Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 2 - Ilha Liberdade II


Olá a tod<3s! Como vocês estão? Espero que estejam bem!

Gostaria de pedir que deixassem a opinião de vocês nos comentários e não se esquecessem de votar, se quiserem, por favor! Deixei ali mais uma música com o tema "Pirata" para quem quiser entrar mais no clima!

Muito Obrigada,

Beijos XXX


O clima era tenso, nenhum dos dois iria ceder, Simon desejava intensamente esmagar a cabeça de Markus entre suas mãos, ele tinha muitos motivos para isso e um deles, inclusive, estava ali ao seu lado num estado bastante lastimável. O negociante, por sua vez, não gostava nada da ideia de ser desrespeitado e levaria para o pessoal aquela audácia do grandão. Não tinha medo de seu tamanho ou de sua força, Simon podia ser três ou cinco vezes maior, não importaria em nada, Markus sabia que as balas em sua arma atravessariam sua carne fosse o seu tamanho o que fosse. A mulher atrás de Simon estava ainda mais tensa e as veias em sua garganta saltavam a pele. Talvez, por sorte, um grupo de bêbados caminhava naquela direção e trombaram contra Markus jogando licor e vinho em sua roupa, os homens começaram a pedir desculpas, a implorar e chorar, Markus estava rodeado de um bando de idiotas chorões. Victhor puxou Simon pelo braço, o caminho estava livre para o pequeno grupo sair, evitando maiores problemas, eles tinham algo a fazer ali e não poderiam perder seu tempo com o tipo de gente que gosta de arrumar confusão por qualquer coisa, Victhor teve de fazer um esforço para que Simon o seguisse, ele tremia de raiva, seus olhos estavam vermelhos e pelo sobressalto em suas veias ela havia chegado bem próximo ao seu limite. O que não era difícil de alcançar.

Os quatro caminharam em silêncio com William reparando demais na mulher ao lado de Simon, não com um olhar de interesse pelas curvas que ela não tinha, mas pela postura e olhar sagaz que ela demonstrava ao passar pelas ruas de terra batida da ilha. Quando chegaram ao palanque, Benjair já estava ao centro, vangloriando-se da próxima mercadoria, ele já esperava um rico pagamento, estava confiante e seu sorriso largo era um convite ao dinheiro dos piratas que estavam prontos para gastar.

— Tragam! - Ele gritou alto demais fazendo sinal com as mãos.

A expectativa era alta, as gargantas ficaram secas, ouvia-se o pio das corujas e o crepitar das tochas, os passos pesados trazendo algo arrastado lá detrás, o grupo do Alma Negra chegou o mais perto que pôde aproveitando o tamanho avantajado de Simon, a mulher se infiltrava pelo meio dos homens que quase não a percebiam prestando atenção somente no palanque e no que estava por vir. Os capangas trouxeram alguém encapuzado com um saco de estopa, se debatendo, com os pulsos amarrados e o corpo seminu. O silêncio foi quebrado por uma série de gritos, homens levantando sacos de ouro e outros com olhos arregalados e bocas abertas.

— É ele? - A mulher perguntou a Simon já ao seu lado e que pela altura tinha uma visão privilegiada. Ele observou as marcas no braço e algo brilhante no tornozelo do homem que grunhia em cima do palanque.

Simon afirmou para a alegria da mulher e os dois fixaram os olhos lá em cima mais uma vez, agora com o coração acelerado ela tranquilizava sua respiração ofegante, finalmente o tinha encontrado, mas ainda não era hora de comemorações, havia muito a ser feito. O encapuzado se debatia, sufocado, tratado como um animal selvagem que se recusava a ser domado. Benjair ordenou que fizessem-no ficar quieto, era difícil falar com alguém se contorcendo e tirando sua atenção, não queria competir pelo foco dos olhares de todos. Os capangas fizeram como ele ordenou e com alguma felicidade foram desferidos tantos socos no estômago que logo aquele alguém estava quieto, imóvel, caído de joelhos no chão enquanto Benjair declamava o quão maravilhoso e caro ele era, e como todos ali deviam ser gratos a ele e a Markus por terem conseguido trazer em bom estado - vivo - algo como aquilo. A mulher que observava sem cessar aquele que devia ser a mercadoria mais cara da ilha cerrou os punhos e os lábios.

"Maldito!" – Ela pensou, o sangue escorria um pouco pelo pescoço daquele lá em cima e ela prestou atenção nisso, mas logo já não haveria nenhuma marca que comprovasse a surra. Ela se lembrou de quando estava na fazenda e o ouvia gritar a noite, não sabia dizer o que estava acontecendo com ele, mas ouvia os risos e gargalhadas dos homens que o machucavam. Foram poucas noites que ambos estiveram na mesma fazenda sob os domínios de Markus, no entanto sabia que aquele ali, e também ela, jamais desejariam voltar lá, mesmo que as marcas dele fossem embora bem rápidas, as dela demorariam a sumir e as cicatrizes ficariam em suas costas para sempre.

A risada alta de cima do palanque a tirou de seus pensamentos, era Benjair exaltando a si mais uma vez pela coisa maravilhosa que estava ali.

— Vamos começar os lances! - Benjair fez um sinal e o capuz foi arrancado brutalmente. Houve um pequeno silêncio, a figura em cima do palco piscava acostumando-se com a luz e quando finalmente abriu os olhos houve gritaria seguida de mais urros e assobios, todos podiam ver os vários azuis nos olhos dele.

A mulher ao lado de Simon deu um largo sorriso.

— Sim meus amigos, é um sereia macho legítimo, sangue puro! - Benjair agarrou-o pelo queixo com dificuldade por causa de sua estatura, o sereia era bem alto. Benjair mexia seu rosto apertando-o e virando-o de um lado para o outro. — Vejam! - Os olhos dele variavam entre tons de azul e o vermelho prevalecia em sua íris, sinal de que ele estava irritado. — Eles estão raros hoje em dia, esses machos estão sumindo dos mares, mas por um bom preço, alguém de vocês pode levá-lo.

Benjair soltou seu rosto e tomou-o pelos cotovelos, mostrava a parte interna de seus braços onde todos podiam ver uma fina camada de pele mais clara como uma película fácil de ser rasgada, passou o indicador naquela área e o sereia franziu a testa com incomodo. O velho pediu a um dos homens o balde cheio de água do mar e forçou o sereia a se ajoelhar, jogou aquela água no sereia da cabeça aos pés, as barbatanas em seus braços rasgaram a película e se abriram com dificuldade. Ele parecia sentir muita dor, Benjair não ligava à mínima e sorria vitorioso puxando e mostrando aquela parte para a plateia que assistia com curiosidade. Mostrou também as da perna, que seguiam da parte detrás do joelho até os tornozelos. O sereia tinha os traços do rosto finos, e apesar de aparentes músculos ele estava bem magro, Simon e a mulher também reparavam nele, cada um à sua maneira, Simon para não ser enganado pelo negociante e a mulher, bem ela ainda não saberia dizer.

— Ele deve ser bem rápido. - Simon ressaltou observando o tamanho das barbatanas que apareciam timidamente. — Veja, ele vai servir muito bem. – Ele dizia enquanto coçava o queixo.

— Não acredito que tem um sereia aqui! - Willian estava pasmo ao lado de Victhor, sua boca bem aberta até agora. — Logo aqui, neste lugar imundo!

— Ele deve ter sido roubado de alguém. - Victhor ajeitava a gola da camisa branca, sua voz saiu pouco cínica — Não teriam como, de fato, capturar um desses. A Marinha Imperial está vistoriando tudo, nada está passando despercebido.

— Ele é lindo. - A mulher reparava nas formas de seu corpo, nos poucos músculos que ele tinha e seus olhos sempre voltavam aos olhos deles, vítreos e fascinantes como uma praia deserta. Sua mente não parecia muito bem, começou a sentir-se atordoada como ficam as crianças depois de rodopiarem sem parar olhando para o céu.

Ela não era a única a sentir-se assim, ao seu lado alguns homens tocaram suas testas e diziam sentirem-se tontos, outros reclamavam de náuseas. Ninguém dizia em voz alta o suficiente, mas quem estava mais perto podia ouvir e concordar ou dizer que não sentia nada. Mais tarde eles diriam que era a bebida ou a comida que os tinha feito mal, contudo sabiam que não era verdade.

— Bem senhora, - Willian sorriu tomando a atenção dela com a palavra "senhora" sendo dita entre o riso contido. — Se comparado a você, ele é mesmo bastante lindo. – Ele fez uma concha com a mãos e aproximou-se do ouvido dela. — Com todo respeito, posso ver todos os ossos de seu corpo, para alguém com um trabalho como o seu, não deveria ser mais... Volumosa? – Ele tocou o próprio peito insinuando seios fartos.

Simon impôs seu corpo para frente na direção deles, a mulher fez sinal para que ele não fizesse nada levantando a mão, o grande homem não gostou nada daquela aproximação e rangia os dentes.

— Um trabalho como o meu? - Ela franziu a testa e forçou-se a olhar para William.

— Sim, uma... meretriz devia ter algo mais a oferecer do que apenas pele e osso.

Victhor tocou o braço dele e sacudiu a cabeça, a mensagem era clara "Cale a boca!".

— Mais água! - Benjair jogou outro balde nele e mostrou as aberturas em seu pescoço chamando mais uma vez atenção dos presentes, inclusive aqueles que falavam sobre peles e ossos e volumes. — Aqui está por onde eles respiram embaixo dá água, - Pequenas guelras por baixo de uma fina pele, imperceptível se não for devidamente molhada com água do mar. — Podem olhar bem depois que o comprarem. - Ele passava os dedos sujos no pescoço do sereia que grunhia de dor e nojo. — Essa parte evita o ressecamento quando estão em terra não deve ser danificada, depois não venham tentar me devolver, já estou avisando.

Muitos homens antes tentaram enganar compradores, falsificavam as nadadeiras nos braços e pernas, então mostrar essas partes era de suma importância para garantir um alto valor na mercadoria. Por fim, ele exibia o corpo dele, sem cicatrizes, sem marcas, as sereias podiam regenerar-se mais rapidamente e quase nunca tinham marcas no corpo, o que era ruim, visto que não podiam provar quando apanhavam. Como se alguém se importasse com isso...

Ter uma sereia fêmea entre os piratas era algo muito raro, poucos podiam dizer que já estiveram face a face com uma, as vezes acontecia quando saqueavam algum navio mercante que transportava sereias para serem vendidas em outros Impérios, outras vezes podia ser quando saqueavam navios particulares com nobres e pessoas ricas, mas ainda assim não era algo que acontecia com frequência no meio deles. Agora, um pirata lidar com um sereia macho de sangue puro, era completamente irreal e esse era o motivo pelo qual Benjair o exibia com muito orgulho, estava com o ego nas nuvens e mesmo que o mérito fosse todo de Markus ele quem se sentia afortunado.

O sereia tentava soltar-se, mas a cada vez recebia um murro no estômago, nas costas ou um puxão nos cabelos.

— Temos que ser rápidos. - Simon observava o rosto da mulher admirando o sereia no palanque, a sensação era que ela estava fora de si, perdida em seus próprios pensamentos. Pigarreou e tocou-lhe o ombro. — Jane! Temos que ser rápidos.

William ria de qualquer coisa ao lado de Victhor e quando ouviu o nome teve um estalo como se algo não fizesse sentido.

— Mas o que? O que quer dizer com isso? - William finalmente acertou os pensamentos na cabeça. — Espere um pouco, vocês já se conheciam? Eu vi quando o Victhor a comprou do velho. - O rapaz expressava grande confusão — Qual a relação de vocês, afinal?

Ela não disse nada, não era hora para explicações.

Jane observava os homens ao redor do palanque, ela contou sete com pistolas nas mãos e mais três com espadas, deviam ter muitos outros por aí, seus olhos procuravam uma brecha. Era hora de recuperar o controle das coisas. Finalmente o Alma Negra iria voltar aos tempos de ouro.

— Simon, leve Willian e Victhor com você, espalhem os vermelhos por aí. Depois vá e avise que logo chegaremos, Pyra deve deixar tudo pronto para sairmos assim que ele estiver a bordo.

Eles saíram com Victhor puxando Willian que não queria ir sem entender o que estava acontecendo.

— Depois. - Victhor prometeu. — Na hora certa.

Ficando só Jane caminhava devagar passando pelos homens que gritavam, ela observava o sereia no palanque sendo tocado em todos os lugares por Benjair que sorria com a boca larga. A sua forma impressionava, os detalhes em seu corpo, o formato de seus olhos, sem pertencer completamente ao mar ou a terra, a única criatura entre os dois mundos, causando grande alvoroço em meio a homens e mulheres sem qualquer pudor que poderiam fazer com ele o que quisessem. Alguns gritavam o que fariam quando o tivessem em suas mãos, piratas eram bastante nojentos quando queriam ser e ali podia-se ouvir todo tipo de coisa. Não só obscenidades relacionadas ao sexo, mas também ao valor de atributos de seu corpo que seriam vendidos a quem pagasse mais. Não haveria tanta diferença entre aquele sereia e um jumento sendo vendido numa feira. Esses pensamentos passaram a permear a mente dela, Jane não sabia dizer porque seu coração batia tão forte, se era raiva, preocupação, inquietação, os lábios cerrados apertavam na medida que o sereia franzia a testa e juntava as sobrancelhas, ele cuspiu um pouco de sangue no chão curvado sobre os joelhos, a mão fechada em punho aguentando a dor das pancadas que recebia. Ela não tirava os olhos dele.

Jane aproximava-se enquanto Benjair pedia mais e mais ouro por ele, o velho salivava à medida que os sacos de ouro eram erguidos em sua direção.

— Vejam esses músculos! - Mostrava os braços e tórax dele - Servirá muito bem para qualquer um de vocês. Também podem vender mechas dos cabelos dele, foram cortados a pouco tempo, logo que crescer já pode ser cortado de novo. Há muitas bruxas que pagam um bom preço. - Os cabelos dele estavam pouco acima dos ombros, eram de um loiro pálido, liso e sem volume.

Mesmo que ela não tivesse as mesmas intenções da maioria ali, admirar o sereia era algo que ela não conseguia deixar de fazer, como se alguma força magnética puxasse seus olhos para toda a extensão de sua pele, sem que ela pudesse deixar passar nenhuma de suas linhas. Jane chegou bem próximo ao palanque, com total atenção voltada ao sereia. Ele não estava em seus melhores dias e era tão bonito quanto uma peônia que desabrochava pela primeira vez, ela não queria pensar muito sobre o corpo dele, tinha outras ideias em mente, mas seus pensamentos eram forçados, num instante sua respiração tornou-se ofegante e ela sentiu suas bochechas corarem, divagava seus olhos pelo corpo dele parando em cada músculo aparente até chegar na altura dos tornozelos.

"Aí está! - Parecia que seus pensamentos enfim conseguiram fixar em algo. - Uma tornozeleira dourada e fina, não consigo ver as argolas daqui." Ela inclinou-se um pouco até conseguir ver os círculos dourados. "Ali! Uma, duas..." Ela parou, algo a incomodava, sentiu um arrepio percorrer a espinha, um aperto no peito.

— O que...- Sua cabeça começou a doer, ela levou a mão até as têmporas e ergueu os olhos devagar até encontrar os dele.

O sereia a olhava de maneira intensa, intimidadora, os olhos dele penetrantes deixaram Jane zonza, ela cambaleou e deu um passo para trás e um dos homens teve de segura-la.

— Cuidado ai moça! - O rapaz ao seu lado ajudou a manter o equilíbrio segurando-a pela cintura. Ela ouviu o som de seu sorriso antes de ver seu rosto. — Os machos são difíceis de lidar!

— O que? – Seus sentidos tentavam voltar ao normal, a vertigem estava forte. — O quer dizer? - Ela endireitou o corpo soltando dos braços dele e ao contrário do que ele esperava, não houve um agradecimento insinuante, no entanto o rapaz manteve o sorriso no rosto.

— É preciso domá-lo primeiro antes de encará-lo, como a senhorita fez. - O sorriso nos lábios bonitos daria a ele um ar simpático se não fosse os olhos escuros perscrutarem o corpo de Jane ela poderia tê-lo considerado melhor. — Principalmente sendo mulher, deve ter mais cuidado, precisa ter a mente forte ou ele faz um estrago aí dentro.

— Nunca ouvi falar tal coisa. – Sua voz era carregada.

— Não é fácil descobrir informações verdadeiras sobre eles. - Ele pôs-se ao lado dela numa proximidade que incomodava Jane e a fez recuar alguns passos do rapaz de cabelos ruivos bem penteados e roupas finas. — Mas isso é verdade. As sereias, machos ou fêmeas precisam ser domadas, ou elas "enfeitiçam" você. Muitos marujos já foram levados ao fundo do mar por belas sereias, nunca ouviu falar? Se pensa em comprá-lo, aconselho que o leve as bruxas o mais rápido possível, elas cobram caro, é verdade, mas depois de lá dificilmente terá problemas com o comportamento agressivo dele.

De repente o rapaz tinha conseguido sua atenção.

— Como funciona isso de levá-lo até as bruxas? Já ouvi sobre a ilha, mas... basta uma visita? - Jane estava interessada, percebeu que o sereia ainda a olhava, mas ela evitava encará-lo de volta. Ainda estava zonza.

— Não senhorita! - Ele riu alto — Você deve visitá-las de vez enquanto. Veja aquele sereia ali, - Ele apontava, Jane encontrou de novo com o par de olhos azuis do sereia e teve dificuldade em ouvir o que o outro estava dizendo. — Ele tem três argolas na tornozeleira, isso significa que ele já visitou as bruxas três vezes.

Ela forçou-se a virar o rosto e olhar para o rapaz.

— Você parece bastante interessado nisso. - Ela não sorriu de volta, uma leve desconfiança a rondava.

— Sou um mero curioso no assunto, aliás, sou Phillip Kurtler. - Ele estendeu a mão fina e branquela num cumprimento sincero. Ela receou um minuto antes de responder.

— Jane Sanches. - Ela apertou sua mão com força e ele retribuiu do mesmo modo. Os dois tinham algo em comum, sabiam os nomes um do outro e isso os deixou confortáveis para conversar. Ambos estavam ali por mais do que poderiam dizer um ao outro.

Satisfeitos com o acordo não dito, trocavam mais algumas palavras sobre a localização da Ilha das Bruxas. Jane tentava não olhar em direção ao palanque, buscando concentrar-se nas palavras de Phillip, mas por mais que fixasse os olhos na boca abrindo e fechando do homem a sua frente, sua mente estava complemente absorta pelo sereia voltando sua atenção a ele, aos olhos dele sempre que podia. Ela sentia seus dedos formigarem, arrepios percorriam suas costas até chegarem na nuca e sua boca estava seca como se andasse perdida em um deserto, depois de um tempo já não ouvia mais uma palavra do que o rapaz dizia e não parou de olha-lo de volta como se sua vida dependesse de admirar cada traço da beleza dele.

— Parece que ganhou um amigo senhorita, Sanches. - Phillip sorriu, notando o desinteresse da moça em suas palavras, chamou a atenção dela para o que ela não queria ver tentando com toque suave nos ombros dela virar seu corpo em sua direção. — Reparou senhorita? O sereia não parou de olhar pra você, é a primeira vez que vejo isso.

Jane sentiu seus movimentos pesados e lentos, virou o corpo devagar até seus olhos encontrarem com azuis do sereia mais uma vez. Ela sabia que havia ainda uma grande distância entre eles, mas de uma forma estranha estavam tão próximos que podia sentir sua respiração. Jane passou o restante da noite ao lado de Philip, ouvindo mais sobre as sereias, procurando absorver o máximo de informações que podia. Ele era gentil a seu modo e mostrou-se bastante útil debulhando com entusiasmo seus conhecimentos a cada pergunta da moça que procurava anotar mentalmente cada detalhe que julgasse importante para mais tarde.

— Não se preocupe. – Phillip dizia. — Não é a única sob os efeitos dele, muitas dessas mulheres estão sentindo o mesmo que você e posso afirmar que muitos homens também, poderia apontar mais de uma dúzia que o levaria para cama agora mesmo se pudesse pagar.

Jane não disse nada, sua expressão tão pouco demonstrava qualquer alteração com aquelas palavras. Phillip estava certo em dizer que muitos ali sentiam-se como ela, mas ele não sabia como ela se sentia de verdade e isso faria muita diferença. De algum modo o sereia afetava Jane mais afundo do que as outras pessoas ali, fossem pelos motivos dela ou os dele próprio. Aliás, Phillip ficaria chocado em saber que desde a primeira vez que pôs os olhos em Jane, o sereia não conseguia mais desviar o olhar dela. O que também era novidade para o homem do mar.

No palanque, Benjair não estava satisfeito com os valores oferecidos e ordenou que o sereia fosse mantido preso com correntes para que todos pudessem vê-lo do centro do palanque. Alguns pediam para chegar mais perto, pagavam uma quantia e eram permitidos alguns minutos próximo. Alguns dos piratas esboçavam nojo ao chegar perto dele, havia o desdém e o malgrado, outros passavam a língua pela boca desejando ter dinheiro suficiente para levar ele a um reservado, mas Benjair sabia bem o valor de sua mercadoria e não abaixaria o preço.

Jane observava todo o trâmite enquanto o rapaz ao seu lado fazia anotações em um pequeno caderno, interessado no sereia e em sua atenção demasiada em Jane as linhas eram escritas corridas, mas a letra era muito bonita.

— Onde está o grandalhão que a comprou? - Philip olhou para os lados, sem encontrá-lo. — Estranho deixarem uma mulher sozinha por aqui quando se acaba de comprar ela.

Jane deu de ombros sem tirar os olhos daqueles que subiam para ver o sereia mais de perto, alguns tocavam-lhe sem pudor, principalmente piratas mulheres mais atrevidas, cheiravam seu cabelo, tocavam sua intimidade, Jane viu quando uma pirata de cabelos vermelhos e encaracolados passou a língua no pescoço até a bochecha do sereia e lambeu os lábios; tudo aquilo lhe causava arrepios e ânsia, ela cerrava os punhos, não tanto quanto o próprio sereia que a cada aproximação, repuxava o rosto numa expressão de desprezo e revolta.

Phillip observava com grande excitação, em sua mente ele pensava "Fascinante!" e seu sorriso era grande exibindo dentes brancos e alinhados.

— Gostaria de vê-lo de perto senhorita? - Philip arqueou as sobrancelhas ruivas tornando a ter a atenção da moça que já lhe dava as costas.

Ela desviou os olhos do sereia, o que Phillip percebeu causou desagrado nele.

— Isso é ótimo. – Ele escrevia mais alguma coisa.

Jane lamentou não ter uma única moeda, o jovem rapaz ainda curioso pelo que percebia ali convenceu Jane a ir vê-lo, oferecendo-se para pagar a pequena visita. A vontade era maior que o receio, ela aceitou.

— Não tenha medo, eu estarei aqui caso algo aconteça. - Ele estendeu a mão para ajudá-la a subir o primeiro degrau.

— Eu não tenho medo.

— Claro que não. - Philip recolheu a mão desprezada e ela subiu devagar a escada de madeira.

O sereia estava em pé, com os ombros meio curvados, foi forçado a olhar para baixo por um dos homens que pressionou a sua nuca, enquanto ela subia respirando com dificuldade. Dois capangas com pistolas na cintura vigiavam, o cano de metal brilhava, lembrando a Jane para ser cuidadosa. Quando ergueu os olhos e a viu, o sereia mudou o semblante, parecia quase contente.

— Incrível! - Philip observava atencioso anotando tudo em seu caderno.

Em cada passo dado, ela podia ouvir mais alto as batidas de seu coração e tinha certeza que ele também as ouvia, engoliu a seco, estava a menos de um metro dele e ainda se aproximava. Os olhos dele estavam tão fixos nela que Jane podia ver suas pupilas dilatarem, seu peito subia e descia num ritmo mais rápido que o normal e os pelos loiros dos braços dele arrepiaram-se quando ela parou a sua frente.

— Você...Você é lindo. – Não era isso que ela pensou em dizer em primeiro lugar, mas ela mesma quase esqueceu as palavras que existiam no mundo.

O sereia abriu a boca, mas antes do som veio o medo e ele fechou os lábios novamente. Uma ideia nada habitual passou pela mente de Jane.

— Você pode falar?

Ele fez que sim com um meneio discreto de cabeça.

— Mas falar aqui é perigoso - Muitos piratas a observavam com estranheza, ela devia ser cautelosa, poucas sereias podiam falar e as que falavam viviam menos.

Estar próximo a ele lhe causava vertigens e ela sentia os joelhos fraquejarem, já esteve na presença de outras sereias antes, principalmente fêmeas, mas este era diferente. E se fosse possível dizer, se pudesse ser sincera, ela podia jurar que ele sentia o mesmo. O jeito como ele a encarava com os olhos vidrados, o modo como fazia o coração dela bater acelerado, como ambos estavam atordoados, o tipo de atração que iniciava ali, não era normal, não devia ser. Não podia ser o mesmo com todo mundo.

Ele ergueu uma das mãos ainda acorrentadas, seus pulsos estavam feridos e chegou tão próximo de tocar o rosto dela que Philip teve que conter a euforia ante os outros piratas. Jane sentiu seu corpo fraquejar, estava zonza e era bastante difícil encarar o sereia a sua frente.

— Pare com isso. - Ela pediu, os olhos dele fixos nela.

Ele recolheu o gesto e retraiu os lábios. Ela queria dizer que ele parasse de faze-la sentir assim como se atirada de um precipício, mas ele entendeu que não deveria tocá-la. Alguns humanos cortavam as mãos das sereias por bem menos que isso.

— Acabou o tempo. - Um dos capangas puxou o sereia de volta pelas correntes.

"Me tire daqui." Ela leu em seus lábios. Philip arregalou os olhos e fez outra anotação, o nome JANE SANCHES escrito em letras grandes e sublinhado duas vezes. Jane desceu do palanque ainda meio zonza e mais determinada do que antes.

— Incrível! Incrível! - Phillip estava ansioso para falar com ela. — Tenho certeza que o vi falando e...

Ela passou direto por ele.

— Onde está indo? Senhorita? Jane!


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro