Capítulo 14 - Possibilidades pelo caminho I
Desde a noite que saíram de Vila do Porto, a nau velejava por águas tranquilas, quebrando as ondas do mar eles seguiam aguardando as ordens da capitã. A tripulação estava aflita com a ideia da Marinha atrás do navio, mas seguiam a rotina, haviam burburinhos e especulações, mas aparentemente tudo estava em ordem.
Mas na manhã do quinto dia quando avistaram um navio branco no percalço do Alma Negra.
— Ele está nos alcançando. – Theodora observava com ajuda de um monóculo a movimentação no navio branco. – Eles estão se preparando para atacar.
Pyra ao leme buscava despista-los, mas apesar da habilidade da pirata o mar era aberto demais para que eles conseguissem fugir.
— É melhor avisar a capitã. – Pyra não parecia preocupada. — Já lidamos com os brancos antes, esse é só mais um para a conta.
— Não sendo o Rainha do Mar, - Theodora disse saindo. — Está tudo certo.
Theodora foi até a cabine e encontrou Jane debruçada sobre os mapas, a capitã levantou-se surpreendida com a notícia e pediu que todos tomassem seus postos.
Victhor foi até a amurada, queria saber qual navio era aquele. Os pensamentos já rodeavam sua mente desde que saíram do Império Sul, e o receio de se deparar com o Garça Branca tomava posse de seus sentimentos.
— Faz alguma diferença? – Will perguntou ao lado dele. – Quer dizer, a gente vai ter que acabar com qualquer um que vier, não é?
Victhor o ignorou. Estava preocupado.
— Não é ele, Victhor. – Theodora apareceu por trás amarrando seu cabelo num rabo de cavalo alto. – Não vai ser desta vez.
Will achou que estivessem falando do Rainha do Mar, mas na verdade não estavam. Theodora tinha duas pistolas presas a cintura e uma espada. Deixou mais uma com Will, sem tirar os olhos de Victhor.
— Você precisa se preparar. – Ela dizia. – Hora ou outra vamos acabar encontrando com ele. Principalmente agora que os Brancos estão caçando a gente, as chances disso acontecer só aumentou.
Victhor esfregava os óculos com força deformando a armação, Theodora sacudiu a cabeça e deixou os dois, não tinha tempo pra lidar com isso agora.
Will não entendendo realmente do que se tratava, supôs que Victhor tinha medo do capitão Micthell.
— Não se preocupe camarada. – Ele passou os braços pelo pescoço do outro, trazendo-o mais para perto. — Se esse cara aparecer, eu não vou deixá-lo te pegar. Eu o mato rapidinho.
O mais magro dos dois encarou com irritação os olhos verdes do outro, o sorriso de Will sumiu em seus lábios e Victhor desfez o abraço.
— Eles estão chegando! – Gritou um dos piratas.
— Vamos acabar logo com isso. – Victhor partiu para se posicionar ao ataque deixando o louro um pouco confuso para trás.
— O que eu fiz? – Will perguntou ao nada.
O Alma Negra era pouco maior que o branco e eles foram os primeiros a atirar, quatorze canhões de cada lado, cordas em posição e armas de fogo prontas para o ataque. O nome do navio branco pouco importava agora, os pelouros de ferro atravessaram o casco abrindo buracos na madeira, derrubaram mastros e marinheiros foram esmagados contra a madeira. Em contra partida, o Alma Negra também sofria com a artilharia de fogo, com um poder de destruição quase equiparado, iria vencer o que resistisse mais. Os marinheiros que se aproximavam da amurada, viam uma sombra escura por baixo do navio, o que lhes causava má impressão. Ao aproximaram-se o suficiente para o emparelhamento era chegado o momento do combate corpo a corpo. A aproximação fez o navio de Jane sofrer com as balas e com os disparos das armas, mas nada que fosse fora do comum. Os piratas balançavam pelas cordas e caiam no navio branco atirando e cortando quem estivesse em baixo, pranchas foram posicionadas e por ela passavam os piratas e os marinheiros, aqueles que caiam no mar logo era sugados por algo embaixo de navio, ainda não se sabia o que, mas era algo grande. Braços decepados e tripas pela madeira do convés. Jane passou para o outro navio sendo seguida por Simon com seu grande machado. Por onde ele passava deixava o rastro de sangue e partes de corpos espalhadas. Jane chegou na frente lidando com um pirata forte e duas vezes maior que ela, Simon estava cercado por outros dois, eles seguravam espadas e iam com tudo pra cima dele que bloqueava com o machado os golpes não eram tão fortes para ele. Apesar do esforço, um deles foi atingido e teve o machado preso em seu ombro próximo ao pescoço, o outro aproveitou que o machado estava preso e num segundo mirou contra a cabeça de Simon. Foi um desvio rápido, e uma ponta da espada raspou em sua orelha. O marinheiro arrepiou-se com o olhar que recebeu e deu um passo para trás, Simon avançou sobre ele e segurou em seu pescoço, as mãos do outro lutavam com a força do maior, sem sucesso, ele morreu estrangulado com os pés suspensos no ar.
— Onde está o capitão desta merda? – Jane segurava um dos comissários pelo colarinho, enquanto alguns homens agonizavam ao seu lado.
— Vai se foder, vadia! – Ele cuspiu na cara dela.
Ela bufou com nojo e enfiou a faca num dos olhos dele. Se não fosse o barulho dos canhões e armas de fogo, talvez pudessem tê-lo ouvido gritar.
No Alma Negra Victhor e Will lutavam próximos contra os marinheiros brancos. Era certo que o moreno tinha dificuldade com a espada, o outro estava preocupado se ele iria conseguir, até que houve um disparo seguido de outro, e dois corpos caíram no chão.
— Mais rápido e mais limpo. – Victhor dizia enquanto a fumaça ainda saia quente do mosquete. Ele sorriu para Will e recebeu um largo sorriso de volta.
No convés Lantis travava uma luta com um dos marinheiros, não parecia estar em vantagem, Rupert o observava de longe, não iria interferir, o homem-peixe precisava aprender a se virar se quisesse fazer parte daquele navio. A ordem que foi dada era clara e ele tinha que se tornar um pirata.
— Você está bem? – Theodora aproximou-se dele com sangue pela roupa, Rupert a olhou com preocupação, mas ela estava bem, não era seu sangue.
Theodora viu quando um marinheiro branco ia por trás de Lantis, se ele estava em desvantagem contra um, não daria conta de um golpe por trás. Mas não foi preciso que ela interferisse, Rupert chegou antes.
— Isso é contra as regras, seu filho da puta! – Ele dizia ao empunhar a espada.
O marinheiro sorriu, ardiloso, tirou uma pistola da cintura e apontou para a cabeça do velho homem. O corpo caído no chão fez um barulho seco ao tocar a madeira. Theodora tinha boa mira, Rupert a agradeceu com um sorriso largo, a adaga perfurou até o outro lado da cabeça do marinheiro. E por fim, voltando-se a Lantis, viu quando o sereia derrubou o adversário no chão e enfiou uma espada em seu peito.
— Muito bem garoto. – Rupert ia aproximando-se dele e percebeu que ele tremia.
— O que ele tem? – Foi Theodora quem perguntou.
Lantis não estava nada bem. Olhou para o corpo humano a sua frente, já sem vida. Encarou as próprias mãos como se não as reconhecesse e seus olhos viraram-se para trás. Seu corpo se debatia como em uma convulsão, sua cabeça latejava e ele suava frio.
— Puta merda! – Rupert segurava a cabeça dele para que ele não se machucasse. – Eu vou ficar com ele, chame alguém. Depressa!
Theodora correu pelo navio ainda em batalha, mas quem ela poderia chamar? Jane e Simon estavam no navio branco, Victhor e Will estava próximo a proa lutando com mais marinheiros...
Rupert segurava a cabeça de Lantis, o sereia balbuciava palavras sem sentido.
— Calma, garoto! Calma! - Ele apertava com força, o sereia espumava pela boca e parecia engasgar.
No outro navio Jane finalmente havia encontrado o capitão e fez com que ele admitisse a derrota com a espada raspando em sua garganta. Os marinheiros abaixaram as armas, os que ainda restavam, claro. A partir daí, o capitão foi posto amarrado no mastro e como bom homem que era, iria afundar com o navio já em frangalhos. A escolha foi dele. Simon balançou o machado para tirar o excesso de sangue, deu uma olhada no navio ao lado, uma movimentação estranha no Alma Negra chamou sua atenção. Jane que vinha ao seu encontro com um sorriso, viu o cenho de Simon franzir em direção ao seu navio e quando notou quem estava nos braços de Rupert saiu correndo pela prancha derrubando um marinheiro já em rendição na água. Ele bateu os braços por um momento e logo sentiu algo segurar em sua perna e foi tragado para baixo.
— Lantis! Lantis! – Jane gritava ao se aproximar. – O que houve?
Rupert ainda estava segurando a cabeça dele, os olhos do sereia estavam virados e apenas se via o branco do globo ocular, os lábios antes rosados estavam brancos. Pyra chegou e tocou no pescoço dele.
— O que causou isso? – Pyra perguntou sentindo os batimentos fracos com os dedos.
— Eu não sei, ele matou um marinheiro e ficou assim! – Theodora disse abrupta.
A capitã pensou por um instante, sua mente buscando na memória o que havia lido sobre as sereias, algo que pudesse ajudar a entender o que estava acontecendo com o sereia. Lembrou-se de um livro velho que Daniel havia dado a ela, era o fruto de um botim num dos navios brancos e ele lhe dera de presente pois sabia o quanto a garota magricela adorava as sereias. Aquela conversa com Lantis na praia surgiu em sua mente e ela podia deduzir o que tinha acontecido.
— Ele não pode ferir um humano. É a magia das bruxas. – Ela abaixou-se e o tomou nos braços envolvendo-o com seu corpo num abraço. – É por isso que Simon insiste tanto para que ele seja levado até as bruxas.
— Por que depois que elas vão até lá, as sereias são incapazes de machucar uma pessoa. – Pyra completou refletindo sobre o Jane disse. — Elas mataram tantos de nós durante a Segunda Guerra do Sangue que os humanos temem que isso volte a se repetir. Hipócritas.
— A não ser que esteja disposta a morrer também, nenhuma sereia deve levantar a mão para um humano. – Jane abaixou o olhar até Lantis. — Está tudo bem. – Ela dizia próximo ao ouvido dele. – Você é livre, fez sua escolha e está tudo bem. Não há aqui nenhum juiz que vá julgar o que você fez, somos piratas, não há certo e errado entre nós. O que é feito tem o motivo para ter sido feito e é a sua consciência que importa. – O corpo dele estava frio e ele tremia sem parar. Ela afagou seus cabelos e continuava a dizer que estava tudo bem.
Simon viu a cena de longe, torceu o nariz e foi ao encontro de Victhor. Iria pôr ordem no navio até Jane estar pronta para tomar seu lugar.
— Vamos limpar essa bagunça. – Simon disse ao aproximar do rapaz de óculos.
— Você sabe que perdeu essa batalha.
Simon torceu o nariz mais uma vez e assim como Victhor olhava para Jane embalando o sereia em seu colo.
— Se tratando das vontades dela, nem sei se alguma vez tive chance de vencer.
Victhor sorriu e tocou o ombro do maior.
— Vamos, esses caras não vão pegar os esfregões por conta própria.
Os dois embrenharam-se no meio dos homens, cada um com sua função dentro do navio. Não demorou mais que cinco minutos para que esfregões e escovas estivessem por todos os lados. Sangue sendo limpo e corpos sendo contados. Havia baixas dos dois lados.
Jane foi deixada sozinha com o sereia, Rupert foi o último a sair, sendo levado por Theodora.
— Obrigada por ficar ao lado dele. – Jane disse e Rupert ficou mais aliviado.
Ainda abraçando Lantis, ela sentiu o corpo dele ir ganhando calor, os braços dele envolveram-na pela cintura retribuindo o abraço. Ele recostou a cabeça em seus ombros e sua respiração tocava a pele do pescoço de Jane, ela sentiu algumas lágrimas rolarem em seu colo. Era Lantis quem chorava.
— Me desculpe. – Ele disse ao corpo do marinheiro estirado ao chão, mas não olhava para ele. — Eu não queria... eu realmente não...
— Você fez sua escolha Lantis. – Ela passava a mão pelos cabelos dele. – É assim que é ser livre. Você pode escolher o que quer fazer, o que quer ser e o caminho que quer seguir. Sempre haverá consequências, você deve lidar com elas e aceita-las como sua responsabilidade. Isso é viver.
— Mas...
— Uma vida é uma vida. Seja um ser humano, uma sereia ou qualquer que seja, ainda assim é uma vida. Não é fácil, mas não estamos aqui para fazer as coisas fáceis, estamos aqui para fazer as coisas que precisamos fazer.
E como ele não disse nada, ela tocou leve em seu rosto retirando dali as últimas lágrimas.
— Eu sinto muito, mas eu prefiro que não seja você estirado ali no chão.
O sereia afastou seu corpo do dela, apenas o suficiente para que pudesse ver todo seu rosto.
— Está tudo bem ser egoísta de vez enquanto. – Jane sorria e era como se o oceano todo se agitasse dentro do sereia.
Os olhos dele voltaram ao azul do mar, havia algo mágico neles, Jane foi sugada por um redemoinho azul e hipnotizante e seu rosto aproximou-se devagar do dele...
— Jane! – A voz de Simon a alcançou com urgência. – Jane!
A capitã e o sereia encaram-se por um segundo, Jane levantou-se primeiro e foi ao encontro do grandão. Claro que sua cabeça latejava e seu coração estava disparado. Lantis não ficou ali por mais tempo também.
— O que houve Simon?
— "O que houve?" – Ele repetiu. — Jane, nós acabamos de atacar um navio branco. Você precisa resolver as coisas agora! – Sua voz eras firme e forte. Jane saiu junto a Simon sem olhar para trás. Ele tinha razão. Onde ela estava com a cabeça? Droga!
O navio branco foi para o fundo do mar junto com seu capitão amarrado ao mastro com as correntes que ele trouxera para enforcar os piratas. Os marinheiros tiveram a opção de jurar lealdade à pirataria como era de costume fazer, foram revistados e aguardavam as ordens. O discurso da capitã foi feito e aqueles que não concordaram tiveram suas gargantas rasgadas e seus corpos jogados ao mar. Piratas foram mortos e os marinheiros desertores entraram em seus lugares. Uma troca quase justa. O desfecho previsível foi uma esmagadora vitória pirata.
Passados dois dias do embate com o navio branco, Lantis e Jane tiveram pouco tempo de ter alguma conversa, Simon estava sempre junto dela com informações sobre os novos piratas que antes eram marinheiros. O grupo de ex-oficiais forneceu algumas informações uteis sobre a rota que a marinha mais usaria a partir de agora e ainda disseram mais sobre uma busca especial que alguns navios mais importantes estariam fazendo a mandato de um dos homens poderosos da Ordem Imperial. Ainda acrescentaram que o Rainha do Mar estaria fora das águas durante um tempo já que o seu capitão estaria na reunião da Cúpula Imperial que levaria alguns dias.
— Mas uma coisa é certa: eles estão atras do Alma Negra a pedido da Imperatriz do Leste. – Um dos ex marinheiros disse. — Ela não costuma pedir esse tipo de coisa então o Exército não pode negar em nada. A ordem veio de muito acima de meros oficiais cheios de medalhas.
Jane, Simon e Victhor passavam grande parte das horas na cabine da capitã, tomando nota, pensando, andando de um lado ao outro e blasfemando contra todas as divindades possíveis. O objetivo já não era fácil e agora com a Marinha atrás do Alma Negra as coisas só tendiam a piorar. Os navios brancos rondavam as águas buscando navios sem registro, com selo imperial vencido e certamente, navios piratas. Quando tinham o nome do navio, a marinha perseguia até toda tripulação ser jogada para morrer nas prisões, enforcados em praça pública ou torturados por informações que valessem alguma coisa. Dentre os piores crimes, estava o de transportar pessoas escravizadas. Exército e Marinha lutavam há tempos contra os perversos fazendeiros que obtinham grandes fortunas com trabalho escravo, principalmente ao sul de onde tudo devia ter começado.
No início, após as guerras, os trabalhadores, vindos de todos os lados aceitavam qualquer trabalho por comida e abrigo. Como o Conselho e Ordem Imperial passaram a interferir, os fazendeiros foram obrigados a pagar os salários de seus trabalhadores, mas não pagavam quase nada, dizendo que do salário eram descontadas moradia e alimentação.
Com o tempo, os trabalhadores passaram a adquirir pequenas dívidas com os seus chefes e ao invés de receberem para trabalhar, eles estavam apenas trabalhando.
Novamente o Conselho interveio, pagou a dívida de todos e os "libertou", mas como não tinham para onde ir... bem, tornou-se um círculo vicioso.
Com a loucura de Azah e a queda do Império da Água, as sereias passaram a servir o lado vencedor da guerra: os humanos. Muitas foram vendidas como troféus de guerra, o que levou à ainda hoje serem exibidas e tratadas como coisas e outras como "trabalhadores extras" para quem pudesse pagar. As sereias eram vistas como animais, como se faz com equinos em trabalhos forçados e exibições de raças e como bovinos para reprodução e abate das melhores partes para o consumo, no caso, das bruxas para as poções e sortilégios. E assim como havia no fim da Segunda Guerra do Sangue, muitos pobres e muitas sereias subjugadas eram levadas pelos navios piratas às fazendas de trabalho forçado, cada um servindo a sua maneira.
— Podemos continuar para o Oeste. - Victhor passava o lenço já úmido na testa pingando. - Ir direto para a Ilha e ver como o sereia se sai lá.
E como não houve nenhuma contradição, ele continuou.
— O navio está bem suprido, as velas estão boas agora, os brancos tinham bastante coisa que pudemos aproveitar. Se rumarmos para a Ilha saímos da rota da Marinha e esperamos a poeira abaixar.
— A poeira abaixar? - Jane estava indignada, não com Victhor ou Simon, mas com aquela ideia absurda sobre o seu navio. — O Alma Negra está sendo acusado de ser um navio escravo e a gente tem que esperar a poeira abaixar?
Simon observava, sabia o que Jane queria, ela encarava Victhor que não tinha uma resposta para dar.
— Jane. - Victhor matinha calma. — Não é a primeira vez que somos acusados de algo. Somos piratas, vamos sempre ser os maus, vão sempre nos acusar das piores coisas.
— Que sejam as piores outras coisas Victhor. - Ela deu ênfase a palavra "outras". - Mas não vou carregar essa maldição sobre o casco do Alma Negra. Não vou manchar o nome do navio de Daniel dessa forma, o meu navio não é um navio escravista e eu preciso deixar isso bem claro.
— Então o que pretende? Invadir o Império Central e exigir que retirem a acusação? Vai chegar lá antes ou depois do convite para o chá? – Simon não perguntava a sério, mas Jane entendeu o recado.
— Vamos descobrir quem foi Jane. – Victhor continuou. - E faremos com que pague. Mas agora, precisamos seguir com os planos.
— Vamos levar o sereia até a ilha dos monges e ver se ele presta pra alguma coisa que não seja esfregar o chão. – Simon dizia carrancudo.
— Não é tão simples. – Ela retrucou.
— E você quer o que então, Jane? – Simon beirava irritação. – Estamos navegando á muito tempo a procura das pérolas. Perdemos tantos homens que já nem me lembro e você diz que não é tão simples? Você acha que nós não sabemos disso? Você ficou naquela porra daquela fazenda Jane, não consigo nem imaginar o que passou nas mãos daquele cara. – Ele deu uma pausa como se as piores cenas passassem por sua mente. — Eu tive que olhar bem naquela cara de bosta dele e não pude fazer nada. E você vem dizer que não é tão simples...
Victhor encarava Simon, era raro ver ele falar dessa forma. E ele ainda tinha aquele sotaque estranho.
— Você esteve naquela maldita fazenda por meses. – Continuava o grandão – Sabe o quanto ficamos preocupados? Foram meses esperando uma mensagem sua, Jane. Meses! Se esse aí não for o suficiente para fazer o que precisamos, temos de saber logo.
— E se ele não conseguir? - Victhor fez a pergunta que passava pelos pensamentos de Jane.
— Então o levamos a ilha das bruxas e o deixamos por lá. - A resposta de Simon fora combinada a muito tempo com Jane, antes dela conhecer Lantis. Bem antes. — Certo, capitã?
Ela respirou fundo.
— Acertem o curso, vamos para Vordonisi. – Jane saiu da cabine deixando a porta bater atrás de si. Precisava falar com Lantis e precisava ser agora.
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