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Capítulo 31 - Um estudioso e seus estudos.

O casamento de Margareth e Arthur Maud foi conhecido por toda Cidade Verde no Império Leste. Os convidados estavam muito bem hospedados e os preparativos corriam contra o tempo, Margareth só não era tão exigente quanto Arthur e os colaboradores sofriam para atender seus gostos. Tudo devia passar pelo seu crivo antes de ser colocado a mesa, desde as flores até os doces precisavam ser devidamente inspecionados e aprovados pela noiva que andava de um lado para o outro com papelotes enrolados nos cabelos e suas damas indo atrás querendo arruma-la para o momento tão especial. A notícia de um navio pirata que havia atacado uma certa Ilha e acabado com um circo próximo ao seu casamento deixava Margareth bastante irritada. Afinal, as manchetes dos jornais deveriam falar sobre ela e não sobre piratas!

Durante duas semanas Anne Maud ficou na mansão do pai na própria cidade, mas havia enviado uma carta a sua nova ilustre amiga e fora convidada a passar os dias que antecedessem a comemoração em sua residência. Anne exibia o convite confidenciando a todos a amizade profunda que havia nutrido com a Imperatriz Priyanka desde o dia que a benfeitora a salvara da morte no meio do oceano. Anne era sem dúvida uma bela moça, recebia olhares interessados dos rapazes jovens e dos homens maduros e disso ela gostava. Fora acostumada desde muito nova a ter toda atenção para si e nunca lhe foi negado nenhum presente sequer fazendo da jovem uma peça deselegante de puro mimo e histeria. Anne seria recebida no Palácio Imperial com toda pompa e fineza que lhe cabia, Priyanka havia chegado há alguns dias do Império Central e havia sido informada por Khan da carta de sua amiga. O marido sempre muito prestativo fazia questão de aliviar o máximo que podia o encargos da Imperatriz e era responsável pela triagem das cartas e bilhetes que chegavam a ela, Priyanka não quis ser indelicada com o esposo que convidou a garota, mas deixou claro a ele que não o fizesse mais.

Ambos estavam no gabinete particular de Priyanka.

— Meu doce, peço perdão. – Ele beijava-lhe o dorso da mão com grande ternura. — Pela forma com que a dama escrevia em sua carta pensei que fossem íntimas. Supus que seria uma alegria revê-la depois de tanto tempo e que a presença dela após a Cúpula pudesse aliviar um pouco suas preocupações.

Priyanka havia contando a Khan sobre as reuniões da cúpula, no primeiro instante ele desaprovou a atitude dela, o Leste apesar de ser abundante ainda dependia de outros Impérios para sobreviver e fechar as portas ao comércio dessa maneira poderia causar sérios prejuízos ao povo. Os líderes das grandes casas foram duros com a Imperatriz e após as exaustivas reuniões que tiveram em seu gabinete ela teve dores de cabeça fortes que deixaram Khan muito preocupado.

— A receberei com toda boa vontade que me for possível e enviarei um presente de cortesia a sua prima noiva. Mas não manterei laços com a dama, ela tem o ar da mentira em sua volta e você sabe, meu querido esposo, como eu detesto mentiras. – A Imperatriz respondeu tomando a mão de Khan, entrelaçando seus dedos nos dele. Um sorriso lustroso tomou-lhe os lábios. — Agora me diga, como Priya esta?

— Melhor desde que você voltou. As colaboradoras são muito atenciosas com ela, logo a pequena estará bem.

Toda vez que Priyanka ficava longe muito tempo Priya adoecia, fica apática e indisposta, custava alguns dias para que voltasse ao seu normal. Khan dizia ser saudade, mas a verdade era outra, ele sabia muito bem.

— Para onde foram dessa vez? Queria tanto aproveitar esses passeios com vocês. – Os dois sentaram-se a mesa onde era servido o chá.

— Fomos ver a colheita próximo as montanhas. – Ele sorria enquanto adoçava seu chá com dois torrões de açúcar. — Trouxemos muitas verduras e legumes frescos.

O sorriso de Khan era simpático e terno, combinava com sua personalidade delicada e serena.

— Esses passeios, – Ele continuou. — São apenas distrações para que Priya não sofra tanto sua ausência. Logo que puder sairemos para um verdadeiro passeio em família.

Tudo funcionava bem, alguns dias antes de Priyanka sair para as reuniões Khan e Priya partiam sós em um passeio que durava poucos dias a mais que a reunião da Imperatriz, era a forma que deixava a pequena sereia menos agitada com a ausência da mãe adotiva, porém sempre que retornavam Priya estava entristecida, apática e fraca. Fora sempre assim desde que a sereiazinha começou a apegar-se a Priyanka.

Antes quando Priya chegou até Imperatriz ela era rebelde, fria, gritava e esperneava, mordia e arranhava. Foram dias muitos difíceis que ela precisava ficar trancada em um quarto para que não machucasse ninguém. Priyanka estava desolada por não conseguir aproximar-se dela e lhe cuidar. A Imperatriz ficara sabendo por um de seus colaboradores que as autoridades do Leste haviam prendido um navio pirata vindo do Norte e que a sereia estava na posse dos piratas para ser vendida, Priyanka que era impossibilitada de gerar filhos ficou comovida e quis conhecer a pequena. Foi amor à primeira vista. Priya estava encolhida num canto da cela da Marinha Imperial, sua expressão era de medo, pânico, terror e ódio. O coração de Priyanka que ansiava por amar um filho viu na sereia a oportunidade de toma-la para si e fazer dela parte e sua família. Foram horas de luta para que os Marinheiros conseguissem que a sereia saísse da cela, no caminho até a o Palácio do Leste ela mordia e era espancada, as marcas logo sumiam e a Imperatriz nunca soube do fato.

Durante muitos meses Priyanka e Khan tentaram aproximar-se dela, davam-lhe doces, tentavam afagar seus cabelos e a sereia só fazia gritar e esbofetear. Até que Khan soube de um fazendeiro que levava as sereias a uma ilha onde elas recebiam algo que as deixava mais calmas e familiarizadas com os humanos. O marido insistiu ao ver a esposa tão desgastada e entristecida pela situação e em um dos navios de Markus eles foram até a Ilha das Bruxas. Tudo teria dado certo e Markus receberia uma boa quantia se Priyanka não tivesse insistido para ir junto e visse a situação das sereias na Ilha. Voltaram com Priya ainda se debatendo e gritando, até que um dia depois que voltou de uma das reuniões da Cúpula, Priyanka fora recebida aos beijos e abraçados por uma sereia dócil e amável que lhe esbanjava sorrisos. Khan nunca vira sua querida e amada esposa tão feliz como naquele dia, ele explicou que Priya sentira saudades dos cuidados da Imperatriz que numa manhã ela deixou-se aproximar e parecia capaz finalmente de aceita-los como seus. Daí por diante tiveram muitos momentos de felicidade e alegria, apesar de Priya nunca mais ter emitido nenhum som de sua garganta a Imperatriz e seu esposo estavam satisfeitos em ver os sorrisos nos lábios da pequena sereia.

Enfim, os dias com Anne Maud foram enfadonhos para a Imperatriz, a conversa não era interessante e os modos da garota deixavam a desejar no quesito elegância e pudor, principalmente na presença dos guardas do palácio a moça estava sempre com risadinhas e ajeitando o decote. Priyanka recebeu visitas nessa mesma semana e Anne participou de algumas conversas mais informais. Quando alguém perguntava como as duas haviam se conhecido, Anne exalava pureza – apesar do decote e fragilidade exaltando o quão benéfica a Imperatriz havia sido com ela demonstrando haver uma intimidade e uma amizade inexistente entre as duas. Priyanka achava aquilo irritante, mas não dizia nada para não ofender os convidados. A única vez em que Priyanka interessou-se verdadeiramente pelas palavras de Anne foi quando perguntaram mais sobre o sereia do navio de que fora feito refém, a moça não poupou palavras para descrever a beleza do sereia e afirmou com todas as letras que aquele navio escravista acabara de voltar de uma viagem à Ilha das Bruxas e que muitas sereias morreram no caminho, ela fazia questão de frisar que o Alma Negra era um navio de transporte de escravos e mercadorias contrabandeadas, que eram piratas do pior tipo. Priyanka manteve o rosto sério enquanto a moça beirava o choro, ela dizia que o sereia mantido na cela servia aos luxos da capitã, aos seus prazeres carnais e que mais cedo ou mais tarde ela própria, Anne Maud, iria pegá-lo pois sabia de sua história real. De fato, o tio de Anne estava na Ilha Liberdade naquela noite e depois conversarem sobre o assunto concordaram que o sereia que a garota ganharia de presente do tio era o mesmo que estava no navio Alma Negra, dizia ela que o tio negociara o sereia com um nobre fazendeiro do Império Sul, proprietário de muitas fazendas e que se não fosse os piratas terem-no roubado, a esta hora, ele estaria ao lado dela coberto de sedas finas e muitas joias caras. Anne omitiu alguns fatos, mas contou a todos que uma comitiva de captura estava atrás de seu sereia e que hora ou outra ele seria recuperado pelo tio e presenteado a ela. Ainda mostrou aborrecimento por não levar seu sereia ao casamento da prima e que passaria vergonha pois todas as outras damas teriam uma sereia menos ela. Anne tinha uma personalidade extravagante, mas fazia-se ser levada a sério pelo nome de sua família muito rica e a determinação em suas mentiras. A voz doce, o belo par de olhos claros e os lábios rosados davam a impressão angelical que a moça não tinha. Priyanka levou mais dois dias para dispensa-la, afim de não ser descortês. Na despedida, Anne agradeceu demasiado a hospitalidade e disse que logo voltaria para alegrar os dias cheios da Imperatriz, levou o presente ao casamento da prima e todos ficariam com inveja de seus contatos íntimos com Priyanka.

Finalmente Priyanka podia estar a sós em seu gabinete, desfrutando do silêncio em contato com seus próprio pensamentos. A luz do raiar do dia entrava pela janela e esquentava a madeira do chão, Priya, sua pequena sereia, adorava deitar-se ali e deixar a pele tomar um pouco daquele calor, as bochechas mais coradas pelos raios quentinhos, os cabelos loiros brilhando em contato com a luz e o vestidinho azul esverdeado cobrindo a pele de porcelana. Ela já estava pouco melhor, mas era notório que sua recuperação tardava mais a cada vez que Priyanka viajava o que deixava uma culpa pesada no coração da Imperatriz. O chá mal havia acabado na xícara de Priyanka quando ela foi informada que alguém a aguardava na sala de visitas. Pensando tratar-se de Anne Maud, a Imperatriz franziu o cenho e torceu os lábios, levantando com o peso da responsabilidade nas costas, ela foi atender a moça.

Os corredores do palácio eram repletos de grandes janelas para a vista do jardim e das águas que jorravam ladeando toda construção, Priyanka caminhava com as mãos juntas, os dedos entrelaçados frente ao corpo, o kameez azul claro recebia a luz do sol que adentrava pelas janelas e as pedrarias refletiam o brilho nas paredes com as cores do arco íris, a dama era cumprimentada e devolvia o sorriso cálido aos colaboradores que passavam por ela durante o percurso. Priyanka dispensava as damas de companhia quando estava no palácio, preferia andar livremente a ter qualquer pessoa em seu percalço.

De frente a sala de visitas achou estranho nenhum dos colaboradores estarem ali para recebe-la e abrirem a porta, girou a maçaneta adornada com cautela e soltou o ar aliviada por encontrar o jovem Phillip Kutlher de pé a olhando a vista pela janela.

— Phillip! – Entoou a Imperatriz demonstrando intimidade com o convidado. — Que bons ventos o trazem aqui?

— Senhora, – Ele dobrou o corpo numa reverência deixando-a ver seu sorriso largo. — Parece que se esqueceu que tinha uma reunião combinada comigo para hoje.

Priyanka levou a mão aos lábios, surpresa. Mesmo que houvesse muita coisa a pensar e sua cabeça estivesse cheia, jamais deixaria passar uma reunião com Phillip. A porta atrás de si foi fechada e ela aproximou-se do rapaz. Phillip tinha cheiro de formol e ervas.

— Eu lhe disse que viria na última carta que trocamos. Não se lembra? Enviei do Império Sul há bons tempos atrás.

Priyanka não havia recebido esta carta, tinha certeza que na última o endereço do remetente era do Império Oeste. Lembrou-se, porém, de que algumas de suas correspondência haviam sido furtadas por piratas e provavelmente fora o ocorrido com a de Phillip.

O jovem de cabelos ruivos sentiu-se um pouco constrangido e propôs voltar num momento mais oportuno, contudo recebeu um sorriso doce da Imperatriz e os dois caminharam até o gabinete de Priyanka para que pudessem prosseguir com a reunião.

O cômodo tinha cheiro de madeira aquecida pelos raios de sol, assim como aroma de flores pelos chás que a Imperatriz tomava ao longo do dia, poderia-se pensar que Priyanka tinha aquele mesmo cheiro se o perfume cítrico dos seus cabelos não sobrepusesse os outros aromas. Phillip havia prestado atenção a este fato e suas narinas deleitavam-se com tantos cheiros bons. Ele vivia rodeado de homens e de mar, sereias e tripas, terra úmida e cavernas, aproveitava sempre que podia desfrutar de companhia mais agradáveis. O rapaz trouxera consigo uma pasta com muitos papéis e desenhos de próprio punho, espalhou-os pela mesa de madeira cobriu-a com os documentos de estudo.

— Estou ansiosa para as novidades. – Priyanka sentou-se na ponta da mesa aguardando pela palestra que viria. Phillip empolgava fácil e ela estava entusiasmada por ouvi-lo, sentando-se a mesa enquanto o rapaz seguia de pé. Iniciou contando a ela o conteúdo da carta que fora extraviada e que fora lida por Jane há tempos atrás. Logo, continuou:

— Graças ao patrocínio do Império Leste minha pequena comitiva chegou aquela tal ilha pirata, — Ao que Priyanka arregalou os olhos Phillip continuou. — Mas como já havia dito antes, não posso comprometer a informação deste paradeiro, a senhora sabe que prezo pela discrição. — Phillip tinha um belo sorriso jovial, as mechas de seus cabelo já compridos caiam sobre seu rosto enquanto ele falava, haviam olheiras arroxeadas, sulcos evidenciando as maçãs em seu rosto e uma grande empolgação em suas palavras. — Pois bem, havia uma sereia macho por lá e apesar do meu interesse por ele, o espécime foi roubado e não tive tempo de dar um lance. Não foi nenhuma surpresa, de fato são piratas e roubar é o que eles fazem. Bem, a partir de lá fiz mais avanços em meus estudos. — Ele mostrava a Imperatriz rascunhos que somente ele poderia entender. Havia desenhos de corpos de sereias, alguns de plantas e muitos rabiscos. — Senhora, posso afirmar que se ficar muito tempo sem ir até a Ilha das Bruxas a sereia recupera sua mente perdendo o domínio humano sobre ela, — Priyanka levou a mão a boca, cobrindo os pequenos lábios. — O macho que havia lá, por exemplo, possuía uma tornozeleira com três argolas, mas pareceu ter algum controle sobre si ficando bem interessado em uma das mulheres que foram vê-lo de perto, — Ele sorriu ao lembrar-se da cena. — Agora não há um padrão para o tempo de retorno a Ilha, — Ele dava a Imperatriz um rascunho com datas e vários "sereia 1" "sereia 2", etc. — Ele varia de acordo com a experiencia de vida de cada sereia, quanto mais estressante for sua vida ao lado dos humanos mais cedo ela precisa retornar a Ilha das Bruxas. Principalmente se forem jovens. Agressividade é o primeiro indicio de que eles estão voltando ao controle do próprio corpo, depois como sempre tudo varia.

Phillip falava com paixão, era dedicado, atento aos detalhes e muito paciente. Priyanka e ele concordavam em muitas opiniões e nas que não concordavam respeitavam um ao outro. Ao que a Imperatriz escutava atentamente, ele continuou:

— Outra coisa que pude observar é sobre esse "feitiço" que as sereias utilizam para persuadir os homens e mulheres, — Ele disse com desdém nato do homem da ciência que era. — É tudo bobagem como já lhe dissera antes, na verdade constatei que é obra do próprio corpo das sereias, — Havia desenhos anatômicos das sereias espalhados e numerados, Phillip recolhia cada um e apontava a medida que falava. — Chamamos de hormônios de atração, veja aqui, - Priyanka pegou na mão um desenho de uma sereia com várias setas ilustradas. — Esses hormônios instigam e ludibriam a mente humana nos fazendo bobos apaixonados e susceptíveis às vontades das sereias, com o tempo o nosso próprio corpo acostuma e isso passa, mas até acontecer é preciso ter cuidado para não cair nas armadilhas da luxuria que as sereias podem nos proporcionar. – Ele fez uma pausa como se lembrasse de algo, os olhos da Imperatriz voltaram-se aos dele e ele continuou com o rosto pouco corado, pigarreando voltou a dizer. — Notei que elas usam esses hormônios para conquista e para a defesa, ora, você não machucaria seu parceiro amoroso, certo? Nesse sentido elas nos envolvem e nos tornam como cordeirinhos mansos e apaixonados incapazes de fazermos qualquer mal a elas.

— Para conquista, você disse, com outras sereias também?

— Sim! – Ele levou os olhos até o pescoço de Priyanka, a pele abaixo do lóbulo onde pendiam alguns fios do cabelo negro da Imperatriz. — Pense nesse hormônio como um perfume cheiroso, afrodisíaco e tentador, com vários aromas disponíveis, cítricos, amadeirados, frutados, doces e você escolhe aquele que mais agradar seu olfato. Com as sereias funciona assim, já com os humanos qualquer perfume nos embriaga os sentidos. — Ele tirou uma mecha dos olhos que já lhe irritava, Priyanka olhava com atenção os desenhos sobre a mesa, havia figuras do corpo das sereias por fora e por dentro. Ela achou melhor não perguntar sobre o interior do corpo delas, afinal, para saber tão precisamente como aqueles desenhos mostravam, era necessário um trabalho árduo com o bisturi que ela não estava interessada em saber.

— Ainda sobre a Ilha e o que as bruxas fazem, - Prosseguiu. — Posso dizer que nada do que as sereias passam é esquecido por elas. Mesmo que essa "magia" que as bruxas utilizam deixem-nas à mercê das vontades humanas, tivemos comprovações - Mais desenhos e mais estudos nas mãos. – De que algumas das sereias que estão na Ilha...

— Que foram abandonadas na Ilha. – Priyanka o cortou.

— Algumas das sereias que foram abandonadas na Ilha, – Ele enfatizou o "abandonadas". – Foram encontradas devaneando sobre suas vidas com os humanos. Entre frases estranhas e sem sentido elas contavam fatos vividos no cotidiano das casas que frequentavam. Elas descreviam objetos com detalhes, como se estivessem com eles a sua frente e pudessem toca-los. – Ele mostrava uma pilha de papéis com desenhos de xícaras, vestidos, anéis, flores, talheres — Diziam sobre as cores dos lençóis nas camas dos mestres, as cortinas, os passeios que faziam, tudo sem nenhum tipo de emoção. Não raras as vezes que relatavam abusos, - E ele disse "relatavam" para poupa-la das palavras "gritavam histericamente aos prantos". - E isso nos faz pensar que além da magia das bruxas, os traumas sofridos por elas com certeza afetaram suas mentes e deixaram-nas incapazes de raciocinar por si mesmas e de forma lógica e ordenada. Uma verdadeira lástima.

Ele pegou mais alguns papeis ilustrados e entregou-os na mão da Imperatriz.

— Sobre a regeneração das sereias é algo ainda misterioso. Elas podem curar-se de quase qualquer ferimento causado em seu corpo, já vimos curas de cortes leves e profundos sem nenhuma cicatriz, e se for de interesse genuíno, podem também curar outra pessoa. Mas cabe aqui ressaltar que houve poucos casos dessa proeza já que "vontade" e "sereias" não coexistem.

Priyanka estava sem palavras. Quanta crueldade estas pobres almas devem ter sofrido... Ela pensava. A Imperatriz levou a mão à têmpora, esfregando delicadamente. Phillip abriu a boca para continuar quando ouviu batidas leves na grande porta de madeira. Uma das colaboradoras entrava com um carrinho cheio de frutas descascadas, biscoitos e pães frescos, bolinhos cobertos com creme branco e fatias de torradas com manteiga. A porcelana era decorada com flores e pássaros mesclando o azul e o verde, detalhes em linhas douradas e formas arredondadas. Tudo muito delicado e fino. Eles fizeram uma pausa e foi servido a Phillip uma grande xícara do liquido preto que ele tanto gostava.

— O café do Leste com certeza é o melhor. – Ele sorvia sem importar-se com a quentura. — Sabe que passei um tempo no Império Sul onde há muitas fazendas, mas aqui no Leste tem algo que deixa o café especial.

— No Sul a maioria das fazendas tem trabalho escravo, o café é colhido pela quantidade, aqui presamos a qualidade e o trabalho justo. Deve ser esta a diferença. – Embora sua xícara tivesse mais vezes chá e não café, Priyanka experimentava vez ou outra a bebida e sabia bem o gosto que tinha. — Não faz muito tempo eu mesma solicitei a Marinha Imperial que fosse atrás de um dos navios escravistas daquelas águas. Bando de Piratas asquerosos! — Era difícil Priyanka utilizar dessas palavras, Phillip não pôde deixar de sorrir. — Eles mantêm um sereia em cativeiro para os prazeres da capitã do navio, e sabe-se lá mais quem aproveita-se dele.

— Ha muitos navios assim por aqueles lados. A Marinha não dá conta de tantos.

— Mas este eu faço questão de ser capturado. – A xícara em sua mão balançava o liquido verde claro. — A capitã assassinou de forma cruel um dos rapazes da marinha cortando-lhe a garganta, além de uma tripulação inteira de um navio particular. – Lembrou-se de Anne. — Bem, não todos na verdade. E recentemente atacou uma ilha circense. Agora me diga, meu querido amigo: qual o intuito de atacar um circo?

— Vai ver a capitã não gosta de palhaços.

— Ora, Phillip! – Priyanka sorriu.

Phillip achava Priyanka ingênua nessa parte. Bem, isso era o de menos. Ele já vira coisas piores por aí. Bem piores.

— E qual seria o nome desse navio? Preciso me resguardar se em uma de minhas viagens eu me deparar com ele!

— Alma Negra! – Priyanka disse num supetão. — Veja que nome mais apropriado para esses piratas.

Phillip que levava a xícara a boca quase cuspiu todo o café. Ele tossiu e pegou o lenço para evitar sujar a roupa.

— Pela Deusa! – A Imperatriz estava assustada. – O que houve?

— Senhora, – Ele falava com dificuldade, soltou um arroto e arregalou os olhos. — Me desculpe. – Levou a mão frente ao rosto pedindo um momento que a Imperatriz concedeu sem muita escolha. — Tem certeza que este é o nome do navio?

— Francamente! – A xícara que havia sido colocada no carrinho vazia voltou cheia para sua mão, a colaboradora apesar de não se intrometer na conversa era atenta aos movimento de Priyanka. — E desde quando eu me engano com coisas importantes assim?

Phillip ponderou e disse com mais calma:

— E por acaso a capitã desse navio se chama Jane Sanches?

Foi a vez de Priyanka surpreender-se igualmente, contudo, com fineza, a Imperatriz distanciou a xícara dos lábios e limpou-os com o tecido branco.

— O que sabe sobre essa "senhora"?

Phillip descansou a xícara no pires e tomou um dos bolinhos com creme branco, contou a ela sua experiência na Ilha Liberdade aquela noite, sobre as explosões e suas pesquisas sobre quem havia roubado o sereia e aconselhou a Imperatriz a não acreditar no que havia ouvido sobre a moça. De fato, os poucos momentos que passou ao lado de Jane transpareciam-lhe uma pessoa boa apesar de ser pirata e julgando pelo comportamento dela ao lado do sereia, duvidaria que ele estivesse sendo usado como objeto sexual pela capitã, pelo menos não sem seu consentimento. Além do que, Phillip era um rapaz curioso e fez algumas pesquisas sobre o Alma Negra por aí, ainda mais que o nome do navio estava na boca de muitos piratas interessados na recompensa pela sua captura, não fora nada difícil saber de várias de suas histórias e podia dizer com quase certeza absoluta que aquele não era um navio escravista. Phillip ainda esclareceu que o sereia que citou anteriormente e a mulher por quem ele interessou fora justamente essa mesma capitã, Priyanka não precisava de muito para saber que Anne Maud destilava veneno e conhecendo Phillip a tantos anos resolveu dar uma chance as opiniões dele. Não cessaria a busca, evidente, mas pediria que a capitã fosse levada viva ao Império Leste e descobriria por si mesma se ela era ou não digna de confiança e saberia quais eram os planos dela de fato.

O conversa seguiu esse rumo durante mais um tempo, com Phillip elogiando os modos e os feitos que descobria de Jane Sanches e Priyanka dizendo eu piratas não mereciam tais elogios. Logo, voltaram a mesa de estudos e o nome da capitã foi esquecido por hora voltando a atenção para as sereias e os estudos de Phillip.

Nas águas agitadas e frias do oceano Uno, assim renomeado depois da Inundação de Azah, o grupo de dezesseis sereias encontrava-se com mais um navio, elas viram o casco de dentro das águas escuras e curiosas submergiram para vê-lo de mais perto. O navio tinha uma carranca sombria, era o esqueleto de uma sereia com três cabeças e elas juraram poder ouvir os gritos. Da amurada, um par de olhos azuis as observava, fixo em seus movimentos, ele encarava os sorrisos das meninas sereias. Com os braços para fora da água elas acenavam para ele e o perfume doce invadia suas narinas, o rapaz debruçou na amurada e sorriu de volta vendo-as dançar dentro da água. Elas riam e mergulhavam acompanhando o navio que avançava devagar.

Uma das meninas estendeu-lhe a mão e disse "Venha conosco!" as outras seguiram seu exemplo, com vozes suaves e infantis as sereias chamavam por ele.

O rapaz sorriu e balançou a cabeça de um lado para o outro e elas entenderam. Fizeram bico, ficaram sentidas, mas ainda sorriam para ele. Um cardume de peixes voadores vinha na direção das meninas, elas brincavam com eles e o rapaz as via irem embora. Acenaram uma última vez e disseram "Até logo", ele acenou volta.

Uma sombra aproximou-se dele e uma mão masculina tocou seu ombro.

— O que está fazendo aí homem-peixe?

— Nada demais. – Os olhos azuis encontraram os castanhos escuros de Rupert.

— Hmm... – O velho deixou estar. – A capitã está te chamando na cabine. Disse que é urgente!

Lantis recebeu uma piscadela e seus lábios colaram-se um no outro. Ele foi acompanhado de Rupert até a porta de madeira e depois de bater a voz feminina pediu que ele entrasse.

O cheiro de canela veio forte ao seu encontro e ele sorriu ao ver Jane sentada a mesa com uma garrafa de bebida e duas taças com o liquido escuro dentro.

Notas: Olá Pessoal! O que acharam dos estudos do Phillip? Ainda tem mais para se saber, mas é bastante dificil conseguir informações.

E olha que bonitinho! O Lantis viu as 16 sereias que fugiram do navio do Norte <3

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