Tod ficou completamente sem reação com aquela pergunta. Seu coração acelerou de um jeito completamente diferente. Seu rosto claramente corou e não esboçava nada por fora, mas por dentro seu corpo estava em chamas. Contudo ele não sabia diferenciar de qual tipo eram, mas tinha quase certeza que eram de raiva.

Não demorou muito e ele respondeu:

- Eu... acho... – gaguegou. – que não... – Nesse momento ele se lembrou de como Henrie ficava muito sozinho em casa, e se ele apareceu ali do nada deveria ter algum motivo, então logo finalizou:

- Não teria nenhum problema você ficar por aqui hoje. – ele soltou a respiração.

Henrie sem ao menos pensar abriu aquele sorriso que só ele conseguia fazer. Ele poderia dominar uma nação inteira somente com um sorriso. Tod percebeu e automaticamente sorriu de volta. Tanto que somente depois percebeu o que tinha feito. Aquela troca de olhares não demorou mais que quinze segundos, mas eu diria que na cabeça deles durou uma eternidade.

Aquela cena de filme perfeita foi quebrada por um deles, mas não pareceu algo grotesco, foi bem sutil. Henrie se aproximou de Tod enquanto o encarava e o abraçou como se agradecesse por tudo aquilo. Tod, por sua vez, ainda parecia congelado e não percebeu o gesto dele, pelo menos, não instantaneamente. Somente alguns segundos depois ele retribuiu o abraço envolvendo seus braços ao redor de Henrie.

- Muito obrigado! – sussurrou Henrie.

- Tudo bem, mas não vá se acostumando com isso. – bufou.

Henrie apenas deu uma risadinha e logo os dois subiram para o quarto em um silêncio emblemátic, mas posso resumir que ambos estavam pensando no momento que acabara de ocorrer.

- TOD, EU ESQUECI! – exclamou. – Amanhã ainda tem aula, e eu não trouxe nada, você se importa de me emprestar alguma roupa?

- Não tem problema. – respondeu ele com tom seco, já que não gostou muito da ideia de dividir suas coisas.

Tod foi até seu guarda-roupa milimetricamente organizado e pegou uma blusa branca com listras verticais cinzas claro e uma calça jeans escura.

- Eu acho que vai ficar bom em você. – disse com um sorriso no rosto.

Henrie notou o sorriso e pela primeira vez ficou sem nenhuma reação diante de Tod. Ele não entendeu o que era aquilo, mas não se deixou levar, apenas sentiu aquele momento, pois sabia que era muito bom para ele, o preenchia de um jeito diferente.

- Muito... obrigado! – gaguegou.

- Ah! E separei para você uma muda de roupa para dormir. – entregou para ele. – e caso queira tomar banho, o banheiro fica logo ali. – apontou para uma porta dentro do quarto.

Henrie pegou as roupas e separou as que seriam para amanhã das roupas para dormir, e seguiu em direção à porta do banheiro. Tod por sua vez sentou-se à cama e começou a mexer no celular verificando as notificações que recebera naquele dia.

Ao entrar ao banheiro Henrie se deparou com uma organização impecável. O banheiro não era grande, mas estava todo organizado. Ele apenas apoiou a roupa de Tod sobre uma pequena cômoda no banheiro, a qual achou estranha, mas logo retirou sua roupa e adentrou ao box para o banho.

Sua mente pareceu relaxar automaticamente com aquela água caindo sobre seu corpo, mas essa sensação durou pouco até começar a ser invadido pelos acontecimentos daquele dia. Seu corpo se tornou quente e o batimento acelerava gradativamente. Ele não podia negar, sua mente estava pensando em Tod e não importava o quanto ele tentasse mudar de pensamento, ele sempre retornava. O banho foi rápido, pois ele precisava distrair seus pensamentos, porque, além do mais, ele estava na casa do criador de tudo isso.

Logo que saiu do banho pegou a roupa de Tod e percebeu que o pijama era no mínimo engraçado, era leve e confortável, mas um pouco curto para ele, já que ele era maior que Tod. Ao sair do banheiro, Tod o encarou e não aguentou e soltou uma pequena risada que logo depois foi abafada pelas suas próprias mãos.

- Do que está rindo? Não tem nada engraçado aqui.

- Não? – risos. – É obvio que tem! Mas até que combinou com você!

Henrie apenas o ignorou.

- Acho melhor você ir logo tomar banho, antes que eu te jogue lá. – disse Henrie prendendo a respiração com os dedos insinuando sobre o odor de Tod.

Tod apenas jogou um travesseiro nele irritado pegou uma toalha e foi para o banheiro.

O banho de Tod foi mais rápido que o de Henrie, e não teve sua mente invadida por aqueles pensamentos, o que para ele seria um grande avanço. Logo que saiu do banho se deparou com Henrie sentado na ponta de sua cama mexendo no celular.

Ele apenas aproximou sem que Henrie percebesse e jogou a toalha sobre a cabeça dele. No mesmo instante Henrie percebeu e revidou partindo para cima dele com a sua toalha, eles continuaram essa brincadeira até Henrie cair por cima de Tod na cama. Então eles se entreolharam. Novamente, aquela troca de olhar que na mente deles demoraria uma eternidade aconteceu. As pupilas de Henrie dilataram instantaneamente e Tod pode perceber isso, já que seus olhos brilhavam como nunca.

A respiração dos dois ficou cada vez mais ofegante fazendo esse barulho ecoar pelo quarto. Os corpos estavam quentes e o batimento de um lutava contra o do outro.

Henrie ficou o encarando e quase que sem perceber começou a aproximar seu rosto ao dele. Tod ainda estava paralisado, como sempre o acometia. Ele foi se aproximando, mas quando os lábios quase se tocaram o telefone de Tod começou a tocar e vibrar sobre a cama. Em um susto Tod empurrou Henrie para o lado da cama e pegou o celular rapidamente. Era Rosie do grupo de fotografia. Ele a atendeu e começaram a falar sobre o conselho. Ele só não entendia porque ela ligara tão tarde, mas logo descobriu que era para avisar da reunião extraordinária no dia seguinte para resolver sobre o orçamento dos grupos.

Henrie ficou deitado com os pensamentos perdidos quase se culpando pelo o que quase tinha acontecido, porque além do mais ele estava namorando e não poderia fazer isso com Lucy.

A ligação de Tod foi rápida e logo estava de volta ao quarto. Ele apenas assentiu com um sorriso e foi para o seu lado na cama deitando-se de costas para ele. Henrie por sua vez percebeu aquele sorriso forçado e sabia que não estava tudo bem. Desligou a luz e deitou-se também de costas par Tod, mas ele não conseguiu pegar no sono tão rápido, já que na sua cabeça pensara que tinha acabado de estragar uma amizade.

No dia seguinte, tudo foi resolvido rapidamente e quase sem nenhum contato. No café da manhã, a sra. Evans preparou alguns omeletes e se serviram, conversou com Henrie sobre alguns assuntos a respeito do clube do livro e aproveitou para deixar os dois na escola.

Henrie percebeu que Tod nem conversou com ele direito e toda vez que tentava Tod se esquivava ou respondia em poucas palavras. Ele ficou triste com aquilo, porque ele realmente não queria estragar algo que lhe fazia tão bem, mas deixou as coisas passaram mais um pouco para poder resolver.

Ao chegarem à escola Tod deu um beijo na bochecha de sua mãe se despedindo e Henrie despediu-se dela com mais uma piada interna deles. Eles então entraram na escola, mas por algum motivo antes que pudessem dar mais um único passo Lucy veio correndo até Henrie para o cumprimenta-lo, mas pela feição não parecia fazer isso. Henrie só ficou sem entender, já que Lucy não estudava naquela escola, e o que ela estaria fazendo ali? Mas antes de encontrar uma resposta ela disse:

- Henrie! Posso saber onde você estava ontem à noite, porque te mandei varias mensagens e não me respondeu? – bufou com raiva quase gritando.

- Na ver... dade... – gaguejou.

- E que roupas são essas? Nunca vi você vestir algo assim. – ela o interrompeu com um ar de desgosto para aquelas vestes.

-ELAS SÃO DO TOD, OKAY?! – gritou ele com um olhar furioso para ela ao ouvir reclamar das roupas dele, o que deixou Lucy um pouco confusa e pensativa porque Henrie estaria com as roupas desse menino.

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