Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Especial de Ano Novo

A perna não parava de se movimentar um segundo à medida que a van chegava mais próxima do seu destino. Já haviam se passado mais de dez anos que não voltavam para esse lado do Atlântico e seria a primeira vez que o pequeno Tom, de cinco anos, veria a casa do avô Colin. Por isso os donos daquelas pernas não conseguiam mantê-las quietas. Ir até o casarão de Colin Jones naquela vila irlandesa sempre deixava Arthur em estado de pré-infarto.

Depois da morte do seu pai, Arthur evitou de todas as formas voltar a suas origens. Seria muito difícil retornar ao lar em que crescera e não mais ouvir o som dos discos velhos de que ele tanto gostava ou aqueles programas de auditórios que o faziam tão rir alto que podia ser ouvido em qualquer ponto daquele sobrado. Wesley não chegou a conhecer seu neto mais novo - morreria dois meses antes de Ana ser submetida a uma cesariana de emergência.

Estava tudo bem, bebê encaixado, dilatação seguindo seu curso normal e então Thomas Jones, como um bom filho de Ana Jones, resolveu que era ali que gostaria de ficar e sentou. Correria e sala cirúrgica sendo preparada e um Arthur à beira de um ataque de nervos. Fazia um calor dos infernos no dia e, limpando o suor que acumulava em sua testa, Arthur viu através do vidro o maior recém-nascido de todos ali presentes, revestido por uma penugem loira, bocejando dentro do berço. E toda sua aflição se esvaiu. Estavam todos bem.

— Precisamos parar com isso — a voz de Arthur cortou o silêncio.

— Parar com o quê? — Ana segurava Tom nos braços, lhe dando a primeira mamada.

— Esse negócio de ter filhos, cada um que nasce eu quase infarto.

— Para de ser dramático! A única que pode ficar assim sou eu! Quem passou mal por cinco meses? Quem teve dor nas costas? Quem engordou dessa vez quase vinte quilos? E quem teve de sentir as contrações desse bebê imenso — olhou para o rosto do filho em seus braços e sorriu —, quase rasgando minha barriga para mudar de posição? Thomas Jones Shaller, você foi um bebê muito mau! — Voltou seu olhar agora para Arthur. — E ainda tive de fazer essa cirurgia, fui tudo eu e não você. Quer saber?

— Diga. — Arthur já sabia o que ela ia dizer, mas jamais ousaria lhe impedir ou mesmo falar por ela naquele momento.

— Passaria por tudo isso de novo, quantas vezes fossem necessárias. Venha aqui homem nervoso... — estendeu sua mão para ele —, olha que ser mais lindo fizemos e diga se não valeu a pena!

As memórias daquele dia se reacendiam sempre que se lembrava de que seu pai nunca tivera a oportunidade de conhecer aquele garoto. Dessa forma evitou a todo custo retornar a sua saudosa Inglaterra. Só aceitou essa viagem para comemorar a passagem de ano porque seria realizada no casarão em que Ana crescera na Irlanda. Ainda não sentia vontade de voltar para seu lar. Mas Arthur sentia-se em débito com Ana. Ana, em estágio avançado da gravidez, não poderia voar, e assim acabou indo sozinho, sem seu ponto de equilíbrio, ficar ao lado de sua fragilizada mãe e irmã. E, por outro lado, não esteve perto de Ana, segurando sua mão, até praticamente a hora do parto.

Ellen voltaria com ele e ficaria nos Estados Unidos até Thomas completar três meses, para o mais completo alívio de Ana - com dois filhos pequenos e o bebê para cuidar, a sogra foi de fato de grande ajuda. A relação de ambas nunca seria das mais amigáveis. Sempre haveria farpas e intromissões por parte de Ellen sobre a forma como Ana conduzia a sua casa - algo que a deixava extremamente irritada. Muitas vezes Ana contaria até cem para deixar toda a raiva momentânea sair e então já estavam as duas lado a lado na cozinha, fazendo algum prato e se distraindo com a algazarra dos meninos. Ellen sentia muita falta desses netos espevitados, eram tão diferentes de Clair – hoje uma mulher de dezenove anos, estudante de arquitetura, influência direta do seu avô Wesley –, que sempre foi uma criança calma, meiga e tranquila, ou seja, a cópia de Lilian. Eric e Patrick definitivamente tinham o mesmo instinto livre da mãe e de certa forma essa avó mais controladora gostava que eles fossem assim.

