Capítulo 10 - Reviravolta
Lucy não entendeu porque naquele momento eles teriam que conversar, mas os olhos de Henrie entregavam tudo. Ela sabia o que estava acontecendo, ela só preferia não enxergar o verdadeiro motivo.
- Tu... Tudo bem. – gaguejou. – Pessoal me desculpe, mas depois conversamos sobre isso. – disse indo em direção à porta com Henrie. Eles saíram até a entrada do colégio. O coração dela estava acelerado. Ela sabia que teria aquela conversa, só não saberia que seria tão cedo.
Eles sentaram em um pequeno banco em frente ao colégio debaixo de uma linda árvore.
- Então! O que é tão importante que não pode esperar até o final da reunião?
- Então... – respirou fundo demorando a continuar. – Na verdade, eu nem sei como começar a te falar isso.... – disse ele com os olhos já marejados.
- Henrie? Você está bem? O que aconteceu? Eu estou ficando preocupada.
- Na verdade, eu nunca achei que isso fosse acontecer comigo. Eu achei que eu iria te amar para o resto da minha vida. – segurou a respiração. – E ainda te amo muito, mas no momento eu estou muito confuso.
- Confuso? Com o que? Você poderia ser mais claro? – Ela mentiu ao perguntar o instigando a dizer aquilo que ela não queria ouvir, mas precisava resolver logo.
- Eu estou gostando de outra pessoa, eu acho.
- O que? Como assim você acha? E quem é essa pessoa? – perguntou ela aumentando o tom sem perceber que já estava quase gritando.
- Eu... Realmente não sei. Eu só estou confuso e preciso de um tempo para mim.
- Então você quer terminar, é isso? – perguntou ela já deixando algumas lágrimas escorrerem.
- Sim... – sussurrou. – É o melhor que posso fazer agora. Não posso mentir para você quando também eu estou confuso em relação à outra pessoa.
- Não, tudo bem, eu entendo. – Ela mentiu novamente. Os olhos dela não conseguiam esconder a raiva e o medo juntos. – Você tem toda razão!
- Desculpe. – disse Henrie levantando e começando a caminhar em direção à porta do colégio, mas antes dele conseguir sair do lugar Lucy disse:
- Mas só me responda uma coisa...
Henrie parou e se virou a encarando com olhos vermelhos e marejados.
- É ele, né?
Henrie ficou completamente sem reação, mas seus olhos não podiam esconder a verdade quando ela perguntara aquilo. Estava claro em seu olhar. Ele não a respondeu, apenas a encarou demonstrando que era verdade, e saiu.
Lucy sentiu a verdade pelo olhar dele e se pôs a chorar em silêncio. Não demorou muito e Tod apareceu pela porta do colégio se encontrando com Henrie. Eles se entreolharam, Tod viu que ele estava chorando, ele tentou perguntar algo, mas Henrie entrou sem dar qualquer intenção de querer conversar.
Ele então notou que Lucy estava sentada chorando, ele se aproximou com toda atenção do mundo e perguntou:
- Está tudo bem?
Os olhos delas estavam debulhados em lágrimas, mas ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar. O corpo dela pareceu esquentar por inteiro, e não se conteve em retrucar:
- Está feliz agora? – gritou encarando Tod.
- Feliz? Como assim? Eu estou preocupado contigo.
- Comigo? Era isso que você queria né? Agora você pode ter o Henrie só para você! Você acha que eu não notava o jeito que ele te olhava?
- Lucy fique calma, eu não estou entendendo nada do que você está dizendo.
- Ah! Não se faça de sonso, é obvio que você sabe! Eu sei, o colégio inteiro sabe que o Henrie está apaixonado por você!
Tod apenas absorveu o impacto daquelas palavras e sua mente começou a fazer sinapses a respeito de tudo o que ele viveu com Henrie, e, de repente, todos os comportamentos de Henrie pareciam se encaixar. Ele não podia evitar isso. Ele sabia.
Seus olhos brilharam, mas não pareciam ser de alegria, o seu corpo se tornou quente e meio trêmulo. A sua mente ecoava intensamente dizendo que Henrie gostava dele, e de algum modo, um pequeno sorriso de canto apareceu, mas foi tão pequeno que chegou a ser imperceptível.
- Ele gosta de mim? – mentiu. – Você realmente não deve estar bem. É claro que não, ele gosta de você, ele te ama.
- Ama? Eu? Então porque ele terminou comigo?
- Eu... Re... Realmente. – gaguejou. – Não faço ideia, mas eu acho que ele deve ter algum motivo para ter feito isso. – concluiu sentando ao lado dela.
- Eu realmente queria entender o que eu fiz. – disse ela ainda chorando.
- Calma! Não é sua culpa, mas creio que vocês irão resolver isso e logo e vão rir de toda essa situação. – disse Tod com tanta veemência que até ele mesmo chegou a acreditar em tudo aquilo, mas no momento pareceu ser o melhor a fazer.
- Muito obrigada, Tod! Você é muito gentil.
Eles se abraçaram por alguns segundos e logo voltaram para a sala de reunião. Alguns presidentes já haviam ido embora pela demora, e outros ficaram para saber o que estava acontecendo, já que Henrie voltou antes e não respondeu ninguém ao ser interrogado onde estaria Lucy e Tod, mas ele ficou abismado ao ver os dois entrando pela porta como se fossem bons amigos. Ele não sabia definir se sentia alegria por ver os dois se dando bem ou ciúmes.
- Finalmente! Aconteceu alguma coisa? – perguntou Eduardo, o presidente do grupo de Teatro.
- Está tudo ótimo, foi apenas uma conversa pessoal, mas já está tudo resolvido, não é mesmo Lucy? – perguntou Tod virando para ela com um sorriso no rosto.
- Sim! Está tudo absolutamente bem. – respondeu ela com um sorriso de volta, mas seu olhar dava a entender que não estava nada bem.
Eles então discutiram mais alguns assuntos que estavam em pauta, até não sobrar nenhum. Em todos os assuntos Henrie encarava Tod com uma expressão enigmática, ele não conseguia expressar o que sentia, mas seus olhos perseguiam cada mínimo movimento dele.
Tod até chegou a perceber tal comportamento, mas se manteve normal com tudo aquilo, mas em sua cabeça pensava se ele estaria irritado por ter se intrometido no relacionamento dos dois.
Antes de a reunião acabar Henrie se levantou no meio do comentário de um dos presidentes e saiu em direção à porta. Todos o encararam, mas ele não ligou e simplesmente saiu com suas coisas.
A reunião acabou e no final ficou somente Tod e Lucy, que juntos arrumaram tudo. Ela não se conteve e agradeceu novamente:
- Muito obrigada mesmo pela sua ajuda, você é uma pessoa muito especial.
Tod ficou completamente vermelho e disse:
- Por nada, eu que te agradeço, mas você sabe qualquer coisa é só me ligar.
- Pode deixar, e a propósito, como você vai para a casa hoje? – perguntou ela.
- Minha mãe vai passar aqui para me buscar.
- Ah sim, que ótimo, porque se não tivesse nenhuma carona eu te levava, mas então eu vou indo. Até mais! – disse ela deixando a sala de reunião.
- Até! – respondeu ele saindo e trancando a porta da sala.
A mãe de Tod chegou uns cinco minutos depois do combinado. Ele estava tranquilo quanto a isso, mas sua mente ainda pensava em como deveria estar o Henrie com tudo aquilo que aconteceu.
No caminho para casa ele e sua mãe foram conversando sobre o dia de cada um. E ao chegar em casa ele correu para tomar um banho na esperança que levasse tudo o que ele passou hoje. O banho foi demorado, mas foi ótimo para ele, tirando a maior parte que ficou pensando no ocorrido daquele dia e que não tinha ainda falado com Henrie a respeito daquilo, mas sentiu-se completamente renovado.
Ao sair se vestiu com uma roupa velha, já que estava em casa e começou a descer as escadas para ir jantar. Quando estava nos últimos degraus ouviu a campainha tocar. Assustou por alguns segundos e em automático gritou:
- Eu atendo!
Sua mãe apenas murmurou da cozinha o que deu a entender que ela tinha escutado. Ele se dirigiu até a porta e a abriu, e para a sua surpresa ele estava lá novamente. O coração dele acelerou instantaneamente. Ele sabia que iria acabar sobrando para ele, só que não imaginava que seria tão cedo.
O silêncio permaneceu por quase um minuto enquanto os dois estavam se encarando. A expressão de Henrie estava triste, mas parecia conformado com tudo aquilo, até que se pôs a falar com aquela voz quase rouca e trêmula:
- Oi... Desculpa chegar assim do nada, mas acho que precisamos ter uma conversa.
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