! - A voz ríspida do homem foi ouvida pelos dois que ainda estavam juntos na cabine. — Eu quero a porra daquela capitã inteira na minha frente, AGORA!

Jane soltou-se dos braços de Lantis, se alguém a visse agora veria ele junto e pegaria os dois.

— Vá agora, Lantis.

— Jane...

— É melhor você ir, eu ainda serei capaz de ver quando você se for.

Lantis pensou por um instante.

— V-Venha comigo, você pode vir comigo, se você vier eu...

Antes que ele terminasse de dizer aquela frase, sua visão ao redor de Jane mudou. Ele viu o mar se apossar do navio entrando pela porta que já não existia mais e tudo ficou escuro dentro da água, no lugar onde estava a capitã agora havia uma sereia de cabelos negros com as mãos estendidas esperando por ele, chamando por ele como uma mãe que aguarda o filho voltar da guerra. Ayra sabia que ele estava com as pérolas. Ellyn sabia que ele estava com as pérolas. Todas as serias e tritões sabiam.

Os olhos do tritão marejaram e uma imensa tristeza tomou conta de seu coração, sua expressão era de imensa dor. A água foi embora tão rápida quanto apareceu e Jane ainda estava ali, de pé a espera do que ele não poderia dizer.

Esse silêncio, apesar dos tiros, apesar do canhão e do mar, de quem era o silêncio? Ah, era o silêncio dos dois. Ele não poderia leva-la consigo como desejava e ela não poderia ir com ele e abandonar a todos no navio.

— Será que esse é o nosso destino? - Foi ela quem disse. — Nunca ficarmos juntos.

— Eu não acredito em destino, não dessa forma. - Ele olhava para Jane com certeza absoluta sobre suas palavras. — Logo eu estarei com você todos os dias, do amanhecer até o anoitecer, espere por mim, Jane.

— Eu irei esperar.

— VÃO PARA O PARAPEITO! – Os homens seguem a ordem de Simon com seus mosquetes, espadas e pistolas nas mãos. Cada um toma seu lugar, como um livro numa estante.

Os gritos finalmente alcançaram os ouvidos dois e eles foram direto para a amurada do navio. Nenhum dos dois abriu a boca para dizer nada, se o fizessem poderiam colocar tudo a perder.

— Não desperdicem nenhum tiro, escolham seus alvos! - Dessa vez era Victhor quem gritava.

Os homens pulam nas redes agarrando-se nas cordas para não cair no mar, os ganchos bem presos iriam suportar bem os seus pesos, aqueles de uniforme branco invadem o navio como insetos famintos.

Lantis estava de pé na madeira fria da amurada, despiu a bermuda que usava e ainda olhava para Jane. Seus lábios se abriram e ele disse três palavras que fizeram o coração dela doer.

— Eu também. - Jane disse de volta.

E no espaço de um suspiro ele atirou-se ao mar e a água salgada transformou o seu corpo mais uma vez. Há muito tempo não doía mais, era prazeroso ser preenchido pela água e deixar o corpo tomar sua forma, no entanto, quando emergiu e viu Jane o observando lá cima, a água que fazia cocegas em sua pele parecia ferir mais do que fazer bem. Ela não acenou, não sorriu e não disse nada, afastou seu corpo da visão de Lantis devagar e deixou espaço para que o tritão pudesse cumprir a sua parte na promessa. Alguém que espera e alguém que é esperado, cada lado deve se esforçar.

O Rainha do Mar era um navio de combate forte, de grande velocidade, alta proteção, grande raio de ação, boa mobilidade e armamento de calibre médio e tiro rápido, e os oficiais da marinha que lutavam de branco eram habilidosos e cheios de vontade. O abate era mais do que esperado, era certo.

Tudo aconteceu rápido demais, o mais forte sobrepujando o mais fraco. Os oficiais de branco entraram em maior número como vespas atacando um formigueiro e destruíam todos pela frente. Feixes de sangue jorravam no chão por onde passavam. O som das espadas colidindo concorriam com os gritos dos homens e mulheres, gritos de dor, de fúria, de desespero. No entanto, nenhum dos oficias poderia dizer que a luta contra os piratas daquele navio foi fácil de vencer. Principalmente o pirata enorme e muito irado, Simon lutou até o último folego e só parou depois que seu braço foi quebrado pelo mastro derrubado em si, homens juntaram por cima dele para conte-lo e sua cabeça por sorte não foi pisoteada. O machado foi tirado de suas mãos por três homens que o puxaram com muita determinação e por fim sua força se exauriu sendo amarrado no chão como um touro bravo é contido numa fazenda. Jane protegeu os seus o máximo que pode, usou a espada e a pistola, faca, adaga, seus cabelos escorrias sangue seu misturado ao de outros, em sua testa havia um grande corte e atras de sua perna esquerda lascas de madeira ainda ardiam fundo em sua pele. Houve momentos de luta corpo a corpo que ela venceu, algum dos oficiais mordeu seu ombro que latejava e talvez a clavícula tivesse prestes a partir. Jane era rápida em seus movimentos com a espada e graças ao treinamento forçado era capaz de lidar com mais de um na mesma vez. Victhor e Will, lutavam na proa contra um bando de oficiais.

— O submundo deve estar cansado desses merdas, parece que o deus de lá cospe mais seis quando a gente mata um! - Will dizia e os oficiais a sua volta não gostaram nada da insinuação. Apenas Victhor que se mantinha sempre ao seu lado riu.

— Aposto que aquele general dos demônios mandou só os piores para nós, eles lutam pior que uma galinha! - Victhor viu o olho de Will se arregalar.

— Desde quando você faz piadas desse tipo?

Victhor sorriu tão bonito que Will precisou conter-se para não o beijar ali mesmo entre sangue e espada.

— Desde que estamos juntos. - Foi o que ele respondeu.

— MARICAS! - Gritou um dos oficiais que empunhava a espada.

Victhor o olhou com bastante raiva, não pela palavra em si, ou pelo sentimento que ela deveria lhe causar, mas sim pelo que ela lhe custava: a sua liberdade para ser quem ele era e para amar quem ele quisesse. Se há um tempo atras alguém lhe dissesse essas mesmas palavras, o peso em seu coração seria maior do que agora, mas tendo Will ao seu lado, ele sabia que havia pessoas que não se importavam com isso. Já houve alguém que deu mais valor a essas letras ridículas do que a ele.

— CALE ESSA BOCA! - Por sorte Will era muito bom com a espada e em poucos minutos o oficial de branco estava morto no chão. — Não se importe com esse bosta!

— Eu não me importo.

Apesar dos dois ali serem bastante bons em combate, os oficiais também eram e assim como disse Will, eles eram em maior número.

Darren, Theodora e Pyra também se esforçaram, mantiveram os postos o máximo que podiam e Theodora deixou bastante dos oficiais que não matou de queixo caído por sua habilidade em combate, não só com a espada, mas também no corpo a corpo quando estava sem ela. Por fim, pistolas foram direcionadas a eles e tiveram seus pescoços ameaçados.

Will só parou de tentar cortar alguém quando viu uma corda enrolada no pescoço de Victhor, o homem que a segurava ameaçava asfixia-lo se o loiro não largasse a espada e ajoelhasse com as mãos para trás da cabeça. Não foi preciso dizer mais de uma vez, Will tinha os joelhos colados na madeira do navio e os olhos fixos em Victhor. Foi fácil dos oficiais perceberem que Will e Victhor tinham alguma ligação, estavam sempre próximos protegendo um ao outro. Os oficiais mantinham os agora prisioneiros amarrados num canto do compartimento de carga do navio enquanto outros lidavam com os piratas remanescentes lá em cima.

— Tire as mãos dela, seu cachorro sarnento! - Darren gritava para o homem que segurava Theodora. — Se encostar em um fio de cabelo dela eu vou arrancar a sua cabeça fora!

Não era inteligente ameaçar pessoas quando se está com as mãos amarradas, mas Darren ainda era novo no assunto.

— Ah, é? Então, eu não posso tocar em nenhum fio de cabelo dela, foi isso que disse? - O oficial orgulhava-se do tamanho de sua mão sob a cabeça de Theodora. Fazendo tudo de um jeito que Darren pudesse ver claramente, ele levantou o extenso rabo de cavalo de Theodora que fez uma careta pela dor de ter a pele esticada com força para cima. — Se você quer tanto assim os fios de cabelo dela, - Ele passou a espada bem próximo ao elástico que amarrava o rabo de cavalo e cortou. — Pegue! - Fios de cabelo voaram na direção de Darren. Theodora teve os olhos arregalados. Desde que sua mãe falecera, desde sempre, ela nunca havia cortado os cabelos, seu pai dizia que os cabelos compridos faziam lembrar sua mãe e Theodora orgulhava-se dessa parte que tinham em comum. Foi impossível conter as lágrimas.

Cada vez mais piratas eram trazidos pelos oficiais, todos em estado deplorável, mas ainda vivos. Os que estavam mortos foram jogados ao mar. Simon foi levado, antes de descer deu uma olhada no mar, queria saber onde a fera dos tentáculos estava que não havia aparecido, mas ao invés disso viu Jane sendo encarada por um homem alto, carrancudo e vil, o capitão John Mitchel a olhava com desprezo.

— Vamos! - O oficial empurrou Simon para frente para que descesse logo, ouviu um rosnado de resposta e quase pediu desculpas. — Você precisa ir com os outros. - Tentou manter a voz firme. — Lá para baixo.

— Não me encoste. - Foi o que Simon disse e depois deu passos firmes em direção ao compartimento de carga, antes deu uma olhada em Jane, ela dizia alguma coisa para o capitão.

O oficial sentiu um arrepio na espinha e suspirou aliviado que não teria que forçar aquele brutamontes a descer.

Acontece que Jane havia lutado bastante, assim como os outros piratas, ela estava cansada e cheia de dores de cortes pelo corpo. Quando tirou a espada do peito de um oficial e viu o estado lastimável em que os piratas estavam ela teve a ânsia de gritar, mas antes que sua boca se abrisse a voz hostil ecoou primeiro.

— Parem, isso já acabou. - O Capitão do Rainha do Mar tinha seu uniforme ensanguentado e pedaços de corpos ao redor de si. Sua espada escorria vermelho e seu rosto brilhava em êxtase e felicidade.

Contendo o impulso de atravessar com a espada o pescoço de Jane, ele caminhou até ela.

— Você é a capitã desses piratas, se não os quer todos mortos mande que eles se entreguem e vocês irão vivos para o Leste.

— O que? - Ela franziu a sobrancelha. — Então o lendário esmagador de piratas vai nos poupar? - Foi o que Jane disse quando Simon a viu. — Por acaso está compadecido de nós? - Seu sarcasmo era evidente e rude.

— Cale a boca, escória! - Mitchel alterou a voz, a saliva no canto da boca demonstrando a tremenda raiva que estava sendo contida em seu coração. — Eu gostaria de matar e acabar com cada um de vocês aqui mesmo, mas eu recebi ordens para leva-la viva. - Ele dizia entre os dentes.

— Ordens de quem?

— Não lhe interessa. Apenas saiba que está viva devido a essas ordens.

Aquele dia que Mitchel saiu em direção ao mar, a carta que ele recebeu dizia exatamente sobre isso, deixar a capitã do Alma Negra viva.

— Não posso dizer o mesmo dos seus amigos... - Podia-se ver claramente no olhar de Mitchel que ele desejava pendurar a todos no mastro. — Veremos o que farei com eles quando chegarmos em terra firme. Por enquanto, você deve cooperar, afinal, viva não quer dizer inteira, entendeu?

— Se não vão me matar, vão fazer o que comigo?

— Isso não é problema meu, vou seguir as minhas ordens e entrega-la. - Disse com muito desgosto.

Jane foi levada juntos com os outros até as celas preparadas para eles no Rainha do Mar, todos os piratas foram movidos para detrás das grades do navio branco, pendurados pelas mãos por correntes grossas como um dedo. A raiva e o medo estampados nos rostos de cada um ali, os cortes doloridos, o suor escorrendo e o desamparo evidentes em seus corpos trêmulos. Nas celas onde já haviam outros piratas o cheiro era insuportável, disseram que seus navios foram aniquilados pelo Rainha do Mar. Aqueles que estavam ali sabiam quem era Jane Sanches e pode-se afirmar pelos olhares hostis que ela recebeu ao ser jogada em sua cela que nem todos eram incentivados pelos seus atos valentes na pirataria.

— Não é esta puta que incendiou a Ilha?

— É ela mesma! Essa porca imunda! - Diziam eles.

Simon vociferou e encarou-os, mas eles não o temiam, havia uma barra de ferro entre eles que não permitia ao grandão toca-los e com as mãos amarradas ele teve de ouvir mais e mais insultos sobre a sua capitã.

— Não ligue para eles, grandão. - Ela disse com um sorriso de lado na cela próxima a ele. — Esses aí vão morrer primeiro do que nós.

— O QUE? - Gritou um de longe. — VOCÊ SE ACHA DEMAIS, VACA! TA PENSANDO QUE VAI SE SAFAR? HÁ HÁ HÁ AGORA VOCÊ ESTÁ NO RAINHA DO MAR, ELE VAI ARRANCAR TODAS AS SUAS TRIPAS!

— Fique calmo e mantenha-se firme. - Disse a Simon ignorando os outros. — Logo vamos pensar em alguma coisa.

Jane passou os olhos nos homens e mulheres ali, rostos conhecidos como Victhor, Will, Pyra, Darren, Simon e Theodora, os piratas que estavam no Alma Negra, aqueles que vieram da Ilha do Homem Bravo de Romualdo, todos os que haviam sobrevivido estavam ali. Haviam aqueles que ela não conhecia, os que a xingavam, que tentavam cuspir nela e os que não tinham mais força para nada. Aquela era a situação em que ela estava agora, na cela de um navio, sendo levada para o Leste para encontrar com alguém que ela não fazia a menor idéia.

Talvez duas horas haviam passado, ela vagava os pensamentos entre Lantis e as dores que sentia, entre aqueles que estavam ali e outros que já foram. De repente um estrondo veio do lado de fora, depois mais outro e mais outro.

— Isso são... canhões? - Ela disse.

— Parece que sim. - Simon que estava mais perto respondeu.

— O que está acontecendo?

Risos altos vieram daquele bando que estava xingando e cuspindo em Jane.

— Eles estão fazendo o mesmo que fizeram com a gente.

Jane os olhava sem acreditar no que podia ser.

— Eles vão... - Começou um deles.

— Afundar o Alma Negra. - Ela terminou a frase.

Os sons das explosões doeram em seus ouvidos, nenhum deles podia ver o que estava acontecendo do lado de fora, mas sabiam exatamente como era.

As estruturas são rompidas, as bolas de metal perfuram a madeira e o fogo incendeia as velas e as cordas, a fumaça começa a subir alto e todos podem ouvir o barulho das explosões. E quando o espaço interno do navio que antes era preenchido com ar passa a ser preenchido com água, a densidade do navio começa a aumentar e o navio começa a afundar. Jane sentiu seu coração arder, podia ser de raiva, mas na verdade era de tristeza. Tantos anos da sua vida haviam sido naquele navio. Cada canto daquele convés tinha memorias suas, de Simon, Victhor e de todos os piratas do Alma Negra. Era realmente de partir o coração saber que logo tudo estaria no fundo do mar.

— Não fique triste, Jane. - Veio a voz de Victhor. — Eles podem afundar o navio, mas nós ainda estamos aqui. Nós somos o Alma Negra, e ele estará aonde nós estivermos, nós somos os piratas.

Janeolhou para cada um ali e percebeu que Victhor tinha razão, enquanto elesestiverem juntos, onde quer que eles estivessem, eles eram o Alma Negra.

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