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Capítulo 19 - Aconteceu em Vordonisi III

Jane não se deu conta, Lantis não saberia explicar o motivo que o fez agir assim, mas ele avançou sobre ela de forma rápida, segurou seus pulsos com força e a encarou, suas irises queimavam como fogo, lilases. A respiração afoita e os batimentos muito acelerados.

— O que pensa que está fazendo? – Ela disse entre dentes.

— Eu poderia força-la agora. Eu sou mais forte que você e ninguém chegaria a tempo.

— Nós temos um acordo, sereia, cumpra sua parte e só então poderá ir embora.

Ele franziu a testa, ela puxava os pulsos com força, mas o sereia era mesmo mais forte e aproximou seu rosto um pouco mais do dela.

— Você acha que eu estou falando sobre isso? – Ele viu confusão no rosto dela. — Acha mesmo que eu estou falando sobre fugir? – Eles se olhavam, Jane entendeu do que Lantis falava e uma expressão de desgosto surgiu em seu rosto. Suas palavras saíram com raiva.

— Você não ousaria a por um dedo sobre mim sem meu consentimento. Você não pode fazer isso, Lantis.

— Ah, é? – Ele avançou um pouco mais colocando um joelho entre as pernas dela, pressionando seus corpos e segurando com mais força os pulsos. — E por que eu não faria isso?

A voz de Lantis estava diferente, o modo como ele a encarava estava diferente. Além da raiva, Jane sentiu tristeza. Não era o mesmo sereia que ela conhecia, havia algo de errado ali, deveria haver.

— Por que este não seria você. – Ele não afroixou o pulso dela, mas seu rosto suavizou um pouco. — Por que eu não perdoaria você se o fizesse.

— Você acha que eu me importo.

— Eu sei que se importa. – Ela deu um tempo a ele.

— Você acha... você acha que sabe muito sobre mim, não é? Acha que sabe muito sobre nós, mas deixa eu te contar uma coisa: você não sabe nada sobre nós, você não sabe nada sobre nós, nenhum de vocês sabe, nenhum sabe porquê... – Ele não queria dizer aquilo em voz alta, dizer que nem mesmo ele, que nem mesmo as sereias sabiam sobre elas mesmas.

— Eu gostaria de saber. – Foi o que ela respondeu ao silêncio dele. — Eu gostaria de saber mais sobre as sereias, sim, mas principalmente, eu gostaria de saber mais sobre você. Você é sobre quem eu mais me interesso, Lantis. – Ela fez uma pausa contida, seu rosto ruborizou um pouco e Lantis ficou sem entender. — Você já devia saber que não precisaria forçar esse tipo de coisa comigo. – Ela encarou os olhos dele, Lantis abrandou um pouco e ela pode soltar uma das mãos que levou ao rosto do sereia e acariciou sua bochecha. — Você já deveria saber disso.

Lantis sentiu-se atônito, como se algo tivesse possuído seu corpo e o fizesse perder a consciência de si.

— Jane, - Ele sussurrou enquanto recostava a cabeça no ombro dela, soltando completamente seu pulso e suavizando a pressão que exercia sob seu corpo. — Eu sinto muito, Jane. Por favor, me perdoe, eu não sei o que deu em mim.

Jane sentiu vontade de abraça-lo, mas não o fez.

— Está tudo bem agora.

— Eu estou tão envergonhado, eu nunca fiz isso antes, eu juro que eu...

— Você não fez, isso que importa.

— Mas eu queria fazer. – Ele levantou a cabeça e olhou para ela. Lá estavam os azuis que Jane tanto gostava de ver, mas ainda havia algo lilás entre eles. — Eu teria feito se...

— Mas não fez. Essa escolha faz diferença.

Ele deu um passo para traz, depois mais um até que a distância dela fosse segura.

— Isso... eu ... nunca senti antes. Esse tipo de coisa sufocou meu peito e meu corpo todo ficou quente e eu senti isso em partes que eu jamais... Eu não sei explicar.

Jane tinha as mãos úmidas, seus ombros estavam tensos e ela ainda estava recostada na cômoda, e agora suas bochechas começaram a esquentar.

— Eu entendo o que você quer dizer.

— Entende? – Ela fez que sim. — E como se controla isso?

— Eu não faço ideia. - Ela riu passando as mãos sob os cabelos e Lantis a achou a pessoa mais linda de todas que já havia visto.

— Eu senti como se fosse perder o controle... eu não sou um animal, eu não posso agir assim.

— Você esta certo. – Apesar do que as pessoas pensam, você não é um animal. Mas ela apenas pensou e não disse em voz alta.

— Eu fazia com meu mestre. – Ele disse, seco. — Com todos eles. – Jane estava ali, do mesmo modo de antes, ouvindo. — Eu não gostava do modo como eles faziam, de como eles me forçavam a fazer, a querer... Eu me sentia sujo e vazio. Era sempre assim... mas eu acho que nunca havia pensado sobre isso direito, não até agora. – Lantis passou a mão pelo rosto e tapou a boca. — O que eu teria feito com você, eu teria feito isso com você...

— Você não teria. – Ela cortou. — Não teria.

— Sim, você pode estar certa, mas e se eu tentar novamente? Não sei se isso pode voltar a acontecer.

— Se você tentar mais uma vez. – Ela disse chegando próximo a ele. — Duas coisas podem acontecer: a primeira, eu posso matar você, – Ela aproximou o rosto do dele. — A segunda, eu posso não resistir a você. – O rosto estava próximo o suficiente, apenas uma folha de papel ficaria entre os lábios dos dois. — E ambos teríamos o que queremos.

— Mas, Jane...

Ela deu um passo para trás.

— Vamos focar na missão. Esse tipo de coisa não pode acontecer entre nós. – Ela pos a mão no rosto dele e sentiu o calor de Lantis em sua palma. — Vamos deixar isso de lado e tenho certeza que logo isso que você está sentindo deve passar.

Quando retirou a mão do rosto dele, Lantis sentiu falta do toque dela.

— Converse com um dos rapazes. Alguém deve saber como te ajudar.

Ele respirou fundo.

— Isso não vai funcionar. – Ele disse enquanto ela saia pela porta. — Não vai funcionar nem um pouco.

Lantis deixou o corpo pender na poltrona que havia ali, a poeira levantou, demorou até que pegasse no sono e quando finalmente adormeceu sonhou com Jane o resto da noite.

Eles passaram cedo pelo cemitério dos monges, novamente Victhor fez sinal e Rupert o imitou. As estacas com os nomes dos monges estavam bem a vista e apesar de ser um lugar fúnebre, estava cercado de flores coloridas. Simon seguia na frente junto a Jane, ambos com um facão, Will e o sereia eram os últimos.

— Eu sou Will, William Johnson. - Ele estendeu a mão ao sereia que o olhou sem entender. — Não fomos devidamente apresentados, não é?

— Lantis. - O sereia hesitou um pouco, mas apertou forte a mão do outro. Will era um tipo estranho e imprevisível, Lantis não questionou o porquê daquilo só agora.

— Ah, - Will sorria simpático e refrescante. — Agora sim sinto que podemos ser amigos.

Os dois continuaram lado a lado com Will enchendo o sereia de perguntas sobre sua vida, o que não o incomodava apesar de dar respostas curtas e omitir muitas coisas e fazia a caminhada ser menos maçante.

— Então, como funciona esse negócio de ter os ¨mestres¨? Vocês fazem algum acordo ou o quê?

Lantis achou que ele estava fingindo, até mesmo crianças humanas sabiam como funcionava ter em posse uma sereia, mas pela expressão em seu rosto, ele provavelmente não fazia mesmo ideia de como era.

— Nós somos vendidos aos humanos e a partir dai ele se torna nosso mestre, nosso dono.

— Simples assim? – Will perguntou como se estivesse pensando em comprar um pão. — Com você foi assim?

O sereia pensou que se continuasse a dar respostas mínimas a ele as perguntas só ficariam mais estranhas e depois de olhar um pouco para o rosto de Will ele achou que seria melhor responder com mais sinceridade.

— Eu não sei muita coisa, minhas memórias ainda estão distorcidas, acho que é por causa das bruxas. Eu me lembro de estar no mar e depois de estar numa casa em terra. A maioria das sereias é vendida aos mestres quando crianças, mas eu acho que fui capturado no mar junto da minha mãe. – Ele fez uma pequena pausa adiantando a pergunta que viria. — Quando a sereia de um nobre fica grávida eles negociam o valor e depois que ela nasce são entregues para a família que pagou mais, somos vendidos como qualquer objeto é e pertencemos a quem pagar mais. Ou somos capturados no mar, como foi comigo.

— Entendo..., mas que bom que você estava com sua mãe. – Will falou isso um pouco sem pensar, queria enxergar algo que não fosse tão dolorido em tudo aquilo.

— Na verdade são poucas sereias que conseguem ser criadas perto das mães.

— Você foi?

— Até os quatorze anos. - E como sabia que Will iria perguntar, ele se adiantou. — Eu fui vendido para meu segundo mestre nessa época e depois disso não soube mais dela.

Will pensou um pouco em sua própria família, tocou o ombro do sereia com amabilidade.

— Sinto muito, espero que a reencontre um dia.

Lantis achou curioso, faziam poucos meses que estava junto àqueles piratas e em especial ao bando liderado por Rupert, mas sentia como se eles o vissem como parte de algo mais. Isso o deixava confuso e mesmo que não quisesse admitir, estava satisfeito.

— E como era seu antigo mestre? Digo, o último mestre. – Will buscou Lantis de seus pensamentos. — Ele era rico?

— Ele...ele era muito rico. – O que era pior.

E como Will insistia, Lantis continuou.

— Ele era casado com uma madame também de classe alta, uma baronesa e tinha duas filhas com ela, moravam em uma mansão com muitos empregados.

— Então você devia ser bem tratado hein? Teve uma vida boa com os engomadinhos.

Lantis andava devagar, as memórias vinham carregando uma enxurrada de sentimentos que o atormentavam. Quantas vezes era obrigado a ficar nu, coberto de joias pesadas em frente a uma grande quantidade de convidados para ser exibido; quantas vezes as irmãs o mandavam sair debaixo de chuva na madrugada correndo pelo jardim até a exaustão, davam-lhe bebidas fortes e o deixavam embriagado por pura diversão. Levava tapas no rosto, beliscões, arranhões sem motivo nenhum ou quando um deles queria descontar a raiva por qualquer coisa que fosse usavam-no para extravasar. Ele sempre calado, sem voz, sem vontade própria para nada e, sem marcas para provar sua dor. O pior era o mestre, o senhor da casa que traía a esposa com prostitutas e chegava bêbado em casa muitas vezes descontando nele sua raiva. A mão era pesada e as marcas cravavam fortes em sua pele. Claro que a sociedade encobria tudo com panos quentes, todos faziam a mesma coisa, ele pensava assim. A esposa daquele mestre sempre o chamava para seu quarto quando o marido estava fora, ela chegava devagar e fazia com que Lantis bebesse e implorasse por ela, ela forçava-o até o limite, impondo sua força sobre ele, pressionando e mastigando sua consciência. Era terrível, humilhante. E quando o marido o encontrava com ela, o sereia era chicoteado e espancado enquanto a mulher se vestia, como se nada tivesse acontecido. Foram anos com esse família e ele sabia que haviam outras piores.

As vezes durante os jantares que o mestre dava, ele ouvia os mestres falando de outras sereias, mas ele não se lembrava mais do que ouvia sobre elas. Ele gostaria muito de lembrar, na verdade ele gostaria mesmo de perguntar a elas e ouvi-las dizer sobre suas vidas. Quem sabe uma delas não teria histórias melhores que as dele para contar, quem sabe uma delas também não tivesse sido salva por piratas cheios de coragem e loucos como ele foi. Lantis suspirou alto enquanto Will o olhava, suas recordações pairavam sob sua mente e ele devaneava por seus pensamentos. Durante aqueles jantares era um alivio para Lantis, ele podia ficar ali em pé apenas sendo lindo e maravilhoso, não era arrastado pela coleira de ouro por todo salão, não passavam a mão nele, não mandavam que ele fizesse coisas estranhas. Ele ficava ali, existindo, sendo a sereia de decoração de seu mestre.

E também haviam os aquários...

Will queria saber mais, era extremamente curioso, mas deixou o assunto para outra hora Lantis parecia mais pálido que o normal.

— Bom, acho que agora é seguir em frente e deixar o passado para trás. – Apesar do calor, ele passou o braço por detrás do pescoço do sereia e sorriu. — Vamos construir novas memórias com esse bando de doidos que explodem ilhas!

Lantis tinha um nó em sua garganta, no entanto, entendia que Will não tinha culpa de ter as memórias que tinha e por sua vez, passou a vê-lo com bons olhos, ambos seguiram lado a lado o restante do caminho e conversavam trivialidades sobre o tempo, a paisagem e as várias namoradas de Will que enfatizava peitos, bundas e bocas sensuais.

Todos estavam cansados, o sol estava quente e o suor pingava dos piratas. O mato estava alto, a trilha ficava fechada e os mosquitos picavam o tempo todo. Haviam muitos pássaros sobrevoando o grupo, entre eles os carniceiros esperando o almoço.

— Vamos fazer uma pausa - A capitã anunciou.

Eles sentaram na grama próxima a trilha, Lantis tirou a bota e deixou as bolhas dos pés tomarem um pouco de ar. Will sentou ao seu lado e lhe ofereceu um cantil com água.

Simon estava fedido, sua testa pingava suor e sangue de serpente, ele estava sentado ao lado de Jane e os dois conversavam sobre o que fariam quando chegassem na cachoeira.

— Você me disse que ele aceitaria vir por vontade própria, eu não acreditei que fosse possível e achei mesmo que estaríamos arrastando o sereia por um coleira mato adentro, mas você estava certa Jane. – Ele bebeu um pouco da água. — Agora, o que me diz? Ele vai conseguir trazer a pérola?

— Eu acredito que sim. - Ela bebeu um gole do mesmo cantil e limpou o excesso que escorreu em seu pescoço. - Lantis tem um bom motivo para cooperar, então ele vai se esforçar e seguir o plano.

— Um bom motivo, você diz, mas eu não estou certo que você irá cumprir com a sua parte nesse acordo Jane.

— Do que você está falando Simon? - A pergunta dela beirava irritação.

— Você está afeiçoada demais a ele, Jane. A tripulação já está comentando e mesmo que você negue...

— Simon, ele é uma sereia! - A expressão dela era séria, ela dizia como se justificasse o obvio. — Até mesmo alguns dos homens da tripulação o olham com interesse! Como você acha que eu me sinto perto dele? Isso é coisa de sereia, é só por este motivo.

Simon deu uma olhada direta para Lantis que desviou o olhar sem entender.

— Mas é isso que eu estou dizendo capitã, - Ele apontou para o sereia. — Não acho que essa atração que você sente seja apenas porque ele é uma sereia.

Jane tinha a boca seca, aquela conversa estava tomando um rumo errado demais e suas bochechas arderam como se fosse uma adolescente sendo pega em flagrante pelo pai.

— Mesmo que você diga essas coisas, o que não é verdade, ainda assim não faz sentido. Quando completarmos o que precisamos fazer ele vai embora, vai nadar para longe, para junto do povo dele e suas preocupações não vão passar de ideias absurdas que iremos rir nas tavernas depois.

— Jane, eu conheço você há alguns anos, sei quando está tentando convencer a si mesma sobre algo, e eu digo mais: não está funcionando. – Ele olhou para o sereia mais uma vez e recebeu uma encarada de volta. — Posso afirmar a você que está enganada, aquele carinha ali não vai a lugar nenhum.

— Você só pode estar de brincadeira comigo, Simon, está sendo ridículo. - Ela deu mais um gole no cantil e se pôs de pé. - Pode ficar tranquilo. Essa missão vem em primeiro lugar, ou ele cumpre a parte dele, ou a gente arruma outra sereia pra fazer o trabalho. Não seria a primeira vez.

Simon assentiu com um meneio de cabeça "Era isso que eu queria ouvir" conhecia Jane o suficiente para não duvidar das palavras dela. A capitã caminhou mais a frente segurando uma luneta. Eles haviam caminhado bastante e já podia ver a ¨Floresta Santa¨ e de lá ela conseguiria chegar à Cachoeira da Pedra Afiada.

— Vamos indo. - Ela disse ao pequeno grupo. — Temos que chegar à cachoeira antes do anoitecer.

A malgrado, Lantis calçou de novo as malditas botas. A cara amarrada e o andar esquisito incomodaram Will.

— Se isso incomoda tanto você, tire essas porcarias de uma vez! – Will sempre sorrindo.

— Ela vai brigar.

— Hã?

— Quando eu fico sem os sapatos ela briga. Fica dizendo que meus pés vão se cortar e machucar.

Will não disse nada, mas seu rosto estava estranho.

— Acho que foi Rupert que disse a capitã sobre as farpas nos pés, já que eu ando descalço no navio e elas entram na pele. Mas eu expliquei que me curo rápido. Já estou acostumado a andar descalço, nossos mestres nunca nos dão sapatos.

Will passou novamente o braço ao redor do pescoço dele.

— Eu queria rir de você, mas agora não consigo mais.

— Não ria, eu falo sério. Essas coisas não são confortáveis. Não sei como vocês aguentam isso apertando o dia todo.

Will respirou fundo para conter a risada.

— Só não quero levar bronca na frente de todo mundo dessa vez.

Will quase sentiu pena de Lantis, o olhar que ele fez, a forma como ele falava parecia um menino com quem a mãe havia brigado e ainda remoía o choro. Lantis achou que ele parecia quase fofo demais para ser um homem.

— Venha aqui! – Will apertou o braço um pouco mais e desceu a cabeça de Lantis e esfregou as mãos ali bagunçando seus cabelos. O sereia tentou sair de seu aperto, mas não conseguia, a força deixou os músculos do braço quando ele sentiu vontade de rir.

Os dois continuaram atrás do grupo, dessa vez Jane estava à frente sozinha, Simon conversava com Victhor algo que ela não ouvia, provavelmente sobre o assunto que trataram mais cedo. A capitã do Alma Negra nunca se interessara por alguém antes, tivera uns namoricos, mas nada que durasse mais que duas noites, a sua fixação sempre foram as sereias e não havia espaço para mais nada em sua mente. Ela podia entender o que Simon dizia, a preocupação dele em relação a missão era genuína, mas ela sabia até onde poderia ir com Lantis e com certeza não passaria de negócios.

Negócios. Ela riu. Jane respirou fundo, prendendo um pouco do ar enquanto lembrava das vezes em que esteve a sós com Lantis, parando para pensar, eles tiveram alguns momentos juntos e foram momentos ... bem...

— Pare de pensar bobagens! – Advertiu a si enquanto o coração batia mais rápido. Limpou a garganta quando alguém que vinha atras perguntou "O que?" e ela disse não ser nada.

Não deixaria isso atrapalhar seus planos. Ele daria a ela o que ela queria e ela daria a liberdade a ele. Ponto final. Jamais se permitiria usar de sentimentalismo para fazê-lo cooperar em sua missão ou se permitiria ser seduzida por um joguete, um truque de sereia. Essa atração que ela sentia, tinha certeza, passaria assim que deixasse de ver Lantis quando ele ficasse livre daquela tornozeleira e fosse embora. E ele iria embora, ele sempre quis ir... Simon estava errado, o sereia abandonaria o navio e iria com seu povo para longe do navio, para longe dela.

— Estamos quase chegando! – Alguém gritou lá de trás, Jane ouviu, mas não prestou atenção.

A trilha acabava na entrada de uma floresta bastante fechada, os arbustos pequenos ficavam para trás, e o clima ficava mais fresco. Havia uma placa de madeira bastante velha indicando a entrada.

— A Floresta Santa. – Simon disse alcançando Jane. – Tenha cuidado agora.

Ela não disse nada e deu mais um passo a frente sendo seguida pelo grupo.

A Floresta Santa ainda era uma parte daquela floresta pela qual passavam, mas por algum motivo desconhecido, até mesmo o ar ali era diferente. Haviam um rio por ali que ninguém nunca tinha visto, árvores maiores e menos espaços para caminhar. Diziam que alguns monges vieram para esta parte da floresta para morrerem quando a comida estava acabando e não queriam deixar os outros desesperados vendo-os definhar. Bem, ninguém sabe se isso realmente era verdade, não havia sobrado ninguém para contar essa parte da história dos monges. Mas o fato era que realmente aquela parte da floresta tinha um clima diferente, os pelos dos braços ficavam mais eriçados e sempre parecia que havia alguém observando átras das árvores. As folhas no chão quase não faziam barulho quando eram pisadas e as copas das árvores tapavam muito do sol deixando o lugar cheio de sombras.

— Vamos devagar. — Victhor disse baixo. — Fiquem atentos a qualquer coisa estranha.

Victhor deixou que Simon passasse a sua frente e esperou que Will chegasse até ele.

— Preste atenção por onde pisa e evite encostar nas árvores. – Ele disse baixinho. — Ah, e cuidado com a cabeça. As aranhas gostam muito dessa parte da floresta e tem umas bem grandes por todo lado.

— Aranhas? – Will fez uma careta. Victhor fez que sim.

— Eu tive uma namorada uma vez que...

E como Victhor viu onde aquele assunto ia chegar, suspirou impaciente e chegou do outro lado onde estava o sereia.

— Coloque as calças para fora das botas e amarre com isso, - Victhor deu a ele uma cardinha de qualquer coisa que tinha pego no navio. Deu outra a Will que fazia bico por não ter tido atenção com sua história. — vai evitar que os insetos entrem.

Lantis abaixou-se e amarrou como Victhor o havia dito, ao levantar a cabeça e olhar para frente viu que Jane o observava. O olhar dela estava estranho, diferente de antes, não parecia a mesma pessoa da noite anterior. Um olhar sério, vazio. Lantis sentiu seu peito apertar, deu passos rápidos e tentou alcançar Jane, mas Simon pôs seu corpo grande entre eles e alguns metros separavam os dois.

A Floresta Santa parecia não receber a luz do sol, ia ficando mais escura a cada passo que davam a frente e vez ou outra ouviam algo rastejar próximo a eles. Um frio subiu a espinha de Jane e ela sentiu o solo ficar estranho abaixo de seus pés.

— Cuidado! Tomem cuidado! – Ela gritou e alguns pássaros voaram por cima da cabeça deles.

— Aahhhh! – Veio um grito da parte de trás da fila.

Um dos piratas foi sugado por um buraco no chão, em seguida mais um e depois mais dois.

— Procurem um lugar com terra firme para pisar ou vão ser sugados pelo chão. – Foi o que Jane gritou.

De fato, o chão estava sugando os piratas, mas não era por isso que eles morriam quando chegavam lá em baixo.

— Pela deusa... – Um dos homens ao lado de Victhor disse numa mistura de sussurro e espanto. — O que é aquilo...

— Droga! – Victhor olhou para os homens que conseguiram encontrar algo firme em que pisar, normalmente próximo as raízes das árvores. — Corram! Corram por suas vidas!

E assim eles fizeram. A medida que corriam uns caiam em outros buracos e alguns conseguiam manter os pés firmes no chão.

— Corram por entre as raízes das árvores, corram próximos as árvores! – Victhor gritou depois de ter certeza de sua teoria.

Dos buracos saiam centenas de aranhas, elas subiam nos homens e picavam numa velocidade assustadora. Aquela parte da Floresta Santa era repleta de tocas de aranhas e agora com tantos piratas, o banquete estava servido.

Pernas doloridas, músculos doendo e respiração ofegante. Foi assim que a parte dos piratas que sobreviveu chegou até o final da floresta, um rio de águas escuras que delimitava aquela parte e dali em diante Jane sabia que a Cachoeira da Pedra afiada não estava longe.

— Todos estão bem?

— Sim, capitã. – Victhor quem respondeu depois de passar os olhos pelos piratas mais próximos. Alguns tinha picadas no braço ou nas pernas, mas uma ou duas não fariam diferença e eles iriam sobreviver. Simon foi picado no pescoço e um calombo horrível crescia no lugar. Ele não poderia ligar menos.

— Essa foi por pouco, hein. – Will sorria ao lado de Victhor. O rosto corado pelo esforço e o suor escorria nas costas. — Serpentes, aranhas, o que mais tem por aqui?

— Nós não passamos por este caminho da outra vez. – Victhor pegou o lenço e passou em sua testa limpando o próprio suor que escorria e ardia os olhos. — Demos a volta e chegamos pelo outro lado, mas por lá tinha uma caverna também cheia de aranhas.

— Não dava pra saber que elas estariam até aqui. – Disse Jane passando a mão atras do pescoço, seus olhos procurando por alguma coisa, por alguém. — Onde esta o sereia?

— O que? – Will quem respondeu. — Ele estava bem atras de mim.

— Merda! – Victhor fechou os olhos apertando-os e quando abriu já sabia o que tinha acontecido. Jane disparou de volta a floresta gritando o nome do sereia enquanto tentava a todo custo evitar os buracos no chão.

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