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Capítulo 23 - Todos devem ter cuidado.

Em alto mar, Benjair estava a bordo do navio "O Abutre", andando de um lado a outro no convés, impaciente pela chegada em terra firme onde encontraria Markus afim de checarem uma pista sobre o paradeiro do sereia e sua raptora.

Benjair passou os dias atribuindo a cada companheiro de viagem uma qualidade que na verdade essa pessoa não tinha. Mentiras a parte, Benjair era bom em controlar as pessoas para que elas fizessem o que ele gostaria. Sempre iniciando a conversa com um largo sorriso e prestando atenção ao que a pessoa dizia, quando queria obter algo, fazia essa pessoa sentir-se tão importante que ela jamais lhe negaria algum favor. Entre perguntas pessoais e demonstrações de interesse fajutos, Benjair obtinha camaradagem de todos a sua volta.

— Não entendo porque todos falam mal desse cara por aí, - Diziam. — Ele me parece um homem bastante generoso.

— Pois eu também acho. Ele perguntou sobre a minha mãe e me prometeu ajuda com os agiotas.

— É mesmo? Vou pedir ajuda para os meus também!

— Certo, só não diga que fui eu quem te contou!

Vez ou outra havia jogatinas dentro do navio e Benjair participava delas com suas moedas de ouro brilhando sobre a mesa, ao vê-las, os homens abraçavam e elevavam a auto estima de Benjair. Era tudo que ele mais gostava e a viagem passava a ser mais interessante para todos. O que os homens podiam não esperar, era que o velho era um bom jogador e os aqueles que ansiavam por suas moedas passaram a dever favores que mais cedo ou mais tarde Benjair iria cobrar de volta.

Quando no fim do dia o homem na gávea gritou "Terra a vista", Benjair quase engasgou com a própria saliva de tanta excitação. Tudo foi aprontado no navio e Benjair se prontificou em ir no primeiro escaler que descesse.

— Até que enfim chegamos! - Ele descia pelo escaler junto aos outros. — Não vejo a hora de botar meus pés naquela vila.

Um dos marujos aproveitou a oportunidade para pregar peças em Benjair, balançando seu lado do escaler ou jogando água do mar na direção dele, e sempre fingindo dizia "foi sem querer", se desculpava e ria baixo. Uma pequena vingança pelo azar no jogo. O velho, ria e dizia estar tudo bem, limpando a água com um lenço tirado do bolso. Quando chegaram em terra, torceu o mesmo lenço e guardando-o tirou uma arma e apontou para aquele e atirou.

— Diga ao capitão que "foi sem querer". - Ele disse jogando um saquinho de moedas. — Estaremos no local e dia combinados com a carga, não atrasem.

Um lembrete para os outros no navio, ele podia ser intragável, mas também era perigoso mexer com ele.

Benjair andou pouco pelo Porto da Vila, logo encontrando-se com o rapaz que o levaria até a casa de Markus, contudo, como era bem conhecido e sua língua quase não era mantida dentro da boca, seu nome passou a circular entre os homens.

Um grupo de pescadores puxava os barcos para a areia da praia, findado o dia, se preparavam para voltar pra casa. O suor escorria, suas mãos já acostumadas com os calos puxavam com força as cordas e prendiam os barcos para que a maré não os levasse, George era um deles e ouviu quando uns homens chegaram falando de Benjair. No primeiro momento não deu muita importância, continuou desembolando sua rede de pesca até que mencionaram um "sereia" procurado pelo velho pilantra e uma capitã de navio. Os antigos amigos não se surpreenderam quando viram o pai de Jane correndo areia afora, como sempre desvairado ainda molhado e cheirando a peixe. Fazia um tempo que questionavam a sanidade mental do pescador que via dragões no fundo do mar.

Na loja Carmen dobrava os tecidos junto a ajudante, as vendas tinham sido boas e tinha muito o que ser feito nas prateleiras, quando viu George parado frente a porta, sabia que algo ruim estava para acontecer.

— Entre. – Ela disse enquanto George entrelaçava os dedos de forma desordenada..

O homem ainda pingava uma mistura de suor e água do mar e foi conduzido até o fim da loja por Carmem.

— Tome um banho primeiro. – Ela disse a ele. — Traga um par de roupas para ele. – Agora para uma de suas ajudantes.

Todos naquele pedaço da Vila conheciam George e sua família. O pai de George fora pescador, assim como seu avô e o avô dele, o homem tinha bastante conhecimento sobre o mar, redes e peixes.

— Vista. – Carmem entregou a ele a roupa e ele as colocou.

— Sente-se aqui. – Ela mostrou a cadeira e George fazia conforme ela pedia. — Muito bem, - Ela disse segurando uma navalha. — Conte tudo.

Carmem molhava o pincel na espuma e passava no rosto de George enquanto ele a olhava com olhos grandes.

— Eu ouvi que um homem veio a procura de uma capitã que raptou seu sereia.

— Sim. – Ela passou o pincel por toda barba dele.

— Eles disseram que esse homem é perigoso.

A navalha estava bastante afiada, Carmem segurou o rosto de George pelo queixo e passou a lâmina nas laterais.

— E o que isso tem haver conosco, meu querido marido?

— Eles estão atras de Jane?

Quando ouviu, Carmem fez uma pausa.

— Hm, pode ser. Aquele rapaz que estava com eles era muito suspeito, e quando eu digo suspeito, quero dizer lindamente suspeito.

George fez uma expressão um pouco ofendida.

— Ora, não faça essa cara. Você sabe que eu não tenho olhos para mais ninguém.

— Então, Jane realmente conseguiu a sua sereia...

— Uma sereia não, um sereia macho, o que é ainda mais notável. Mas devemos ter cuidado. Como Jane sempre nos dizia, as sereias são seres assim como nós, não devemos trata-las como se fossem objetos ou animais.

Carmem percebeu que as mãos de George começaram a tremer e ele batia as botas no chão.

— Nossa Jane se meteu com gente perigosa dessa vez.

George olhou para ela com as sobrancelhas erguidas.

— Sim, ela sempre se mete com gente perigosa. – Ela passou a lâmina no bigode de George. — Não se mexa.

Ela terminou a barba sem dizer mais nada. George levantou-se da cadeira e lavou o rosto.

— Volte para sua cabana, se ouvir mais alguma coisa me avise. Eu vou tomar as providencias que puder por aqui.

George fez que sim e ia saindo quando Carmem tocou seu ombro.

— Espere.

Ela saiu do cômodo em que estavam e voltou com uma trouxa cheia de frutas.

— Não fique comendo apenas peixe e arroz. Alimente-se direito, tome banho mais vezes e apareça em casa de vez enquanto.

Ele abriu a boca para dizer algo, mas ela balançou a cabeça em negativa.

— Eu sei que você precisa provar a eles que o dragão existe de verdade, mas sua família também precisa de você. Eu preciso.

George teve os olhos marejados, abraçou Carmem e saiu sem dizer nada.

— Acha que ele vai voltar, senhora? – Uma das ajudantes estava na porta e viu quando George abraçou Carmem e saiu.

— Não até provar a todos que não é louco.

— E o que a senhora acha?

Carmem respirou fundo e pôs a mão por cima do ventre.

— Acho que minha filha está em apuros e eu preciso fazer o que puder para ajudar.

A moça aguardava o comando.

— Diga àqueles que confiamos na Vila que Jane precisa de ajuda, que ninguém deve dizer nada sobre ela a estranhos e que todos devem ter cuidado. Para esses homens estarem por aqui pode ser que eles saibam que Jane vem dessa Vila e isso coloca em risco todos nós.

— Nenhum de nós irá trair Jane.

— Eu sei querida, ninguém faria isso por maldade, mas não posso pedir que recusem dizer qualquer informação se o pescoço de um familiar estiver sob a lâmina desses monstros.

— Senhora...

— Quando Jane era menor e sumiu da Vila deixando um recado de que iria seguir seu coração, eu sabia que cedo ou tarde receberia a noticia de seu pescoço pendurado por uma corda. Mas para minha surpresa, alguns bons anos depois ela voltou a Vila com um grupo de bons homens e me apresentou Capitão Daniel. O bom capitão disse que cuidaria da minha Jane, que ela era valente e tinha um bom coração auspicioso. Eu confesso que entre minhas lágrimas a vontade que eu tinha era de prende-la novamente em seu quarto e nunca mais deixa-la sair. Claramente não daria certo.

— Ela fugiria de novo.

— E talvez para nunca mais voltar. Eu acolhi o desejo de minha filha em seguir seu coração e hoje posso viver com a consciência tranquila de que fiz tudo para apoia-la. Sei que a vida que ela escolheu é bem diferente da que eu teria escolhido para ela, mas não posso obriga-la a viver a vida que eu espero, tampouco posso caminhar por ela. Jane sabe o que quer e vai fazer de tudo para conseguir. Quando Capitão Daniel morreu eu achei que ela viria para casa chorando pedindo para voltar a trabalhar na loja, mas ao contrário das minhas expectativas, ela voltou como capitã daquele navio e enfrenta até hoje o preconceito de ser uma mulher a liderar um grupo de homens. Para alguém com tantos problemas, eu não posso ser mais um em seu pé.

— Devemos apoia-la.

— Sim, Clara. Devemos apoia-la. O objetivo de Jane é nobre, apesar de muito difícil de alcançar.

— Ela sempre tenta defender aqueles que são mais fracos.

— Mas ela não percebe que também tem suas fraquezas, isso que me preocupa.

— Na verdade, senhora, acho que ela sabe das suas fraquezas sim e sei que ela também se importa muito pela senhora, mas Jane não é alguém que se deixa levar pelo medo ou pelos desafios do caminho. Ela vai fazer o que estiver ao seu alcance, uma coisa de cada vez, até chegar em seu objetivo, vai superar os obstáculos e lidar com as consequências de suas escolhas. Eu acredito que esse modo de viver a vida é bastante nobre.

Carmem sorriu. Clara era uma menina doce e frágil e o modo como falava de Jane era de alguém que admirava bastante sua filha.

— Vamos nos esforçar juntas. Jane já me ajudou muitas vezes, eu farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-la também.

— Vá e dê meu recado. Eu farei alguns contatos daqui.

— Sim, senhora.

As portas da loja foram fechadas, a lamparina das ruas era acesa uma a uma pelo velho homem de barba cinza e os trabalhadores rumavam cada um para sua casa. Logo, as calçadas ficariam cheias de mulheres com acompanhantes e homens com cheiro de bebida. Na Vila do Porto o movimento nunca acabava, de dia e de noite sempre haviam muitas pessoas passando por ali.

— Se ouvir alguma noticia sobre esse nome, me diga. – Carmem entregou um papel para um dos mendigos que sempre alimentava.

—Benjair. – Ele leu o nome.

— Shh! Não diga em voz alta, homem.

— Oh, desculpe. – Ele disse tapando a própria boca.

— Tudo bem, Guilhermo, agora pegue. – Ela entregou a ele uma trouxinha com alimento.

— Eu perdi o pano de ontem.

— Você sempre perde. – Ela disse rindo. – Nos vemos amanhã.

Carmem saiu pelas ruas indo em direção a sua casa, mas antes passaria em alguns lugares e diria a pessoas de confiança sobre o que George a havia contado. No dia seguinte, se juntassem todas as informações, poderia saber se havia algum modo de realmente ajudar Jane, ou de pelo menos não serem usadas como moedas de troca caso um desses marginais soubesse que Jane tinha família ali.

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