┊ 𝟮𝟰. a vida doméstica dos heróis da cidade.
━━━━ CAPÍTULO VINTE E QUATRO
a vida doméstica dos heróis da cidade
A VIDA DE PETER PARKER HAVIA mudado muito nos dois meses que sucederam o ataque de Morbius, o vampiro vivo, e apesar de não compreender muito bem como as coisas podiam ficar tão diferentes em tão pouco tempo, ele estava, sem dúvidas, extremamente grato por ter mais tempo para se dedicar às atividades da vida adulta e deixar o Homem-Aranha um pouco de lado; naquele momento, mais do que nunca, Peter Parker precisava estar mais presente do que o amigão da vizinhança, afinal, ele agora tinha responsabilidades com a família que estava criando com Valerie Bradshaw.
Se o Homem-Aranha não era extremamente necessário nas ruas, significava que Raio-Branco também podia se dar um descanso, afinal, os dois costumavam agir em conjunto. Aquele era o maior alívio de Parker, porque Bradshaw sempre havia tido um problema em aceitar que, talvez, ela devesse ficar em casa ao invés de sair para lutar enquanto estava grávida. Ele definitivamente precisava se lembrar de agradecer o novo herói da cidade quando se encontrassem, porque aquele cara definitivamente estava facilitando sua vida. Nos jornais, J.J. Jameson costumava tentar criar uma rivalidade entre os heróis – a dupla Raio-Branco e Homem-Aranha versus o novato, que era chamado de Agente Venom –, mas Peter não via dessa forma; ele precisava de férias depois de tantos anos de atuação. Ele ia ser pai! Sinceramente, talvez fosse hora de se aposentar. Ele estava ficando velho. Vinte e quatro anos era muito mais do que ele podia sonhar em ter.
Mas, apesar de estar um pouco afastado dos crimes da cidade, Parker agora lidava com vilões muito piores, embora menos qualificados: os seus alunos.
━ Ei, senhor Parker ━ ele ouviu uma voz baixa o chamar, enquanto corrigia algumas provas sentado em sua mesa na sala de biologia, e olhou para a origem da voz, encontrando Vidya. ━ No gabarito da questão três, eu marquei duas respostas, porque eu errei na hora de passar a limpo. Mas aí eu consertei! Sério, Peter, a gente é amigo. Considera a certa, por favor?
Peter semicerrou os olhos atrás dos olhos enquanto encarava a cunhada, que abriu o mesmo sorriso que sempre abria para tentar conquistar as pessoas com sua fofura desde quando ele havia a conhecido, alguns anos antes.
━ Vidya, me fala uma coisa, você não tem vergonha na cara? ━ ele indagou, e ela o olhou indignada. Balançando a cabeça negativamente e soltando uma risada, Peter procurou em meio às provas que já tinha corrigido a prova da garota. ━ Eu já corrigi sua prova, não posso considerar a alternativa certa.
━ Por que não?!
━ Primeiro, porque é uma regra de qualquer escola, Vidya. Você marcou duas alternativas, a questão foi anulada ━ ele explicou, antes de olhar para a prova de Vidya. ━ Além do mais, você marcou duas alternativas e nenhuma é a certa!
As irmãs Bradshaw não eram muito talentosas nos campos científicos. Victoire Bradshaw havia nascido primeiro, e provavelmente havia absorvido todo o talento para ciências que os pais podiam conceder, sem deixar nada para as irmãs. Peter achava aquilo uma das coisas mais engraçadas de todos os tempos; Valerie e Vidya eram um desastre e todos sabiam, e as pessoas esperavam que Violet não fosse tão ruim, mas ela era a pior de todas. Seus experimentos na sala de química sempre explodiam em sua cara e ele já precisou evacuar o laboratório por culpa da cunhada mais de uma vez.
━ Qual é, você engravidou minha irmã, não custa nada me dar um ponto ━ Vidya insistiu, piscando os olhos numa tentativa de parecer um cachorro fofo, e Peter arregalou os olhos e prendeu a risada diante daquele apelo. ━ Olha, Peter, ter você como professor não tá sendo tão vantajoso quanto eu pensei que seria! Isso tá afetando nossa amizade.
━ Olha só, Vidya, como você falou, eu tô com uma mulher grávida em casa, não posso ficar te privilegiando e correr o risco de perder o emprego! Você quer que a Cora Coralina Parker-Bradshaw nasça com um pai desempregado?
━ Quem é essa coitada?
━ Eu quero seguir a tradição da sua família e colocar um nome de poetisa na bebê, ainda tô decidindo qual!
━ A Valerie vai matar você se disser Cora Coralina Parker-Bradshaw mais uma vez, não repete isso! ━ a menina o aconselhou, esquecendo de sua luta por um ponto extra, e puxou uma cadeira para se sentar à frente de Parker. ━ Com quantos meses ela tá, mesmo?
━ Ela completou 22 semanas de gestação ━ Peter respondeu, com um sorriso, e Vidya o olhou com desgosto.
━ Por que vocês ficam falando em semanas? Quantos meses tem em 22 semanas? ━ ela indagou, impaciente, e olhou pro teto enquanto fazia os cálculos mentais. ━ SEIS MESES?! O BEBÊ JÁ TÁ QUASE NASCENDO?
Peter deu graças a Deus pelo fato da porta de sua sala estar fechada, porque a diretora do colégio certamente não precisava ouvir Vidya dando chilique sobre a gravidez da namorada do professor de química e biologia. Parker tentava fazer todos esquecerem que ele estava extremamente relacionado com as alunas Bradshaw para que ninguém pensasse que ele tinha algum favoritismo pelas duas, embora Vidya tornasse aquilo muito difícil quando, para fazer inveja em suas colegas, perguntava durante a aula se Peter iria ao almoço de domingo – eles não tinham o costume de reunir a família no domingo, o que só tornava tudo pior. Violet também não era muito melhor, porque ela soltava reclamações o tempo todo sobre o quão nojento era o fato de suas amigas estarem suspirando pelos cantos enquanto pensavam sobre o namorado de sua irmã.
━ A barriguda tá te ligando ━ Vidya alertou, após alguns segundos, vendo o nome de Valerie surgir na tela do celular de Peter. De repente, ela arregalou os olhos. ━ Será que ela entrou em trabalho de parto?!
━ O quê?! Não, lógico que não! ━ Peter retrucou, com tom de obviedade e indignação, mas secretamente, a hipótese de Vidya o deixou preocupado e ele atendeu o celular com pressa. ━ Fala, meu bem.
━ Eu vou te matar, sabia?
Ufa. Ela não estava dando a luz a ninguém, só pensando em tirar a luz dele.
━ Não que eu duvide que você tenha motivos, mas por que você tá dizendo isso agora?
━ Porque a minha formatura tá chegando, você me engravidou, e agora eu não consigo achar nenhum vestido de festa porque parece que eu engoli uma melancia, e ninguém pensa em fazer vestidos de formatura pra mulheres grávidas! ━ ela exclamou, e seu tom de revolta era tão alto que até Vidya conseguiu escutar partes da conversa. ━ Já não bastava o zíper da roupa de Raio-Branco não fechar, agora isso!
━ Calma, calma! Você vai achar algum vestido bonito, eu tenho certeza!
━ Eu vou ter que me formar de pijama, você tá brincando?! Sério, Peter, eu acho que essa menina vai nascer com uns 7 anos pelo tamanho que a minha barriga tá.
━ Valerie, a sua barriga tá do tamanho normal ━ ele assegurou, tentando acalmar a namorada, que resmungou do outro lado da linha. ━ Sério, não tem nada de surpreendente, você só acha que parece muito grande porque sua barriga demorou pra crescer, mas quando cresceu, foi de uma vez.
Era verdade; durante os primeiros meses, até o quinto mês, na verdade, ninguém conseguia dizer que Valerie estava grávida. As pessoas olhavam torto para ela quando entrava em filas preferenciais. E então, quando o quinto mês se aproximou de seu fim, sua barriga cresceu quase que repentinamente, e agora ninguém podia duvidar que a mulher era uma gestante.
━ Eu odeio quando você fala como se já tivesse passado por umas quatro gestações.
━ A minha barriga cresceu mais que a sua nos primeiros meses, eu sei do que eu tô falando!
Vidya soltou uma risada, balançando a cabeça em concordância. Peter apresentava tantos sinais de gravidez que ela gostava de falar que teria sobrinhos gêmeos; Valerie estava gerando um, e Parker, o outro.
━ Tá bom, gatinho. A gente se fala depois, eu tô entrando em mais uma loja pra ver se eles têm vestidos de formatura pra mim ━ Valerie anunciou ao se despedir, com a voz desesperançosa, e soltou um suspiro. ━ A Mendelévia Bradshaw-Parker também mandou um beijo pro papai. Tchau, Pete.
E assim, ela desligou, deixando-o estático por um breve momento. Ele sabia que o nome Mendelévia era apenas uma piada de Valerie, mas ela repetia aquilo tanto que ele estava começando a se preocupar com a possibilidade de que ela estivesse mesmo considerando dar aquele nome à filha dos dois. Eles também não conseguiam chegar em um consenso sobre a ordem dos sobrenomes da filha, o que era outro problema que precisavam resolver com urgência.
━ O que a Vallie queria?
━ Me matar ━ Peter riu, antes de soltar um suspiro.. ━ Eu quero casar com ela.
Era bom e diferente ter aquelas preocupações. Pensar no nome da filha, ver vídeos na Internet de penteados para bebês, procurar por fraldas com o melhor preço e qualidade, tentar encontrar uma forma de pedir a mulher que mais amava no mundo em casamento. Enquanto ser o Homem-Aranha ocupava a maior parte de seu tempo, ele não conseguia dar tanta atenção àqueles pequenos detalhes, que ficavam terceirizados em comparação a outros assuntos. Desde que foi picado pela aranha, Peter nunca pensou que fosse chegar vivo àquela idade, e muito menos que pudesse experimentar aquela tranquilidade algum dia.
Ele tinha suas dúvidas e desconfianças, claro que tinha. Ninguém sabia de onde havia surgido o Agente Venom, e Valerie dizia que eles deveriam investigar. Por outro lado, o novo herói de Nova Iorque merecia algum crédito, afinal, quando o Homem-Aranha surgiu, ninguém sabia sua origem da mesma forma. O que importava era que ele estava fazendo um bom trabalho, a cidade não estava desprotegida e Peter tinha a oportunidade de aproveitar uma vida mundana, com preocupações que não envolviam constante violência e riscos de morte ou destruição total.
Não era sua intenção abandonar o posto de vigilância; enquanto ele pudesse defender civis de ameaças e ajudar a população, ele continuaria. Mas após sete ou oito anos enfrentando vilões, viajando por multiversos, lidando com mortes de pessoas queridas, passando pelo processo de luto repetidas vezes e ainda vivendo com o peso da culpa por às vezes não conseguir salvar todos, Peter merecia dar ao Homem-Aranha um descanso. Ele merecia se permitir aproveitar aquela fase de sua vida, porque pela primeira vez, tudo parecia estar dando certo.
━ É, eu tô sabendo. Você já pediu ela em casamento antes.
━ Alguma hora ela vai ter que aceitar.
━ Depois do bebê ━ Vidya lembrou, cruzando os braços. ━ Casar é meio caro.
━ Tudo é caro quando se é pobre.
Vidya concordou, e Peter levantou uma sobrancelha, com um mini sorriso. A companhia da garota sempre o divertia; Vidya era uma figura engraçada, especialmente quando agia como se entendesse ou se importasse com os problemas de adultos. Ela morava em um apartamento de Manhattan. Definitivamente, ela não compreendia o que Peter estava dizendo, mas se esforçava para parecer que sim. Era algo que ele admirava nas irmãs Bradshaw, e mais ainda nos pais que as criaram daquela forma: embora elas tivessem boas condições financeiras, nenhuma delas era acostumada com luxos ou excessos.
Arthur e Anne Bradshaw também se orgulhavam daquilo. Suas quatro filhas sempre tiveram uma vida confortável, mas nunca foram mimadas. Depois que Victoire conseguiu o primeiro emprego, nunca mais pediu dinheiro aos pais, e Valerie foi pelo mesmo caminho, embora trocasse de emprego todas as semanas no início. Violet e Vidya, sendo as mais novas, também se esforçavam para conseguir o próprio dinheiro, traficando deveres de casa e cuidando dos animais dos vizinhos.
━ O papai disse que quer ajudar no casamento ━ ela revelou. ━ Na verdade, ele disse que queria te pagar pra casar com a Valerie, mas quando você pediu e ela não aceitou, ele mudou o discurso.
Peter assentiu, agradecido pela oferta do sogro.
━ É, pra alguém pagar por um casamento, é meio essencial a noiva aceitar ━ ele retrucou, embora tivesse aversão a ideia de pedir a ajuda do sogro para arcar com os custos do casamento. ━ E a sua irmã dificulta muito essa parte. Você escutou o que ela disse na ligação? Eu não quero que ela pense em vestidos de casamento enquanto ainda estiver grávida. Ela pode me matar.
Vidya assentiu, curvando as sobrancelhas numa clássica expressão de piedade por Peter.
━ Você tem medo da bebê ser malvada? Eu tenho. A Valerie não tá mais boazinha que nem antes, Peter, e eu acho que a culpa é da sua filha…
Ele arregalou os olhos e chacoalhou a cabeça para os lados.
━ Vidya! Não coloca teorias da conspiração sobre meu bebê na minha cabeça!
━ Tá, me desculpa! Não faço mais ━ ela resmungou, levantando as mãos em rendição. ━ Depois não diga que eu não avisei!
Peter soltou um suspiro, revirando os olhos, e apontou para a porta da sala lentamente, vendo Vidya unir as sobrancelhas.
━ Você tá me expulsando?
━ Tô. Vai procurar outro professor pra traumatizar, por favor?
Vidya assentiu, começando a caminhar displicentemente em direção à porta da sala, e Peter passou uma das mãos pelos cabelos, bagunçando-os mais um pouco.
━ Eu vou, mas só porque você vai me dar uma sobrinha.
━ Pois é ━ ele concordou, e cruzou os braços. ━ É melhor você torcer pra Virginia Wolf Parker-Bradshaw não ser do mal. Você vai cuidar muito dela pra gente. Ou você acha que eu esqueci dos seus dons de babá no outro universo?!
Parando abruptamente no meio do caminho, Vidya se virou para o professor-cunhado-melhor amigo de uma idade relativamente estranha-herói e arregalou os olhos, com as sobrancelhas unidas em indignação.
━ Para com esses nomes! Eu não vou deixar você falar essas coisas do bebê da minha irmã, tá bom? Pode começar a pensar num nome decente!
Ele fez uma careta.
━ É muito difícil agradar vocês.
━ Nem é. Você engravidou minha irmã.
━ Eu tô sentindo que você tá remoendo muito isso. Quer conversar?
━ Você me expulsou da sala, esqueceu?
Peter riu pelo nariz, balançando a cabeça para os lados discretamente. Sua filha que ainda não havia nascido ocupava todos os seus pensamentos, e ele sabia que o bebê era o assunto preferido de quase todas as pessoas envolvidas em seu ciclo social; os pais de Valerie estavam eufóricos, tia May estava sonhando acordada com a garotinha, Violet estava separando seus brinquedos de infância para a sobrinha e Mary Jane se desdobrava para planejar um chá de bebê para Valerie, a mamãe de primeira viagem.
Eles esqueciam o tempo todo que, antes de Valerie anunciar a gravidez, a coisa mais próxima que todos eles tinham de um bebê era Vidya. Naquele momento, ao perceber o leve tom de rancor da menina ao repetir inúmeras vezes que ele havia engravidado sua irmã e a forma com que ela havia insinuado que o bebê seria malvado, Peter finalmente se deu conta de algo que todos pareciam ignorar: perder o posto de caçula não estava sendo fácil para a garota.
━ Senta aí, pirralha ━ ele pediu, apontando com o queixo para a cadeira em frente à sua mesa. Depois de alguns segundos ponderando, Vidya aceitou o convite. ━ Você sabe que pode falar comigo se alguma coisa estiver te incomodando, não sabe? ━ ele perguntou, vendo a menina franzir o cenho, e continuou: ━ Não, eu não tô fazendo um tipo de discurso anti-bullying de professor! Eu não tô falando como o cara que te dá aula. Tô falando como o Peter que você conhece há anos. O que é que tá acontecendo?
Vidya o encarou por alguns segundos, em silêncio, parecendo pensar em uma resposta e se deveria ou não a vocalizar.
━ Como é que vão ser as coisas quando ela nascer? ━ indagou a menina, com a voz baixa, enquanto olhava para o chão. ━ Não é que eu esteja com raiva da Valerie estar grávida, não é nada assim! Eu amo esse bebê tanto quanto vocês. De verdade. Prometo ━ ela assegurou, subindo o olhar para o professor e levantando um dedo mindinho. Peter assentiu, curvando o corpo levemente para a frente para entrelaçar seu mindinho ao da garota. ━ Mas é tudo sobre ela agora. Eu não quero ofender, mas às vezes, eu quero falar de alguma coisa sem ser a mini-Valerie e parece que ninguém quer me ouvir! Isso porque o bebê ainda não nasceu. Onde é que eu vou parar quando isso acontecer?!
━ Você tá deixando de ser o bebê da casa depois de tantos anos, Vidya. Eu imagino que seja difícil, mas eu não vou falar que entendo de verdade, porque eu ainda sou o bebê da tia May ━ Peter iniciou, lançando um olhar compreensivo à Vidya, que soltou uma risada pelo nariz ao ouvir o fim da frase. ━ E cara, você tá certa. A gente só fala dessa menina que nem nasceu ainda! E eu vou tentar medir isso, de verdade! A gente não deve e nem vai deixar você de lado por causa da Mini-Valerie, Vidya. Você ainda é a garotinha da família, e eu também sei que você tá crescendo e em alguns momentos não queria ser e…
Vidya fez uma careta.
━ Você fala como uma garota de treze anos.
━ Eu sei tudo sobre ser uma garota de treze anos e sobre ser uma mulher grávida.
━ Seu mansplaining tá passando dos limites.
━ Vidya! Eu tô tentando ser compreensivo, cara! ━ ele se defendeu, rindo na companhia da garota, e voltou ao assunto anterior: ━ A pré-adolescência é horrível e confusa, e eu sei que você tá passando por um momento difícil. Me desculpa se a gente fez parecer que só se importa com o bebê. É que a mãe é a Valerie e o pai sou eu, e sinceramente, ninguém acha que nós dois somos muito responsáveis e por isso se preocupam o tempo todo. Quando o bebê nascer, eles vão diminuir essa preocupação toda ━ Peter explicou, e Vidya assentiu. ━ A Valerie tá grávida e a gente tá tentando manter ela assim por nove meses completos. Não é tão fácil, sabe?
Em silêncio e encarando o chão, Vidya limpou os olhos com as costas das mãos, balançando a cabeça em concordância. Ela entendia o que Peter estava dizendo, e suas lágrimas se deviam ao fato de que, pela primeira vez desde o início de tudo, alguém além de Violet percebia e compreendia seu sentimento de incômodo diante da situação que, aos seus olhos e podendo soar um pouco dramática, beirava à negligência e o abandono parental.
━ Obrigada, Peter ━ ela murmurou, secando os olhos, e ele sorriu levemente. Vidya se levantou e contornou a mesa, e Parker abriu os braços para receber o abraço da cunhada.
━ Amigos são pra essas coisas, Vidya.
Ela fungou e riu baixo, separando-se de Peter.
━ Mas e aquele ponto que eu te pedi, hein?
O professor que habitava o interior de Peter voltou a dominar suas ações.
━ De jeito nenhum.
⚡️
No pequeno apartamento em Brooklyn Heights, Valerie esticou as pernas sobre a mesa de centro da sala de estar, soltando um longo suspiro de alívio ao encostar as costas no sofá macio. Peter sorriu diante da cena, sentando-se ao lado da namorada, e beijou sua bochecha com carinho, afrouxando a gravata e chutando os sapatos dos pés. A loira descansou as mãos sobre a barriga proeminente, encarando os pés sobre a mesa, e fez uma careta.
━ Olha como meus pés tão inchados! Parecem duas batatas ━ ela resmungou, ouvindo a gargalhada do moreno ao seu lado, e se rendeu a uma risada contida. ━ Como foi seu dia? E por que você me mandou uma mensagem me pedindo pra passar na padaria e comprar donuts pra Vidya?
Soltando um suspiro, Peter apoiou uma das mãos sobre a barriga da namorada, que o encarava.
━ Ela tá meio triste, você percebeu? Não tá sendo fácil pra ela perder o posto de bebê da sua família depois de tanto tempo ━ ele explicou, e Valerie uniu as sobrancelhas levemente ao ouvir. ━ A sua mãe e o seu pai não param de falar da Virginia Wolf Parker-Bradshaw, acho que tá sendo um pouco solitário pra Vidya. Ela tá acostumada a ser a garotinha do seu pai, Val.
Valerie levantou o dedo indicador.
━ Todas nós somos as garotinhas do papai ━ ela corrigiu, mas então, após ponderar por alguns segundos, balançou a cabeça negativamente. ━ Não, eu tô mentindo. Ela é mesmo a preferida dele. Você lembra daquela vez em que era um dos dias mais quentes da história de Manhattan, eu disse que queria tomar sorvete e ele ignorou, e quando a Vidya decidiu que queria sopa no almoço ele foi correndo fazer? Sério, não dá pra competir com isso.
Peter balançou a cabeça em concordância, lembrando-se da ocasião, e soltou uma risada pelo nariz. Ele não achava estranho que pais tivessem filhos preferidos, mas pelo que ele sempre observava, eles costumavam tentar esconder aquele fato. Arthur Bradshaw amava todas as filhas igualmente, mas gostava mais de Vidya e aquilo era, basicamente, inegável.
━ É por isso que a Vidya tá triste. Ela tá acostumada com toda essa atenção, esse carinho, e agora todo mundo só pensa no bebê. Eu pedi desculpas por isso e chamei ela pra vir ver um filme com a gente ━ ele finalizou a explicação, e Valerie sorriu. ━ E aí a gente fica umas horinhas sem falar da Virginia Mendelévia.
━ Primeiramente, Parker, você vai ter que parar de se desculpar por me engravidar em algum momento. Que eu me lembre, você se divertiu muito fazendo isso ━ Valerie pontuou, levantando as sobrancelhas, e Peter arregalou os olhos. ━ Em segundo lugar, ótimo! Nem eu aguento mais falar sobre gravidez. Parece que as pessoas esquecem que eu também existo e tenho uma personalidade além de estar grávida ━ continuou, fazendo uma careta, e suspirou ao fechar os olhos, encostando a cabeça no sofá. ━ E terceiro, mas não menos importante, você precisa mesmo desenvolver instintos maternos antes de mim? Eu só fico com a parte chata que é gestar a criança?!
Os sintomas de gravidez que Peter demonstrava eram fofos no início. Era engraçado, era legal, era até romântico, de certa forma. Mas agora, Valerie Bradshaw estava acabando de atingir o sexto mês de gravidez, e Peter ainda parecia ser mil vezes mais maternal do que ela. Sério, ele precisava mesmo perceber que Vidya estava com problemas de confiança antes que ela tivesse a chance de reparar? Aquilo fazia-a se preocupar, porque no fim das contas, era ela a mãe do bebê, e não se sentia capaz de exercer a função. Não quando Peter, o perfeito Peter Parker, estava do seu lado e desempenhando o papel de mamãe ursa de uma forma tão eficiente.
Ela não queria ser uma daquelas mulheres que sentia raiva do marido durante a gravidez. Primeiro, porque Peter não era seu marido, e segundo, porque ela não estava com raiva dele de maneira nenhuma, e sim chateada por se sentir atrasada no desenvolvimento da própria gestação. Ela desejava ter a filha que estava gerando tanto quanto Parker; ao menos uma vez por semana, Valerie sonhava com o dia em que pegaria seu bebê no colo pela primeira vez. Aquilo tornava tudo confuso demais para ela, porque não existia uma explicação que a fizesse compreender por quê Peter estava se saindo tão melhor naquilo do que ela.
━ Ei, você ficou com a parte mais legal! ━ ele protestou, levemente indignado, tentando animar a namorada. ━ Você tá com ela o tempo todo. Você não imagina o quanto eu queria poder ter isso! E sobre a Vidya, bom, eu vejo ela na escola todos os dias, e ela não tem medo de direcionar um pouco de raiva na minha direção ━ ele riu pelo nariz, abraçando Valerie pelos ombros e descansando a cabeça em um deles. ━ Ela nunca falaria nada do que ela me disse pra você, Val. Ela te ama demais pra isso e não ia querer correr o risco de machucar seus sentimentos.
Valerie arqueou uma das sobrancelhas.
━ Você se formou em psicologia?
━ Pela Universidade Google, sim.
A loira soltou uma risada, apoiando a cabeça sobre a de Peter, e encarou o céu iluminado pela lua cheia através da janela na parede alguns metros à sua frente, lembrando-se das noites em que passava nas ruas, defendendo a população com seus poderes de eletricidade. Suas noites agora eram mais monótonas, sem dúvidas, mas Valerie estava aprendendo a apreciar a quietude ao lado de Parker, principalmente devido à dor nas costas que havia passado a sentir com o crescimento da barriga nas últimas semanas.
━ Essa é uma ótima universidade.
━ Eu sei ━ ele retrucou, ligando a TV em um canal qualquer. ━ Como foi o seu dia hoje?
━ Eu jamais iria imaginar que o J.J. me daria folgas semanais por estar grávida, sério. Você sabe aquela história do Rumplestilskin, que ele exige o primeiro filho da personagem? ━ ela indagou, semicerrando os olhos, e Peter fez uma careta ao negar com a cabeça. ━ Tá, eu também não sei direito que história é essa, mas eu sei que tem um cara esquisito que quer o primogênito de uma mulher! E eu acho que é isso. Acho que o J.J. quer comprar meu bebê.
Parker quase soltou um grunhido de frustração. Por que tudo que envolvia seu bebê naquele dia precisava terminar em uma teoria da conspiração maluca?! Não, sua filha não seria um bebê malvado e não, J.J. Jameson não queria comprar a criança!
━ Você acha mesmo que ele iria querer comprar um bebê que eu ajudei a fazer? ━ ele perguntou, com uma sobrancelha erguida, e Valerie comprimiu os lábios numa linha fina. ━ Ele não iria querer nem de graça! Quem dirá ter que comprar.
J.J. Jameson tinha seus defeitos. Muitos, até, e Peter Parker e Valerie Bradshaw não eram capazes de esquecer deles ou os ignorar, afinal, a perseguição exacerbada do velho homem com os heróis da cidade era o que acabava desencadeando metade dos problemas que Raio-Branco e o Homem-Aranha enfrentavam em sua rotina. Ele já havia tramado contra os dois, perseguido os amigões da vizinhança para descobrir seus segredos e tinha até acidentalmente criado um supervilão em uma dessas tentativas. No entanto, com a gravidez de Valerie vindo à tona, o casal descobriu um lado novo do chefe: ele era muito gentil com gestantes.
━ É, você tá certo, o J.J. quer distância dos seus genes.
━ Pois é. Imagina se nossa filha nasce soltando teia e conseguindo escalar paredes?!
Valerie enrugou o nariz ao imaginar seu bebê, minutos após o parto, fazendo tudo o que Peter tinha citado.
━ Não me faz começar a considerar exorcismo, Peter! ━ ela exclamou, unindo as sobrancelhas, e então suas feições se suavizaram ao considerar as possibilidades. ━ Nossa, se ela nascer assim, eu nunca mais vou ver teias de aranha nas paredes! Ela vai deixar tudo sempre limpinho e…
━ Ei, espera o meu bebê nascer antes de começar a atribuir tarefas domésticas pra ela! ━ Peter interrompeu, indignado, e Valerie gargalhou. ━ Mas agora pensa comigo, que legal seria se ela unisse os nossos poderes e nascesse soltando teias elétricas! Nossa, ia ser super irado, você já imaginou?! Ela seria o bebê mais poderoso de todos ━ ele começou a divagar em seus pensamentos, e foi a vez de Valerie o encarar com olhos cheios de julgamento. ━ Você acha que o filho do Peter velho que nós conhecemos fazia alguma coisa do tipo?
Ter poderes era divertido, Valerie não tinha como negar. Mas ela concordava com Peter sobre o fato de que com grandes poderes vinham grandes responsabilidades, e crianças não eram nada responsáveis. Ela já era uma adulta, e ainda encontrava dificuldades para ser responsável. Agora que estava prestes a se tornar uma mãe, Valerie Bradshaw se preocupava bastante com aquilo, por mais que não demonstrasse; ela gostaria que sua filha pudesse ter uma vida normal, longe dos perigos que ela e Peter enfrentavam quase diariamente.
Especialmente agora, que Nova Iorque estava fora de controle. Depois de retornar da viagem para outro universo, a estudante de jornalismo quase graduada teve a infelicidade de lidar com um vampiro. Os tipos de criminosos estavam evoluindo e ficando mais perigosos; era impossível prever como estaria aquela cidade quando seu bebê atingisse uma idade minimamente aceitável para decidir combater o crime, caso herdasse qualquer poder dos pais.
━ Cara, isso não seria nada irado! Você quer que eles sequestrem a nossa filha pra ela trabalhar no circo?! Não, a Mendelévia não vai nascer com nossos poderes, vamos pensar positivo ━ ela pediu, acariciando a barriga proeminente, e ouviu a campainha tocar. Peter se levantou para atender, sabendo que era Vidya, mas Valerie agarrou seu pulso e o puxou, fazendo ele cair sobre o sofá novamente. Com um pouco de dificuldade, ela se levantou, emitindo um grunhido. ━ Fica quieto aí. Me deixa fazer alguma coisa.
Peter sabia que poderia se levantar e ultrapassar Valerie Grávida rapidamente, mas decidiu não fazer isso, porque Peter também sabia o quão difícil estava sendo para ela, que sempre havia sido tão elétrica – de todas as formas possíveis –, ser obrigada a diminuir o ritmo por causa da gestação.
Alguns segundos após Valerie permitir a entrada da irmã no prédio, Vidya bateu na porta e abriu um sorriso ao ser atendida, adentrando o espaço sem esperar convite após acariciar a barriga da irmã mais velha rapidamente. Ela se jogou no sofá, abrindo a caixa de donuts que estava em cima da mesa de centro, sentindo-se em casa, e pegou o controle remoto.
━ Por favor, Vidya, fique à vontade! ━ Valerie exclamou, em tom de sarcasmo, e se sentou ao lado da irmã, pegando um donut da caixa aberta. ━ Sério, não precisa ficar acanhada!
━ Obrigada, Vallie ━ ela agradeceu, forçando uma postura elegante e cordial, antes de chutar os tênis dos próprios pés e ligar a TV. ━ Você bem que podia fazer esse gato de energia que vocês tem aqui lá pra casa também, né?
━ Não. Só você sabe que eu tenho essa habilidade ━ Valerie retrucou, unindo as sobrancelhas. ━ E eu não vou me expor pra família toda só pro papai não pagar a conta de energia, tá maluca?
Peter riu da interação entre as duas irmãs, enquanto Valerie encarou a mais nova um pouco confusa, estudando seu comportamento. Vidya não parecia minimamente incomodada por nada, como Parker havia lhe contado mais cedo. De fato, Vidya estava agindo exatamente da mesma forma de sempre, como se nada tivesse mudado. Foi quando Valerie pensou que, talvez, aquilo se desse ao fato de que ela mesma estava agindo como se tudo estivesse igual a antes. Sem bebê, sem gravidez, sem indícios de preocupações.
Apenas as duas irmãs e sua relação de sempre. Valerie sorriu levemente com sua conclusão, antes de ajeitar uma almofada atrás das costas, observando a TV enquanto Vidya trocava os canais rapidamente.
━ Desse jeito nem dá pra ver o que tá passando ━ Peter se queixou. ━ Vidya, a gente nem tem tantos canais!
━ Silêncio, Parker. Vai me buscar um refrigerante ━ a mais jovem mandou, ainda zapeando pelos canais da televisão. ━ Vocês sabem guardar segredo?
Valerie e Peter, que havia se levantado para ir até a cozinha, se entreolharam com o cenho franzido.
━ Você tá mesmo perguntando isso pra gente?
━ Bom, eu descobri o segredo de vocês! ━ Vidya retrucou, e os dois tiveram que se dar por vencidos para evitar um constrangimento maior. ━ A Violet fez uma tatuagem escondida da mamãe e do papai.
━ O quê?! ━ Valerie arregalou os olhos.
━ O que ela tatuou? ━ Peter uniu as sobrancelhas, voltando da cozinha com uma garrafa de refrigerante e três copos. ━ Ei, você não acha meio antiético expor a sua irmã desse jeito?!
━ A Violet precisa de uma intervenção, Peter! A tatuagem é ridícula! ━ Vidya justificou, parecendo indignada, e com a voz mais fina a casa segundo. ━ Ela tatuou a frase “Live Fast, Die Young” bem aqui ━ a menina se levantou, dando as costas para os mais velhos, e apontou para o cóccix. Valerie arregalou os olhos ainda mais, em choque, e Peter comprimiu os lábios em uma linha fina. ━ Olha, eu sei que a Violet é gótica ou alguma coisa assim, mas sério, eu só tô tentando impedir ela de se arrepender no futuro! Quem sabe qual vai ser a próxima tatuagem?! Se eu não contasse a ninguém e ela aparecesse com uma tatuagem de pimenta no bumbum, a culpa ia ser minha!
As irmãs Bradshaw eram bem diferentes entre si, Peter havia observado ao longo de seus anos fazendo parte daquela família. Victoire era uma mulher responsável, centrada e muito dedicada, mas ainda divertida e amorosa, e por isso, ela se dava tão bem com a segunda irmã mais velha, que era o furacão Valerie. Valerie era uma graça; ela era resiliente, esperta e a pessoa mais engraçada que ele já havia conhecido. Violet era o que as pessoas costumavam considerar a “ovelha negra” da família; ela sempre havia sido um tanto rebelde, tentando encontrar um lugar no mundo para se encaixar e se diferenciar das irmãs mais velhas, e era mais quieta e séria em comparação a elas, prezando por sua individualidade. Vidya era uma borboleta social; ela fazia amizades em todos os lugares e era capaz de conquistar o carinho de grupos de pessoas diferentes, o que condizia bem com sua vontade de ser “presidente do mundo”, ou ao menos de sua sala de aula.
━ Vocês não podem contar pros meus pais, mas alguém tem que falar com ela. Ela não me escuta porque eu sou mais nova ━ Vidya continuou, quase desesperada.
━ Olha, se ela gosta das tatuagens, tudo bem.
━ Sim. Se é isso que ela quer de verdade, mesmo eu também achando que todas as tatuagens que você descreveu são horrorosas, tudo ótimo! ━ Valerie exclamou, num tom bem mais agitado do que o de Peter. ━ Mas ela precisa pensar direito, porque ela pode se arrepender no futuro. Ela não tem idade pra fazer tatuagem! ━ ela continuou, unindo as sobrancelhas, e pegou o celular. ━ Vocês sabem quem a Violet sempre escuta?
Peter olhou para Vidya, que parecia tão confusa quanto ela.
━ Sei lá. O vocalista da Metallica?
━ Também ━ Valerie riu pelo nariz. ━ Mas eu tava pensando na Marijuana.
O moreno balançou a cabeça negativamente.
━ Valerie! Não fala dessas coisas perto da Vidya!
Valerie o encarou com os olhos semicerrados.
━ Relaxa, tigrão. Ela nem sabe o que é isso.
Vidya cruzou os braços, levantando as sobrancelhas, e em seu melhor tom de voz sabichão, respondeu:
━ Sei, sim! É maconha.
A mão esquerda de Peter foi parar em frente à própria boca, aberta em choque, e seus olhos se arregalaram tanto quanto os de Valerie, que sentiu o ar fugindo dos pulmões como se Vidya tivesse dito algo imperdoável. Os dois se entreolharam, divididos entre o choque e a culpa, e após alguns segundos, a gargalhada de Parker foi ouvida enquanto ele jogava o corpo para trás, quase se deitando no sofá, ao mesmo tempo em que Valerie soltou uma risada nervosa.
━ Quem te ensinou isso?
━ Olha, eu não sou mais um bebê.
━ É mesmo?
━ É ━ Vidya assentiu, voltando a se sentar do lado da irmã, deixando Valerie entre ela e o cunhado. ━ O único bebê da família agora é o que tá na sua barriga.
A gargalhada de Peter começou a diminuir, e ainda se recuperando da risada, ele sorriu ao observar a interação entre as duas, enquanto se lembrava da conversa que havia tido com Vidya mais cedo naquele mesmo dia. Passando um dos braços pelos ombros da irmã, Valerie trouxe a mais nova para perto de si, descansando a cabeça contra a sua, e riu pelo nariz.
━ Não, você ainda é nosso bebê.
Então, Valerie sentiu algo estranho em seu ventre. Uma pressão aplicada na parte de dentro, que não deve ter durado um segundo completo, mas durou o suficiente para assustá-la e fazê-la soltar um soluço. Ela limpou a garganta, disfarçando seu sobressalto, e entregou o controle da televisão para a irmã mais nova outra vez, antes de lançar um olhar para Parker.
Eles haviam combinado de não falar sobre a gravidez por algumas horas, e Valerie não iria descumprir o combinado quando estavam indo tão bem em fazer Vidya deixar de se sentir excluída! Com cuidado, a estudante de Jornalismo pegou uma das mãos do namorado e a colocou em sua barriga, enquanto ele franziu o cenho em confusão.
Todo o corpo de Peter se arrepiou e ele precisou se segurar para não pular até o teto em euforia quando, sob seu toque suave, o bebê Bradshaw-Parker chutou mais uma vez.
━ Isso foi… ━ ele começou a sussurrar, com os olhos brilhando, e Valerie sorriu ao balançar a cabeça para cima e para baixo.
━ Foi ━ ela sussurrou em resposta.
━ Ei! ━ Vidya chamou a atenção dos dois, que olharam para ela antes de olharem para a televisão. ━ Que filme é esse que a Mary Jane fez?!
Peter semicerrou os olhos, incrédulo com o que via.
━ Esse é o canal de notícias, Vidya ━ explicou, com a voz baixa. ━ E aquilo é um…
━ Um lobisomem?! ━ Valerie praticamente gritou, levantando-se indignada. ━ Essa droga de cidade virou um filme de Crepúsculo!
━ Lobisomens não existem ━ Peter disse, cético, levantando-se em seguida. ━ Deve ser uma modificação genética, parecida com a do Escorpião. E o Morbius também não era vampiro de verdade.
Valerie cruzou os braços, preocupada com a amiga.
━ De uma forma ou de outra, a MJ tá em perigo! A gente tem que fazer alguma coisa logo.
Vidya olhou pela janela.
━ Olha, talvez não seja um lobisomem, mesmo, mas é uma coincidência muito grande hoje ser noite de Lua Cheia.
u
ma folga porque os meus heróis merecem aproveitar um pouco dessa gravidez com tranquilidade!! ser herói dá muito trabalho e agora eles tem a ajuda do agente venom. opiniões?
e sugestões/palpites sobre o nome da bebê? eu já decidi, mas ainda posso mudar de ideia!
espero que tenham gostado do capítulo de hoje!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro