Capítulo 1 - Ilha Liberdade I
Duzentos anos depois da Inundação de Azah.
A vida dos piratas não estava nada fácil, se antes dominavam os mares e causavam pânico por onde passavam, agora os tempos eram difíceis para esses ladrões do mar.
Foi-se o tempo em que os piratas navegavam de ilhota em ilhota promovendo a desordem enquanto entoavam músicas e erguiam canecas de cerveja para o alto. Os bancos de areia usados como portos favoráveis para descarregarem os navios e suprirem-se estavam solitários sob as águas, a vida antes era boa e não faltavam a eles água que pudessem beber, aves marinhas, tartarugas, mariscos e peixes. Ali, se tivessem consigo uma boa quantidade de rum ficavam durante um punhado de dias até estarem prontos para novas expedições. As cantorias podiam ser ouvidas de longe, risadas altas, gemidos sensuais, tropeços embriagados, as noites e os dias não tinham diferença entre si tendo ambos as horas repletas de prazer e cheias de adrenalina. Mas agora os dias de pura alegria estavam sendo deixados para trás, os piratas sofriam com as denúncias de suas rotas e morriam aos punhados. Estavam sendo caçados, seus navios eram apreendidos e eles penavam nas prisões do Exército Imperial, tendo suas vidas em risco a cada minuto dentro de jaulas fétidas e sombrias.
Leis muito severas levavam a maioria já moribunda aos tribunais, os piratas eram numerosos assim como o número de quem os odiava crescia a cada dia. As canções em alto mar passaram a mudar o tom das alegrias da vida fácil para a luta contra os homens de branco e a coragem de ir contra as regras sociais. Lutas e amargas vitórias eram contadas de boca em boca nos grandes bares e bordéis, as perdas eram transformadas em canções que impulsionavam homens e mulheres e delas surgiam mártires do povo pirata que mesmo oprimidos pelos Impérios ainda sujavam os mares com seus navios. Não passava sete dias sem que o som do canhão ressoasse e os moleques nas ruas gritassem "Extra! Extra! Navio pirata foi capturado pela Marinha Imperial em alto mar!" No entanto, também não se passava dez dias sem que houvesse o anúncio, sem muita ênfase, de que um navio da Marinha Imperial havia sido abatido em águas piratas.
Estes ladrões do mar fomentavam um ódio especial pelo Capitão John Mitchell, do navio mais rápido da frota branca - o Rainha do Mar, cuja boa aparência e o olhar altivo escondiam grande crueldade em nome da verdade e da honra. Histórias suas chegavam a todos os ouvidos, diziam que sua espada era implacável e que jamais algum homem escapou dela, gerando medo em cada pirata que ouvia seu nome. A vida deste homem sem coração estava tomada pelo desejo de caçar piratas e infratores da lei, por ordem do Império Central e por gosto próprio, as prisões tinham vários enviados seus, assim como cemitérios e o estômago dos peixes. Ninguém jamais ouvira falar sobre sua família, sobre uma esposa ou amante que fosse.
O ódio nutrido em seu coração era tão grande quanto o mar em que navegava.
Há muito tempo o capitão Mitchell, a Marinha e Exército Imperial vinham buscando uma ilha não marcada nos mapas chamada pelos piratas de Ilha Liberdade, desejavam levar sua frota até lá e aniquilar qualquer coisa viva. Capitão Mitchell era grande entusiasta da ideia, em seus sonhos, ele se via lutando e degolando homens e mulheres que levantavam a bandeira pirata em seus navios. Mas não era uma tarefa fácil, as informações que ele tinha haviam-no levado a diversas ilhas erradas, quase perdeu seu navio em armadilhas letais e em seu corpo brotavam cicatrizes. Sem sorte e frustrado, ele perseguia toda informação que o aproximasse de tal paradeiro e oferecia boa recompensa a quem lhe mostrasse o verdadeiro local.
No entanto, a Ilha Liberdade ainda era conhecida apenas pelos piratas.
— Já estou vendo a ponta da ilha, Simon! - A voz feminina gritava de cima da gávea. Era Theodora acenando para aqueles lá embaixo.
Ao leme outra mulher desviava das grandes rochas tomadas pela névoa do mar, o suor escorria em sua testa e seus músculos tencionavam, Pyra estava concentrada e quase não percebeu a grande sombra de Simon chegando por trás que tapava todo seu corpo como uma nuvem passando na frente do sol.
— Como estamos? – Ele se fez perceber. Ela puxou o ar e encheu os pulmões soltando tudo de uma vez só.
— Cada vez vai ficando mais fácil passar por aqui. - Pyra dizia, a pele de seu rosto era a mesma de quando ela tinha dezesseis anos, mas a experiência era facilmente reconhecida no modo como ela lidava com o caminho. — Quando for a hora não vai sobrar nenhum rastro do Alma Negra para trás. – Os braços dela tinham músculos definidos, ela dominava o leme e o navio saia ileso pelas rochas passando próximo a carcaça de outros que não tiveram tanta perspicácia.
Aquelas águas não eram brincadeira. Ninguém sabia dizer o que tinha sido a Ilha Liberdade antes da Inundação de Azah, mas todos sabiam que o lugar era cheio de grandes perigos e esse era o motivo que fez os piratas a escolherem para ser seu covil.
— Pyra, se eu não voltar até a hora combinada... – Ao seu lado, Simon suava frio, sua voz rouca misturada ao som das ondas contra o casco do navio.
— Eu sei o que fazer. - Ela respondeu sem desviar os olhos da rota, manteve a voz firme. — Vai dar tudo certo.
— Somos piratas, grandão. - Theodora chegava próximo a eles, um largo sorriso no rosto e os longos cabelos pretos bagunçados sobre os ombros, a pele cor de açúcar mascavo brilhando sob o sol como ouro reluzindo em contato com a luz. - Piratas do pior tipo de todos, loucos que não tem nada a perder. - Levantou o braço acima da própria cabeça e tocou o ombro de Simon. — Já saímos de infernos piores que este.
Simon não era de sorrir, raramente o fazia e principalmente em momentos tão duros como este, sua seriedade era vista não somente em sua expressão carrancuda, mas também nos nós em seus dedos que ele pressionava contra a palma em punho fechado.
A pequena Ilha Liberdade era rodeada por rochas traiçoeiras e só aqueles que as conheciam eram capazes de atravessar. Em meio a tanta névoa que brotava de sabe-se lá onde e pedaços de velhos naufrágios, criaturas marinhas circulavam a área em busca de comida, ora peixes grandes com olhos esbugalhados e coloridos passavam por ali, ora répteis imensos batiam suas peles grossas contra a madeira do navio na tentativa de arrebenta-la. As pequenas embarcações raramente chegavam na ilha, não tendo nenhuma chance contra a natureza cruel do lugar e vez ou outra a água aparecia manchada de vermelho. A noite tudo era bem pior e os mais desafortunados deparavam-se com feras noturnas vindas das profundezas da água, bestas famintas com suas caudas feito chicote e dentes afiados como navalhas. Alguns diziam serem crocodilos gigantes, outros diziam serem lulas gigantes, mas ninguém nunca havia saído vivo de um confronto desses para realmente atestar que tipo de animal era. Quem, por alguma sorte do destino não se depara com esses animais e consegue passar pelas águas noturnas para aparecer vivo pela manhã na Ilha tem os olhos arregalados e demora uns dois ou três dias para se recuperar do grande choque. O que eles passam para chegar até a Ilha é algo realmente sinistro.
O interessante da Ilha era que passado pela pior parte, arrebentando as ondas, deixando os destroços e as rochas para trás, o clima se tornava diferente, a Ilha Liberdade, era um paraíso tropical. Palmeiras e coqueiros, vento úmido e fresco, areia branca e pássaros de todas as cores, água doce e cristalina e mais a dentro havia pelo menos duas cachoeiras. O lugar perfeito para eles, os piratas. Escaleres paravam aos montes no deck de madeira da ilha, os navios ficavam mais atrás sem terem espaço para aportar direto na praia. Ali podia-se ver todos os tipos de homens e mulheres com tatuagens, cabelos coloridos, apetrechos, armas de fogo, linguajar de baixo calão, espadas, sabres, seios fartos dentro e fora de roupas acinturadas e tudo o mais que a sociedade nobre não permitia fazia parte da paisagem que se tornara natural da praia de águas cristalinas. Eles formavam grupos para seus planos de invasões, pilhagens, sequestros e crueldades, certos de que jamais seriam descobertos. Os mais entusiastas montavam toscos e caliginosos comércios que formavam um pequeno centro comercial, modestas casas eram erguidas dia após dia, um local para onde os piratas podiam voltar e encontrar um pouco de sossego e um colo quente para se debruçar. Havia um pequeno forte e a ideia de aumenta-lo e equipá-lo com poderosas armas era conversado pelos moradores, segurança contra aqueles que ousassem invadir. A Ilha tornara-se um lar para os piratas.
Do mar os navios chegavam carregados de desejos obscuros.
— Chegamos na Ilha, Simon. - Pyra estava ao lado do amigo, admirava a praia, seus olhos verdes combinavam com a cor das águas.
— "Ilha Liberdade" - Theodora ainda ao lado dos dois ajeitava o cabelo apertando o rabo de cavalo, alguns fios voavam e batiam em seu rosto. — Grande bosta de nome. – Seu sorriso mostrava os caninos avantajados, um charme, por assim dizer.
O movimento no convés do Alma Negra era dos piratas se preparando para descer em terra firme, homens suados e fedidos passavam para lá e para cá, grupos eram formados para descer e outros para ficar. Instruções detalhadas eram passadas e a ansiedade pela farra também despertava nos homens alguma excitação. Dali do navio via-se os outros navios em volta, era o mesmo movimento, apenas homens e mulheres diferentes. Os barris de óleo de baleia, alguns tecidos e sacos de grãos foram colocados no primeiro escaler, Victhor fazia anotações e dava instruções para a venda e troca.
— Seja rápido, Rupert. - A voz de Victhor condizia exatamente com sua aparência e alguém que fosse atento a ela podia sentir os pelos da nuca arrepiar-se se se deixasse levar. Claro, que isso só seria levado em conta em outra situação diferente dessa. — Pegue o pagamento e volte imediatamente. Não podemos demorar dessa vez. - Ele deu o sinal e o velho assentiu deixando o rapaz satisfeito.
Victhor era magro de ombros largos e de andar lento meneado, pôs-se ao lado de Simon enquanto ele conversava com Pyra sobre a hora de partir, os dois iriam juntos no próximo escaler para a ilha.
— O sol ainda está a pino, há muita movimentação por aqui. - Victhor limpava os óculos com uma flanela azul escura. — Tomem cuidado no navio.
— Não é com a gente que deve se preocupar - Pyra esticava os braços para cima e fazia movimentos circulares para relaxar os músculos rígidos dos braços. Ela falava de Simon que estava com a camisa molhada de suor.
Victhor sorriu, uma linha fina nos lábios curvados levemente para cima, ele poderia torcer aquela camisa e encher um copo, mas não julgava o amigo, a camisa dele certamente encheria um também. Afinal, aquela era uma missão muito importante.
O clima na ilha era peculiar, velhos companheiros tomavam cerveja juntos, riam e zombavam uns dos outros, desertores se escondiam, brigavam e sempre encontravam algum pirata bêbado ou morto pelos becos. Não haviam muitas regras e as poucas que existiam eram regularmente quebradas. Ali podia ser tenso para quem chegava, mas era amistoso para quem já era conhecido, um tipo de irmandade pirata. Era ali que a maioria dava início aos seus empreendimentos, primeiro com uma força bem reduzida até convencerem mais e mais homens a unirem as suas próprias campanhas e saírem mar afora em expedições cheias de perigos. A cantoria era bastante animada e a comida mesmo que não fosse abundante era repartida entre todos. Fora dali diziam que os piratas eram egoístas, abomináveis, perversos, cruéis, autoritários e inescrupulosos, tudo isso era verdade, mas eles também eram humanos e uniam entre si quando lhes convinham.
Há muito não se ouvia falar do Alma Negra, enquanto o navio atracava e os escaleres desciam pelas cordas os olhos curiosos caiam sobre sua pequena tripulação e a carga que descia, todos haviam apostado que eles teriam sido capturados pelo Rainha do Mar e enforcados em praça pública, cochichos e cutucões chamavam atenção para falar sobre eles.
"E aquela tal? Será que dessa vez vão falar a verdade sobre ela?"
"Maldita! Mordeu com todos os dentes a mão do único homem que cuidou dela!"
"Vaca desalmada!"
" Puta!"
"Shhh, se aquele cão mal humorado ouvir você está fodido!"
"Há há há ele é isso mesmo que você disse, o cachorro de uma puta!"
O navio em si era uma beleza, as velas negras pareciam novas, o mastro bastante alto estava lustroso, o casco precisava de alguns reparos, mas nada que tirasse o brilho de um bom Filibote como aquele de popa redonda e alta, de fácil manobra e armado até os dentes. Muitos o desejavam, ele era rápido apesar do tamanho, tinha uma boa quantidade de canhões e o espaço para a carga era avantajado. O único problema, diriam alguns, era aquela carranca horrorosa. Um esqueleto de sereia detalhadamente esculpido com três cabeças expressando cada uma um sentimento de horror diferente como se no ato da morte tivessem sido torturadas da pior maneira possível e seus corpos houvessem sido transformados em madeira. Os tripulantes diziam que a noite podiam ouvi-las gritar.
"Depois de algumas noites você se acostuma com as vozes ecoando na cabeça" - diziam eles.
O segundo escaler chegou ao deck logo após o primeiro descarregar as mercadorias, Rupert trocou um aceno de cabeça com Victhor e seguiu seu caminho como foi combinado. Simon desceu com a cara amarrada e carregando um grande machado, ele dava passadas largas e fortes e a madeira do deck rangia.
— Temos algumas horas antes do anoitecer. - Disse ele para Victhor, desviando das mulheres que o cercavam e de vendedores de tranqueiras. — Vamos resolver isso logo.
Seguido de perto por Victhor que custava um pouco para acompanhar seus passos, Simon ia em direção ao centro mantendo os olhos firmes e alertas sempre com a expressão fechada deixando qualquer um com medo de dizer a menor palavra para ele. Estar num ambiente pirata, por mais que você também seja um pirata, é manter-se sempre vigilante, nunca se sabe de onde pode vir uma faca ou um tiro.
A trilha que levava ao centro era ladeada de árvores tropicais e areia, raízes soltas e vários insetos, próximo a pequena Vila Pirata o ambiente mudava e parecia como qualquer outra vila de algum dos Impérios. Ali mais ao centro, homens já cansados terminavam um pequeno palanque, um grupo de piratas se amontoavam, queriam um bom lugar para o "show" mais tarde, esse era também o objetivo daqueles dois.
— Este lugar está bom Simon. – Eles pararam próximo o suficiente para enxergar o palco. Victhor ajeitava os óculos, ele era um tipo engomadinho demais para ser um pirata, seus olhos castanhos claros combinavam com seu rosto fino.
— Sim. – Simon não se importou com os olhares zangados que recebia de quem estava atrás de suas largas costas. Ela tinha o cabelo grisalho e barba por fazer que sempre que coçava fazia um barulho como fazem os cachorros quando estão infestados de pulgas.
— Você está parecendo um cão desse jeito. – Disse Victhor olhando para ele com uma careta.
Simon não respondeu e continuou coçando ignorando completamente.
— Tudo bem por mim. – Ele disse como se realmente não se importasse. — Se ela perceber que você tem pulgas você será obrigado a tirar a barba.
Simon pareceu lembrar-se de alguma coisa e sua mão voltou a ficar ao lado do corpo.
Victhor limpou a garganta com o punho fechado à frente da boca tentando suprimir um riso.
Homens passavam por eles, alguns empurravam o corpo de Victhor para os lados e mais de uma vez Simon teve que segura-lo pelos ombros para que ele não caísse.
— Dá pra você não ser tão magro e fraco! – Ele esbravejou.
Victhor semicerrou os olhos e deu a ele um olhar de pura reprovação, Simon não podia ligar menos e colocou-o mais perto de si para que mais ninguém o empurrasse.
— O movimento está alto essa noite. - Victhor limpava a lente dos óculos agora que podia manuseá-los sem que alguém os derrubasse. - Há muitos homens aqui.
Simon grunhiu como resposta, ele reparava nos rostos conhecidos andando entre os outros, suas grossas sobrancelhas franziram no cenho e a expressão carrancuda endureceu ainda mais. Eram desertores do Alma Negra, ele ficaria furioso e os perseguiria até estrangula-los, mas isso se fosse outro dia, não hoje. Ele pensou um instante, fez as contas e concluiu.
— Malditos. - Sua boca mal se moveu, Victhor quase não entendeu o que ele disse. — Como estamos de tripulação, Victhor?
— Uma merda. - Ele limpava o suor que escorria pela testa com o mesmo lenço que usou nos óculos. — Temos poucos homens de confiança no navio, muitos não a querem, você sabe. Vamos segurando até onde der, por ora não há motim, mas precisamos arranjar mais gente.
Simon apontou o grupo esgueirando-se para sair de sua vista e Victhor sabia que era mais uma preocupação para sua cabeça.
— Daremos um jeito. - Simon fechava o punho com força e se ele não precisasse manter a discrição, teria feito chorizo deles ali mesmo e não se importaria em sujar as mãos de sangue mais uma vez.
O Alma Negra precisava de bem mais homens do que tinha, mas nos últimos tempos muitos estavam deixando-o para procurar outros que lhes dessem mais lucros e que tivessem mais fama. Apesar de Simon e Victhor serem persuasivos - cada um à sua maneira, os homens tinham bocas a que alimentar e um mar de prazeres que queriam desfrutar e o Alma Negra não os supria. Foram tempos difíceis com motins e brigas internas, e o mar envolta estava sempre manchado pelo sangue dos piratas. Eles depositavam grande esperança nesta noite.
Uma onda de agitação chamou a atenção dos presentes, era um homem pouco velho subindo ao palanque acenando com as duas mãos e estufando o peito com os urros e assobios em sua direção.
— Já chegou a hora cavalheiros, boa noite senhores! - Ele fez uma reverência dramática e todos riam alto. — Espero que tenham feito uma boa viagem até a Ilha! Essa noite temos excelentes mercadorias, material de ótima qualidade. - Um sorriso largo e amarelo estampava sua cara e repuxava as cicatrizes e rugas em seu rosto. — Para quem não me conhece, o que deve ser impossível, eu sou Benjair Boullevair e será um enorme prazer fazer negócios com vocês.
Ele ria e acenava para alguns conhecidos ali, perguntava como estava a mãe de um, a irmã de outro e a doença de outro, os piratas respondiam com bastante alegria. Benjair assobiou e as primeiras "mercadorias" subiram ao palanque, exibiam seus músculos e caras amarradas que deveriam tomar de medo o coração de quem os visse.
— Há mais do que da última vez. - Observou o maior entre os dois do Alma Negra. Havia pelo menos uma dúzia deles, homens de todos os tipos e para todos os tipos de serviços.
— É, o número de homens que querem ser "Homens Livres" vem aumentando. Há grande burburinho pelas vilas dizendo que a recompensa é boa e isso os atrai. Para aqueles que voltam vivos dos trabalhos, deve mesmo valer a pena. O que acha Simon?
Simon deu de ombros, apenas afirmando com a cabeça. Victhor suspeitava que ele não falava muito para esconder o sotaque forte e meio caipira.
Benjair exibia seus "Homens Livres", os prestadores de serviço, acentuando suas qualidades no roubo, na força, com armas, tudo o que poderia aumentar o valor de cada homem para ele lucrar em cima. A transação era simples, o ¨homem livre¨ ia com quem pagasse mais pelos seus serviços e quando terminasse Benjair lhe dava uma parte do pagamento. Os ¨Homens Livres¨ saiam por aí fazendo o trabalho sujo que lhes pagasse melhor, eram alugados e Benjair era o intermediário. Evidente que nenhum dos trabalhos que esses "homens livres" prestavam eram limpos, entre surras, roubos, cobrança de dívidas e assassinatos, todo o tipo de ilegalidade podia ser encontrado naqueles homens. O que os levava a serem o que são era um campo vasto de pesquisa, cada um com seu próprio motivo. Desde ex-prisioneiros até açougueiros, para ser um "homem livre" bastava ter quem alugasse e quem fizesse a cobrança.
— Pagou um bom preço por este, senhor! - Benjair contava as moedas de prata que recebia. — Não vai se arrepender, esse aí cumpre bem o que mandam, serviço bastante limpo.
— Logo estarei de volta. - Enquanto o comprador ia embora, a mercadoria virou-se para Benjair. — Esteja com meu dinheiro.
O velho balançou as mãos mandando o outro ir, como fosse um cão qualquer, não lhe dava importância alguma. A nenhum deles. Queria mesmo era o dinheiro e o resto que se danasse.
O brutamontes bateu de ombro com um homem que se aproximava, virou-se para ralhar quando notou quem era. As desculpas saíram abafadas pelo orgulho, mas fosse melhor assim e ainda ter uma língua dentro da boca. Com esse aí não se brinca.
— Benjair Bollevair! Velho Amigo! - A voz conhecida gritou ao chegar mais perto.
Os dois encontraram-se com grande contentamento e depois um abraço pouco afetuoso, foram conversar num reservado detrás do palanque.
— Ele está aqui? - Benjair estava surpreso. — Onde?
— Calma, camarada! - Markus dava tapinhas nos ombros dele. — Calma! Tudo a seu tempo! Vamos primeiro falar de negócios!
A quem interessar saber, Markus tinha um porte forte, barba sempre feita, cabelos caindo em pequenos cachos na altura das orelhas e dentes amarelados. Sua presença era imponente por onde passava e deixava sempre um rastro de sangue para trás. Conhecido pelos piratas e não piratas, era um homem de grandes posses que não levava desaforo para casa. Por bem pouco como uma pisada em sua bota ele mandava arrancar o pé de quem fosse e tendo as costas quentes, a justiça estava sempre olhando para o outro lado quando se tratava dele.
— Se este for mesmo o que diz ser, meu amigo, estaremos muito bem! – Benjair estava ansioso e animado.
— É claro que é! Acha que eu o enganaria? - Com os braços abertos e sorriso largo Markus encarava Benjair e esbanjava simpatia. — Vamos! Termine logo com essa fuleragem aí e vamos que a mercadoria é boa!
— Certo, certo! Falta só as mulheres agora. Inclusive vai à venda aquelas que você trouxe da Madame Falcão. – O velho deu uma piscadela ao pronunciar o nome da maior cafetã de todos os Impérios. Diziam por ai que Madame Falcão nutria uma paixão doentia por Markus, mas ninguém sabia se era realmente verdade.
— Mulher ardilosa meu caro. Me tirou uma boa quantia dessa vez. - Markus passou a mão pelo cabelo.
Benjair sorriu esperançoso que viesse mais falatório sobre o assunto, ele próprio havia estado poucas vezes na presença da Madame e queria alguma desculpa para se encontrar com ela e fazer laços. E como Markus parecia não estar disposto a nada disso, ele continuou.
— Essa magricela, aquela com os cortes nas costas, ela estava trabalhando para você, não é?
— Essa aí aprontou comigo, teve o que mereceu. – Sua voz saiu sombria, mas logo foi disfarçada com um riso alto. — Faça meu dinheiro valer, faça render! - Mais risadas, mais abraços e mais simpatia. Markus era um ótimo ator.
Benjair voltava ao palanque, sua encenação lá em cima deixaria qualquer circo tentado em contrata-lo para seu picadeiro. Adorava piadas e as contava nos momentos oportunos e os piratas riam e gargalhavam mesmo das mais sem graças eles faziam questão de abrirem bem a boca e mostrar os dentes - quando tinham dentes, claro.
Após o último homem ser alugado, as mulheres subiram ao palanque. Roupas provocantes, olhares sensuais, beleza não era o forte, mas cada uma podia gabar-se de suas habilidades com os homens.
— Experiência cavalheiros! - Benjair dizia de cima do palanque, uma boa lábia era parte do show. — Essa é a palavra que define essas mulheres de hoje. Do que adianta um belo rosto se ela não lhe serve bem, heim? - Ele dava piscadelas exageradas. — Essas aqui não! São um prato cheio! - Ele ia por detrás das moças e palpava-lhes os seios.
Urros, assobios, gritos com insinuações eróticas seguiam junto à venda delas. As mulheres eram peças diferentes para Benjair, elas eram vendidas e não voltavam para buscar parte de seu pagamento. O que lhes acontecia depois que o dinheiro já estava em sua mão não era mais problema seu. A maioria ali era prostituta que não dava mais lucro ao cabaré de onde vinha, a própria Madame Falcão mandou quatro das suas. Outras, eram parentes de algum endividado que para não ter o pescoço cortado preferia entregar as mulheres da família. Elas eram vendidas rápido e as primeiras por preços bem mais altos. Aquelas que iam ficando para trás, as mais magras, mais feias ou mais velhas, eram vendidas por mixaria.
— Olha quem está aqui. - Um homem ao lado de Simon cochichava com outro. — Markus está de novo fazendo acordos com Benjair.
— Eu não gosto desse homem, dizem que ele tortura os outros tanto quanto o desgraçado do Capitão Mitchell. Que o mal lhe carregue!
— É! Já ouvi falar das suas fazendas de horror. Barbárie! Dizem que seu pai deixou terras e terras pra ele e que o cultivo é todo feito por escravos que ele contrabandeia de todos os Impérios.
_— Os escravos que sobrevivem camarada, porque a maioria morre no caminho, já ouviu sobre o estado daqueles navios? - O homem fez um sinal de fé levando o polegar até a ponta dos lábios e o beijando. - Que a Deusa tenha piedade!
— Mas você agora acredita na Deusa?
— Se for pra não entrar num daqueles, - Ele disse com os olhos esbugalhados. — Eu acredito em qualquer coisa!
As mulheres piratas gritavam para Benjair, queriam saber quando ele traria homens para elas se divertirem, Benjair prometera traze-los na próxima vez. Ele gostava de agradar seus consumidores.
— Sobrou apenas uma. – Victhor estava impaciente, havia uma única mulher no meio do palco. Roupas maltrapilhas, cabelos ensebados e bagunçados, roxos pelo corpo, pouca beleza aparente. Ela encarava Simon desde que subira ao palanque.
— Já está na hora. - Simon não desviava o olhar dela e Victhor sabia o que fazer.
Levou um tempo para que conseguisse chegar até o palanque.
— Malditos espaçosos me deixem passar! - Ele abria caminho empurrando o próprio corpo para frente. Simon o observava de longe pronto para interferir caso algum dos homens tivesse intenção de obstruir o caminho.
Enquanto Simon se destacava pelo tamanho no meio daqueles piratas, Victhor chamava atenção por outras características. Quando se aproximou de Benjair foi recebido com muitos sorrisos e os retribuiu com bastante desgosto.
— Então, você ficou interessado nessa aqui, hein? – Benjair tinha um hálito horrível. — Deve saber que ela veio das fazendas de Markus, deve aguentar bem o tranco. — Ele riu e piscou um olho. — Sabe bem o que quero dizer.
Uma raiva imensa subiu até o pescoço de Victhor fazendo suas veias saltarem roxas e por pouco ele não atirou no meio da testa de Benjair. Mas seria tanta burrice fazer isso entre todos aqueles capangas que ele só pode conter-se e não apertar a mão do velho que estava estendida finalizando o acordo.
— Desculpe, tenho sarna. – Mentiu com um sorrisinho de lado.
Benjair puxou a mão o mais rápido que pode e passou na roupa, Victhor pagou um ótimo preço pela última moça.
A noite seguia animada, muita bebida e comida a vontade na taverna, sem pudor algum, eles aproveitavam cada um à sua maneira. Alguns tramavam novas pilhagens, trocavam informações sobre as novas rotas da marinha, como escapar deles e do temível capitão do Rainha do Mar, outros aproveitavam o anoitecer e os becos escuros para libertinagem de todos os tipos. A noite da Ilha Liberdade fazia jus ao nome, com a porta das casas fechadas a porta da rua estava escancarada para quem quisesse desfrutar.
Na taverna a mulher que foi comprada estava junto de Simon e Victhor, pulsos machucados, lábios rachados com hematomas no canto da boca e vários roxos pelas pernas, eles bebiam sentados numa das mesas. Alguns olhos curiosos seguiam os movimentos deles, acharam estranho uma das putas estar assim tão comportada com seus compradores enquanto as outras que foram vendidas já estavam sem roupa há muito tempo. O taverneiro os observava de longe, mas apesar dos esforços não podia ouvir a conversa e tão pouco lembrar-se do rosto dela, mas sabia que já a vira antes.
Lá dentro o assunto era o mesmo em todas as bocas, Benjair havia prometido uma mercadoria nunca vista na ilha e eles ansiavam por ela.
A música podia ser ouvida em alto e bom som por todos os arredores do lugar, o som dos instrumentos e as vozes ressoavam surpreendentemente harmoniosas entre si. Eram canções sobre felicidade e bebidas, saudade de casa e colo de mãe, a cantoria era sempre muito animada acompanhada de canecos de cerveja e pedaços de carne e pão. Muitas também falavam sobre aventuras em alto mar e sobre a injustiça contra os pobres e escravos, claro, era sabido de todos que os piratas eram contra qualquer tipo de escravidão e muitos escravos libertos eram agora parte dos navios piratas. O velho Benjair estava numa das mesas conversando alto enquanto mulheres revezavam em seu colo se esfregando e bebidas eram servidas à vontade para ele e seus convidados, incluindo, Markus que não rejeitava as mulheres e nem as bebidas e olhava a todo momento para a mesa de Simon e a mulher vendida por Benjair.
— Quanto aquele ali pagou naquela ali?
Benjair estava ocupado lambendo o pescoço de uma mulher em seu colo, custou a entender o que Markus queria dizer e depois que respondeu, o camarada ficou ainda mais impaciente em seu lugar. A mulher havia sido trazida até a Ilha por ele, enfiada no meio das que pegou com Madame Falcão e vendida como se fosse uma meretriz, mas a verdade é que ela viera de sua fazenda e o arrependimento em vê-la ali conversando tanto com aqueles dois estava subindo a cabeça.
— Me soltem seus bastardos filhos da puta! - Um arruaceiro avançava mesmo sendo segurado por três homens. — Eu vou matá-lo!
Ninguém daria importância, era só mais uma briga no meio dos piratas, se o objetivo não fosse a mesa onde estavam Benjair e Markus a briga passaria despercebida.
— Ora vejam só. - Markus não custou a reconhecê-lo, ao lado de Benjair erguia um copo de bebida em direção ao rapaz. — Se não é o filhotinho escorraçado.
— Maldito demônio! Lute comigo se for homem! - Ele vociferava avançando o mais que podia.
— Oh, sinto muito! - Markus com seu cinismo debochava dele. — Não posso agora. - Passou o braço envolta do pescoço de uma das mulheres em sua mesa e bebericou do copo já meio vazio. — Estou muito ocupado aqui, sou um homem de negócios muito sério.
Os homens forçavam, arrastaram o rapaz para longe, ele gritava e esperneava.
— Willian Johnson! Lembre-se do meu nome! Vou te mandar pro inferno, vou te matar...
— Entre na fila rapaz. - Markus lançou um olhar ameaçador a ele, mas logo assumiu seu sorriso largo e voltou a beber.
Os piratas voltaram a atenção para seus próprios copos, Simon e os outros dois que assistiam tudo viram quando os homens de Benjair voltaram triunfantes lá de fora, o punho de um deles ainda manchado de sangue.
— Podemos pega-lo pra nós – A mulher sussurrava. — Parece ser o tipo certo.
— Não sei não, é como eu disse, estamos mesmo precisando de mais homens no navio, mas – Victhor sussurrou de volta. – Ele parece imprudente demais.
— Exatamente, Victhor. – Ela sorriu. – O tipo certo.
Não demorou muito os três entreolharam-se e foram atrás do rapaz deixado na floresta, encontraram-no ainda sentado no chão com alguns cortes no rosto e cuspindo sangue, poderia ser considerado um homem de sorte, estava vivo apesar de ter ameaçado Markus na frente de todos.
— Willian Johnson. - A mulher parou ao seu lado. — Este é mesmo seu nome?
Ele encarou a maltrapilha, cuspiu mais um pouco de sangue e confirmou com a cabeça, o gosto férreo em sua boca lhe dava náuseas e as pancadas fizeram sua cabeça latejar.
— Vamos rapaz. - Victhor ajudou-o a levantar e bateu a mão em suas roupas tirando um pouco da terra.
— Obrigado. - Uma dor aguda surgiu quando ele sorriu, seu belo rosto ardia em vários pontos, o outro o chamara de rapaz, como se ele mesmo não fosse da mesma idade.
— O que você tem contra Markus? - Disse a mulher.
— Eu vou matá-lo. - Rangeu num repente, sua voz alterada. — Senhora, eu juro pela deusa que irei matá-lo.
— Você está sozinho nisso? - O rosto dela era sério, porém pouco podia ser visto pela escuridão da noite.
— Sim. - Ele passou o polegar no lábio inferior que tinha um corte dolorido e o sangue ainda escorria. — Filhos da mãe, me arrebentaram...
— Não é inteligente sair dizendo seus planos abertamente como fez agora, Markus tem muitos amigos. Você tem...
— Não tenho medo e nada a perder, senhora. Meu único e sombrio objetivo nessa vida é acabar com aquele verme maldito.
Victhor levantou uma sobrancelha, reparou no olhar do rapaz, olhos verde esmeralda, cheios de rancor e imprudência.
— Eu teria arrancado o coração dele com minhas próprias mãos se tivesse oportunidade de chegar perto. - Continuou - Mas aquele crápula vive cercado, se o encontrasse a sós e tivesse uma boa espada ele não escaparia.
— Você não tem uma? - Victhor estava incrédulo, uma espada era algo fácil de conseguir, passou a mão no cabelo quando teve a atenção do outro para si desejando ter tomado banho nos últimos dias, seu cabelo estava engordurado.
— Aqueles homens a pegaram há um tempo. - Ele olhava diretamente para Victhor, enquanto falava seus dentes perfeitos ficavam a mostra, o pirata reparou bem. — Seu eu tivesse uma atravessaria o peito daquele miserável e acabaria com sua vida e poderia ir para o inferno de uma vez!
— Quanto drama... - Simon não tinha paciência para tipos que falam demais, estava do lado da mulher até aquele momento e já não aguentava mais a voz do tal Willian.
— Podemos providenciar uma. - Ela esperou Simon refletir por uns segundos e tendo a confirmação dele, prosseguiu. - Façamos um acordo: nós estamos recrutando tripulantes e até o fim da nossa campanha ajudamos você a acabar com Markus, será mais fácil tendo aliados do que invadindo tabernas piratas por aí.
Willian pensou um pouco, encarou aquele trio a sua frente, uma mulher meio magrela com um cabelo cumprido demais, um cara grandão com cara de mau coçando a barba e um rapaz magro com modos estranhos... No que eles poderiam lhe ajudar? Pareciam ter menos do que ele.
— Feito. - Sua mão estendida para Victhor, foi apertada pela mulher.
— Feito. - Ela sorriu. Um belo sorriso, William poderia afirmar.
Na Vila Pirata a vida noturna concentrava suas atividades no centro próximo a taverna, o palanque perto dali já estava rodeado pelos curiosos na espera pela próxima atração, quando o grupo do Alma Negra se aproximava deram de frente com Markus que sério, conversava com um Benjair exaltado e gesticulando sem parar.
— Ai está ela! - Surpreso Markus apontou a mulher que o encarava com olhos peçonhentos. Ele acendeu um cigarro e pôs a boca enquanto caminhava em direção a eles deixando Benjair com suas próprias palavras.
— Está perdendo seu tempo, irmão. - Dirigindo-se para Simon ele gritava do meio do caminho. - Essa aí não vale nem uma moeda.
Foi preciso Victhor segurar os braços fortes de Willian.
— Calminha aí garoto. - Markus debochava — Logo vai encontrar com sua irmãzinha de novo se continuar assim. - Sua risada fez o sangue do outro ferver.
— O que quer? - Simon não tinha paciência, sua voz saiu espremida entre os dentes. Ele pôs o corpo grande e forte na frente da mulher de modo que Markus não conseguia vê-la.
Simon não tinha paciência para quase ninguém na verdade.
Markus deu um trago no cigarro e jogou a fumaça na direção deles, o hálito dele era terrível, o estômago da mulher reclamou ao lembrar.
— Ela me deu trabalho lá na cidade, teimosa, não faz o que a gente manda sem ter que levar uma boa surra. Perdi a cabeça na última vez e acabei trazendo ela pra cá. - Ele gesticulava, tinha trejeitos estranhos e seu rosto se mexia demais enquanto falava. - Daqui a pouco você vai começar a reclamar. - Ele tirou um saquinho de dentro do paletó. — Te devolvo o que pagou nela e você arruma uma mais boazinha. - Ele deu uma piscadela e torceu a boca. — Tenho uma reputação a zelar, você não vai sair por aí dizendo que eu te vendi uma puta ruim de cama.
Simon soltou o ar pelo nariz apertando os punhos, controle não era seu forte, mas ao ver a mulher cerrando os dentes ao seu lado sabia que devia acalmar-se. Ali não era o momento para isso, ainda não. O acerto de contas não seria agora e quando chegasse a hora, que Markus implorasse por sua vida.
— Enfia seu dinheiro no rabo. - Foi Victhor quem respondeu.
Markus encarava a mulher enquanto mais fumaça saia de sua boca e nariz, a expressão em seu rosto significava problemas, era comum que Markus mandasse matar um ou outro na ilha, já não era surpresa pra ninguém as confusões que ele arrumava.
— Acho que você não me entendeu bem. - Ele apontava o cigarro em direção a Simon e em seguida tragava-o levantando as sobrancelhas. — Eu a quero de volta, AGORA!
Música: Wellerman - Nathan Evans
Obrigada a todos que leram até aqui! Espero que gostem do que esta por vir!
Beijos XXX
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