— Dá para parar com isso? Você está conseguindo me deixar irritada! – Ana se remexeu no assento da van olhando com cara feia para o marido, que não parava de balançar as pernas.

— Estou preocupado. – Arthur abaixou os olhos e colocou as mãos sobre os joelhos como se dessa forma conseguisse controlar a ansiedade.

— Está sendo pedante, isso sim!

Ana bufou e olhou de volta para o lado oposto de Arthur, pela janela da van que pegaram no aeroporto e que os levaria até a vila de Colin. Uma fortuna, nos cálculos do controlador Arthur, que não tinha por que ser assim e deixava Ana de cabelo em pé. Quando ele fazia esse tipo de coisa, ela saía com os meninos e voltava abarrotada de sacolas. Uma coisa que não mudara nesses anos entre eles: a provocação. E talvez nunca mudasse.

— Ih! Já vão começar a brigar. — disse Eric com os olhos arregalados a seu irmão Patrick. Eric, com seus doze anos, há muito já havia desligado o som do iPhone, apenas permanecendo com os fones, dando uma de que não estava prestando a atenção, quando era sempre o que mais ficava atento a qualquer movimentação que os pais faziam.

— Ninguém está brigando — Arthur olhou torto para o filho mais velho, sentado com o irmão no banco de trás —, estamos conversando.

— É, eles estão brigando. — Patrick, com seus nove anos, se aproximou de Eric e sussurrou.

— Sua mãe não vai ficar assustada ou mesmo enojada... — Ana ignorou os comentários dos filhos e tentou seguir com um diálogo mais calmo.

— Não usei essas palavras. — Arthur a olhava com aquela expressão séria, na qual juntava as sobrancelhas, e passou a mão pela barba, agora não mais loira como antes - o grisalho tomara conta dos pelos do rosto e parte de sua cabeleira.

— Nem precisava. Está escrito na sua cara.

— Você sabe como ela é.

— E como sei! — agora seria a vez de Ana coçar a nuca, livre dos cabelos. Depois que Tom nascera, ela adotara o corte curto e estava amando essa liberdade de não ter mais que se preocupar em ficar escovando e arrumando a todo minuto, estava sendo libertador, até porque, com eles assim, podia trocar a cor com maior facilidade. Voltara a suas origens, com os cabelos negros, o que deixava seus olhos ainda mais verdes. — Só não esqueça que minha mãe voltou a morar com ele, então não se preocupe, a casa está habitável. Pode não estar milimetricamente em ordem como o lar da dona Ellen Shaller — Ana fazia questão de sempre que se referia à sogra usar nome e sobrenome, o que sempre irritava Arthur —, mas definitivamente não está um caos como costumava ser. Dê mais crédito a meus pais.

— E como isso está indo? Eles morando juntos novamente? Faz tempo que você não conversa comigo sobre isso.

— Desde que ele continue frequentando as reuniões do A.A., tudo ficará bem. Já faz mais de um ano que ele está sóbrio.

— O que é muito de se esperar, já que ele é dono de um pub.

— Preparado para conhecer o vovô Tom? — Ana abraçou o filho mais novo de cinco anos, tão loirinho quanto um dia seu grande amor havia sido, porém com os olhos tão verdes como os dela.

Tom apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça e voltou a atenção para a pequena ferrovia em suas mãos. O que seus irmãos mais velhos tinham de comunicativos e agitados, Tom era sossegado. Pelo menos um havia se rendido ao jeito quieto do pai.

Arthur não conseguiu evitar um sorriso ao se reconhecer ali e então novamente desviou o olhar para a estrada estreita, quase íngreme, que percorriam. Apesar dos anos que passaram longe, tudo continuava igual e novamente aquela sensação ruim nostálgica lhe invadiu, enquanto outra oposta invadia sua mulher. Ela estava feliz, e entrelaçou seus dedos aos de Arthur. Era assim que terminavam as várias discussões que tinham todos os dias: com os dedos unidos.

A recepção no casarão Jones não poderia ter sido de outra forma, com muitos gritos e abraços. Todos os Jones estavam lá. Kevin, com sua esposa Elisa à espera de mais um bebê, o quinto nas contas de Ana, que também conheceria sua sobrinha Anne, que tinha a mesma idade do seu mais novo, ao passo que os outros sobrinhos já eram homens feitos: Mathew, com vinte anos; Nicolas, com dezenove; e a bela Jessica, com dezoito. A ideia sempre foi parar nela, mas Elisa e Kevin eram descuidados e, depois de treze anos, voltariam a fazer tudo de novo... E como estavam gostando daquilo!

Liam apareceu empurrando todos em busca dos braços de sua irmã, deixando para trás Myrella, ao lado de seu inconstante Vitor, de dezessete anos, e braço direito do avô Colin em tudo que podemos imaginar, até nas atrapalhadas. Ryan, o filho mais velho de Myrella, já havia se casado e estava na casa da família da esposa.

Owen, como de costume, preferiu se manter ao longe, apenas observando aquela movimentação enlouquecida de seus familiares. O único que não quis casar. Sua vida de viajante como repórter o impossibilitava de criar laços mais estreitos, quase não conseguira estar com eles nessa data especial, só se esforçou porque Ana viria. Mal esperava para mais tarde, quando todos estivessem saciados, sentar a seu lado na mesa da cozinha com uma caneca de café e conversarem noite adentro, como faziam quando jovens.

Kelly estava à frente, já apertando contra o peito os netos mais velhos e instruindo-os a não chamá-la de avó. Os anos pareciam não passar para ela, conseguia manter sua beleza - de fato quase não parecia avó. Colin, mesmo com a altura imponente, já deixava transparecer a idade: cabelos bem ralos e grisalhos e - o que chamou a atenção da filha - muito magro. Sempre um homem robusto, estava até com aspecto de doente. Saberiam mais tarde que Colin, por conta das bebidas, já não tinha um fígado saudável e o estado de sua saúde era crítico, mas o momento então era de alegria.

Os primos mais jovens reconheciam os mais velhos. O natural nesses casos é haver certo constrangimento, mas não estamos falando de uma família comum, estamos falando dos Jones, e eles são espalhafatosos, falantes, aconchegantes. Com apenas um olhar e um sorriso, Eric e Patrick já estavam totalmente à vontade com aquele comportamento, apenas o pequeno Tom estava acomodado no colo protetor de seu pai.

— Passe para cá esse moleque. — Colin retirou Tom do colo do Arthur.

— Pode ser que ele estranhe...

— Estranhe? Ele é um Jones, não tem essa frescura. — Colin olhou feio para Arthur e seguiu com o menino para longe. — Gosta de trem? Então, tenho uma surpresa lhe esperando lá no sótão...

— Espere... Não acho que seja uma boa ideia...

— Fique tranquilo, meu genro lindo! – Kelly segurou no rosto coberto pela barba de Arthur. — Colin, por incrível que pareça, quando soube do fascínio de Tom pelas locomotivas, arrumou o sótão e montou seu velho ferrorama. Nem sabia que ele tinha aquilo, mas enfim, está tudo organizado, não há nada lá que possa machucá-lo. O incidente com Patrick não irá se repetir.

—Minha preocupação é que ele nunca viu Colin...

— Sua preocupação é outra e todos nós aqui sabemos. Amor, dê uma chance para meu pai.

Kelly e Ana olhavam Arthur com súplica e, na cabeça dele, apenas vinha à cena de seu pequeno Patrick com o rosto encharcado de sangue, depois de ter caído dos braços sem reflexo do avô completamente bêbado.

— Tudo bem. Minha mãe e irmã chegaram? — Arthur voltou-se novamente para Kelly, terminando de pegar a última mala.

— Chegaram sim e já estão instaladas. Deveriam estar aqui... — olhou para os lados e percebeu o caos que estava ali do lado de fora. — Provavelmente estão dentro da casa, meus filhos e netos não sabem se comportar.

Arthur, com a cara amarrada, pagou o motorista da van e finalmente pode seguir, carregado de malas, para dentro do casarão. Ellen, Lilian, Robert e sua doce sobrinha esperavam na sala de estar, sentados.

Os olhos de Arthur quase não reconheceram aquele ambiente e todo o resto. Não tinha mais roupas, garrafas, cinzeiros, revistas, jornais, comidas espalhados por todos os lados. A escada voltou a exercer sua única função, que é ser usada para que as pessoas subam e desçam. Havia muito de Kelly nas cores das almofadas, cortinas e tapetes - fora os artefatos exóticos que ela tanto admirava, e plantas, muitas delas por todos os lados. A lareira aquecia ainda mais aquela reunião familiar.

Patrick estava sentado ao lado da avó, recebendo afagos, ao passo que Eric conversava com a prima - mesmo tendo uma diferença de idade tão grande entre eles, sempre haviam se dado muito bem. Ana ainda corria de um lado para o outro com seus irmãos e assim, de mansinho, Arthur sentou do outro lado do sofá e abraçou sua mãe.

— Estou bem. Estamos todos bem, não precisa chorar. – Ellen acariciava os cabelos sem corte do filho.

— Sinto tanto a falta dele. — O choro vinha sem que Arthur pudesse controlar. — Obrigado, mãe, por ter aceitado o convite e vindo para cá.

— Está sendo muito interessante. — Ellen respondeu, tentando se manter firme, com o filho ainda envolto em seus braços.

— Imagino que sim. — Arthur a olhou nos olhos e novamente as lágrimas rolaram sem controle.

— Todos nós sentimos, meu irmão. — Lilian também veio a seu encontro com lágrimas nos olhos. Depois da morte do pai, era a primeira vez que se encontravam.

—Pai, não chora. — Patrick se aconchegou em seu colo assim que Arthur se afastou da mãe.

— Deixe chorar, meu amor, chorar faz bem. – Ellen acariciou aqueles cabelos castanhos tão parecidos com os da sua nora, que os observava ao longe.

— Chegaram faz muito tempo? — Arthur tentava se recompor, acomodando o filho em uma de suas pernas.

— Um pouco antes de o almoço ser servido, e tenho que dizer seu sogro cozinha muito bem. —Robert sorria comovido para Arthur.

— Tenho que concordar. – Ellen dava o braço a torcer. Colin era um cozinheiro tão bom quanto ela.

— Para a senhora estar dizendo, acredito. – respondeu, já esboçando um sorriso.

— O que faço com você! – Ana resolveu que era hora de se juntar a eles — Ellen, há quanto tempo!

— Minha querida. Cortou os cabelos e pintou de preto. — A sogra se levantou indo cumprimentar a nora com um abraço.

— Mãe! —Arthur repreendeu-a.

— Só fiz uma observação, e devo dizer que ela ficou lindíssima assim, como se fosse difícil essa moça ficar feia... Quanto a você, está lastimável. – Dizendo isso, Ellen voltou a sentar no sofá ao lado de Arthur, com aquele olhar de inquisidora.

— Anda comendo e trabalhando demais, aí olha no que dá, está ficando cada vez mais barrigudo. — Ana manteve seu olhar de provocação ao marido. Já havia algum tempo que ela andava pegando no pé de Arthur para que ele cuidasse mais da saúde, o que não vinha dando muito resultado.

— Está cada vez mais parecido com Wesley.

E foi Ellen mencionar o nome do falecido marido para que Arthur voltasse a chorar. Ana foi a seu encontro oferendo seus braços, aqueles que lhe davam força e segurança.

— Esse rapaz aqui é a melhor pessoinha! — Colin descia as escadas correndo com Tom nos braços e todo mundo parou o que estava fazendo. Kelly segurava o coração dentro do corpo. E então Tom gargalhou e todos seguiram na mesma felicidade.

Tom não ficou muito satisfeito em ter sido separado de Colin para ser apresentado para o resto dos familiares. Lilian ainda teve a oportunidade de ter seu sobrinho mais novo nos braços e ali estava com aquele menino que lhe lembrava o irmão em todos os aspectos, exceto pela cor dos olhos.

— Eric foi um bebê parecido com você, mas Tom é sua cópia até no jeito de ser. Gorduchinho igual. – Lilian seguia rindo para Tom, que ainda a olhava ressabiado, morrendo de vontade de ir para o chão, o que logo aconteceu. O menino era pesado e grande demais para ficar no colo.

— Vamos parar com bullying com o meu filho. — Arthur falava bravo com a irmã.

—Deixa de ser chato! — Ana seguiu até o filho, limpando sua boca suja de chocolate. — Seu vô já aprontando antes do jantar. – Ana olhou para o pai com ar de reprovação.

— Até parece que ele não vai comer! —Colin gritou indo em direção à cozinha.

— Nisso seu pai tem razão, se dermos pedra para Tom ele come. – Arthur deu de ombro derrotado. — Estou exausto!

— Deveriam tentar descansar um pouco você e Ana. — Ellen passou novamente a mãos sobre os cabelos do filho.

— Concordo com você. — Kelly chegou perto. — Subam. O quarto está arrumado, pode deixar que ficamos com os garotos, afinal nessa agitação eles não vão conseguir dormir. Quando o jantar estiver pronto, chamamos.

— Queria ficar com meus irmãos. – Ana suspirou.

— Eles vão estar aqui quando você acordar. Serão três dias de festa. – Kelly estava radiante de felicidade, por muito tempo esperara por esse momento de ter toda a família embaixo do mesmo teto.

— Ana, eu realmente preciso dormir. – Arthur tocou em seu braço.

— Lógico! Sempre preguiçoso. – Ana lhe devolveu com uma careta.

— Começou de novo! — Eric disse entre uma tosse e outra.

—Para com isso menino, mais respeito, eu sou seu pai. — Arthur se voltou para o filho, sério.

— Eric, já falamos sobre isso. — Ana lançou aquele olhar que só as mães têm quando querem repreender os filhos e o menino encolheu os ombros. — Vem, meu velho! Vamos dormir um pouco... — Ana chegou bem perto dos ouvidos do marido e sussurrou: ou podemos reestrear meu quarto como fizemos quando estivemos aqui na primeira vez. Nunca esqueci aquela noite.

— Lembro até o cheiro do seu perfume.

Arthur e Ana nesse momento se beijaram, ignorando a presença de todos. Patrick e Eric fizeram uma careta e esconderam o rosto. Tom estava interessado na nova locomotiva em suas mãos, sentado no tapete perto da lareira, enquanto os outros ali presentes se ocupavam com seus afazeres. O casal estava cada dia mais apaixonado, mesmo depois desses quase quatorze anos de casados - nem contaremos os anos que passaram antes, pois a soma seria muito maior e o amor nunca de menos. O que não havia entre eles era uma conta de subtração, isso jamais. Seguiram para o quarto onde consumaram esse sentimento pela primeira vez. Se não fosse a exaustão daquela viagem teriam aproveitado mais, porém não faltariam oportunidades.

O jantar seguiu como o esperado: um caos!

Risadas, vozes alteradas, alfinetadas, emburramento, piadas desnecessárias, muita vergonha alheia, ou seja, o cenário completo que qualquer família grande e disforme pode nos oferecer, regado a muito amor e bebidas em excesso. Crianças menores jogadas no sofá, imersas em sono profundo, mesmo com toda aquela barulheira, para no final o silêncio da madrugada abraçar a todos. E agora Arthur e Ana, completamente sem sono, olhavam as estrelas pela janela de seu antigo quarto.

— Quer ouvir uma história? — Arthur acariciava o antebraço de Ana com ela sobre seu peito, comprimindo sua barriga.

— Não! Quero que faça amor comigo como fizemos aqui pela primeira vez.

— E acordar a casa inteira com seus gritos? Passo!

— Como você é idiota! Eu aqui depois de todo esse tempo querendo fazer amor com você e me dispensando.

— Quer saber? Tem razão. Eu sou o mais completo idiota. O idiota que você ama.

— Sempre vou te amar, mesmo sendo assim lento.

— O que você está fazendo? — Arthur arregalou os olhos ao ver que Ana começava a se livrar de suas roupas.

— Prometo que não vou gritar. Mesmo querendo muito!

— Ana! Isso é jogo baixo. — suspirou baixo assim que as mãos ávidas dela invadiram o tecido de algodão de sua cueca.

— Isso é todo meu tesão por você!

Ana quase conseguiu abafar por completo todo seu prazer, porém em alguns momentos se deixava levar. Os anos não tiraram isso deles nem por um segundo. Ainda eram aqueles amantes que se completavam. O menor toque já era suficiente para se entregaram e assim fizeram, e não apenas naquela noite sobre as estrelas.

A neve não parava de cair e isso confinou todas aquelas pessoas dentro daquele casarão na noite de ano novo, que estava quase entrando em contagem regressiva. A comilança estava à disposição e a cerveja, entornada. A saudade já havia sido apaziguada, o que dava mais margem às briguinhas para chamar a atenção. Colin mantinha-se afastado do álcool, mesmo com toda as células de seu corpo implorando por um trago, e se distraía com o violão e a linda voz de sua ex-esposa e amante eterna.

Eric, Patrick e Tom já se sentiam integrados aqueles parentes do Velho Mundo e felizes com as promessas de receberem visitas no verão. Queriam ir com os primos para a Disneylândia. Talvez acontecesse, mas a possibilidade era remota.

Ellen se divertia como nunca o filho havia visto em toda sua vida. A morte do pai levara consigo toda aquela necessidade de ordem que a mulher se obrigava a oferecer e agora ela relaxava ao som melodioso da música, permitindo em certos momentos deixar seu corpo se guiar por ela.

Ana jogava cartas com os irmãos aos berros na mesa da cozinha quando a contagem iniciou. Colin, perto da lareira, mantinha sua voz acima de todos, que corriam em busca de suas taças de champanhe.

Arthur descia as escadas correndo para não perder aquele momento quando a voz do sogro "cantou" o número cinco. Não teve tempo, no meio daquela multidão aglomerada naquela sala, de achar sua taça. Sua busca pela razão do seu viver era mais importante, e onde ela estava?

Sentiu-se novamente jogado na estação St. Pancras, na qual, desesperado, buscava pelos olhos verdes do seu único e verdadeiro amor. Aquele que quase deixara escapar por entre os dedos. Houve momentos dessa união tardia que sentiu que não era capaz de conciliar ou mesmo entender o que ela havia visto nele e, assim, a manter presa a seus braços.

Ana, por sua vez, contava com pai os números, buscando os cabelos revoltos e as sobrancelhas espessas do homem que havia lhe ensinado o segredo do amor entre um casal. Ana, a seu lado, descobria os diversos tipos de amor que um ser humano pode sentir: aquele incondicional pelos filhos, aquele de dedicação pelo trabalho desejado e aquele que unia almas, como tinha por esse homem irritadiço e inseguro até o último fio de cabelo, mas com um coração maior do que ele.

Três... A multidão por milagre abriu e lá estavam se olhando de lados opostos daquele ambiente imenso. Muito maior do que supunham antes de constatarem que seus corpos estavam separados.

Dois... Ignoraram as adversidades. Transpuseram os obstáculos e quando o número um invadiu seus ouvidos o sabor das cerejas consumidas por ela e do salgado das castanhas por ele se misturaram ao sabor mais pronunciado: o do amor.

Aquele beijo terminaria quando os fogos de artifícios pararam de ecoar e todos que correram para a grande janela do casarão no vilarejo irlandês voltaram para suas conversas, porém com dois a menos. Olhares mais atentos poderiam ver um par de tênis e um de botas subindo sorrateiros para o andar de cima - agora sim o ano novo de Arthur e Ana começaria.

xXx

Feliz Ano Novo!!! Feliz 2017 para todos nós!!!

E aí quem estava com saudades desse casal lindo e fofo??? Confesso que morro de saudades deles, talvez faça mais conto curtinhos tendo eles como protagonistas. Amores essa foi a forma como eu encontrei de retribuir o carinho que vocês tiveram comigo durante esse ano que acabou e quem esse próximo mais novidades!!! 

E temos sim! Amanhã dia 02 de Janeiro uma nova história começa a ser postada. Um romance contemporâneo cheio de dramas reais e possíveis. Venham embarcar nessa nova aventura comigo e conhecer Silencioso, um homem misterioso que está vivendo há vinte anos no corredor da morte e que agora a poucos dias de sua execução acontecer resolveu contar a sua verdadeira história.  Últimos Dias já dá para ser adicionada em suas bibliotecas. Estarei esperando por vocês!!! Beijokas! 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro