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┊ 𝟬𝟵. palavras-cruzadas e tabela periódica.





━━━━━━━━━ CAPÍTULO NOVE
palavras-cruzadas e tabela periódica





P

ETER PARKER CAMINHOU devagar pelo corredor do prédio, respirando fundo ao parar em frente à entrada do apartamento que visava alcançar. Ele encarou a porta por alguns segundos, pensando no que iria dizer, e apertou o pequeno embrulho em suas mãos, acumulando coragem para bater na porta educadamente. Ele aguardou e ajeitou a postura ao ouvir passos se aproximando.

━ Ah, você é aquele amigo da Valerie, né? ━ a menina que abriu a porta perguntou, o oferecendo um sorriso fraco. Ele assentiu com a cabeça. ━ Ela não tá aqui agora, mas pode entrar pra esperar, se quiser.

Era véspera de Natal e ele podia ouvir vozes vindas da cozinha, onde uma batedeira funcionava a todo vapor. Na sala, a televisão estava ligada e Arthur Bradshaw assistia ao noticiário com uma garrafa de cerveja em mãos. Lentamente, o mais velho se virou, encontrando o moreno na porta, e acenou em sua direção.

━ Pode entrar, rapaz ━ ele falou. ━ A Valerie já deve estar voltando.

━ Ah, eu… ━ seus olhos foram atraídos para as meias nas paredes. Haviam quatro. Eles ainda penduravam a de Victoire. ━ Eu não quero incomodar, senhor. A Valerie disse aonde ia?

A garota que o atendeu na porta — ele acreditava ser a outra irmã de Valerie, Violet — e Arthur se entreolharam por um breve momento, e então negaram.

━ Ela só avisou que tava saindo. Acho que nenhum de nós se lembrou de perguntar pra onde ela ia. Acho que nem ela sabia, pra falar a verdade ━ explicou Violet, olhando para o chão. ━ As coisas tão meio confusas desde que…

Suas palavras morreram no ar, e Arthur suspirou e deu um longo gole em sua cerveja. Peter sabia do que Violet estava falando, é claro. Toda a cidade sabia. Havia estado nos jornais, sites e noticiários na TV. O próprio J.J. Jameson, mesmo após ter sido salvo pelos vigilantes de Nova Iorque, se aproveitava da morte de Victoire Bradshaw para atrair mais ódio aos mascarados; ele os culpava pelo ocorrido como se não tivesse sido o responsável por tudo.

Peter sabia da verdade. Valerie também sabia. Mas ele não a via direito desde o enterro. Raio-Branco não saia mais para combater o crime e ele não a julgava por precisar de um tempo. Mas se preocupava com a Bradshaw; ela já estava suficientemente triste e não precisava ouvir repórteres sensacionalistas a culpando pela morte da própria irmã.

━ Eu sinto muito ━ ele falou, após algum tempo. ━ De verdade.

━ Obrigado, garoto. Todos nós sentimos.

De repente, uma nova presença foi adicionada ao ambiente, e Peter se virou para encontrar Vidya vestindo um avental e com o rosto sujo de glacê vermelho. Ela não parecia tão radiante quanto da primeira vez em que o rapaz a viu, mas sorriu em sua direção quando o notou na porta.

━ Oi, Peter! ━ ela cumprimentou. ━ Você veio nos ajudar a fazer biscoitos? Os meus tão ficando os mais bonitos ━ completou, e olhou para Violet com um olhar convencido. ━ Eu vou ganhar a competição de casa de doces mais bonita amanhã! 

Violet revirou os olhos de leve, e Arthur riu pelo nariz ao ver a interação das filhas. No noticiário, durante a retrospectiva dos maiores acontecimentos do ano em Nova Iorque, J.J. começou a falar sobre a fatalidade envolvendo o Escorpião — que havia sido internado em uma clínica psiquiátrica — e a jovem cientista com um futuro brilhante pela frente. Em passos rápidos, Violet se aproximou do aparelho e puxou o cabo da tomada, desligando o aparelho de imediato.

Ninguém protestou.

━ Eu não posso, Vidya. A minha tia tá me esperando, mas pode ter certeza que eu tô torcendo por você! ━ Peter respondeu à mais nova, que sorriu. O rapaz então se virou para o resto da família. ━ É melhor eu ir agora, preciso ajudar a tia May com umas coisas, mesmo. Feliz Natal pra todos vocês!

━ Não, espera um pouco! ━ exclamou Violet, e se apressou em direção à cozinha. Peter franziu o cenho, mas a menina não demorou a voltar para a sala de estar, com uns biscoitos de gengibre em mãos e um pequeno pacote de papel. Ela se aproximou de Peter e disse, com a voz baixa: ━ Se você encontrar a Vallie, dá isso pra ela. Quero que ela faça parte da tradição esse ano, de alguma forma.

Peter assentiu, aceitando o pacote oferecido pela mais jovem, e saiu do apartamento após agradecer pelo "feliz natal" coletivo da família. Ele se lembrava de quando, alguns dias antes, Valerie o contou sobre a tradição natalina dos Bradshaw de fazer uma disputa de casas de doces. Ela havia optado por não participar naquele ano, depois de tudo o que aconteceu. 

Ele olhou para o embrulho de presente nas próprias mãos e para o pacote com biscoitos de Violet. Suspirando, ele puxou o celular de um dos bolsos e procurou pelo número de Valerie entre seus contatos, sorrindo levemente ao ver sua foto de perfil. Peter digitou a mesma mensagem três vezes, perguntando onde ela estava, mas não teve coragem de enviar nenhuma. Mas já não era preciso, de qualquer forma.

Parker sabia muito bem onde a encontrar.

Os lábios de Valerie tremiam levemente conforme alguns flocos de neve caíam e tornavam o chão uma imensidão de branco. Suas mãos gélidas se escondiam nos bolsos do único casaco que a garota vestia, e seus olhos arregalados estavam presos em um ponto fixo à sua frente. A lápide de Victoire.

Victoire Bradshaw. Irmã e filha adorada. A mesma que não sabia cozinhar e nunca mais voltaria para o jantar. A primeira a descobrir o segredo de Valerie e a apoiar incondicionalmente. Dona de uma inteligência sem tamanho e uma determinação imensa, que com certeza a levaria a tantos lugares incríveis, se tivesse tempo. Mas não teve.

━ Ela foi a primeira pessoa que eu já vi pedindo pra colocarem palavras-cruzadas na lápide ━ uma voz foi ouvida atrás de si, e as palavras a fizeram esboçar um sorriso. ━ Genial.

Respirando fundo, Valerie notou o vapor branco saindo de sua boca devido ao frio e apertou os braços levemente em volta do próprio corpo.

━ Foi minha ideia ━ respondeu, trocando o peso de uma perna para outra. ━ Eu queria que todos se lembrassem dela. Assim fica mais difícil de esquecer, né? Inesquecível tá ali. É uma das palavras, viu?

Peter não olhava para a lápide. Seus olhos estavam fixos em Valerie, que tinha as costas curvadas e os braços trêmulos devido aos poucos agasalhos. Devagar, ele tirou a touca de sua cabeça e se aproximou um pouco mais da menina, ajeitando o acessório em seus cabelos e cobrindo suas orelhas geladas. Valerie o olhou por cima dos ombros, e ele a ofereceu um sorriso fechado.

━ É, eu vi. Inesquecível, espetacular… loira ━ ele riu baixo ao ler alguns dos adjetivos das palavras-cruzadas. ━ Ela era tudo isso mesmo.

Pelos próximos minutos, eles permaneceram em silêncio, observando a lápide de Victoire. Dessa vez, Peter tirou o cachecol e o envolveu ao redor do pescoço de Valerie, incomodado ao ver seus lábios arroxeados pelo frio, mas não disse nada a respeito. Respeitou o momento da garota. Entendia que o processo de luto era diferente para todos, e naquele momento, Bradshaw parecia aproveitar o silêncio.

━ Que horas são? 

Ele checou o relógio.

━ Duas e vinte.

━ Nossa! ━ ela exclamou, quase sem emoção. ━ O tempo voa quando a gente se diverte. Quando a gente não se diverte também.

━ É, o tempo só voa.

Foi como se Valerie estivesse saindo de um transe. Pela primeira vez desde que ele havia chegado ali, a garota se virou para o encarar por completo, e ajeitou a touca em seus cabelos, a puxando para baixo de forma que quase cobria seus olhos. Ela esfregou o nariz vermelho e fungou, antes de cruzar os braços em frente ao corpo.

━ Tá com frio, é? ━ ele indagou, levantando uma sobrancelha. ━ Isso que dá sair com um casaco só no meio da neve!

━ Frio? Não ━ ela sacudiu a cabeça e riu pelo nariz, começando a caminhar para fora do cemitério. Já havia passado tempo demais ali. ━ Quando você chega, meu calor específico aumenta. Você vai ficar aí?

Valerie havia feito uma promessa a Victoire. Havia prometido ter coragem em todos os momentos. E Victoire a havia feito um último pedido: queria que a irmã fosse a razão pela qual alguém acreditasse na bondade das pessoas. Queria que seu coração não fosse afetado. Queria que continuasse gentil. Valerie estava fazendo o possível para manter sua essência mesmo naquele momento tão crítico. As cantadas químicas jamais iriam embora.

No Natal, Valerie e Victoire costumavam sair de casa às dez da manhã e retornavam sempre às duas da tarde para fazer as compras de fim de ano. Victoire não estava ali para cumprir aquela tradição, mas a irmã mais nova havia insistido em passar aquele período do dia vinte e quatro com ela. Não estava pronta para se despedir de alguns costumes. Mas já havia passado das duas da tarde, e Valerie se lembrava de como a irmã sempre fazia de tudo para chegar em casa antes das três, porque Valerie a apressava para ser pontual.

Naquela ocasião, Valerie faria de tudo para ter Vicky ao seu lado em um shopping lotado, se atrasando para fazer todas as coisas que precisavam fazer.

━ Como você tem uma cantada química pra todas as situações?! ━ Peter indagou, seguindo-a para fora do cemitério.

━ É um dom, gatinho ━ ela respondeu, esbarrando levemente em seu ombro.

Continuaram caminhando sem rumo por algum tempo, observando as luzes natalinas que já estavam ligadas e ouvindo cantigas de Natal por todos os lados. Famílias riam enquanto faziam suas compras e algumas crianças choravam de medo do Papai Noel. Peter se identificava mais com as últimas.

━ Como você tá? ━ ele perguntou, de repente. ━ Eu quase não te vejo desde que trancou o curso.

━ Tá com saudade? ━ ela arqueou uma sobrancelha. 

━ Não, você é chata demais ━ retrucou, fazendo uma careta, e então suspirou. Os lábios trêmulos de Valerie já estavam o irritando! ━ Aqui, fica com o meu casaco.

Ele retirou a peça e a colocou sobre os ombros da menina, vendo-a sorrir sem graça ao passar os braços pelas mangas do agasalho e murmurar um agradecimento. Quando Valerie escondeu as mãos nos bolsos, sentiu seus dedos esbarrando em algo e franziu o cenho, ao puxar dois pacotes de dentro. Um deles era de papel, e outro um embrulho de presente desajeitado.

━ Ei, Pete, cuidado pra não esquecer essas coisas aqui ━ falou, e ele a olhou confuso antes de se dar conta do que se tratava. ━ Não queremos que a tia May fique sem presente, né? Ou sem... biscoitos de gengibre. O cheiro tá bom.

━ Ah, a sua irmã que me pediu pra te entregar isso ━ ele explicou, apontando para o pacote de papel. ━ E antes que você pergunte, sim, eu fui na sua casa. Era pra entregar o seu presente de Natal.

━ Você me comprou um presente de Natal? ━ ela arregalou os olhos, e ele assentiu. ━ Que vergonha, eu nem te comprei nada… ━ murmurou, e abriu o pacote enviado por sua irmã. Seus olhos brilharam ao ver que se tratavam de biscoitos de gengibre e ela riu baixo. ━ Aposto que a Violet fez esses.

Ela puxou um dos biscoitos, mostrando para Peter o bonequinho que havia sido decorado como um zumbi. Em seguida, um vampiro. É claro, Violet era a irmã em sua fase gótica! Parker riu ao ver as obras de arte, e Valerie notou o vapor esbranquiçado saindo de seus lábios com a ação.

Sem falar nada, ela se aproximou do moreno e ajeitou o cachecol que usava de forma que envolvesse seu pescoço também. Então, enquanto dividiam um cachecol, puxou um dos biscoitos — o de vampiro — e o ofereceu. Ele rejeitou com a cabeça.

━ Eu quero o de zumbi.

━ É claro que quer ━ ela revirou os olhos e entregou o biscoito ao rapaz. ━ Só tô te deixando escolher porque tô usando sua touca, seu cachecol e um dos seus casacos!

━ É, isso ━ ele falou, antes de morder o biscoito. ━ Sabe, ainda tá cedo. Dá pra você ir pra casa e participar dessa competição de casa de doces. Mas a Vidya me garantiu que ganha esse ano!

Valerie sorriu e balançou a cabeça negativamente, olhando para as pessoas na rua.

━ A Vicky ganhou ano passado, sabia? O tema da casa de doces dela foi One Direction ━ contou, e ouviu a gargalhada de Peter. ━ Ela amava o Natal. Eu não tô pronta pra encarar tudo isso sem ela. 

━ Ah, qual é, você vai entregar a competição desse jeito?

Ela deu de ombros.

━ Vou.

━ Não é a resposta que eu tava esperando. Cadê seu espírito natalino?

━ Eu sou o grinch da família ━ respondeu. ━ Eu só não tô com ânimo pras tradições natalinas esse ano. Eu preciso de um tempo pra pensar. Eu mal consigo ficar lá em casa desde aquele dia. É tão… estranho.

Peter entendia o que ela queria dizer. Quando tio Ben morreu, ele passou umas boas semanas saindo de casa cedo e voltando bem tarde, para o horror de tia May. Mas tudo lá o lembrava do tio, e aquilo o machucava. Era preciso dar tempo ao tempo para que as feridas se curassem.

━ Eu sei como é. Tudo em casa traz lembranças, né?

━ É ━ ela concordou. ━ Isso passa? 

Ele respirou fundo.

Nunca. Mas depois de um tempo, você começa a apreciar as memórias mais do que tudo ━ contou ele, e Valerie assentiu, mastigando seu biscoito lentamente. ━ Você não quer ir pra sua casa e eu respeito isso, sério. Mas você vai mesmo passar a véspera de Natal na rua?

A loira semicerrou os olhos em sua direção.

━ Tá me convidando pra alguma coisa, Peter?

Peter sorriu e puxou o cachecol, trazendo a menina para mais perto, e olhou para os lados para garantir que a rua estava vazia. Colocou uma mão em sua cintura e Valerie imediatamente soube o que estava por vir. Seus olhos se arregalaram e antes que ela pudesse protestar, Parker já havia lançado uma teia no prédio mais próximo.

━ SÉRIO? ATÉ NO NATAL?

━ AINDA É VÉSPERA!

━ ENTÃO SE EU TE MATAR NÃO VAI SER TÃO RUIM!

━ EM ALGUNS LUGARES JÁ É NATAL. LEMBRA DO FUSO-HORÁRIO!

Pelos próximos minutos, tudo o que Valerie viu foram prédios e tudo o que Peter ouviu foram gritos. Ele ainda esperava pelo dia em que a garota iria se revoltar de vez contra ele, se desvencilhar de seus braços e voar pra bem longe, mas ainda não havia acontecido e o máximo que ele havia recebido foram umas palavras feias e uns socos no braço.

Finalmente, após alguns bons minutos de teias sendo lançadas, Peter e Valerie alcançaram o objetivo do rapaz: o topo do One World Observatory, o prédio mais alto de Nova Iorque, com 541 metros de altura. Ao firmar os pés no "chão" — ou teto, dependia do ponto de vista — Parker soltou a garota, que o encarou furiosa. Ele teve a audácia de dar uma risada.

━ Você ainda tem teia? ━ ela perguntou, com a voz baixa, e Peter fez que sim com a cabeça. ━ Ótimo.

E empurrou o rapaz do prédio, ouvindo um grito fino, e riu sozinha antes de vê-lo alcançar o local novamente, com os olhos arregalados e as sobrancelhas unidas, bastante indignado e ofendido. 

━ Isso não foi muito legal da sua parte!

━ Você tava merecendo, Parker ━ retrucou, cruzando os braços, e deu um passo para trás ao ver o rapaz se aproximando. ━ Você e esse seu lançador de teia, vão pra bem longe de mim!

Revirando os olhos, Peter se sentou sobre a superfície em que estavam, observando enquanto Valerie baixava a guarda. Então, lançou uma nova teia em uma das mãos da menina e a puxou para perto, fazendo-a se sentar ao seu lado desajeitada.

━ Cara, você é muito irritante! ━ ela exclamou, fazendo-o rir, e então olhou para frente, observando a paisagem. ━ Dá pra ver tudo daqui… Aposto que se a terra fosse mesmo redonda, daria pra provar tirando uma foto. Esse lugar é tão alto!

Peter arregalou os olhos.

━ O que você disse?! Por favor, me diz que você tá brincando…

━ É claro que eu tô brincando, só queria te irritar. Eu sei que a terra é redonda ━ retrucou, sorrindo de lado, e esticou um dos braços para dar uns tapinhas na cabeça de Peter. ━ O cientista ficou bravinho, né?

Suspirando, Peter inclinou o corpo para trás e se deitou, encarando o céu.

━ Eu admito, Adeline. Por muito pouco eu não te empurrei desse prédio ━ falou, e ela riu. ━ Sério. Ainda bem que você sabe voar.

Como se ele mesmo não fosse pular atrás dela imediatamente para a salvar. Mas aquilo não precisava ser dito, precisava?

━ Você sabe que é bonzinho demais pra fazer isso, gatinho ━ disse ela, ainda encarando a cidade de Nova Iorque. Era uma vista e tanto. ━ Mas e aí, o que a gente tá fazendo aqui?

Peter não respondeu por alguns segundos. Se perdeu nos próprios pensamentos enquanto observava Valerie, o céu azul, os flocos de neve caindo e os milhares de prédios da cidade que formariam um belo cartão-postal. Ele eternizaria aquele momento com sua câmera fotográfica se estivesse com ela em mãos.

Era uma vista e tanto.

━ Criando novas tradições ━ respondeu, por fim. ━ Você tá longe de casa, como queria. Mas ainda é véspera de Natal, então eu tô te forçando a criar uma tradição! Dia vinte e quatro de dezembro é, oficialmente, o dia de subir no topo do observatório. Gostou?

Ela riu pelo nariz e se deitou, virando o rosto para encarar Peter.

━ É, gostei. Mas ano que vem eu venho voando.

━ De jeito nenhum! Os gritos e tapas e xingamentos fazem parte da tradição!

Neve se acumulava no topo do prédio e formava uma superfície macia e gelada para que os dois se deitassem. Valerie se aproveitou daquilo para se sentar e afundar uma das mãos na neve, jogando uma pequena bola branca em Peter, que se engasgou com o ar no susto. Seu sentido-aranha era desligado em momentos como aquele; ele se sentia em paz e longe de perigo.

Então, após se recuperar, ele se sentou e retribuiu o gesto, com um pouco mais de força do que era necessário. Às vezes, ele se esquecia de como era forte. A bola de neve lançada em Valerie a fez tombar para trás novamente, e Peter arregalou os olhos, arrependido.

━ Me desculpa! ━ ele pediu, tentando reprimir uma risada, ao ver Valerie se sentando novamente, com uma careta e neve na touca. Ele se aproximou e passou a mão em seus cabelos, tentando expulsar a neve dali. ━ Você tá bem?

━ Calma, Peter. Você é forte, mas também não é o Schwarzenegger ━ falou, e ele arqueou as sobrancelhas. ━ E eu também tenho poderes! Eu conseguiria acabar com você rapidinho!

━ Eu não teria tanta certeza…

Ela o olhou com pena.

━ Ah, por favor. É só espirrar inseticida em você.

━ Isso não funciona.

━ Alguém já tentou?

Ele pensou por alguns segundos, e então fez uma careta preocupada.

━ Não.

Valerie sorriu vitoriosa. Peter bufou.

Os dois se entreolharam por alguns segundos, e então voltaram a atenção para os prédios que os cercavam. Cruzando as pernas, Valerie riu sozinha ao enxergar o Empire State de longe, e um sorriso singelo tomou conta dos lábios do rapaz.

Valerie ━ ele chamou, baixinho, e ela o olhou. ━ Não some de novo, tá?

Ela respirou fundo e encostou a cabeça em um dos ombros do rapaz de maneira gentil, e apesar do frio, Peter pensou ter sentido suas mãos suando.

 ━ Eu vou passar uns meses longe ━ contou. ━ Acho que vai ser bom pra mim, sabe? Ficar uns meses distante disso tudo. Eu tenho uma tia na Inglaterra e ela me convidou pra ficar uns meses lá até começar o próximo semestre da faculdade.

Peter ficou em silêncio, processando a informação, e tentou não transparecer o incômodo que sentiu em seu peito.

Ah ━ disse após uns segundos. ━ E quando… quando você vai?

Ela engoliu em seco.

━ No ano novo ━ respondeu, e sentiu os ombros de Peter ficando tensos. Nem ele poderia explicar o motivo daquilo, mas no fundo, os dois sabiam. ━ Se prepara, gatinho. Você vai receber áudios meus te cantando com um sotaque britânico. 

A frase foi capaz de arrancar uma risada nasalada de Peter, que sacudiu a cabeça para os lados. Seu riso não durou muito tempo, no entanto.

━ Não é suficiente ━ ele disse. ━ Eu gosto de ouvir sua voz pessoalmente.

━ Eu sempre soube! ━ ela brincou, dando uma risada leve, e então suspirou, olhando o horizonte. ━ Mas eu vou voltar, Pete. São só uns meses. Só tenta não morrer de saudade, tá bom?

Ele riu baixo e revirou os olhos, apoiando a cabeça sobre a da menina. Sua risada morreu aos poucos, enquanto pensava sobre sua ausência. Ela precisava mesmo ir embora?

━ Vai ficar mais difícil lutar contra o crime aqui.

━ Ah, você já tá acostumado, cabeça de teia ━ ela disse, esbarrando um dos ombros no do rapaz, implicante. ━ Eu vou voltar. Você vai esperar por mim?

━ Eu não preciso esperar se você não for embora… ━ ele sugeriu, vendo-a levantar uma sobrancelha.

━ Você vai me convencer a ficar?

Olhando para baixo, Peter soltou uma risada pelo nariz, sacudindo a cabeça para os lados. Ele não podia pedir que ela ficasse, podia? Ela queria ir. Mas já não parecia assim tão decidida. Valerie brincou com os próprios dedos, observando o esmalte lilás descascado, e ajeitou a touca na cabeça, tentando esconder o incômodo trazido pela falta de resposta.

Após respirar fundo, Peter decidiu mudar de assunto por um momento. Apontando para um dos bolsos do casaco que a loira vestia, perguntou:

━ Não vai abrir seu presente de Natal?

Ela sorriu, puxando o embrulho do bolso.

━ Verdade. Vamos ver o que o Papai Noel me trouxe!

Com rapidez, Valerie desfez o laço vermelho que envolvia o pacote dourado e gargalhou ao desembrulhar por completo seu presente, estendendo o tecido branco em frente ao seu corpo. Peter abriu um sorriso tímido.

━ Uma camisa com a tabela periódica, sério?!

Alguém precisava te ensinar química! ━ ele retrucou. ━ Pode olhar, não existe elemento Ful.

━ Eu não preciso de química, já existe muita entre nós ━ ela respondeu, o fazendo revirar os olhos ao corar levemente, e soltou uma nova gargalhada. ━ Valeu, Pete. Eu adorei o presente, de verdade!

As coisas com Peter eram sempre leves. Ele a fazia esquecer que haviam coisas ruins acontecendo o tempo todo e, por algumas horas, Valerie era capaz de se sentir em paz de novo. Era como estar em casa e em todos os lugares que ela nunca esteve ao mesmo tempo. Ela passaria todos os dias daquela forma, se pudesse.

Mas ia embora.

Ou ao menos, achava que ia. Peter Parker havia feito uma decisão: Valerie Bradshaw não sairia de Nova Iorque sem saber de seus sentimentos por ela. Ele ainda não estava pronto para contar, é claro, e aquele também não era o momento certo. Mas ela o ouviria, nem que seu avião precisasse ser pregado ao chão por algum material bem resistente...

Como as teias do Homem-Aranha.

d

epois da tristeza vem a alegria!!! com um pouco de tristeza mas ainda é alegria!!!

Tô 100% boiola por esse capítulo, sério 😭 eu amo esses dois sonsos tanto gente!! e aí, o que acharam do capítulo e dos pombinhos finalmente percebendo os sentimentos que tem um pelo outro? o que acham que vai rolar no próximo capítulo?

E também quero pedir biscoito gente, pra quem não viu, eu publiquei um capítulo depois do capítulo de graphics chamado "ATO UM", e queria que vocês fossem lá votar nele risos. Electric Love  vai ser dívida em três partes, por isso achei melhor colocar divisórias no início dos atos. Obrigada desde já!

Espero que tenham gostado desse capítulo, e vejo vocês no próximo!

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