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Capitulo 16 - O Lobo na pele do Cordeiro.


As coisas com Trent não se prolongaram muito após chegarem ao Instituto, que, aliás, era escondido do mundo humano, quem não tem a visão enxergaria um hospício velho.

Trent foi embora tão logo apresentou Raziel, seu irmão, a Karolin.

Raziel era extrovertido e a fazia lembrar de seus amigos na cidade dos pais.

Raze e Karolin tiveram uma conexão imediata e a confirmação de que formam uma ótima equipe juntos. Isso foi tão perceptível que fizeram a primeira ronda da noite.

- Raze, relatos de ataque demoníaco na ponte Sansienty, acha que você e a novata conseguem cuidar disso? - o cunhado assentiu - São demônios maiores, se precisarem de ajuda peçam.

- Certo. Se precisarmos de reforço eu mando o sinal.

Karolin estava na sala de treino pegando as armas. Ela pegou uma espada e ele um arco e flexas.

- Já lidou com algum demônio maior? Fora de treinamento?

- Sim, mas eu estava sem armas.

Raze abriu um meio sorriso. - Morreram?

Karolin assentiu, o que fez com que Raze sorrisse abertamente para ela.

- Agora sim você pode fazer parte da família Saints. Eu estava preocupado de ter que ficar de babá, o que basicamente iria nos atrasar.

- Eu não sei se sou tão boa, eu ajo por instinto. - Caminharam em silêncio até a saída do instituto. - O que é esse tal sinal que o Pitt disse. - Karolin que não aguenta ficar muito tempo calada, questionou ao descer as escadas.

Raze a olhou com uma cara engraçada, perplexa. - E quem seria Pìtt?

- Ás vezes esqueço que vocês não são daqui. Brad Pitt é um ator parecido com o rapaz que veio nos chamar.

- Ah, sim, o nome dele é Archien, é o mentor do instituto. - Raze abriu a mão e conjurou o símbolo dos guerreiros feito de fogo. - E este é o sinal, você o joga para o céu e todos os guerreiros ao redor saberão que precisa de ajuda e onde te encontrar. Legal, não é? Meu irmão que criou.

- Ah. É só eu imaginar e ele é criado? Como no escudo de fogo?

Ela perguntou, mas nem precisou Raze responder pois ela mesma conjurou o sinal.

- Sério, achei que vocês tivessem um informante melhor, eu me arrumei toda sabe. - Disse a garota ao não perceber nenhum ataque eminente.

- Eu acho que você deveria ficar quieta e ouvir seus instintos! - Raze esperou que a colega sem noção agisse um pouco como a Elementar Guerreira que ela era. - Você conseguiu sentir agora?

- Magia Demoníaca. Mas é fraca, talvez já tenha ido embora.

Raze a encarou, muito, e aquilo a incomodou.

- Você precisa ser treinada. Urgente! Vou informar ao meu irmão.

Karolin revirou os olhos. Raze surpreendeu-se, era raro eles andarem com Elementares Protetores, então essas atitudes humanas o encantava.

- Use a audição! Eles estão aqui, embaixo da ponte. Não são demônios pensantes, se fossem já estaríamos mortos, você precisa aprender a ser discreta.

Karolin concentrou-se um pouco mais e ouviu o barulho horripilante e esfomeado que só um demônio tinha e, como se fosse uma letra de música sua mente traduzia cada palavra asquerosa que o demônio dizia: "Comer. Saboroso. Comer. Devorar. "

Karolin deu graças a Deus por ao menos ter falado por telepatia, seu parceiro já estava bravo o suficiente com ela por ter feito barulho ao pousar.

Ela desembainhou a arma presa em seus coturnos e foi em direção à ponte, mas uma mão em seu braço a fez parar bruscamente.

- O que você está fazendo? - Raze indagou juntando as sobrancelhas com uma expressão perplexa.

- Indo caçar um demônio?

- Você é maluca? Ele pode estar aqui a mando de algum demônio pensante.

- Tá, e se for? Não temos que o matar de qualquer forma? Você não o ouve? Ele está se alimentando de humanos.

Raze parou para pensar um pouco. - É, você tem razão, quanto mais ele se alimenta mais forte fica.

Karolin o olhou estupefata. "Era isso que o preocupava? Ele ficar mais forte? E a vida humana que ele estava acabando?"

- É um Naimlum10, acho que você dá conta. Vou verificar o perímetro e me certificar de que não há nem um outro ao redor.

Karolin assentiu e discretamente desceu a ponte, abrindo as asas. Demorou um pouco para que avistasse o demônio por conta da escuridão. Ele nem a sentiu, Nailum's eram burros e só se importavam em se alimentar.

Mas Karolin sabia que eles eram submissos, que eram como cães de demônios pensantes e é por isso que Raze estava tão preocupado.

Ela não foi muito inteligente ao começar a batalha, deveria tê-lo purificado tão logo notou que ele não a vira, mas não conseguiu.

Era nojento demais vê-lo comendo humanos, ela não conseguiu ser fria como os outros Elementares, para ela a vida humana era importante. Então, retirou a vítima das garras do demônio com seu poder de telecinese, foi seu maior erro.

Aquilo alertou o demônio que veio para cima dela com gana, fazendo-a gritar.

"Elementar Doce. Gosto Doce."

Karolin desembainhou a espada mais uma vez, tentou segurá-lo com telecinese, mas ele estava forte demais. Estava alimentado.

Atingiu-o com o instrumento em seu coração, para atrasá-lo. Sabia que a única coisa capaz de matar um demônio era purificação mas existiam certos pontos que poderia atingir para cansá-lo.

Ela não era boba, sabia que ele estava forte demais para ser morto facilmente. Se Raze estivesse ali, eles poderiam facilmente purificá-lo.

Atingiu no pescoço, o que o fez afastar-se mais uma vez. E espirrar sangue demoníaco no machucado dela, aquilo queimava e a menina desnorteou-se devido a dor excruciante.

Cegou-se, só pensava que precisava fazer parar de queimar.

Sentiu que o demônio estava perto, perto demais.

Raze, porém salvou-a, purificando e matando antes que ela fosse devorada.

- Sério? Você não consegue matar um demônio soz... - Calou-se ao notar a parceira marcada, ela havia sido envenenada.

- Como você foi deixar isso acontecer? - Karolin ouviu a voz de Thomas, ele estava bravo.

- Eu não sei droga, ele foi muito convincente, achei que fosse um Nailum. - Karolin, mesmo de olhos fechados, reconheceu a voz de Raziel.

- Claramente era um Abbadon e agora minha mulher está marcada, não reanima por nada, eu juro pelo Pai que se ela morrer eu o exilo.

Abbadon.

Abbadon.

Abbadon.

Karolin caiu na escuridão novamente.

- Nada ainda? - Perguntou Raze ao entrar no recinto.

Trent estava parado ali há mais de uma hora, segurava a mão da noiva.

Ele ficava muito emotivo quando se tratava dela e aquilo era completamente novo pra ele.

- Não, já faz 3 dias, hoje é ação de graças. Eu tinha esperanças de que não precisasse confundir a cabeça dos pais adotivos dela novamente, que ela pudesse acordar e ir passar o feriado com a família.

- O que está havendo com você, meu irmão? Cinco semanas na Terra e está sentindo as emoções humanas?

- Não.... Quer dizer, não sei. É ela, sabe? O pacto de sangue. Eu não sei explicar, Raze. É como se eu sentisse as emoções dela. Quando ela está agitada, quando está feliz. Foi por isso que vim para Terra em primeiro lugar, eu a senti triste.

Raze assentiu, ainda não teve seu pacto de sangue, mas já ouviu muito falar dele. Como o pacto cria uma conexão inquebrável, como ele torna duas pessoas dependentes uma da outra.

- Você sentiu, não foi? Quando ela foi ferida? - Trent confirma com a cabeça. - Eu achei que alguém tivesse me deportado.

Trent estava prestes a responder quando sentiu a mão da amada apertar as suas.

- Karolin? Você consegue me ouvir?

Karolin tinha 14 anos e estava com a mãe na sala, encarou-a por alguns segundos avaliando se pareceria maluca ao confidenciar à mãe o que tanto a incomodava.

- Filha, diz logo o que quer dizer.

- Como você sabia...?

- Eu sou sua mãe, te conheço melhor do que qualquer um. O que está tirando seu sono, meu amor?

- Mãe, você acredita em demônios? Que eles habitam entre nós?

- Você andou vendo filmes de terror com Susan novamente?

- Não é isso. Eu acho que vejo demônios, mamãe, monstros.

- Karolin, você não tem mais idade para fantasiar sobre bicho papão.

- Não é fantasia! Ontem quando voltava da casa do Lan, eu vi um demônio se alimentando de uma mulher.

- Isso é ridículo, vou marcar seu psiquiatra, você está começando a ter alucinações novamente.

- Karolin? Você consegue me ouvir? - Karolin ouviu alguém perguntar, mas ainda não tinha forças para abrir os olhos.

O sonho estranho desaparecera.

- Raze, ela apertou minha mão, pode estar acordando! Por favor vá e chame Florencie para mim.

Karolin ouviu o barulho das asas de alguém abrir e o vento gélido que vinha da janela recém aberta, o que a fez se retesar.

- Ah, graças ao Pai Celestial, você está acordando. - Karolin sentiu sua mão ser beijada, o que estranhamente lhe deu a sensação de calma, tudo ficaria bem.

Ela não sabia quanto tempo havia passado quando conseguiu abrir os olhos, mas notou Thomas ao seu lado e uma moça, hum... Digamos... Colorida, na porta.

- Hum, Bom dia? - Karolin disse com a voz fraca.

- Ah, graças a Deus você acordou - a moça disse vindo em sua direção. - O senhor Trent estava desesperado.

- Que dia é hoje?

- 25 de Novembro. - A moça colorida deu de ombros.

- Eu dormi... POR TRÊS DIAS? - Karolin disse exaltando a voz, sentando-se na cama.

- Na verdade, você dormiu 3 anos! Hoje é dia 25 de Novembro de 2024. - Ela disse com uma naturalidade tão grande, completamente o oposto de Karolin que estava indignada abrindo e fechando a boca sem parar. - Meu Deus, é brincadeira! Foram só 3 dias. - A mulher ria histericamente.

Karolin fez uma careta mas gostou do senso de humor da moça, geralmente os Elementares eram tão frios que era bom quando encontrava algum bem humorado.

- Eu preciso ver meus pais, eles devem estar super preocupados.

A mulher enxaguava panos mornos numa bacia que estava em cima da escrivaninha perto da cama onde Karolin e Trent se encontravam.

- Calma aí, aventureira! Não tínhamos certeza se iria acordar então confundimos a cabeça dos seus pais, eles não se lembram de você ter vindo para cidade.

- Vocês sabem que isso é invasão de privacidade, não sabem? - Karolin disse se levantando e colocando a jaqueta que estava no cabideiro.

- Sente-se. - A moça deveria ter o poder de persuasão, pois Karolin sentiu-se compelida a sentar-se. - Ótimo. Meu nome é Florencie, farei algumas perguntas a você.

Karolin assentiu reprimindo a vontade de revirar os olhos.

- Qual a última coisa de que se lembra antes de apagar?

- Eu sei lá... Eu... Eu estava tentando enfraquecer um demônio que tinha acabado de se alimentar e, quando o ataquei, seu sangue respingou em mim e eu comecei a me enfraquecer... Alguém purificou o demônio e é isso.

- Era um Abaddon disfarçado. Você tinha algum ferimento aberto? Algo que permitisse o veneno dele entrar em você?

- Talvez, não sei. Estávamos lutando ele pode ter me machucado, não me lembro muito bem. - Karolin que até então não tinha enxergado a gravidade do ataque, olhou nos olhos de Florencie. - Eu... Eu podia ter morrido?

Florencie balançou a cabeça em negação.

- Só a espada Celestial pode matar um Elementar. No entanto, poderia ter ficado desacordada para sempre. Temos um Elementar desacordado há mais de mil anos. Bem, ele não tinha pacto de sangue, - a mulher olhou na direção do Arcanjo deitado ao lado de Karolin. - Trent doou boa parte de seu sangue para fortalecê-la

Karolin desviou o olhar da mulher a sua frente, precisava se fortalecer. Não poderia ser forte só quando a adrenalina lhe tomava.

Ela iria se fortalecer.

E sabia exatamente quem a ajudaria.

- De novo, do começo. Você não está concentrada! Guarda sempre levantada. Você não defende, você ataca!

Thomas veio em sua direção com uma espada afiada, Karolin franziu a boca, gostava mais dele quando estava sendo amoroso.

Desferiu um golpe em direção as suas asas, ela voou para trás desviando do mesmo. Tentou acertá-lo com sua espada também mas ele era mais rápido e aproveitou a aproximação do golpe para agarrá-la e colocar a espada em suas costelas.

- Xeque-Mate. - Ele disse em seu ouvido, fazendo os pelos de seu braço eriçarem-se.

Trent deve ter percebido o desconforto da garota pois soltou-a em seguida.

- Você continua baixando a guarda. Independente se está atacando ou defendendo, sempre esteja de guarda levantada. Não ataque cegamente, com sangue nos olhos, esteja sempre concentrada.

Karolin assentiu determinada, estavam treinando há dois dias e ela até que estava melhorando, contudo, ainda longe de ser boa.

- Certo, do começo? - Perguntou, já em posição de ataque.

- Não, vá limpar esse sangue, saímos em 20 minutos. - Karolin fez uma careta, gostava de treinar com Trent. - Bom, se quiser podemos continuar aqui, prefiro mil vezes você comigo do que com o Bruxo.

Ah, Brandon.

- Não, vou me trocar. Te encontro aqui em 20 minutos?

- Pode ser.

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10 Nailum são demônios não pensantes.

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