┊ 𝟭𝟮. valerie duvida da própria sanidade.
━━━━━━━ CAPÍTULO DOZE
valerie duvida da própria sanidade
VALERIE SE SENTOU em uma mesa afastada de uma cafeteria qualquer e abriu o laptop para finalizar a escrita de um trabalho para a faculdade, em que deveria criar uma matéria jornalística de tema livre, porém com fontes e acontecimentos reais. Inspirada por eventos recentes, Bradshaw escolheu falar sobre a caça criminosa e o perigo causado pela ameaça de extinção de diversas espécies, que ocasionaria um desequilíbrio natural. Enquanto pesquisava, decidiu dar uma olhada no que o Google tinha a dizer sobre Kraven, o Caçador, desde sua chegada à Nova Iorque no dia anterior.
É claro que, em um exemplo de como a justiça funcionava, Kraven não sofreu nenhuma consequência com sua chegada na cidade; pelo contrário, era recebido como um herói por muitas pessoas! As ações movidas por organizações engajadas com o meio-ambiente ainda não tinham resultados satisfatórios, e muito se falava sobre o motivo que trazia o homem até Nova Iorque: a caça pelo Homem-Aranha. Ao mesmo tempo que aquilo causava revolta em muitos, também servia para criar simpatia por Kraven, afinal, o amigão da vizinhança sempre havia sido um problema para muitos.
Raio-Branco tinha mais sorte. Embora aparecesse bem menos do que o aranha, as pessoas pareciam simpatizar mais por sua figura. É claro que também era mais difícil tê-la como alvo, afinal, ela voava e soltava cargas elétricas pelos olhos e mãos. O Homem-Aranha passava a impressão de ser mais acessível.
━ Oi, tigrão ━ ela cumprimentou ao atender o celular, e franziu o cenho ao ouvir o barulho causado pelo trânsito ao fundo da ligação. ━ Por favor, me diz que você não tá me ligando do capô de um carro.
━ Não tô ━ ele garantiu, e ela suspirou aliviada. ━ Eu tô em cima de um caminhão ━ esclareceu e então soltou um grito. Valerie revirou os olhos. ━ Sai passarinho! Sai!
━ É por isso que eu digo pra não subir em caminhões… ━ ela murmurou, apoiando o celular num dos ombros e tombando a cabeça para segurá-lo com a bochecha, enquanto continuava a digitar seu trabalho. ━ Você sabe que eu não gosto de dizer isso, mas eu avisei.
Ela pôde sentir a indignação de Peter mesmo no silêncio.
━ Não gosta?! Essa é sua frase favorita!
━ Enfim, Parker… O que você tá fazendo? Precisa de ajuda? ━ ela ofereceu, e se virou para o lado, vendo o Homem-Aranha, por cima do caminhão, passando próximo da cafeteria. Ele acenou para ela. ━ Oi, Pete. E essa não é minha frase favorita. É aquela da Lady Gaga: a última coisa que envelhece é o coração.
━ Ah, não é nada demais… Só recuperando umas armas ultratecnológicas ━ respondeu, como se não fosse nada de mal, e ela assentiu. ━ E só pra você saber, a Lady Gaga nunca disse isso. Foi o Rocky Balboa. Mas a gente fala de cultura pop depois! Enfim, eu tô ligando pra te pedir pra entrar no meu e-mail e enviar as fotos pro J.J., ele pediu pra enviar ontem e eu esqueci. Tem como, por favor?
━ Claro, só me lembra qual é a sua senha ━ ela pediu, abrindo um sorriso.
É claro que ela sabia qual era a senha.
━ Valeriesoberana123. Você que colocou a senha!
━ É, e você não mudou ━ ela retrucou, enquanto logava no e-mail do namorado. ━ Até mais, gatinho. Me liga se precisar de ajuda!
