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Capítulo 39 - Conversas, bolinhos e dúvidas.

Oi gente! Tudo bem? Espero que sim! Ufa! Vamos dar uma respirada? O que acharam dos acontecimentos até aqui? Neste capítulo vamos dar uma olhada no que esta acontecendo por ai, mas não se preocupem, logo voltaremos para o Alma Negra.

Deixem seu voto e comentários, por favor!

Beijos!

O Rainha do Mar chegou ao Império Leste na data prevista e apesar de ser quase noite o capitão John Mitchell não pulou nenhuma etapa, fez todas as checagens no navio junto ao contra mestre e dispensou os marinheiros depois que tudo estava limpo e em ordem, não importava o cansaço ou as dores, o que devia ser feito precisava ser feito. John Mitchell era sempre o primeiro a acordar e o último a ir dormir, era sabido.

Pela manhã seu compromisso inicial era no Palácio de Cristal, ele ainda lembrava-se da primeira vez que havia estado ali e do quão contrastante aquele lugar era em relação aos outros. Ali mesmo com todo luxo e riqueza do Leste ainda era possível ter sutileza e beleza simples e mesmo que todos conhecessem a sua fama de matador sem piedade direcionavam a ele sorrisos frescos e não ensaios e os colaboradores do palácios pareciam não ter medo dele, ou ao menos fingiam muito bem.

O capitão foi recebido com toda cordialidade e simpatia que Priyanka podia lhe dispor, a sala estava clara e os raios de sol adentravam pelos vitrais deixando agradáveis nuances coloridos refletidos nas paredes. John, assim como Phillip Kurtlher ao seu lado, tomava uma grande xícara de café.

— Agradeço seu tempo em me receber, Sua Alteza. – Ele disse depois de colocar a xícara sobre o pires. Priyanka mandou que o servissem em porcelana branca sem nenhuma decoração e nenhum detalhe colorido. As peças sobre a mesa combinavam perfeitamente com o uniforme também branquíssimo do capitão.

Ao lado de Phillip o contraste entre os dois era quase cômico. John Mitchel tinha belos traços como se fora esculpido em mármore queimado ao sol, a barba estava sempre feita sem que nenhum folículo aparecesse em seu rosto, suas reações eram sempre coordenadas e nenhum passo era dado sem objetivo. Sorria pouco ou quase nada e quando o fazia apenas uma linha fina se mostrava em seus lábios rachados. Já Phillip Kurthler sorria sempre que podia, tinha a voz macia para falar e aguda ao rir alto. Seus modos eram educados evidenciando uma boa criação, sempre que podia vislumbrava os detalhes e filosofava sobre as questões da vida prática, sua atenção era dedicada as coisas menores assim como as maiores como todo estudioso deve ser e mantendo sempre a atenção nas personalidades a sua volta podia escolher as palavras certas para ter as informações que precisava. Nesse sentido Mitchell não perdia tempo e preferia ameaças e facas cobertas de sangue. E claro, Phillip nunca e jamais usava pentes.

— Soube que vai escoltar nosso navio até o Norte capitão. – Phillip disse com os cantos da boca cheios de creme de baunilha. — Tenho certeza que nenhum navio pirata sequer chegará perto de nós sabendo que o Rainha do Mar estará conosco.

John sentiu o impulso de esfregar um lenço na cara dele, mas não o fez.

— Sim, graças a senhora Priyanka o Norte irá receber uma boa quantia de suprimentos, não poderia deixar que nada atrapalhasse o esforço do Leste num ato tão nobre.

— Aposto que não. – Phillip pegou mais um quitute da mesa, dessa vez a massa era coberta com um creme cor de rosa salpicado com pequenos cristais de açúcar da mesma cor. Os seus lábios superiores deleitaram-se com a textura macia e ficaram imersos no creme enquanto seus dentes mordiam a massa fofa.

— Minha preocupação maior está nos Sunacas que vão ao Norte. – Priyanka dizia enquanto acariciava os cabelos de Priya que se recusava a deixar o lado dela. — Eles não estão acostumados com o frio do Norte, com o solo ou com as sementes e brotos que estamos enviando. Espero que não seja muito difícil para eles.

— A Imperatriz Aurora me parece uma mulher muito forte. – Phillip dizia, dessa vez segurando uma tortinha de limão. — Foram poucas as vezes que tive a honra de vê-la discursar, mas em todas ela pareceu muito coerente. Não creio que ela mandaria seu povo para um lugar desconhecido sem saber que eles cumpririam com seu objetivo.

Priyanka não diria em voz alta, mas não queria perder toda colheita mais uma vez por falta de conhecimento do povo nortenho ou despreparo da terra. Já vários navios que foram cheios voltaram com notícias falidas e dessa vez ela esperava que fosse diferente.

Houve uma pequena pausa no assunto. Phillip mordia a tortinha pela metade, John levava a xícara aos lábios deixando o líquido quente entrar em sua boca e Priyanka beijava os cabelos da sereia.

— O que acha capitão Mitchell? – Priyanka perguntou sem tirar o sorriso dos lábios. — Na última vez que nos encontramos no Império Central me pareceu que o senhor e a Imperatriz Aurora ficaram bastante... amigos. – Foi a palavra que ela escolheu sabendo que "íntimos" seria indelicado demais de sua parte.

Ora, é claro que todos ficaram sabendo que Aurora e John passaram uma noite juntos e que por causa disso ele havia chegado em uma das reuniões depois da hora inicial. Fato que nunca antes havia acontecido.

— Sim, eu concordo com senhor Kurthler. - O capitão não demonstrou nenhuma afetação pela menção de Priyanka, na verdade pareceu ponderar muito bem as ações de Aurora desde que ela havia se tornado Imperatriz até a noite em que a teve em sua cama. — Não acho que a Imperatriz de Sunacai tenha ações impensadas, se ela enviou seu povo ao Norte é porque acredita na capacidade que eles têm de sobreviver mesmo num ambiente tão diferente ao seu natural. Ela não os mandaria para lá para que morram de fome ou frio.

— Entendo. – Priyanka o observava com seriedade. — Se o senhor está dizendo então ficarei tranquila.

E mais do que tranquila, Priyanka estava satisfeita. Naquele dia na Cúpula quando disse a todos o seu objetivo em livrar seu próprio Império e os demais da escravização das sereias a Imperatriz Aurora foi a única que lhe pareceu honesta em apoiar suas ideias. Saber que uma mulher forte aos olhos de todos estava ao seu lado lhe encorajava ainda mais em seguir com seus planos. Mandaria uma mensagem a ela ainda naquela semana e se possível gostaria que Aurora lhe visitasse no Império Leste. A aliança entre o Leste e Sunacai estava tomando formas na mente de Priyanka.

A conversação entre os três seguia amistosa. Phillip não perdeu a oportunidade de deliciar-se com todos os quitutes da mesa e John sempre o olhava com reprovação quando migalhas caiam sobre o colo do estudioso rapaz ou quando sua boca se contornava com creme. Mas Phillip não deixaria de aproveitar todas aquelas maravilhas, ainda mais sabendo que ficaria tantos dias longe da doce amabilidade da Imperatriz do Leste que mandava sempre prepararem novas receitas esperando que ele as experimentasse. Era reconfortante lidar com outros assuntos que não fossem apenas lidados a governar um Império e Priyanka podia agir mais como uma boa amiga durante o período de tempo que ele estivesse por perto. Por alguns minutos Priyanka e Phillip conversavam sobre o recheio de um dos bolinhos, a Imperatriz dizia sobre a nova plantação de mirtilos e as receitas que suas colaboradoras da cozinha faziam com eles e aquele que Phillip estava gostando tanto era recheado com os frutos da nova safra das frutas arroxeadas.

— É a primeira vez que como desses mirtilos. – Phillip mordia bem no meio do bolinho onde haviam tantos mirtilos que caiam de sua mão. — Não esperava que essas bolinhas escuras fossem levemente adocicadas, pensei que fossem algo venenosas quando as vi pela primeira vez.

— Você pode usar outras frutas no lugar, como morango, jabuticaba, amoras... pode até usar maçã picadinha, sem casca para fazer estes bolinhos. Ficam todos uma delícia.

— Eu adoraria comer com jabuticabas!

— Então venha na época certa e poderá comer quantos quiser.

O Capitão Mitchell que não se interessava por bolinhos e nem por safras de mirtilos ou doces com jabuticabas deixou que seus pensamentos rodeassem a sala. Janelas grandes demais. – Ele pensava. Numa invasão poderiam facilmente subir pelas árvores do lado de fora do palácio e ter acesso a essas janelas. Os corredores também são um problema, com uma besta bem carregada poderia-se fazer um bom estrago por ali, as portas não são fortes o suficiente e por que ela tem tão poucos guardas espalhados? Talvez Priyanka fosse boa demais e não pensasse nessas coisas, afinal. Se fosse a Imperatriz Aurora, suponho que ela tivesse mais malicia nessa questão. O Capitão não era um homem rotulado como romântico, jamais alguém poderia supor que ele pensasse em algo que não fosse estripar piratas, mas a menção de Aurora pela Imperatriz do Leste trouxe as lembranças daquela noite de volta aos seus pensamentos. Aurora nua em sua cama, as marcas de suas unhas ardendo em suas costas e o gosto do beijo dela em sua boca, Mitchell não era um homem de devaneios, mas se estavam falando sobre mirtilos e receitas, cremes e "croassãs" ele pensaria nas curvas da mulher mais bela que já estivera consigo, sem nenhuma culpa.

Os três foram interrompidos com o "toc toc" na porta da sala de chá, a colaboradora que os servia recebeu consentimento de Priyanka e abriu a porta. Khan entrou com seu belo e costumeiro sorriso, ele havia saído para tarefas a respeito das colheitas e não pudera estar antes com os convidados. O marido da Imperatriz deitou um beijo terno no dorso da mão dela, fez os cumprimentos que a boa educação exigia e sentou-se ao seu lado na mesa.

Phillip passou a mexer nos cabelos ajeitando uma franja que caia sobre os olhos, a energia que dispensava às palavras parecia ter sido diluída com a presença de Khan e como se fosse possível ele comeu ainda mais bolinhos, seu olhar ia da pequena sereia para a Imperatriz, da Imperatriz para Khan e outra vez para a sereiazinha. Mas foi algo bastante sutil que apenas o capitão Mitchell percebeu "Ele está incomodado com algo."

Em todo caso trocaram algumas informações sobre as plantações e os novos sistemas de irrigação que haviam sidos desenvolvidos e estavam sendo testados, Khan mostrava-se animado com as plantações de arroz e os dez mil patos.

— Veja bem, o método é executado através dos gotejadores dispostos ao longo de um sistema, nós estamos aplicando a água diretamente na raiz da planta! – Ele sentiu falta de papel e tinta para que pudesse explicar tudo detalhadamente aos demais. Não que Priyanka já não tivesse ouvido isso algumas vezes, que Phillip não entendesse perfeitamente com apenas palavras ou que Mitchell estivesse interessado, mas Khan era um homem que gostava de coisas práticas e concretas, era alguém que resolvia questões e dificuldades de maneira lógica. — Este é um dos melhores métodos que já testamos no quesito rendimento. Dependendo da cultura e do modelo de implementação nós podemos aumentar em até duas vezes a capacidade de produção dos alimentos. E os patos? São uma maravilha! Mesmo que os vizinhos reclamem um pouco do barulho, ainda assim eles são ótimos.

A essa altura Khan já havia dado bolinhos com creme para Priya e ela os comia com boa vontade já que a Imperatriz não lhe dera nenhum desde que começaram a comer. A pequena sereia parecia gostar de todo tipo de doce que lhe serviam, mas sempre passava mal depois de comer então Priyanka nunca lhe dava. O que não se podia dizer de Khan. Bem, ela lidaria com isso mais tarde.

— Estamos todos animados com o processo. – Ele dizia ainda com a xícara de chá cheia. – As plantações de laranja, limão e tangerina também vão muito bem. Logo vamos testar em outras e poderemos economizar muito mais água potável do que já fazemos.

— A água potável ainda é dura de encontrar em muitos lugares. – Disse Phillip. — No Oeste mesmo quase não há lençóis disponíveis, e as chuvas estão custando a chegar esse ano.

— Se finalmente tivermos sucesso poderemos exportar ainda mais alimentos e quem sabe levar até mesmo água para outros lugares. – Khan direcionou um olhar animado a Phillip. – Seria possível depois de algumas reformas nos navios, o que você acha senhor Kurthler?

Phillip piscou os olhos algumas vezes ficando um pouco constrangido com a confiança de Khan. Ele queria dizer que aquilo era inviável, mas ficou com receio de magoar a Imperatriz. Por sorte alguém tomou as palavras de sua boca.

— Seria impossível. – Mitchell proferiu. – Além do armazenamento ainda teria o transporte, o custo, os perigos do mar. Colocando todos os contras numa balança os pontos favoráveis ficam a desejar. Continuem como estão, todos os outros Impérios tem uma dívida enorme com o Leste por providenciar tanto alimento, pra qual o sentimento de aumentar essa dívida?

Houve um momento de silêncio, cada um ponderava aquelas palavras a sua maneira.

— Aproveito a ocasião, – Dizia Khan com sua voz baixa e rouca. — Para parabeniza-lo pelos novos navios a vapor. Eles são incríveis, Sr. Kurthler.

— Agradeço o elogio em nome do Oeste, mas sinto por não ter nada haver com este projeto. Minha área é outra. – Ele olhou diretamente para a sereia que comia os bolinhos de mirtilos com tanta boa vontade que precisou segurar-se para não pegar mais um.

— Ah, isso é verdade? – Khan sorriu. — O Oeste é mesmo uma terra de estudiosos então. – Ele colocou a xícara nos lábios, mas logo a retirou parecendo lembrar-se de algo importante. — Certo, também devo informa-los sobre um navio branco que pedia autorização para ancorar no Porto há algumas horas atrás. Parece que estão aguardando o senhor, capitão.

Ele teve a atenção dos três para si novamente.

— Eles apresentaram uma carta oficial com o Selo Imperial do Leste. – Khan olhou diretamente para Priyanka. — Você está esperando o cumprimento de alguma ordem, minha senhora?

— Qual seria o navio? – Priyanka retirou das mãos de Priya mais um bolinho recheado, já havia perdido a conta de quantos a sereia havia comido.

— O Garça Branca, do capitão Henrique.

— Oh, - Priyanka levou a mão a boca pela surpresa. — Sim, eu lhes dei uma ordem há algumas semanas. Eles foram rápidos em regressar.

— O Capitão Henrique e seu irmão Éric são os responsáveis pelo Garça Branca. – Mitchell dizia após descansar a xícara metade cheia no pires a sua frente. — Não esperaria menos deles.

— Bem, agora conseguiu me deixar ansiosa para vê-los, espero que tenham boas notícias.

— Soube que essa ordem foi bem especifica pra o navio deles. Algum motivo em particular?

— Sim. – Priyanka bebericou de sua xícara deixando a curiosidade no ar. — Mas não se preocupe capitão, confio no senhor para todos os tipo de serviços, é só que deste eu precisava de alguém um pouco mais... delicado. Se é que o senhor me entende.

— Oh, delicado é coisa que ele não é. – Phillip respondeu com a boca cheia e por pouco não foi possível entender o que disse.

Mitchell não precisou dizer nada, a verdade era estampada em cada gesto seu e mesmo durante os treinos da academia marítima haviam muitos companheiros que reclamavam de seus excessos enquanto praticavam juntos.

A partir dali o assunto seguiu sobre o clima do mar para a viagem e os preparativos que Mitchell faria para que tudo corresse bem. Entre o Leste e o Norte o caminho era longo e além dos animais marinhos que poderiam encontrar ainda havia as intempéries da natureza. Dali passaram-se três dias desde que o Rainha do Mar atracou no Império Leste e John Mitchell preparava enfim seu retorno para o mar. A Imperatriz pessoalmente ia até o porto para encorajar os homens com sua presença, mostrando a eles a importância da missão que os aguardava. Phillip a acompanhou algumas vezes, mas na maioria do tempo ficava no palácio revisando algumas anotações e preparando suas próprias coisas para a próxima viagem. Em especial ele havia pedido a Priyanka que o deixasse examinar Priya, a sua pequena sereia, e a Imperatriz havia permitido. Afinal, não era nada demais, Phillip fora quem Priyanka sempre chamava quando Priya precisava de cuidados especiais desde que ela fora adotada pela Imperatriz. Não havia pessoa melhor e mais qualificada quando o assunto eram as sereias do que Phillip Kurtlher.

No porto, quando Priyanka estava ao lado de John conversando sobre os trâmites da viagem podia-se sentir algo no ar. Eles eram o completo oposto um do outro tanto no semblante, no jeito de falar e no modo de agir, mas eram iguais no que dizia respeito a sua palavra e honra. John era considerado por todos que o conheciam por cumprir arduamente as ordens e isso fazia-o ser requisitado pela Marinha a desempenhar todos os trabalhos difíceis contra os piratas e suas constantes traições, crueldades, saques de riquezas fabulosas, enfrentando tempestades devastadoras, combates navais cheios de duelos, prostituição e devassidão moral. Não raro sua espada estava banhada em sangue. Já Priyanka era ponderada, assertiva e ninguém podia dizer que ela teria voltado atrás com sua palavra, o Império Leste havia prosperado consideravelmente depois que ela assumiu a posição de Imperatriz aos quatorze anos de idade. Ela era uma jovem órfã com um casamento arranjado pela falecida mãe e mesmo com muitas dúvidas aos seus pés ela seguiu em frente e confiou no que julgava certo ou errado. Enfrentou um patriarcado opressor e sendo a única filha do falecido Imperador precisou ser forte mesmo estando sozinha. Sua boa conduta e sua generosidade nata conquistaram a população e, seu marido Khan mostrou-se simpático as ideias que ela apresentava o que a facilitou a amá-lo e respeita-lo mais do que ordenavam as regras.

Ainda jovem Priyanka conheceu Priscilla em uma das visitas ao Império Central, na época o temperamento da Conselheira era terrível. Ela era desbocada e sempre partia para agressão física quem apontasse as características de sua maldição. Foram necessárias muitas conversas e muito amor para que ela enxergasse beleza em si mesma, amor de dentro e amor de fora. Com as duas passando por momentos de dificuldade no mesmo período, a amizade ajudou-as a superar os obstáculos que surgiam pelo caminho. A Imperatriz do Leste conquistou respeito e admiração daqueles que a cercavam por motivos contrários ao do capitão que pendurava piratas com o ventre cortado em seu mastro e ao estarem lado a lado a sensação era como se o bem e o mal apertassem a mão em uma trégua mentirosa.

O Rainha do Mar já estava a postos no porto enquanto o navio com a preciosa carga deslizava pelas águas, o capitão John Mitchell deu a ordem e as velas foram içadas rumo ao Império Norte. De acordo com o itinerário o Rainha do Mar encontraria mais um navio branco que já partira de Sunacai há alguns dias com um terço das pessoas que Aurora cedia a Florence, a viagem seria demorada já que os navios cargueiros eram pesados e lentos, este também era o motivo para que fossem sempre saqueados, no entanto tendo a escolta do Rainha do Mar e mais dois subjacentes, duvidava-se que qualquer pirata se aproximasse deles, em todos os jornais que circulavam com a noticia do envio do Leste para o Norte as letras eram bem evidentes quando diziam que John Mitchell estava responsável. Junto dessas noticias também iam algumas vezes algumas notas sobre os feitos do capitão como a captura de dois navios piratas nos meses anteriores e a morte desses mesmos piratas pela espada de Mitchell. Diziam que os navios tentaram emboscar o Rainha do Mar num dos pontos onde os fortes ventos e as correntes tornam mais rápida a navegação, sendo uma espécie de "atalho" ou "rota rápida" para os Impérios muito utilizados pela Marinha. Mesmo sendo cercado o Rainha do Mar não sucumbiu as bolas de ferro atiradas contra ele, os homens que invadiram o navio foram mortos rapidamente pelo pessoal qualificado de Mitchell e o próprio capitão se atirou nos navios inimigos com sua espada cortando para todos os lados. Entre perdas e ganhos a marinha saiu no prejuízo, mas mesmo que isso fosse mencionado nos jornais ainda assim a vitória havia sido de Mitchell e para os nobres que investiam muito dinheiro nos oficiais de branco isso era o que importava. Acrescentando ainda que apesar da pouca tripulação o Rainha do Mar sobreviveu a duas tempestades fortes e um tufão a credibilidade na liderança de Mitchell subia cada vez mais nas bocas de todos que pronunciavam seu nome. Era um tanto engraçado como as noticias nesses jornais deixavam fatos realmente importantes com menos destaques, por exemplo ninguém falava sobre o desaparecimento de um navio de pesca em alto mar, um pequeno veleiro ou alguns banhistas que sumiam próximos a Ilhas do Sul, ninguém dava méritos ao redator que acusava um grupo de sereias que foram vistas em vários destes casos. Ele dizia que uma dessas sereias foi vista puxando pelas mãos um homem aparentemente enfeitiçado para o mar. Como isso seria possível? Bobagem demais. E depois ele escreveu que alguns marujos disseram ouvir uma voz melodiosa vindo de longe próximo onde antes era o Império das Águas. Que homens tolos esses! O que a falta de casa não faz com a mente desses carentes! Todos deixavam essa informação passar, afinal, eram só sereias, o que elas poderiam causar? Provavelmente aqueles eram casos isolados e o tal jornalista só queria atenção para si impondo que as sereias estavam criando algum tipo de motim contra a humanidade. Engraçado!

No dia marcado a Imperatriz do Leste junto de sua comitiva foi até o porto para ver os navios partirem, além do que transportava os suprimentos para norte mais cinco saíram de suas águas e Phillip havia ido em um deles na intenção de explorar alguma coisa nas minas do Norte. Ele não havia dito a ela exatamente o que era, mas se tratando de quem era alguma coisa haver com sereias tinha, contudo se ele não iria dizer nada a ela, ela iria aguardar quando ele pudesse dizer. Enquanto o amigo estudioso e cientista afastava-se fitando-a da amurada do navio branco, Priyanka pensava na conversa franca que tiveram no dia anterior, sua cabeça pesava com aquelas informações e seu coração estava salpicado de dúvidas. Quando voltasse ao palácio iria tirar essa incerteza de sua cabeça de uma vez por todas. Agora, vendo o amigo acenar já de longe, sua boca podia desfazer o sorriso.

— Vamos voltar ao palácio imediatamente.

— Sua Alteza não vai visitar a Casa das Cinco Coroas? A senhora Niyati não a está esperando?

Priyanka respirou fundo, ter que cumprir com suas obrigações enquanto imperatriz lhe agradava profundamente. Cuidar de seu povo, cuidar daqueles que confiavam nela lhe dava grande prazer, no entanto agora ela só queria ir para casa.

— Sim, você tem razão Jester. A senhora Niyati marcou esta reunião há bastante tempo.

A Casa das Cinco Coroas era responsável por manter boa parte da cultura, arte e educação do Leste, as senhoras e alguns senhores que compunham este enlace eram visionários que mantinham as tradições dissolvidas pelas Guerras e o que havia restado depois da inundação de Azah em escolas e programas educacionais. Priyanka tinha a esperança de que se esse grupo aceitasse bem a sua proposta para as sereias, o restante dos nobres seria mais dissuadido com maior facilidade e pelo que havia trocado de informações com a senhora Niyati, a mais velha do grupo, sua conquista estava praticamente garantida. Tendo isso em mente Priyanka não poupou esforços e lutando contra o próprio querer colocou um sorriso no rosto e partiu em direção ao seu compromisso.

A casa foi preparada com muito zelo e bom gosto. Em toda propriedade haviam bordos bem cuidados e arvores menores aparadas, as várias casas das famílias que viviam ali exibiam o capricho de seus proprietários e em cada jardim havia uma beleza diferente para apreciar. Nenhuma delas deixava de ser modesta e todas faziam questão de exibir atributos de sua cultura e arte, seja em objetos de cerâmica ou barro cada personagem das lendas e figuras religiosas estavam ali para serem respeitadas e apreciadas ladeadas com muito bambu. O colorido era revigorante e as crianças corriam por toda parte com suas fitas em mãos, bolas e cataventos e as cuidadoras sorriam e acenavam sem levantar a voz ou perderem o sorriso.

A Imperatriz chegou à casa principal com boa vontade e foi recebida pela matriarca numa grande sala.

— Vossa Alteza seja muito bem-vinda. – Niyati tinha os longos cabelos brancos trançados que pendiam para frente enquanto curvava o corpo.

— E um enorme prazer ser recebida mais uma vez neste lar cheio de luz.

A senhora apesar da idade tinha excelente aparência, embora as rugas fossem evidentes em seu rosto ela poderia passar-se por bem menos com facilidade. Sua postura ereta e seu modo de andar eram requintados e as colaboradoras que estavam ao seu redor pareciam cópias de sua senhora com a diferença que todas usavam maquiagem e prendiam os cabelos com acessórios florais.

Quanto Priyanka viu a mesa repleta de delicias pensou em como Phillip adoraria experimentar cada coisa que havia ali. Essa lembrança aqueceu o coração da imperatriz e ao mesmo fez brotar novamente aquela dúvida e a ansiedade transpareceu em seu rosto. A senhora percebendo o desconforto de Priyanka pensou que ela estivesse cansada e com fome e pediu que logo servissem todos os pratos de uma vez.

Os colaboradores entraram com os pratos e o cheiro inundou o ambiente, a senhora Niyati sorria e seus olhos ficaram ainda menores. Os pratos foram sendo servidos e a conversa fluiu sobre assuntos triviais do dia a dia do Leste e Priyanka estava bastante a vontade.

— Muito Obrigada pela refeição. – Priyanka comeu o suficiente e agora poderiam discutir o que realmente importava.

Seguindo para a sala de chá, confortavelmente sentadas, as duas mulheres olharam-se atentamente durante algum tempo buscando compreender qual era a intenção de cada uma ali.

— As sereias. – Foi Niyati quem disse primeiro.

— Não é novidade para a senhora que eu busco a redenção e a liberdade das sereias durante muito tempo.

— Sim, minha senhora, nós estamos cientes disso.

Quando ela disse "nós" Priyanka sabia que o assunto já havia sido exposto em alguma reunião particular na Casa das Cinco Coroas.

— Certo, e qual foi o consenso que a Casa chegou?

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