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Capítulo 12 - Descobertas importantes em terra e em alto mar.

Já era o quarto copo d'água que Jane bebia, uma pena nenhuma gota de álcool entrar mais em casa, o sono não dava nenhum sinal e a vontade de usar o banheiro já era um incomodo. Ela tinha muito sobre o que refletir e as preocupações tomavam conta de seus pensamentos.

Um barulho veio da parte de trás da casa e chamou a atenção de Jane, àquela hora da noite com certeza boa coisa não era, ela pegou o punhal em seu tornozelo e foi conferir, preparada para o combate iminente. Alguém tentava abrir a porta, era claro, ela pôs-se a postos e no momento em que a porta foi aberta, para a surpresa de Jane, ela conhecia muito bem aquele par de olhos arregalados.

— Pai! - Ao invés de enfiar-lhe o punhal, Jane surpreendeu o homem com um forte abraço.

— Jane! - Ele retribuiu, porém sua voz era cansada e não demorou muito para que ele se soltasse dela. — Jane, você precisa sair daqui!

— O que? Por que? – Ela estava atônita, seu pai passava as mãos em seu rosto num ato de carinho, mas ela via o desespero em seus olhos, o que na realidade, era algo comum.

— Eles estão atrás de você, Jane! Logo estarão aqui! Pegue suas coisas e vá embora! - Ele passou a segurar os braços dela com força, estava machucando, ele estava gritando, desesperado. - Vá embora! Vá embora!

— Pai, fique calmo! Fique calmo! - Jane tentava controla-lo, mas era difícil demais naquele ponto.

— Eles estão vindo! Dragões voadores! Rabos de gato! Peixes caramujo!

Jane olhava o homem que a sacudia e via o rosto do pai amoroso que ele era, o toque que a apertava de deixaria marcas roxas era das mãos que lhe afagavam os cabelos e catavam conchinhas na praia.

— Eles vem, Jane! Aqueles vestidos de branco!

Os olhos dele se arregalaram como se os demônios estivessem de volta a terra. Simon seguido de Carmen foram os primeiros a desceram até a cozinha e assustaram-se com a cena.

— George! Pare com isso! - Carmen colocou-se no meio dos dois, separando-os. — O que está fazendo? Ficou louco?

Ele não suportava mais essa palavra, "louco" ecoava na cabeça dele, George não era louco, mas estava louco. Num impulso agressivo foi para cima de Carmen e agarrou em seus cabelos gritando mais coisas sem sentido, por sorte, Simon conseguiu segura-lo colocando-o entre seus braços fortes e apertando-o, após relutar um pouco, George conseguiu se acalmar, sua respiração foi desacelerando e seus olhos ficaram como o de uma pessoa comum.

— Me desculpe, meu amor. - Ele referia-se a Carmen, a voz sem força carregada de arrependimento. — Não queria assustá-la.

Carmen nada respondeu, estava sentada na mesa ao lado de Jane, suas mãos não haviam parado de tremer.

— Pai, o que houve? - Jane estava aflita. — Por que o senhor está aqui?

— Um navio branco Jane, ancorou a pouco no porto da Vila. Eles vieram, procuram o Alma Negra. Por sorte todos aqui te conhecem e não entregaram seu navio, mas não vai demorar até encontrarem. Darcy veio assim que soube, correu meio bêbado até a cabana para me contar e eu vim direto aqui. Eles não são muitos, vieram com ordem da Imperatriz do Leste.

— Leste? - Jane estranhou. — Simon, nós nunca mexemos com aquela gente! Não é? - Quem poderia saber? Ela havia ficado fora por um tempo...

— Não, Jane. - Simon estava pensativo, buscando na memória algo que pudesse ter ofendido tanto a Imperatriz ao ponto dela mandar um navio atrás do Alma Negra. — Não me lembro de nada que fizemos a eles...diretamente. Mesmo os navios que afundamos ou roubamos não tinham ligação com o Leste e nunca pilhamos nada por lá.

— Pai, - Jane encarou George com severidade. — Tem certeza que eles procuram o Alma Negra? O senhor não está confundindo?

— Meu doce, - Ele segurou as mãos frias de Jane. - Sei que tem motivos para duvidar de mim, mas eu te juro que jamais colocaria você em risco. Eu mesmo dei uma espiada e vi o navio branco da Marinha Imperial e seus homens com a flor branca. - Quando George dizia coisas assim era que Jane ainda tinha esperanças por ele.

— A flor de Lis. - Carmem encarava George com seus cabelos bagunçados. — É o símbolo deles.

— Sim. - O pai assentiu. — Eles estão com as armas nas mãos, é apenas um navio, mas são perigosos. Graças a deusa não é o Rainha, Graças! - E ele repetiu a última palavra mais algumas vezes.

Simon que estava em pé ao lado de Jane, levantou-se e foi até a janela da cozinha, ficou olhando lá pra fora enquanto os outros conversavam. Jane não teria muito tempo, se o pai realmente dizia a verdade, logo eles estariam por ali. Ela precisava ser rápida.

— Acordem os outros, vamos sair logo!

Da escada o sereia via toda a cena, mas Jane não percebeu que ele estava ali, ele desceu assim que Simon chegou até a cozinha e ficou observando a capitã de longe. Lantis achou que ela parecia meio perdida sobre como reagir frente ao pai, ele não saberia dizer o motivo, mas queria saber mais sobre isso.

Com as coisas apressadamente arrumadas, o pequeno grupo partia da casa de Carmen, deixando a anfitriã com lágrimas nos olhos. Jane, que seguia na frente ao lado de Simon, não olhou para trás ainda sentindo o abraço apertado que havia dado nos pais.

— É melhor eu voltar para a cabana agora. - George mantinha os olhos arregalados, era alguém que não relaxava, não mais.

— Você está bem lá? Precisa de algo? - Carmen não o encarava, continuava a olhar as costas de Jane afastando-se na escuridão.

— Tenho, obrigado. - George ficou parado ao seu lado, dado momento, segurou nas mãos dela e juntos torceram para que Jane chegasse bem no Alma Negra e pudessem voltar a vê-la sã e salva novamente.

A noite estava muito escura, o que era bom para o grupo de piratas que iam cuidadosos pelo caminho. Jane com uma espada e Simon com seu machado lideravam, esgueirando-se pelos becos, dando sinais para que os outros prosseguissem ou parassem até que a barra estivesse limpa. Mais à frente, próximo as docas eles confirmaram as palavras de George, lá estavam os homens da Marinha Imperial com seus uniformes ridiculamente alinhados, brancos e limpos, exibiam suas flores de lis, assegurando controle total por onde passassem. O grupo que viam era pequeno, uns seis homens bem armados, porém eles sabiam que outros circulavam por ali. O Alma Negra estava pouco afastado, mas logo seriam capazes de ver o mastro, um a um foram passando devagar, Rupert assegurou que o sereia estivesse bem perto dele dessa vez, Will e Victhor seguiam depois deles, assim como Pyra e Theodora. Jane deixou que passassem a sua frente e certificou que Simon conseguisse ver o Alma Negra, ele estranhou o jeito que ela o encarou, deu um passo à frente, mas não adiantava mais, ele sabia.

— Leve todos em segurança.

— Não! Jane! - Simon tentou pará-la, mas ela já tinha voltado.

A Marinha era interessada em capturar navios piratas e enforca-los em praça pública para mostrar quem segurava as rédeas. Os oficiais-marinheiros eram temidos por todos os lados, não tinham compaixão de ninguém e gostavam de gabar-se pelas torturas que faziam aos piratas. Estavam sempre competindo entre eles e comparando quem era mais diabólico do que John Mitchell. Em pouco tempo Jane encontrou um grupo em um dos armazéns, eles socavam um dos bêbados que rondavam por ali, fazendo perguntas sobre os navios que atracavam e seus capitães. Jane os observava, bastava esperar um pouco, não demoraria para ela conseguir o que queria, sempre há alguém tolo o bastante para se afastar dos demais. Ela podia ouvir o nome do seu navio na boca deles, em alto e bom som, era o grupo certo: um bando de bostas.

Logo um deles, o mais novo aparentemente, deixou o grupo depois de pisotear e limpar as botas no bêbado desacordado, ele ia devagar pela rua sem olhar para trás, havia um saco de moedas em seu bolso, ele poderia gastar escondido em uma taverna ou um prostíbulo por ali, ledo engano, ele não devia ter saído sozinho. Outros marinheiros passavam por ele, Jane não sabia se eram do mesmo navio ou se eram alguns dos poucos que patrulhavam as docas aquela hora, uns cumprimentavam, outros apenas ignoravam, Jane viu quando ele mostrou o dedo do meio para as costas de um, Que babaca, ela pensou. Os passos de Jane eram leves e acompanhavam de longe o oficial pelas ruas, ele virou algumas esquinas que ela conhecia e continuou descendo a ladeira em direção à rua das casas noturnas de jogos e diversões sexuais. Antes da ladeira terminar ele foi até uma parede que já fedia azedo de longe, o cheiro forte vinha de vômitos e mijo misturados ao álcool derramado no chão. Ele abriu o zíper da calça e mijava na parede, vulnerável como era de se esperar.

Jane aproximou-se por trás devagar e antes dele fechar as calças, a faca já estava em seu pescoço.

— Não se mexa. - Ela pressionou um pouco a faca sobre a glote. — O que vocês querem aqui?

— Você está encrencada sua filha da p... - Ela o pôs para encarar a parede, suas botas pisavam no mijo no chão.

— Opa, opa! - Ela apertou um pouco mais a faca e ele pode sentir o arder em sua pele. — Sem muita conversa, apenas responda o que eu quero ouvir.

O oficial respirou fundo, num movimento rápido ele firmou o corpo, segurou os braços de Jane e jogou-a por cima dele fazendo-a cair sob o chão. Ele sorria, havia sido treinado para momentos como este.

— Vadia! - Ele gritou enquanto fechava o zíper da calça ainda aberto.

Jane não esperou sentir a dor, as pernas foram rápidas e logo ela estava de pé, os cabelos pingavam um liquido grosso e gosmento. O oficial a encarava como se a luta já estivesse ganha, mas ao contrário dele que havia treinado atras de muros e uniformes engomadinhos, ela havia sido treinada em um navio pirata.

— Eu vou acabar com você!

Ao terminar a frase ele veio para cima de Jane com sua espada, o movimento dele era rápido, mas a esquiva da pirata não ficava atras, a lâmina não chegou nem perto de encostar em sua pele. Jane conseguiu uma vantagem, seu pulso com força e com a outra mão golpeou o oficial no estomago, com ele encurvando o corpo outro golpe foi dado dessa vez em seu rosto. Jane partiu dai para tantos golpes que o fizessem perder parcialmente a consciência e quando sua espada estava estirada no chão ele caiu para trás apoiando as costas na parede. Os punhos da capitã estavam doloridos e tinham sangue misturado, ela deu mais golpes próximo ao baço e o segurou pelo colarinho.

— Fale! Quem enviou vocês?

Ele cuspiu sangue no rosto dela, não houve mudança na expressão de Jane, mas ela golpeou com força as bolas dele o fazendo perder as forças nos joelhos.

— Última chance. - Ela estava de pé frente a ele, tirou um punhal da cintura. — Não vou repetir a pergunta, se não quer ver as próprias tripas esta noite, é melhor responder.

— Fomos enviados pelo Império Central, a pedido da Imperatriz do Leste. - Ele disse, acima de um dos olhos estava tão inchado que mal podia abrir, cortes da boca e um nariz quebrado.

— Por que?

Ele cuspiu nela outra vez.

— Porra! - O punhal perfurou seu ombro, ela andou até ele e retirou torcendo-o um pouco.

— Se cuspir em mim de novo arranco sua língua.

— Merda!! - Ele latiu. — Escravos... estamos procurando escravos. - Sua voz estava presa, à medida que sua garganta se mexia mais sangue subia até sua boca, a dor no ombro latejava. - Tem um navio de escravos aqui e nós viemos prendê-lo.

Jane não estava entendendo. O Alma Negra já havia sido acusado antes, mas nunca de ser um navio escravista.

— E o que mais? - Ela bateu a cabeça dele contra a parede fazendo-o grunhir. - Vamos!

— O navio se chama Alma Negra, porra, ele está traficando escravos para uma das fazendas daqui!

Aquilo foi o bastante, Jane sabia bem das tais fazendas que ele se referia. Sabia até demais.

— Quantos navios brancos estão por aqui?

— Só o nosso. - Ele forçou um sorriso de lado. — Mas estão vindo mais, você vai pagar pelo que está fazendo comigo, sua puta!

Jane pensou um pouco, nada daquilo fazia sentido, piratas nunca foram escravistas, muitos piratas na verdade haviam sido escravizados libertos. Algo estava por trás de toda aquela asneira.

— Você vai pagar por isso, ouviu? - Ele falava entre dentes, era notório sua raiva.

Ela riu. Já havia ouvido essa frase tantas e tantas vezes, por fim a capitã passou a lâmina na garganta dele deixando-o cair com a cara no próprio mijo, ela não deu a menor importância para o som de afogamento que ele produzia. Suas botas passaram frente ao rosto dele, os olhos esbugalhados já sem vida. Não demoraria muito para ele ser encontrado e quando isso acontecesse, ela já estaria longe dali.

Na praia Simon a aguardava já com o machado nas costas, ela passou por ele e o observou de canto de olho. Simon torceu o nariz numa careta.

— Você esta fedendo.

— Menos do que você. - Jane aproveitou as ondas baixas e jogou um pouco de água nos braços.

— Onde você se meteu?

— Eles pensam que somos um navio escravista. - Jane entrou no escaler sendo seguida por Simon.

Ele não disse nada, mantinha a força nos remos levando a pequena embarcação até o navio.

— Nunca tivemos escravos a bordo! Nunca! Desde Daniel, sempre foi assim.

— Eles querem qualquer motivo para nos caçar, Jane. Não ligue para isso.

— Não, Simon. Eles não disseram qualquer navio pirata, eles queriam o Alma Negra. Eles têm uma busca pelo meu navio.

Simon pensou um pouco, embora nada viesse a sua mente.

— Algo deve ter acontecido.

— Esse malditos, filhos de uma... - Jane conteve a raiva. — Preciso pensar! Ele disse que vieram com um mandato do Império Central, até aí tudo normal, a maioria dos mandatos saem de lá mesmo, mas foi um pedido do Leste. Logo o Leste?

— É o Império que menos se tem sereias escravizadas de todo continente.

— Isso só piora as coisas. A tal imperatriz do Leste, pelo que sei ela não é de todo ruim, bem diferente daquela monstruosidade do Norte.

— É um local para onde nunca quero ir. - A voz de Simon saiu abafada entre ao arfos do esforço de remar.

— Aquelas cavernas... um dia ainda explodo aquele lugar.

Um cardume prateado passou abaixo deles, o navio estava próximo e logo eles subiram a bordo.

— Você está fedendo. - Victhor disse ainda um pouco longe de Jane.

— Menos que o Simon.

Victhor não segurou o riso. Os três foram até a cabine da capitã após checarem a rota com Pyra ao leme, Theodora estava junto dela e ambas manteriam o navio no curso. Jane passou uma toalha úmida nos cabelos e o tecido ficou manchado numa mistura de marrom e vermelho.

— Mas nós não nos metemos com o Leste. - Foi o que Victhor disse depois que Jane contou a ele o que disse a Simon.

— Exato.

— A Imperatriz de lá não é aquela contra a escravização das sereias?

— Pelo que sabemos sim, mas Victhor, você sabe que isso é algo quase impossível de se conseguir, até mesmo para uma Imperatriz.

— Você acha que ela não tem meios?

— Acho que a classe aristocrática não vai querer descer do topo.

— Se eles perderem as sereias...

— Como eles vão demonstrar o quanto são poderosos, não é? - Jane passou a toalha no braços esfregando algumas manchas de sangue. — As sereias são apenas as sereias, sempre foram sereias, quem as transformou em escravizadas, subalternas, medíocres e inferiores foram esses engomadinhos de merda. O problema é que as sereias são tão torturadas e massacradas por eles que se esqueceram de quem são e passaram a ser marionetes para esses babacas usarem como quiserem.

— As sereias perderam a guerra, lutaram junto aos demônios e ajudaram a quase dizimar todo nosso continente.

— Sim, Victhor, e nós dizimamos todo o resto delas que não foi morto em batalha. Só que agora não há mais Império da Água, não há mais demônios. Mas ainda há sereias que sofrem tortura diária nas mãos de senhores com chicotes de ouro nas mãos.

— Calma, não estou defendendo eles.

— Eu sei que não. Mas não podemos deixar esse tipo de coisa ser desculpa para o mal.

— Não pode haver castigo que dure para sempre, é o que você quer dizer?

— Acho que também. Ninguém deve sofrer pela eternidade, nem as pessoas e nem as sereias. Elas também perderam muito na Segunda Guerra do Sangue, todos os lados perderam. Até quando vamos deixar esse passado marcar o nosso futuro?

Victhor olhou para algo acima da cabeça de Jane e tentou avisá-la de alguma coisa, mas era tarde demais.

— Aaahhh! - Jane foi surpreendida por uma balde de água gelada.

— Você está fedendo bem mais do que eu. - Simon permaneceu parado com o balde na mão enquanto ela pingava.

Jane olhou para Victhor que segurava um riso e apenas concordava balançando a cabeça.

— Entendido. - Ela torceu a blusa que escorreu uma água marrom. — Vou me limpar e vocês tratem de dar um jeito nessa lambança aqui.

Claro e evidente que eles não limparam nada e foram pedir a Rupert que mandasse um de seus homens para fazer o serviço enquanto a capitã descia até a carga e mandava levarem água para sua cabine.

O oficial que havia sido morto por Jane foi encontrado pela manhã, foram interrogadas prostitutas que andavam por ali e bebuns, ninguém diria nada se não fosse oferecido uma boa quantia em dinheiro ou tivessem uma faca no pescoço. Evidente que em se tratando dos oficiais de branco, a segunda opção era a preferida e não tardou para que Jane e o Alma Negra fossem caçados por matarem um dos oficiais da marinha imperial.

Na cabine, as ondas do mar levavam a água da tina para um lado e para o outro, era sutil e o vapor subia devagar. Um banho num navio pirata era algo extremamente raro, poucas eram as vezes que se obtinha tal privilégio, a não ser o capitão, - ou capitã, os outros marujos pouco viam água doce que não fosse para beber. Estar em um navio pirata não era para narizes delicados.

Jane estava com o corpo submerso, não todo devido ao tamanho da tina que cabia apenas uma pessoa sentada com os joelhos dobrados, o aroma na água era uma mistura de óleos que sua mãe havia lhe dado de presente a muito tempo e Jane usava com bastante moderação. O cheiro era uma mistura cítrica amadeirada com alguma pitada de canela que impregnava em seus cabelos. Esses óleos, segundo Carmem eram para afastar mau olhado e piolhos, Jane não ligava para nenhum dos dois, mas sempre que usava lembrava das mãos da mãe colhendo as ervas e as deixando em efusão para lhe fazer o presente.

A água tinha uma temperatura muito boa, Jane passava os dedos desembaraçando os cabelos, deslizava a palma da mão sobre a pele e fechava os olhos aproveitando o bem estar que o banho causava.

— Estou entrando. - Disse uma voz conhecida ao abrir a porta da cabine. Jane estava envolvida em seus pensamentos que não reconheceu de imediato. — Disseram pra limpar alguma coisa por aqui.

Foi quando ela olhou para trás ao reconhecer o dono da voz.

— O que VOCÊ está fazendo aqui?

Ele não entendeu a pergunta e arqueou uma das sobrancelhas loiras.

— Eu acabei de dizer.

O sereia tinha um balde e um esfregão nas mãos.

— Não se aproxime! - Ela disse quando Lantis deu um passo a frente.

Ele ponderou por uns instantes.

— Eu já vi muitas mulheres nuas antes, não se preocupe com isso.

Jane olhava para ele e ele devolvia o olhar. Lantis havia sentido o cheiro de fora da cabine, os pelos de seu corpo estavam eriçados desde lá e mesmo ele dizendo que não se importava em vê-la ali, bem, ele sentia bem mais do que isso.

— Eu sereia breve. - Ele disse colocando o esfregão no chão onde havia a poça de água que Simon fez. Jane olhava para cada movimento que ele fazia, o pano para cobrir estava um tanto longe e para o alcançar os seus seios ficariam bastante amostra, ela constatou isso quando tentou pegá-los.

O sereia tentava não olhar para a tina, mas era bastante difícil, ainda mais depois de ver o colo de Jane exposto sentiu vontade de ir até ela.

— O que esta fazendo? - Ela disse quando ele deu passos em sua direção.

— Tome. - Ele alcançou o tecido que não se parecia nada com as toalhas felpudas usadas pelos mestres de antes e entregou para Jane.

Ela pegou das mãos dele sem agradecer, o rosto ruborizado pelo vapor, os pingos de água deslizando pela pele queimada de sol, Lantis reparava em cada pedaço de pele a mostra. Ele deu um passo a frente mesmo depois dela já ter o tecido em mãos, a água da tina era favoravelmente transparente ao ponto dele ver bastante do corpo dela.

Jane não deixou de notar que ele a olhava.

— Você disse que já viu muitas mulheres nuas, não entendo essa sua curiosidade.

— Muitas mulheres e homens nobres, sim, é a primeira vez que vejo uma pirata.

Jane semicerrou os olhos, poderia ter ficado ofendida pelas palavras do sereia, e se as mesmas viessem de alguma outra pessoa ela ficaria.

— Bem, - Ela disse. — Então é seu dia de sorte. - Devagar e sem tirar os olhos dele, ela levantou-se da tina. Ia levanto o tecido para cobrir os seios, mas a verdade é que aquele pedacinho de pano não cobria mais do que nada. O sereia engoliu a seco, umedeceu os lábios e deu mais um passo para frente.

— Nada disso. - Ela disse. — Fique aí mesmo. Quem te deu permissão para se aproximar?

Ela saiu da tina, um pé após o outro devagar, sem dar as costas a ele. O verão soprava quente lá fora, o vapor ainda passeava pela cabine e as gotículas de água que desciam pelo corpo de Jane começaram a deixar o sereia sem folego.

— Quando voltar a estar com as mulheres, ou homens nobres de outros Impérios, vai poder comparar os corpos deles com o de uma pirata com a pele queimada de sol, cicatrizes e roxos por todo lado. - Ela disse essas palavras com um sorriso cínico nos lábios. - Tenho certeza que eles fariam minuciosas observações sobre o quão asquerosas são as piratas e vão pedir a você que sinta a maciez de suas peles sedosas cheirando a leite com rosas.

— Você ficaria tão decepcionada se pudesse ouvir como seria essa conversa.

— Não seja ridículo. - Ela disse tentando tapar os seios com o pedaço de tecido. — Eu não me importo com o que você ou essa gente acha do meu corpo ou não...

O sereia ainda olhava para ela, mas algo havia mudado no modo como ele o fazia que fez Jane não terminar o que ia dizer. Ela levou uma das mãos à têmpora direita e pressionou ali, os lábios levemente abertos e o olhar direcionado a Lantis.

— Você quer saber como seria essa conversa? - Ele deu um passo para frente à medida que ela deu um menor para trás. — SE, em algum momento do que resta da minha vida eu me encontrar com alguma nobre, eu direi a ela que não existe formas mais bonitas do que a de uma certa pirata, mesmo que esta nobre insista para que eu toque em sua pele coberta de pó branco, eu direi que minhas mãos anseiam pela pele queimada de sol dessa tal pirata. - A esse ponto ele estava bastante perto de Jane que ao recostar sobre algum móvel não tinha para onde ir. — Mesmo que essa nobre me beije, seus lábios sempre serão frios e não terão qualquer sabor para mim, — Lantis segurou de leve o queixo de Jane e trouxe o próprio rosto para próximo ao dela. — E eu direi a ela que os lábios dessa certa pirata são os mais macios, mais saborosos e mais quentes de qualquer Império sob essas águas.

— Você não sabe se isso é verdade.

— Eu quero descobrir.

Jane sentia seu coração pulsar, seu corpo estava quente e sua mente parecia inebriada. O ponto em sua têmpora voltou a doer e algo a incomodou.

— O que você está fazendo comigo?

— O que quer dizer?

— Estou me sentindo estranha, minhas pernas estão fracas.

Lantis ajudou a apoiá-la passando os braços de Jane ao redor de seu pescoço.

— Eu não sei se isso tem algo haver comigo.

— É claro que tem. - Ela disse. — Eu nunca me senti assim antes.

A dor se intensificou, a visão de Jane ficou turva e seus sentidos começaram a falhar.

— Pare com isso.

— Eu não sei como. - Ele disse com sinceridade. — Eu não sei o que está acontecendo.

— Lantis...

Jane apagou nos braços do sereia. Era algo que não havia acontecido antes e só havia uma explicação para aquilo.

— Já faz tempo que eu fui às bruxas. - Ele disse enquanto colocava Jane deitada sobre a cama. — O efeito da maldição das bruxas deve estar passando.

Lantis deixou Jane descansar em sua cama. No outro dia quando ela acordou a cabine estava limpa e seca e ela estava sobre a cama vestindo uma camisa masculina de algodão branco.

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