Capítulo 33 - Amanhã de manhã.
Jane pensou que naquele momento, se ela não deixasse a menina frágil apossar de si mais uma vez, poderia perder todas as chances de encontrar o sereia.
— Sim. – Ela fez a voz mais doce e mais sofrida que conseguia no momento.
— Mas é claro que esta e eu fico contente com isso. – Ele pegou a mão dela. — Se tem medo, não faça isso de novo e me obedeça quando eu mandar.
Markus limpou a sujeira da própria roupa e voltou a sentar-se na mesa.
— Essa noite, - Ele começou enquanto ela olhava-o fingindo prestar atenção. — Sonhei com alguém que tinha o rosto bastante parecido com o seu. – Ele riu. — Mas quando meu pai batia nela, ela gritava e chorava, já você fica quieta quando apanha. – Ele tinha um sorriso estranho, uma expressão louca de quem havia visto algo muito aterrorizante. — Mas eu prefiro assim. Continue assim, não grite. As outras meninas choram demais, isso me irrita.
Jane já havia ouvido os gritos, os choros e feito curativos em muitos ferimentos. Com ela havia sido a primeira vez.
— Será que tem alguém lhe incomodando aqui na fazenda? – Ele tornou a face numa carranca. – Diga-me! É por isso que tem estado estranha esses dias? Se há alguém incomodando eu o esfolarei e darei a carne aos cães!
Uma das empregadas dissera uma vez que a mãe de Markus não era nobre como o pai, que era uma mulher doce e amável, e seus dias foram felizes na fazenda ao lado do marido e filho. Isso era o que pensavam. A verdade era outra e ninguém falava sobre esse assunto. Não haviam muitas fotos dela na casa, apenas no escritório de Markus ela viu um quadro com sua mãe e pai em frente à fazenda, de fato a mulher era muito bonita e os traços de Jane eram parecidos com os dela. Infelizmente a mãe de Markus falecera ao dar à luz a uma garotinha que morrera três dias depois do nascimento, o pai ficara amargurado e sofreu anos a fio deixando todas as responsabilidades no jovem menino. Talvez Markus visse em Jane algo nesse sentido, uma forma de ter o passado de sua mãe por perto. Que falta de sorte a minha!- Ela pensou.
Jane começou a ficar cada vez mais tempo a sós com Markus, a pedido dele a moça o servia em todas as refeições. Ele nunca tocou no assunto de ter batido nela e quando estava com raiva mandava que ela saísse do cômodo e a chamava de volta quando estava mais calmo. As vezes não dava tempo e ela levava bofetadas e xícaras e pratos voavam em sua direção. Não tardou para que ela passasse a se encolher quando ele vazia algum movimento, o que deixava Jane bastante irritada com ela mesma.
— Você está com uma expressão estranha. – Lantis a tirou de seus pensamentos tocando as mãos dela sobre a mesa. — Melhor não falarmos desse assunto também.
— Está tudo bem. – Ela disse aceitando o carinho que ele fazia em suas mãos. — Foram coisas que já aconteceram, não me machucam mais.
Jane, agindo como Lídia, envolveu-se com um dos rapazes da fazenda. Era um jovenzinho bobo e deixou que ele dissesse aos homens que tinham um caso e não custou a chegar nos ouvidos do patrão. O rapaz foi despedido no outro dia. Jane mostrou-se entristecida, parou de comer e fingiu estar doente de amor, ficou arredia e deixou transparecer o mal temperamento. Nada adiantava, ele parecia desculpar-lhe todas as imprudências como se pensasse que sua cachorrinha estava fazendo uma birra infantil. Ordenava que ela o seguisse pela casa e ficasse em pé em todos os cômodos que ele estava, mandava que ela não lhe levantasse os olhos e mantivesse sempre a cabeça baixa perante ele, quando ele queria olha-la segurava em seu queixo e corria os olhos sobre sua face, várias vezes ele elogiava a beleza de Jane, a cor em seus olhos, as maçãs em seu rosto, o arco do cupido em seus lábios rosados e cheios e aproximava tanto seu rosto do dela que Jane chegava a sentir ânsia no desespero dele a beijar. Mais de uma vez ele tocou-lhe os seios e encurralou-a sobre a parede fungando seu pescoço, Jane pensava em seu objetivo, imaginava o dia em que abriria um buraco no peito dele com sua espada e segurava o ar em seus pulmões para não sentir o cheiro de tabaco de Markus. Jane receava que as vontades dele para com ela estavam tomando outro rumo e temeu que seu plano pudesse ir por água abaixo.
A governanta sorria a cada vez que Jane queixava-se do patrão, a velha mulher cismou que Markus estava enamorado dela, que a beleza dela era diferente das outras que ele só experimentava pela noite e iam embora de manhã. O estomago de Jane revirava a cada insinuação, jamais ela poderia sentir por ele menos do que repulsa! Mas não a culpava por pensar tal coisa, ela era só uma mulher idosa que sonhava demais.
Jane pensava no que poderia fazer para acabar logo com tudo aquilo e voltar ao Alma Negra, ela queria logo dar fim a tudo naquela fazenda e matar Markus. Decidiu que o mataria a noite, colocaria fogo no quarto dele e quando os homens fossem socorre-lo e abaixassem a guarda ela pegaria o sereia e fugiria com ele dali. O plano era simples e fácil de executar. Pois bem no dia planejado a caminho do quarto dele, vestida em trajes de dormir com uma lamparina nas mão, Jane deparou-se com a governanta que havia ido até a cozinha beliscar alguma comida. Maldição! Jane inventou que tivera um terrível pesadelo com Markus e queria verificar se ele estava bem, a adaga presa em sua cintura não foi descoberta e desse dia em diante a velha senhora sempre desconfiara dos sentimentos dela. Mal sabia que Jane o detestava com todas as forças, ela via os homens escravizados em seus barracos, magros, velhos, doentes trabalharem desde antes do sol nascer e ficarem nas lavouras bem depois do sol se por. Ela levava comida escondido a eles sempre que podia, chegou a levar chibatadas como punição certa vez que o capataz a encontrou. Markus mandou espancar o homem que lhe causara as injúrias e os escravizados que recebiam os alimentos, dois deles não resistiram e morreram, depois disso Jane parou de ir até lá. Ela seguia buscando uma forma de irritar Markus ao extremo para que fosse levada a Ilha, sabia que ele fazia isso com muitas das suas empregadas que lhe causavam aborrecimento como forma de puni-las por servirem-no mal, tudo ele perdoava ou descontava nos outros, até que ela teve a brilhante ideia que lhe custou o valioso emprego. Havia um cômodo na casa que era proibido para todos os empregados, ninguém ousava sequer tocar a maçaneta e havia apenas uma mulher que podia entrar para fazer a faxina. O cômodo ornamentado em rosa era sempre perfumado, havia muitas rendas e lindos bordados, o quarto era destinado a irmã de Markus e nunca fora usado. Jane foi até a cidade e pegou o primeiro homem tolo que encontrou, ele era jovem e bebia num dos bares. Ela sabia a hora que Markus chegaria, o quarto da irmã ficava ao lado do seu, Jane arrombou a porta com experiência. O cheiro de lavanda era gostoso, ela sentiu-se mal pela atitude que iria tomar, mas o faria, era preciso e ela o faria.
No quarto imaculado eles bebiam, dançavam sobre a cama e deixavam as roupas espalhadas. Demorou mais do que o esperado para que o patrão chegasse em casa naquele dia e quando ouviu Markus pelo corredor, o som inconfundível de seus passos pesados em direção ao som estranho que ouvia vindo do quarto da irmã, Jane jogou o homem sobre a cama e ficou por cima dele, ambos apenas com as roupas de baixo. A porta foi aberta num rompante e Jane jamais poderia descrever a amargura no rosto de Markus. Ele puxou uma arma e atirou na cabeça do homem, Jane sorria e gargalhava para irrita-lo mais, e conseguiu, havia as marcas em suas costas para provar. Ela foi levada a Ilha Liberdade depois de ficar quatro dias amarrada no meio do cafezal. Sua sorte foi a governanta da casa que lhe dava água escondido e tratou superficialmente suas feridas.
— Menina, como pode fazer isso?
— Eu precisava senhora. – Jane gostava dela, a governanta era uma boa mulher que sustentava a casa sozinha com seus netos e filha. Sempre que ia a cidade levava um pedaço de doce para Jane. O que ela mais gostava era um feito de limão.
— Menina, eu sei que tem algo que esconde de nós. – Como Jane manteve os olhos baixos ela continuou. — Não se preocupe, eu não direi nada. Mas será que isso vale tanto a pena assim? Essas marcas em suas costas nunca mais vão sair.
Ela havia levado chicotadas bem fortes com Markus assistindo de bem perto. Jane não gritou até as sete primeiras.
— Não se preocupe, eu não pretendo me casar. – Jane tentou sorrir, mas a dor não deixava.
A boa senhora colocava o emplasto nas costas dela e duas vezes no dia ela trocava. Jane não sabia quais ervas ela usava, mas a dor ficava cada vez menor.
No dia que foi levada a Ilha Liberdade Jane deu a senhora um lenço com as inicias "JS" bordadas.
— Se um dia precisar de ajuda, com qualquer coisa, leve esse lenço a Ilha Flutuante de Romualdo e eu irei ajuda-la.
— Ilha Flutuante de Romualdo? – A senhora levou a mão a boca. — Mas aquela é muito perigosa! Há muitos homens maus que frequentam lá, piratas da pior esp...
Então a senhora percebeu, os modos, o palavreado quando estavam a sós, o jeito como bebia vinho sem embriagar, os furos na orelha e as cicatrizes pelo corpo. Eram pequenas, mas estavam ali há muito tempo. Jane disse a Markus que fora do tempo que morou na rua, mas na verdade fora do período que lutava com os piratas no Alma Negra no tempo do capitão Daniel.
As duas se despediram as escondidas e logo Jane estava junto das outras mulheres rumo ao seu encontro com Simon e Lantis na Ilha Liberdade.
Jane contou tudo a Lantis, o sereia ouviu a história, curvou os lábios para baixo e fitou o cálice de vinho a sua frente.
— Não se preocupe. – Jane tocou sua mão sobre a mesa, ele a olhou entristecido. — Valeu a pena, eu faria tudo de novo se fosse para me encontrar com você.
Jane não se referia à uma sereia qualquer, ela disse exatamente o queria dizer.
— Eu posso ver?
— Ver o que?
— As cicatrizes em suas costas.
— Eu não exagerei quando disse que eram feias. Meu corpo não é como daquelas mulheres...
— Eu já vi você sem roupa antes. – Dessa vez foi ele quem a interrompeu.
— Não viu as minhas costas.
— Por favor, deixe-me vê-las.
Ela levantou-se da cadeira devagar, olhando fixo para ele tirou o casaco e pôs-se a desabotoar a camisa já meio aberta, dessa vez Lantis não desviou o olhar, ela passou a peça por cima dos ombros e deixou-a sobre a mesa, os cabelos compridos pendiam em suas costas com algumas mechas a frente do corpo, ela virou as costas para ele.
Os olhos de Lantis estavam fixos no corpo dela como se piscar o fizesse perder algum detalhe. Ficando de pé, ele foi até Jane, deslizou os cabelos dela para frente deixando a costas amostra, se não fosse a sutil faixa da roupa de baixo suas costas estariam completamente nuas. As marcas cruzavam umas às outras, eram irregulares, algumas mais profundas e cobriam toda a costas. Jane observava sua cama ao canto, os lençóis desarrumados e os travesseiros espalhados. Ela sentiu as pontas dos dedos de Lantis em sua pele, o toque quente a fez arrepiar e sua respiração mudou o ritmo. Fora quase impossível para ele não a tocar estando bem a sua frente, ao perceber a reação do corpo dela pensou em desculpar-se, mas seria mentira e as palavras morreram na ponta de sua língua.
— Eu não me importo com elas de qualquer forma. – Jane disse com a voz baixa. — Não tenho arrependimentos.
— Eu sinto muito por todo sofrimento que você passou para me achar.
Ela fez que ia dizer alguma coisa, mas ele foi mais rápido.
— Deixe me dizer, eu sei que se não fosse eu seria outra sereia e você teria feito a mesma coisa. Mas acontece que quem estava naquela fazenda e estava naquela ilha era eu. Então eu sinto que sou também responsável por estas marcas e eu sinto muito.
Jane não sabia o que dizer.
— Conviver naquela casa, com aquele homem... Imagino o quanto você tenha sentido vontade de chorar e se segurou, ou quantas vezes quis pegar sua espada. Quantas vezes sentiu saudade do navio e pensou em voltar para casa. – Ele respirou fundo. — Obrigado. Obrigado por não ter desistido, por ter ficado até o final, ter me tirado daquela ilha e ter me trazido para esta navio.
— Nós não somos os mocinhos aqui, você está agradecendo a pessoa errada. Eu já fiz muita coisa ruim por aí.
— Todo mundo faz coisas de que não se orgulha. Isso não torna você menos importante para mim. Você não é o erro que cometeu, ele não te define. Eu estou agradecendo você, a pessoa que correu ao meu lado mata adentro e me deixou ir na frente depois de levar um tiro no meu lugar. Será que você pode aceitar, capitã?
Ela puxou o ar devagar. Aceitar a gratidão de Lantis parecia errado depois de tantas coisas, mas não aceitar parecia mais errado ainda.
— Se eu tenho uma nova chance de vida aqui, eu devo isso a você. Eu não sei o que seria de mim se você não estivesse lá por mim. Isso é muito importante, você mudou minha vida.
Jane pensou um pouco antes de respondeu.
— Eu aceito. – Sua voz era baixa e calorosa. Jane colocou uma mecha do cabelo atras da orelha. Seus movimentos eram devagar e Lantis via suas sombras refletirem no chão e na parede. — Minha vida mudou também.
Ele não disse mais nada, apenas continuava tocando as cicatrizes, ora deslizando os dedos para cima ora para baixo seguindo as marcas. Lantis gostava da reação dela sob seu toque, do calor que emanava de sua pele. Jane era irresistível para ele, era impossível estar tão próximo a ela e não ter vontade de tocá-la. O sereia pôs as mãos sobre os ombros nus de Jane num aperto delicado e beijou suavemente uma das cicatrizes próxima ao seu ombro direito. Jane sentiu seu corpo entorpecer, eletrizar. Havia ainda aquela peça de pano que o atrapalhava cobrindo uma faixa de pele da costas dela. Devagar ele desfez o laço e viu o tecido se abrir.
— O que você está fazendo? – Ela que estava com os braços cruzados abaixo do peito forçou-os mais contra o corpo. Sua voz continuava baixa, mas enfática sobre a pergunta.
— Eu vou curar elas pra você.
— O que quer dizer?
—– Posso não ser capaz de livrar você das lembranças ruins, mas posso curar as cicatrizes pra você. - O tecido que a cobria foi colocado de lado sob a mesa. — Apenas confie em mim.
Lantis voltou as mãos aos ombros dela apenas para desliza-las dos ombros até a cintura e segurando-a delicado beijou novamente as cicatrizes, um formigamento percorreu as costas de Jane, ela mordeu os lábios e contraiu os ombros. A percepção do tempo para ela foram horas, para ele segundos e na verdade os beijos duraram alguns minutos. A respiração de Jane podia ser ouvida no quarto, os estalos delicados dos beijos dele também. Quando chegou ao último ele espalmou a mão sobre a pele dela e sorriu.
— Você tem um espelho?
Ela caminhou ainda cobrindo os seios com os braços cruzados até um canto da cabine e retirou a capa que cobria um espelho grande. Ele era adornado nas laterais e tinha pés que pareciam de ave. Seguindo a instrução de Lantis, Jane virou as costas para o espelho e viu a pele lisa, perfeita, sem nenhuma cicatriz. Ao virar-se de frente ao objeto que a refletia ela viu Lantis aproximar-se, os olhos dele fixos na imagem dela no espelho.
— Não sabia que o beijos das sereias podiam curar.
— E não podem. – Ele disse detrás dela, não havia nenhum espaço entre eles. — Nós curamos com as mãos.
E porque as sobrancelhas delas se juntaram numa dúvida ele esclareceu.
— E as beijei porque eu quis, para agradecer, porque foram através delas que eu pude conhecer você naquela ilha.
Ele envolveu Jane com os braços, ambos olhando pelo espelho.
—Se fosse para encontrar você eu faria tudo exatamente igual. – Ela disse com os olhos fechados, sentindo o corpo do sereia junto ao seu. Lantis tinha um sorriso cálido do tipo que fazia qualquer pessoa querer sorrir de volta.
Jane lembrou da conversa próximo a lagoa da Ilha Vordonisi, sobre a mãe de Lantis e sobre tudo que ela ainda não sabia sobre ele.
— Eu quero saber mais sobre você. – Ela disse encarando o par de olhos azuis, eles a encaravam de volta. — Me conte sobre sua vida Lantis.
Ele a virou de frente.
— Sim – Lantis desfez os braços ainda cruzados dela e evolveu seu rosto com as mãos quentes aproximando e beijando sua boca devagar. — Eu direi tudo o que quer saber. — Voltou a beija-la agora no pescoço, os olhos de Jane fecharam-se com a sensação, ele tornou a falar, sem tirar os lábios de onde estavam:
— Amanhã de manhã.
Jane não teve tempo de pensar se devia ou não, se era certo ou errado, se o que sentia por ele era por ser um sereia ou não. Não havia espaço para outros pensamentos enquanto Lantis descia seus ombros com beijos. Ela tocou os cabelos dele, eram tão macios, ela tinha vontade de fazer isso a algum tempo. As mechas entrelaçavam em seus dedos, a textura da pele de Lantis sem camisa em contato com a dela também exposta e o aroma que vinha dele deixavam seus sentidos inebriados.
— Você tem um cheiro muito bom. – O sereia não havia cessado de beijá-la. Subiu até sua boca e encontrou o olhar Jane. Ele a encarou por um momento, o sereia parecia descobrir algo novo.
— Se você me olhar assim enquanto não estivermos a sós, eu não me responsabilizo pelos meus atos.
Ela sorriu, o que ele pensou ser golpe baixo.
— Eu estava pensando o mesmo sobre você. – Dito isso, Jane o beijou mais uma vez dando uma leve mordida em seu lábio inferior.
Não era a primeira vez que eles se beijavam, mas dessa vez era tão melhor, o beijo era doce, saboroso, cheio de vontade e sem pressa. Jane deixou a boca de Lantis para beijar-lhe a bochecha, o pescoço, os lábios pararam em seus ouvidos e ela falou algo ao sereia.
— Não precisa dizer duas vezes. - Lantis desceu suas mãos até as coxas de Jane e segurando-a levantou seu corpo, Jane envolveu os braços em seu pescoço e suas pernas pouco abaixo de sua cintura, suas costas foi colocada na cama com a sutileza que cabia ao momento, Lantis só parou de beijá-la para recuperar o folego.
Calças e qualquer tecido entre os dois foram colocados de lado e ali havia somente calor, suor e muito querer. O ritmo libidinoso provocava sons que ressoavam pela cabine, arpejos deliciosos cheios de prazer em cada parte tocada, corpos escorregadios, as pernas de Jane abertas abaixo do quadril de Lantis. As unhas dela marcaram os ombros dele, mas nada ficaria ali até o minuto seguinte, mas mesmo que ficasse, quem se importaria? O sereia afundou o rosto no pescoço de Jane, o cheiro inebriante misturado a quentura da pele dela eram como um frenesi incansável de experimentar. Ele pensava que a voz que saia da boca da capitã não poderia extasia-lo mais, mas a cada minuto que a sentia um novo deleite arrepiava seus pelos e uma onda eletrizante percorria seu corpo. Jane sentia Lantis por inteiro, aproveitava para tê-lo o tanto que quisesse, para saciar sua vontade... Há quanto tempo ela desejava tê-lo em sua cama? Ela não sabia que era tanto. Beijos não tinham limites e em ambos pequenas marcas podiam ser vistas nos pescoços, peitos, coxas e em todas as partes sensíveis. Não havia constância, Lantis era guiado pelo prazer que Jane sentia e ela deixava bem claro o quanto estava sentindo, gostando.
A noite fora da cabine pareceu prolongada de propósito. Seja por alguma entidade divina ou pela volúpia que desestabilizava a percepção de tempo, as horas duraram dias e cada minuto foi muito bem aproveitado.
Sabe-se lá quanto tempo depois, quando Jane abriu os olhos, ainda não havia amanhecido, a luz era pouca dentro da cabine, sentou-se na cama devagar para não acordar o sereia nu ao seu lado. Ele estava tão bonito. Antes os cabelos de Lantis eram de um loiro comum, no entanto, desde que ele passou as noites imerso em água do mar eles pareciam mais brilhantes, a pele dele também estava diferente o toque era mais suave e mesmo ao sol ela não se queimava, sem falar no azul dos olhos dele. Jane sabia que ela dava ênfase demais àqueles olhos, mas como não poderia? Eram irresistivelmente lindos e sedutores, absorviam-na cada vez que a encaravam. E a boca dele, os lábios mais macios e gostosos que ela já experimentara, quando ele a beijou o gosto em sua boca era melhor do que o líquido na garrafa em cima da mesa. Ela levou a mão até o rosto, precisava de um gole já ou atacaria aquele sereia em sua cama sem nenhum pudor! Sentou-se na cadeira e pôs o corpo em direção a cama, vestida apenas com a camisa branca amarrotada ela vislumbrava o sereia ainda em seus lençóis brancos, ele combinava tanto com aqueles tecidos finos. O branco o cobria gentilmente abaixo da cintura como se o lugar dele sempre fora estar ali em sua cama, a noite anterior bem a lembrava disso e não deixaria seus pensamentos por longos dias. Se não fosse o porte físico agora cheio de músculos por causa do trabalho no navio – e das idas ao mar, podia dizer que ele tinha o corpo de um nobre.
Ela ficou ali pensando no que já tinha passado até aquele momento até o sol clarear um pouco mais o cômodo, o sereia pareceu incomodar-se com o lado vazio na cama e abriu os olhos em direção a Jane. Ele sorriu quando seus olhos se encontraram.
— Acordou cedo. – Ele disse com o rosto ainda colado ao travesseiro
Ela sorriu e bebeu mais um gole do cálice.
— Acostumei.
Lantis levantou-se, ainda nu caminhou até Jane e beijou-lhe os lábios demorado, as mãos de Jane tocaram seu rosto e ela passou a língua em seus lábios, ele deixou um som gostoso de ouvir escapar, Jane sorriu em sua boca.
— Se continuar me beijando assim, - Ela disse. — Vai ter que atrasar seus trabalhos no navio.
— Se prometer que não vai contar a minha capitã, eu fico mais um pouco.
— Feito.
Jane levantou-se da cadeira e guiou Lantis mais uma vez até sua cama, seus lábios estalaram aos beijos e ele tirou a camisa que ela teimosamente vestiu. O sereia sentou-se na ponta enquanto Jane passou as pernas ao redor de seu corpo e sentou-se em seu colo. Lantis olhava para Jane e ela encarava-o de volta, embora eles quisessem dizer alguma coisa, não haviam palavras em suas bocas. Ele sorriu e ela o beijou mais uma vez, ele deixou que ela conduzisse o beijo, o que talvez não tenha sido uma boa ideia, já que Jane era intensa e envolvente e sua língua combinava muito bem com a dele... bem, talvez tenha sido uma ideia incrível que fazia seu corpo enrijecer e acalorar. Ela afastou-se dele, como que para castiga-lo só um pouquinho, mas ela fazia isso com um sorriso no rosto, então estava tudo bem.
— Se eu fosse um homem você ainda gostaria de mim? – Ele disse de repente.
Jane riu.
— Estou falando sério. – Ele disse isso sorrindo. — Se eu não fosse sereia, você ainda se deitaria comigo?
— Depende, - Ela tocou os cabelos dele mais uma vez. — De que tipo de homem você está falando? Seria um fazendeiro? – Deu um beijo em sua bochecha. — Acordaria todos os dias pela manhã para tirar leite de vacas? Ou seria padeiro e viria me dar beijos pela manhã com os cabelos cheios de farinha? – Disse sorrindo e por fim disse a última frase aos sussurros no ouvido de Lantis. — Ou será que seria um nobre, rico e fumaria charutos com seus amigos enquanto falavam sobre ações e federia fumaça?
— Se eu fosse um homem, - Ele respondeu fechando os olhos com as sensações que ela causava, Jane movia seu quadril devagar enquanto falava e Lantis segurava o ímpeto de joga-la de vez na cama. — Eu seria um pirata.
Jane não ficou surpresa e sorriu passando a mão no rosto de Lantis.
— Bom, então você teria uma chance maior de me conquistar.
— Eu navegaria pelo mar e traria tesouros para te presentear todos os dias e ganhar seu coração.
— Eu sou uma mulher difícil, não me contentaria com tão pouco.
— Então o que você iria querer? Quais os tesouros te satisfariam? Não tem nada nesse mundo que eu não traria para você.
— Você só diz isso porque estou sentada sobre você. – Mais uma vez com aquela voz que fazia o sereia arrepiar. Lantis segurou a cintura de Jane com um pouco mais de força e gostou da expressão que ela fez.
— Se eu fosse...
— Não tem isso de "se você fosse". – Ela o cortou. — Você é um pirata, é sereia e está em minha cama. O que mais eu posso querer?
Lantis sentiu-se satisfeito com a resposta e dali por diante só deixou o corpo de Jane separar-se do seu depois que ambos estavam tão cansados e satisfeitos que poderiam dormir mais meio dia.
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