Assim, Valerie rapidamente anexou algumas ótimas imagens do Homem-Aranha e da Raio-Branco — eles faziam sessões de foto uma vez ou outra — para J.J. Jameson e as enviou tranquilamente, saindo da conta de Peter após terminar a ação. Então, voltou a concentração total ao seu trabalho, o que não durou mais do que cinco minutos, quando Bradshaw se lembrou de que precisava de um liquidificador para o novo apartamento e começou a pesquisar pelos melhores preços.
Quarenta minutos se passaram e Valerie intercalou seu tempo precioso entre escrever seu trabalho, procurar por multiprocessadores — a busca pelo liquidificador levou àquilo — e bebericar seu café que já estava um pouco frio. Por fim, percebeu que não estava em seu dia mais produtivo e bufou, fechando o laptop e o guardando na bolsa. Bebeu o resto do café com pressa, irritada, e então caminhou até o caixa, onde o gerente a olhou um pouco estressado por ela ter permanecido tanto tempo e consumido tão pouco, e pagou a conta. Saiu da cafeteria tranquilamente, respirando fundo e esticando as costas, mas sua calmaria nunca durava muito.
Especialmente quando Peter Parker e seu lançador de teia estavam por perto. Enquanto andava pela calçada, algo pegajoso tocou seu braço e seu corpo foi rapidamente elevado para cima, onde uma mão agarrou a sua e a posicionou de pé no teto de uma lanchonete.
━ Cuidado, eu tô com meu laptop! ━ ela exasperou, olhando para dentro da bolsa. Peter lançou uma teia e a fechou, fazendo com que Valerie o olhasse indignada. ━ Você tá pedindo pra eu te matar, né?!
━ Calma, gatinha ━ ele pediu, levantando as mãos em rendição antes de se aproximar um pouco mais. ━ Nós vamos pro zoológico.
━ A gente marcou isso? ━ estranhou e franziu o cenho, mas ficou mais aliviada quando ele sacudiu a cabeça para os lados. ━ Que susto, eu quase me senti culpada!
O Homem-Aranha envolveu seu corpo com um dos braços e ela segurou a alça da bolsa firmemente, respirando fundo. Ela não podia ver, mas tinha absoluta certeza de que Peter estava sorrindo por baixo da máscara.
━ Aperta o cinto, gatinha ━ ele mandou. ━ Temos uma cidade pra salvar!
━ E sabe o que nós não temos? ━ perguntou ela, e ele lançou a primeira teia em um dos prédios, já balançando pela cidade em direção ao zoológico. ━ CINTOS!
Dessa vez, Valerie reclamou menos durante o passeio desagradável, afinal, não estava mascarada e certamente não queria ser vista voando por aí e ter sua identidade revelada, então se contentou em gritar e fechar os olhos enquanto tentava não comer o próprio cabelo, que era empurrado pelo vento para todas as direções. Após minutos de agonia e danos às cordas vocais da namorada, Peter aterrissou num galho de uma das inúmeras árvores do zoológico, segurando Valerie para que ela não perdesse o equilíbrio, e puxou uma máscara de um dos bolsos praticamente invisíveis de seu traje.
━ Uns animais fugiram da jaula e as pessoas tão em pânico ━ ele explicou rapidamente, enquanto entregava a máscara da garota. ━ Se arruma aí e me encontra! É só seguir o som dos gritos!
━ Certo, vai lá ━ ela mandou, colocando a máscara, e então olhou para a bolsa. Antes que o Homem-Aranha pudesse se distanciar muito, ela o chamou num grito sussurrado: ━ Peter! Meu laptop!
━ Desculpa por isso! Amo você!
E então, para o terror de Valerie, ele lançou uma teia que prendeu a bolsa à árvore e desapareceu pelo zoológico, enquanto a loira encarou a bolsa estática. Ela piscou algumas vezes, e então retornou à si. Terminaria o relacionamento com Peter depois. Por agora, tinha animais e pessoas para salvar. No maior estilo Clark Kent, Valerie desabotoou a camisa para revelar o raio dourado em seu traje branco e abandonou as roupas civis na árvore, antes de voar apressadamente até o local de origem dos gritos.
Encontrou um mundo em caos. Uma multidão corria para longe, enquanto mães procuravam por seus filhos e crianças choravam assustadas com a situação. Funcionários do zoológico, também assustados, tentavam conter os gorilas que já haviam escapado da jaula e impedir que outros escapassem. Peter saltava para todos os lados, afastando crianças dali e ajudando os funcionários ao mesmo tempo.
Valerie nunca havia enfrentado uma situação como aquela antes; geralmente, as pessoas se transformavam em animais e adquiriram características malignas, mas nunca eram animais verdadeiros. O que deveria fazer?! Atordoada, Raio-Branco se infiltrou na multidão e começou a recolher civis, voando com eles para longe e os deixando em locais seguros. Os bombeiros e a polícia se aproximavam do zoológico; ela era capaz de ouvir as sirenes a quilômetros de distância.
━ Ei, tá tudo bem! ━ ela disse para uma criança que chorava em seu colo, enquanto olhava para todos os lados em busca de familiares. ━ Vai ficar tudo certo, são só uns gorilas. O Tarzan vivia na selva, né? Eles não são perigosos!
De fato, os gorilas não pareciam interessados em causar danos à vida humana; pareciam surpresos e curiosos por estarem livres. Valerie entendia o medo dos outros, afinal, eram animais grandes e fortes, que poderiam se tornar agressivos em algumas situações, mas não apresentavam mais perigo aos humanos do que os humanos a eles.
━ Não sai daqui, tá bom? ━ pediu ela para o garotinho, após voar com ele para longe da confusão. ━ Você pode ser corajoso assim?
━ Posso ━ respondeu ele, engolindo o choro.
━ Ótimo! Os outros precisam de um líder, né?! ━ indagou, apontando para as outras pessoas que já se reuniam ali. ━ Você cuida deles direitinho?
Ele a encarou por alguns segundos, com os olhos brilhando, e mesmo entre as lágrimas, sacudiu a cabeça para cima e para baixo com determinação.
━ Cuido.
━ É isso aí, Mogli!
Quando Valerie retornou à jaula dos gorilas, encontrou Peter tentando se aproximar dos animais sem os assustar ou machucar. Ele havia criado uma cerca de teia para separar os gorilas dos visitantes do zoológico, e se movia com cautela enquanto tentava os convencer a retornar para as jaulas.
━ Valerie ━ ele chamou baixinho, quando ela pousou ao seu lado. ━ Você acha que adianta alguma coisa tentar encenar King Kong aqui?
━ Não acho que um gorila vá se apaixonar por um magrelo de collant vermelho e azul ━ ela retrucou, com a voz baixa. ━ Desculpa te informar, mas você não é parecido com a Naomi Watts.
━ E o que você sugere?
━ Vamos ter que assustar eles pra dentro.
━ Elabore ━ pediu o Homem-Aranha, seguindo seu raciocínio.
Valerie respirou fundo e lançou uma rajada elétrica em direção ao gorila, mas não tinha intenção de o acertar; o raio passou centímetros distante de seu corpo, o fazendo guinchar e pular para trás, assustado. Agora um pouco raivoso, ele bateu no peito e tentou avançar para a frente, mas Peter o impediu ao lançar uma teia em uma das grades da jaula, criando um novo impedimento.
Os dois se entreolharam. Poderia levar algum tempo para fazer aquilo de forma inofensiva, mas os dois não tinham nenhum lugar para estar naquele dia. Teriam que aceitar brincar de gato e rato com os gorilas para segurança dos mesmos. E foi o que fizeram; Valerie lançou rajadas de energia, Peter lançou teias, eles pularam e desviaram de golpes dos animais e por fim, conseguiram fazer dois entrarem na jaula. Mas faltava um.
O último parecia mais assustado, e consequentemente, agitado. Não havia como ele se distanciar dali; a área já estava cercada de teias. Mas aquilo parecia contribuir para o aumento de seu estresse, e Valerie já estava prestes a começar a emitir sons de "ú ú á á" na intenção de encantar o gorila para dentro da jaula, quando o animal caiu no chão de forma repentina, numa posição estranha.
Os heróis mascarados olharam rapidamente ao seu redor, e encontraram Kraven se aproximando, com uma arma de dardos nas mãos. Ele andava calmamente, com as roupas feitas de couro de animais pesando em seu corpo, e sorriu de forma detestável ao ver que os amigões da vizinhança o encaravam.
Peter se abaixou ao lado do gorila e puxou um dardo de seu pescoço, enquanto Valerie virava o corpo do animal com cuidado, de forma que seu rosto virasse para cima.
━ É esse o problema dos vigilantes mascarados que se acham heróis ━ falou Kraven, com a voz arrastada e um sorriso arrogante. ━ Eles são bonzinhos demais para... caçar.
Num movimento brusco, Valerie puxou o dardo das mãos de Peter.
━ Ele vai ver onde eu enfio isso aqui…
Em entrevistas mais recentes, Kraven havia confessado o desejo de caçar o Homem-Aranha. Capturá-lo. Descobrir seus segredos e adicionar uma criatura tão fascinante à sua coleção extensa de ornamentos de cabeças de leões e tapetes de couro de búfalo. Ele admirou a presa com atenção, antes de elevar a arma que lançava dardos em direção ao amigão da vizinhança.
Peter grunhiu. Aquilo estava cansativo.
━ Já ouvi falar tanto sobre você, Homem-Aranha. Eu estava instigado… Mas de perto, você não me parece assim tão interessante como meu amigo descreveu em uma carta ━ disse ele, com a voz mansa. O sotaque russo pesava em suas palavras e ele semicerrou os olhos em direção ao desenho de aranha no peitoral do herói. ━ Ele me escreve da prisão. Você o mandou para lá.
O Homem-Aranha cruzou os braços.
━ Ah, relaxa. Ele não vai precisar escrever quando eu mandar você pra lá também ━ Peter provocou, se aproximando do caçador e de sua arma. ━ Quem sabe, vocês não dividem uma cela?!
Kraven riu pelo nariz e posicionou o indicador sobre o gatilho, ainda mirando Peter. Seus olhos foram atraídos para Raio-Branco, um pouco atrás do rapaz, e um sorriso brilhou em seu rosto.
━ Eu gosto mais de animais, mas uma coleção de vigilantes mascarados me parece uma ideia bem rentável...
Aproximando-se do homem com um olhar desafiador, Valerie segurou o cano de sua arma entre as mãos e o entortou para cima sem dificuldades, tornando-a inútil. Kraven cerrou os dentes.
━ Compre nossos bonequinhos. Tem vários. Heróis vendem muito, mas você nunca vai saber disso porque tá ocupado demais fugindo da prisão pelos crimes cometidos em países diferentes.
O sorriso repleto de escárnio de Kraven se alargou e ele jogou a arma inutilizável para o lado como se não se importasse com seus danos. Àquela altura, tudo o que o separava dos vigilantes era uma grossa camada de teia, que ele cortou com um canivete afiado tirado de dentro das botas, e deu um passo à frente, ficando cara a cara com Raio-Branco. Peter revirou os olhos por baixo da máscara e se aproximou da namorada em passos calmos.
O que fazia Kraven pensar que podia caçar super-humanos? Talvez, o fato de ser um também. Não se ouvia falar muito sobre magia em Nova Iorque, mas durante seus tempos de viagens pelo mundo, Kraven havia adquirido conhecimento sobre técnicas de vodu que aumentavam sua força e resistência, fazendo com que o caçador pudesse se comparar aos animais que derrotava sem esforço. Ali, ele havia usado dardos; em outros lugares, suas técnicas costumavam ser mais primitivas. Mas Parker e Bradshaw não sabiam de nada daquilo.
━ Dá isso aqui, pra ninguém se machucar ━ pediu o Homem-Aranha, já estendendo a mão em direção ao canivete de Kraven de forma displicente. No entanto, quando Peter alcançou a pequena arma de corte, um dispositivo estranho foi rapidamente preso a um de seus pulsos. Ele e Valerie se entreolharam, mas o amigão da vizinhança não perdeu a piada: ━ Você tá me dando uma pulseira, é?
Valerie avançou para a frente, prestes a golpear Kraven e acabar logo com aquilo, mas um de seus pés pisou num lugar em que não deveria ter pisado, e antes que pudesse notar, a vigilante estava pendurada em uma das árvores por uma rede feita por um material forte demais. Havia sido tudo uma armadilha, pensada desde o início?!
Peter lançou teia no rival, que desviou com uma velocidade que o surpreendeu, se abaixando e prendendo uma outra pulseira ao tornozelo do Homem-Aranha. O que era aquilo, Peter estava em prisão domiciliar?! Ele sentiu seu corpo se curvando contra sua vontade e, quando percebeu, seu pulso tocava o tornozelo e ele não conseguia sair daquela posição por mais do que segundos. Que tipo de ímã era aquele?!
Por um dos vãos da rede, Raio-Branco lançou uma rajada de energia elétrica certeira em Kraven, que gritou ao cair no chão, surpreendido. Bom, ele não deveria se surpreender tão fácil assim. O Homem-Aranha se aproveitou daquilo e lançou uma teia no caçador, o prendendo ao chão, e voltou toda a atenção às pulseiras, tentando soltá-las de seu corpo sem sucesso.
━ Ei, aranha! ━ chamou Valerie, enquanto ainda lutava para rasgar as redes hiper-resistentes, e ele subiu o olhar para ela, ainda se contorcendo. ━ Cobre os imãs com teia!
É claro! Peter deveria ter pensado naquilo antes. Ainda em sua posição desconfortável, ele precisou dar uma cambalhota desajeitada para desviar de uma flecha lançada por Kraven, que manuseava uma besta enquanto ainda estava preso ao chão, lutando para se soltar. Num movimento rápido, Parker lançou um pouco de teia na pulseira de seu tornozelo, tornando a força de atração dos ímãs mais fraca, e então fez o mesmo com a outra pulseira. Valerie assistiu com expectativa, e sorriu ao ver que sua ideia havia, de fato, funcionado. O Homem-Aranha estava livre!
Mas ela ainda não. Peter se abaixou e pegou o canivete de Kraven, que havia caído no chão momentos antes, e olhou para Valerie. Ela se encolheu na rede e se preparou para uma pequena queda. Mirando com atenção, o Homem-Aranha arremessou a pequena faca em um dos fios da rede, que cedeu e caiu, libertando Raio-Branco.
Mas Valerie não atingiu o chão. E não, ela também não voou. Aconteceu algo ainda mais peculiar do que as coisas que ela fazia todos os dias; num momento, ela estava no zoológico, de olhos fechados, se preparando para uma queda um tanto quanto brusca. Mas quando finalmente sentiu o chão sobre si, não sentiu a grama do zoológico, e nem ouviu o som dos animais; sentiu a textura áspera do asfalto e ouviu buzinas e vozes altas de pessoas, e abriu os olhos para perceber que estava caída no meio da rua.
Ela se levantou atordoada e olhou para os carros que buzinavam para que ela saísse da frente, e após alguns segundos, ela obedeceu, correndo para uma das calçadas. Valerie olhou para baixo e viu que ainda vestia suas roupas de vigilante, mas as pessoas que a olhavam não pareciam surpresas ou admiradas; elas apenas franziam o cenho, como se ela fosse uma maluca a caminho de uma festa a fantasia.
━ Oi, com licença, onde nós estamos? ━ ela perguntou a uma garota que passava por ali, que a olhou com as sobrancelhas unidas.
━ Em Nova Iorque.
A menina não esperou que a loira dissesse outra coisa e saiu andando, abandonando Valerie e sua confusão mais uma vez. Bradshaw encarou tudo ao seu redor com olhos arregalados, e de longe, viu a silhueta da Estátua da Liberdade, que parecia estar passando por reformas.
━ Eu tô alucinando? Cadê o Peter? ━ ela murmurou para si mesma.
Valerie estava em Nova Iorque, mas não era a sua Nova Iorque.
AEEEEE!!! COMEÇAMOS A PARTE DA FANFIC EM NO WAY HOME!! caras eu tô tão feliz, pra quem não sabe eu publiquei Electric Love pela primeira vez em junho de 2021 mas não consegui escrever mais do que dois capítulos, mas depois de assistir esse filme meu brilho voltou totalmente e eu consegui escrever tipo uns dez capítulos em um mês!!
E aí? gostaram do capítulo? Espero que sim, e espero ver vocês no próximo!
SENTADA NA BEIRADA da cama, Vidya Bradshaw respirou fundo ao encarar o aquário de seu peixe em cima da mesa de cabeceira. Com movimentos preguiçosos, a garota se levantou e buscou a comida de Mirtilo, seu peixe beta azul, e se aproximou do aquário decorado como a Fenda do Bikini, despejando ali um pouco do alimento do animal.
━ Certo, Mirtilo. Agora que eu já resolvi todas as minhas pendências, tô livre pra fazer o que eu preciso! ━ ela exclamou, puxando a mochila do chão, e tirou um caderno de dentro, fazendo uma careta logo em seguida. ━ Tipo dever de casa…
Ela abriu o caderno de Matemática e fez algumas contas rapidamente, mas o sol que entrava por sua janela mostrava que o dia estava tão lindo e ela se pegava pensando nas coisas que poderia estar fazendo do lado de fora… Não. Precisava terminar o dever de casa.
A menos que alguma coisa muito importante, ou bizarra, acontecesse…
Aconteceu. De repente, enquanto Vidya resolvia problemas matemáticos com uma frustração quase palpável, um círculo de faíscas brilhantes surgiu em sua frente, a fazendo arregalar os olhos e pular para trás, assustada. Mas o mais estranho não era o círculo de faíscas, e sim o cenário apresentado por ele: um quarto igual ao seu, mas… diferente? Aquilo era possível?! A decoração certamente não era a mesma, mas a estrutura, sim.
Vidya engoliu em seco e franziu o cenho, se aproximando do círculo de faíscas, e planejava tocar uma delas, sabe, só para ver se era mesmo real. Ela esticou um dos braços e estava prestes a encostar no círculo, quando algo chamou sua atenção.
Uma garota. Ela tinha cabelos castanhos brilhantes e a pele clara, e se vestia como se estivesse a caminho da Torre Eiffel. Ela ainda não havia visto Vidya; estava muito focada em duas boinas, de cores diferentes, que carregava nas mãos e observava com cuidado, ponderando sobre qual era a melhor para compor seu visual romântico.
━ Acho que a rosa combina melhor ━ aconselhou Vidya, chamando a atenção da garota, que se virou para ela rapidamente e arregalou os olhos, deixando as boinas caírem no chão. Com cuidado, a Bradshaw deu um grande passo e adentrou o círculo de faíscas, e só percebeu que talvez aquilo tivesse sido uma má ideia quando ele desapareceu atrás de si.
Ela começou a gritar. A garota francesa também. Enquanto gritavam, Vidya olhou ao seu redor e percebeu que aquele era seu quarto… exceto que não era seu. Algo estranho havia acontecido.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro