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Capítulo 5 - Mais Tripulantes para o Alma Negra

As águas em que o Alma Negra navegava eram profundas e escuras, e mesmo em dias de sol pouco podia ser visto embaixo do navio. As vezes um grupo de baleias passavam por eles, outras vezes a flor d'água estava cheia de tartarugas e não raras vezes algum tubarão branco rodeava o navio. Quando haviam os cardumes de peixes ou moluscos, os piratas sentiam uma agitação na água, algo parecia caçar abaixo do navio e com todo movimento muitas vezes haviam pancadas no casco do Alma Negra. Aqueles que já estavam acostumados deixavam para lá, mas ainda haviam outros que ficavam assustados com a força do que quer que estivesse ali embaixo. O sereia em sua cela sentia as pancadas e era um dos que se assustavam, Will chegava a amurada e olhava para o mar, comentou com Victhor que havia visto um cardume de águas vivas gigantes serem sugadas por uma bocarra próximo ao Alma Negra, o rapaz de óculos sorria e concordava. Já viu isso tantas vezes que perdeu a conta.

— Tá, mas você sabe o que tem lá embaixo?

— Não sei. - Disse Victhor, se estava mentindo ou não Will não saberia dizer.

— Mas tem alguma coisa lá! - Eles estavam sentados a mesa de madeira com a colher na mão e o prato servido frente ao corpo.

— Lá vem você com isso de novo, loirinho? - Theodora passava ao lado de Victhor e seguia para sua mesa. Victhor lançou a ela um olhar de socorro e um sorriso. A moça balançou os ombros e continuou seu caminho rindo.

— Se você está afirmando que tem, então tem. - Puxou e soltou o ar.

— Não Vic! Isso sou eu quem está te perguntando!

— Já disse para não me chamar assim.

— Ora, não mude de assunto.

— Se está tão interessado em saber o que tem embaixo do navio...

— Eu estou! - Will parecia empolgado em finalmente receber uma resposta.

— Mergulhe no mar e descubra por si.

— Ah, vá se ferrar, Victhor!

Victhor finalmente pode colocar a colher na boca e Theodora quase se engasgou de rir prestando atenção ao que acontecia na mesa dos dois.

No navio a primeira refeição do dia era o almoço, servido ainda muito cedo, ao raiar do sol. Haviam as limitações naturais produzidas pelo acanhado espaço do navio e pelos riscos inerentes do acendimento de fogos. Era necessário planejar rigorosamente o estoque de alimento e controlar a sua distribuição dentro de regras rígidas, pelo menos até a chegada em algum ancoradouro. Assim, quanto mais longa a viagem, maiores eram as dificuldades, incluindo principalmente a água potável. Do capitão ao grumete, todos recebiam a mesma porção do líquido. A comida no mar não era das melhores, eles serviam-se de biscoitos duros feitos com massa de trigo, água e sal, derivados secos de animais salgados ou defumados, peixes salgados para não apodrecer fácil, embutidos, compotas, marmeladas e conservas de azeitonas. Havia também o mel, o vinho, a água, os cereais e leguminosas secos e as castanhas. Alguns dos piratas acabavam doentes por que consumiam muitos biscoitos e carnes salgadas, ficando longos períodos sem ingerir verduras ou frutas frescas. Há uns anos atrás o Alma Negra sofreu com escorbuto e a partir daí o cuidado com a alimentação passou a ter mais importância. Ali, tudo no que dizia respeito a cozinha passava por Rupert que contava com ajuda de mais dois rapazes para o auxiliar. Os piratas comiam todos juntos, muitas vezes no escuro.

Will e Victhor continuavam mastigando e com cordas por cima da mesa comentavam sobre nós e adriças, velas e cordames. Os outros piratas faziam comentários sobre Will ser o "queridinho" de Victhor.

— Tomem conta das suas vidas! – Theodora estava sentada ao lado de Rupert, ambos comiam no mesmo horário todos os dias. A bela moça tinha os cabelos num grande rabo de cavalo, a pele cor de oliva brilhava com o suor. No entanto os olhares que ela recebeu não admiravam sua beleza, eles foram rebatidos com afronta por Rupert que numa carranca os intimidava.

— Com quem Victhor dorme ou não, não tem nada a ver com vocês. – Theodora continuou. – Vocês estão é com inveja.

Ele riu alto.

— Você sabe disso muito bem, não é Theo? Sobre o que Victhor gosta ou não gosta. – Edgar gritou lá do fundo chamando atenção de outros e dos rapazes mencionados. — Ele não quis te comer, mas você fica aí defendendo ele feito uma cadela no cio.

Rupert era um homem de bom caráter e coração mole, não era feio, mas a idade lhe deixou marcas. Era tripulante do Alma Negra há muitos anos e desde que vira Theodora pela primeira vez apaixonou-se por ela. Todos sabiam e ambos já haviam conversado sobre o assunto, ele entendeu que ela o via com respeito e muito carinho, mas que não o amaria da mesma forma. Desde então são próximos e bons amigos. Sendo assim, não é surpresa que ele a defendesse, Rupert levantou-se de seu lugar e caminhou em direção ao pirata que ainda ria debochando dele.

— O que foi, velhote? – Ele tinha uma garrafa de bebida ao seu lado. Nada justifica, claro, mas a bebida lhe deu coragem de provocar Theodora e agora Rupert. — Veio defender a namoradinha? Ah, é verdade! Ela também não quer esse seu pinto murcho! – Ele caiu na gargalhada. Os outros piratas olhavam, alguns riram baixo, outros continuavam a comer e apenas mais dois ou três riram alto junto dele.

Rupert avançou sobre ele e agarrando-o pela blusa jogou-o longe, o homem levantou-se, emburrado e partiu para cima de Rupert, rolando com ele pelo chão. Victhor e Will foram separar a briga, chegaram ao mesmo instante que Theodora.

— Me largue, seu maricas! – Edgar gritava para Will que o segurava numa chave de braço. Victhor estava com Rupert. Os dois tinham marcas de socos no rosto e sangue na boca.

— Parem com isso vocês dois! – Victhor dizia. – As coisas pra nós já não estão nada fáceis, e vocês ainda querem arrumar mais problemas?

E como os dois pareceram mais calmos, eles foram soltos. O pirata que havia começado tudo, ajeitou a roupa, olhou para Victhor e para Will e riu malicioso.

— Tudo bem, tudo bem, mas me diga, rapaz. – Referindo-se a Will que estava mais próximo — Qual de vocês é o que dá e qual...

Ouviu-se um silvo, o corpo de Edgar caiu morto no chão, Simon caminhou até ele e retirou o machado preso no meio de seu peito, colocou seu prato sobre a madeira da mesa, já estava cansado daquele cara, ele vinha causando problemas demais.

— Comam, o show acabou. - Os outros piratas fizeram o que ele mandou.

Will e Rupert retiravam o corpo do meio do caminho e Theodora guardou sua arma.

— Se ele não fizesse, eu teria feito. – Ela disse a Victhor.

— Eu sei.

Mais uma manhã tranquila no Alma Negra.

No fim da tarde Simon foi até a cabine, havia alguns assuntos que precisava resolver com Jane. Assim que pôs a mão na maçaneta a porta se abriu, Pyra saia de lá com um ótimo sorriso.

— Ela está melhorando. - Dizia enquanto ajeitava o turbante colorido. — Não vai demorar para ela conseguir andar.

— Bom. - Foi o que ele disse.

Jane estava mais corada, os pontos estavam cicatrizando bem e logo poderia sair da cabine para o alivio de Simon. Ela, no entanto, já estava incomodada por ficar parada demais, lia os documentos trazidos por ele, queria saber sobre os acontecimentos em sua ausência, queria ir lá embaixo.

— Você já está sentada nessa cadeira de novo. - Disse ele parado frente a mesa.

— Pyra disse que eu posso. - Ela não tirou os olhos dos papéis. Por cima da mesa, vários mapas e cartas contrabandeadas.

— Você deve tê-la ameaçado de alguma maneira.

Jane não disse nada. Simon bufou.

— Você precisa descansar. - Ele foi com as mãos em direção a papelada para tirar tudo dali, mas sua mão parou no instante em que uma adaga foi fincada com força na madeira.

— Jane!

— Não se atreva! - Ela olhou para ele com muita seriedade, mas claro que isso não durou um minuto e logo ela sorriu. — Eu juro que estou bem, não estou forçando. Sente-se comigo um pouco e me conte como foi até aqui.

Simon soltou o ar pelo nariz.

— Não tem muito o que contar. Íamos sempre até Romualdo para saber notícias suas. Todos ficaram animados quando sua carta finalmente chegou.

—Não foi fácil sair de lá para enviar a carta.

— Eu sei. - Ele sentou na cadeira próximo a dela. — Depois foi questão de tempo até conseguirmos organizar tudo para ir até a Ilha Liberdade e a partir daí você já sabe.

— Tem bem menos gente aqui do que quando eu parti.

Simon olhou para os moveis da cabine.

— Tem sim.

— Motim?

— Também.

— Desertores então.

— A maioria.

Jane largou as costas na cadeira e pôs a mão sob o curativo.

— Malditos. Não se pode confiar na própria gente hoje em dia.

Simon e ela passaram a discutir sobre a melhor rota a tomar, já que a Marinha Imperial estava tomando para si todas as mais utilizadas, deixando os piratas sem muitas escolhas para navegar.

— Desde quando o oceano se tornou propriedade daqueles canalhas?

— Desde sempre, Jane.

_Que bando de bostas! Olha só essas rotas, - Ela apontava as linhas vermelhas no mapa. — Todas que nós utilizávamos antes, tem pelo menos uma cortada pela rota branca da Marinha. Desse jeito fica difícil da gente conseguir navegar.

— Eles estão apertando o cerco. Ouvi dizer que estão procurando alguma coisa por aí. O recrutamento também tem pagado mais e pegado cada vez os mais jovens. – Ele coçava a barba. — O pessoal tem vindo bastante do Oeste, meninos de oito e doze anos.

— Eles não podem ver crianças nascendo que já crescem o olho em cima.

Simon apertou o punho e franziu os lábios, Jane pegou uma carta com o Selo da Ordem Imperial por cima da mesa, abriu-a com cuidado.

— Os nobres e aristocratas que mandam em tudo por aí, - Sacudiu o papel no ar. — Bando de abutres, isso sim. - Ela corria o olho pelo documento. — De acordo com isso aqui, há um navio carregado de ouro e presentes em direção ao Império Central, - Passou a mão pelo mapa com as rotas e apontou uma no meio do mar. - Simon, estaremos bem próximo deles se seguirmos essa aqui.

— Vai ser bom para o pessoal ter mais do que queijo e farelo para comer.

Jane sorriu e recebeu outro de volta, Simon quase não sorria, a não ser quando estava com ela.

— Está decidido, o Alma Negra precisa voltar aos tempos de glória.

Com a rota definida, havia a possibilidade de irem pouco mais abaixo, no Império do Sul onde Jane passou boa parte da vida. Era um lugar quente, cercado de lindas praias e palmeiras, com um povo alegre e receptivo onde o comércio era a fonte de quase toda a renda. E também haviam muitas fazendas, inclusive as de Markus.

— Vai visitar a Vila dessa vez? – Simon fazia anotações em um pequeno caderno.

— Não sei, ainda não pensei sobre isso. Não estou a fim de chegar lá perto tão cedo, acabei de vir do Sul. - Ela revirava uma pilha de papéis, separando o que já havia lido e o que ainda faltava, não encarava Simon, sabia bem o que ele queria.

— Ela iria gostar de te ver Jane, faz tempo que você não aparece.

— Eu sei Simon. - Ela parou por um instante - Finalmente temos um sereia no navio, estou mais perto de reunir todas as Pérolas, não posso ter distrações agora e ... - Ela respirou fundo ao notar a expressão do amigo, sabia o quanto família era importante para ele.

— Você não pode abandona-los.

Ela respirou fundo e um sorriso desenhou-se em seus lábios.

— Você tem razão, - Tocou-lhe a mão sobre a mesa. — Vou pensar nisso, prometo.

E como Simon não dissera mais nada, ela concordou que era hora de voltar as leituras.

— O que é isso? - Ela segurava um envelope ainda fechado, assinado por P. Kurtler. - Onde conseguiu isso Simon?

— Peguei com um cara quando paramos no Império Leste há um tempo. Parece que ele iria levar isso até a Imperatriz, mas antes passou na taberna para tomar umas.

Ela segurou a carta ainda nas mãos, pensativa sobre algo.

— P. Kurtler... Eu já ouvi esse nome...

— Não conheço ninguém com este nome.

Jane ainda pensava um pouco até que lembrou daquela noite na Ilha Liberdade quando aquele homem pagou para que ela pudesse se aproximar do sereia.

— Ah, então era realmente ele!

Jane abriu o envelope, havia poucas folhas dentro, ela as lia com voracidade, estavam dizendo sobre as sereias e outros seres marinhos recém descobertos.

— Então ele era um estudioso de fato, aquele Phillip. Isto parece com uma carta, na verdade. - Ela passava os olhos pelas linhas, lendo as frases com cuidado. — Veja Simon, é sobre o que eu lhe disse das tornozeleiras.

Jane leu um trecho para Simon:

" Cada indivíduo reage de uma forma a ida até a Ilha das Bruxas, ainda estou estudando sobre isso, mas parece que algumas sereias ficam tão atordoadas que perdem as noções básicas de sobrevivência. Houve relatos de sereias que morreram por desnutrição, elas não comiam e seus donos só perceberam quando já era tarde. Tudo aconteceu depois de visitarem as bruxas.

Outras não respondem a nenhum comando, os donos ficam irritados e na maioria das vezes são abandonadas lá mesmo na ilha. Não são raros os casos de loucura, onde sereias entram em colapso, atacam seus donos e chegam a cometer suicídio. Muitos corpos são encontrados nas encostas, é um lugar horrível.

Vossa Excelência estava certa sobre a Ilha das Bruxas. Não é um lugar amistoso, ainda mais para a sua pequena. As sereias são levadas lá pelos mestres, eu vi dois barcos grandes chegarem enquanto estive lá. Os senhores puxavam as sereias por cordas e arrastavam elas pelo caminho, ao visitar a ilha é possível encontrar sereias que foram abandonados lá, machos e fêmeas vagando sem rumo. Encontrei um tanto bem hostil, eles andam em grupos, isso é bem curioso.

Nos casos de sucesso, uma boa quantia é paga às bruxas e os senhores saem de lá com uma sereia obediente, submissa. A maioria sobrevivente são crianças antes dos sete anos, nascidas em casas de reprodução ou as selvagens capturadas até os dez anos, depois disso fica mais complicado e não sei se há alguma que sobreviveu. Irei estudar mais sobre o assunto e logo volto a informá-la. Sei que o Norte envia navios com sereias de dezesseis anos para serem escolhidas por mestres e depois eles as trazem aqui, mas sem nenhuma prova fica difícil para nós levarmos até a Cúpula. Sobre essas sereias, ouso afirmar que elas não devem durar mais de cinco anos, o caos psicológico é muito forte.

Estou intrigado com o fato das sereias perderam a capacidade de falar depois de visitarem as bruxas, elas chegam até aqui gritando e saem caladas. Não sei bem porque isso acontece, mas é algo ligado ao ¨cordão umbilical¨ com o mar, leia de novo a outra carta se ficar com alguma dúvida sobre isso. Cada visita a elas é dada as sereias uma argola para prenderem em suas tornozeleiras. Nunca encontrei qualquer sereia com mais de cinco argolas. O processo deve ser dolorido e não é rápido, eu ouvi gritos perto da casa onde elas realizam o feito, os senhores não ficam abalados, enquanto as sereias gritam lá dentro eles bebem e conversam sobre o tempo. Não reconheci nenhum dos que estavam ali, caso esteja se perguntando. Pelo sotaque sei que vinham no Norte e Sul.

Outra coisa, você já ouviu falar sobre a venda de partes dos corpos das sereias? As bruxas vendem cabelos, unhas e testículos das sereias como ingredientes para poções, comidas exóticas, e adivinhe? Elas cobram caro por cada item, venho pensando que pegam das sereias que vagam por lá. Vi muitas faltando partes do corpo, andando pela ilha sem um dos olhos, por exemplo. Repito: É uma ilha dos horrores. Mantenha a pequena longe dali.

Aliás, soube que o Império Oeste e Norte também têm interesse em estudos parecidos com os nossos. Tenhamos cuidado.

Cordialmente,

Philip Kurtler."

— Bando de monstros! - Ela jogou as cartas por cima da mesa.

— Então, o que faremos, Jane? - Simon recolheu as folhas do chão e as pôs de volta na mesa. Ela sempre fazia isso...

— Explodir aquela maldita ilha!

— Não é sobre isso que estou falando.

— O que quer dizer?

— Ele não vai aceitar um acordo, Jane. - Simon estava de pé, passou o olhar por uma escotilha, o tempo lá fora estava bem escuro.

— Você não está supondo que nós vamos levar ele neste lugar, não é? - Ela apontava a carta que ele havia colocado sobre a mesa.

— Não vejo outra forma de conseguirmos que ele coopere.

— Já pensou em perguntar a ele? – Ela levou a mão até o ferimento que repuxou.

— Ora, Jane! Vamos! – Simon levou a mão ao rosto, secando o suor. — Você acha que ele iria aceitar fazer algo desse tipo por qual motivo?

Ela o encarou, como se fosse tudo óbvio demais e apenas ele não pudesse enxergar.

— Você só pode estar de brincadeira...

— Eu não o levarei neste lugar Simon! É extremamente cruel anular a existência de alguém dessa forma. - Jane jamais alterava sua voz com ele, mas era clara a sua irritação e Simon resolveu encerrar o assunto.

— Faça como preferir. - Disse ele. — Mas no final, se ele não aceitar, o levaremos a ilha. Você sabe que tem que ser assim, não se deixa afetar agora. - Ele saiu da cabine deixando Jane com seus pensamentos.

— O que podem oferecer? - Gritava.

— Seis caixas com tecidos e dois barris de aguardente. - Disse Victhor.

— Não é suficiente. - O homem de cabelo vermelho - pintado, respondeu.

Victhor pensou um pouco.

— Temos um punhado de açúcar que podemos acrescentar.

Ele viu o homem perguntar a alguém que estava ao seu lado.

— Feito, vamos emparelhar.

Os dois navios encurtaram a distancia e duas pontes de madeira ligaram um ao outro. A mercadoria do Alma Negra ia passando por uma ponte e noutra a mercadoria do outro navio chegava.

— Fez um bom negócio, senhor. - O tal de cabelo vermelho disse na ponta da ponte que saia de seu navio.

— Vamos ver. - Victhor respondeu olhando para o movimento na água abaixo do navio.

O homem estranhou um pouco, mas deu de ombros quando viu que toda mercadoria já estava dentro de seu navio, logo as pontes foram erguidas e as embarcações tomaram distancia uma da outra. Victhor fez a ele um sinal e o homem retribuiu, os lábios de Victhor diziam "Até logo", mas aquele que viu não entendeu e seguiu seu rumo junto ao seu navio.

Pelo mar afora, tremulava ao sabor dos ventos, hasteada, a bandeira negra ostentando um crânio e duas tíbias cruzadas. A embarcação desenhava-se no horizonte sombrio, o homem do cabelo vermelho havia sido alertado pelo homem da gávea e não acreditou quando seus olhos viram.

— Malditos! Malditos! - Ele gritava aos seus. — Abram as velas, toda velocidade a frente, aqueles malditos eram PIRATAS! PIRATAS!

Sangue frio, coragem e audácia não eram apenas palavras quando se tratavam dos piratas do Alma Negra, aqueles ditos loucos que nada tinham a perder.

— Eles aumentaram a velocidade. - Pyra disse ao timão.

— Não vai adiantar em nada. - Theodora sorria ao seu lado, ajeitando a espada no cinto.

E ela estava certa, a sombra abaixo da água do Alma Negra movia-se deixando o navio para trás, logo alcançando seu alvo. O som de um baque foi ouvido e aquele navio ficou mais devagar, o homem do cabelo vermelho chegou até a amurada e não entendeu o que estava acontecendo, mas não teve muito tempo para pensar sobre essas coisas, ele foi puxado para baixo.

— Senhor Silveira! Senhor Silveira! - Gritavam os homens que a pouco o haviam visto. — O que está acontecendo?

Feito um laço, algo começou a arrancar os homens que estavam no convés e leva-los para o mar, não tardou para a histeria se alastrar. Tiros de pistolas eram direcionados para baixo, mas nada boiava morto, a não ser pedaços das roupas dos ex-colegas e uma cabeça de alguém que eles não reconheceram.

Fosse o que fosse os homens ficaram com medo e incerteza e esqueceram-se de organizar os canhões ou tomar alguma atitude sobre o navio que cada vez mais se aproximava e foi questão de tempo para que este navio fosse tomado pelo pessoal do Alma Negra.

— A ordem é clara: nenhum homem ou mulher será feito prisioneiro, quem quiser se juntar ao navio deve faze-lo de coração aberto e aquele que não aceitar pode afundar mar a dentro. - Victhor anunciava com Simon e Theodora ao seu lado. Ambos tinham suas próprias armas já machadas de sangue. — Não resistam mais, vai ser melhor pra vocês.

E mesmo diante da vida e da morte, muitos preferiam escolher a morte do que se tornarem piratas e assim foi feito. Aqueles que não aceitaram a proposta feita por Victhor foram lançados ao mar com suas gargantas cortadas e assim como águas vivas eles foram sugados para baixo.

No Alma Negra a alegria corria solta, os mais antigos satisfeitos pelo roubo e os novatos agradecidos pela vida poupada. Na verdade, como piratas muitos deles iriam ganhar mais do que recebiam trabalhando para aqueles nobres aristocratas e aceitaram o acordo esperançosos de uma nova vida, agora eram livres para serem e fazerem o que bem entendessem.

— Deixem queimar. - Foi o que Simon disse.

— O que? Vocês vão colocar fogo nesse navio? - Will brotou sabe-se lá de onde e parou bem ao lado de Simon. — Não é desperdício?

— E você quer que a gente faça o que? Coloque o navio nas costas?

— Credo, eu só estava perguntando.

Simon bufou e saiu de perto dele.

— Você me irrita.

Will ficou olhando para o navio que iria ser queimado e elevou os lábios inferiores num bico caprichoso.

— Não se sinta mal pelo navio, loirinho.

— Não tem mesmo o que a gente possa fazer, Theodora?

— Se fossem outros tempos podíamos tentar dividir o pessoal e agrupar ele ao nosso, antes era assim, tínhamos cinco navios navegando juntos.

— Vic me disse que estamos com pouca gente.

Theodora tentou não rir do apelido de Victhor.

— Sim, estamos com pouca gente.

— Pelo menos não sou mais o único novato.

Ela deu um tapinha de leve que virou um carinho na nuca dele e Will sorriu. Ao longe Victhor passava com uma prancheta e dois homens ao lado, discutiam seriamente sobre alguma coisa. Will não reconhecia aqueles dois.

— Devem ser dos novos.

— O que Victhor está fazendo com eles? - Will parecia bastante interessado.

— Ele é responsável por tudo o que entra e sai do Alma Negra, coisas e pessoas, é natural que ele precise dar e receber orientações agora.

— Entendi. - E seus olhos verdes seguiram Victhor até ele sumir de vista entrando com os dois no deposito de cargas do navio.

Eles ouviram o crepitar do fogo e as explosões, o Alma Negra afastava devagar e eles olhavam o outro navio submergir.

Na cabine, Jane recebia as novidades.

— Eles acharam mesmo que éramos um navio mercante.

— Hasteamos a bandeira falsa, mostramos os documentos com o selo Imperial falso e eles emparelharam depois que oferecemos a barganha.

— Azar o deles, sorte a nossa. - Foi o que ela disse.

— Entraram mais alguns para a tripulação.

— Entendo. - Ela respirou fundo, dessa vez sem sentir muito os pontos repuxarem. — Dê a eles o tempo para adaptarem-se e vejamos quantos deles vão ficar conosco até o final. Qualquer um que pisar fora da linha deve ser jogado ao mar.

— Seguir o plano.

— Sempre. - Jane sorriu.

— Parece que vamos entrar num tempo mais calmo agora, aproveite para descansar mais. - Simon já ia levantando para sair da cabine.

— Minha bunda já está doendo de tanto descansar, Grandão.

Simon balançou a cabeça num sorriso mais largo que o comum e saiu da cabine. Jane esperou uns minutos e tentou ficar de pé, deu uns passos devagar de um lado para o outro.

— Pyra é mesmo incrível. - Disse a ninguém. E era verdade, o machucado em seu lado ainda incomodava, mas Pyra cuidava com tanto esmero que não demoraria a curar por completo. — Quero sair dessa cabine logo, quero ir vê-lo.

Jane sentou-se na cama devagar, estava um tanto surpreendida consigo por ansiar tanto ver o sereia. Não saberia dizer o que causava tanta vontade, mas ela sentia até mesmo em seu estomago algo diferente quando pensava nele.

— Puta merda! - Ficou um pouco tonta, deixou que as costas descansassem no colchão e olhou para o teto mantendo os olhos fechados. — Eu quero muito ver ele.

Nota: E essa ansiedade toda ai hein Jane? hehehehe~~

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