Capítulo 3
Ana corria pelo campus da universidade. Atrasada como habitual para sua aula no atelier. Amava essas aulas, apenas não conseguia acordar tão cedo. Ultimamente Ana andava sem inspiração. Foi por isso resolveu ir até os lugares em que Camila frequentava. Precisava escutar conversas diferentes só não esperava conhecer aquele rapaz com olhos fascinantes que lhe roubou o ar.
— Desculpa, Sr. Pearce! – Ana entrou sem jeito na aula de Andrew Pearce seu professor e uma espécie de tutor, Ana estava sendo sua assiste nesse segundo semestre.
Andrew é um professor jovem comparado com a maioria dos outros professores daquela universidade. Tinha acabado de entrar na casa dos 40 anos. Ana achava ele muito bonito e charmoso. Praticamente todas as alunas suspiravam por ele.
— Entre! - Andrew responde demonstrando irritação. Se havia algo que incomodava era ser interrompido. Andrew havia deixado escapar a oportunidade de ser um artista renomado, por culpa de seus vícios e ego inflamado.
Ana correu até sua tela e começou a arrumar sua bancada. O professor manteve o tempo todo olhar sobre ela. Havia algo de diferente. Um sorriso que insistia em permanecer em seu rosto e o seu olhar distante como se estivesse em outro lugar. De fato estava. Permanecia ainda na noite anterior dentro daquele bar frequentado pelo pessoal que cursava exatas. Encontrou de tudo lá. Dos descolados que não querem nada com nada até os nerds obcecados. E no meio deles encontrou um que ficava no meio termo.
Arthur se vestia como uma pessoa "normal" na visão de Ana, mas durante a conversa que tiveram percebeu que era um rapaz focado e concentrado naquilo que fazia só não era um bitolado, sabia se divertir e aproveitar o momento, talvez não tão intensamente como ela, mas não era parado ou tedioso. Arthur arrancou várias gargalhadas de Ana no decorrer daquela noite, talvez por conta da bebida que consumiram, mas não, Ana teve a impressão de que ele era daquela forma mesmo sóbrio.
— Onde você está? – Andrew chegou sorrateiro pela suas costas.
— Oi!? Eu? – Ana saiu do transe – Estou aqui! – fazendo uma cara de quem não entendeu onde ele queria chegar.
— Não desconversa. Chegou atrasada e como minha assistente sabe que não tolero isso e está ai um tempão e não desenvolveu nada! Está com cara de quem mal dormiu a noite também. – havia na forma de falar de Andrew uma ponta de ciúmes e autoridade.
— Desculpas pelo atraso não se repetirá...
— Acho bom!
— Sobre a obra estou um pouco perdida. Você devia me deixar mais livre para criar, afinal sou eu quem está pintando. – Ana demonstrava irritação.
— Eu estou tentando te guiar para o melhor resultado por isso que escolhi você para ser minha assistente. Agora se você não quiser não reclame das consequências depois. – Andrew se afastou.
Aquilo intrigaria Ana profundamente. O que ele queria dizer com aquilo? Iria reprovar por querer expressar de sua forma e não apenas copiar o seu estilo? Bufou e finalmente deixou o pensamento da noite mágica que teve e se concentrou em seu trabalho.
No outro lado do campus, Arthur também não conseguia ter concentração em sua aula favorita: Cálculo 4. Só conseguia pensar naquele sorriso que viu a noite toda e a forma como Ana era graciosa e jogava seus cabelos. Apesar de estar frio, conseguiu ver através da gola role mais frouxa que usava que ali perto de sua nuca havia uma tatuagem.
— Planeta terra chamando! – Arthur é interrompido por seu colega de sala: Brandon.
— Que foi?
Brandon é o típico nerd que queima o filma. Usa os cabelos certinhos com gel e aqueles óculos com armações imensas e sempre com um livro embaixo do braço. No primeiro semestre dividiram o mesmo quarto nas instalações da universidade, por isso a proximidade. No final do segundo, Arthur conheceu Chris e foi morar com ele em seu apartamento.
— Tá viajando? Não prestou atenção na aula, mas não é isso... – Brandon falava muito rápido quase ficando sem ar – Temos que terminar aquele projeto. Posso te esperar na biblioteca no final do período de hoje?
— Hoje? – Arthur faz uma pausa – Sabe... Não sei... Tenho umas coisas para fazer e tal.
— Tem que ser hoje! Temos que entregar esse trabalho depois de amanhã. Se você não for eu vou terminar sozinho...
— Tá eu vou.
Arthur responde ríspido junto com o término da aula. Mais que depressa recolheu seu material e sai antes que Brandon o alcance e acabe com o seu almoço. Durante o almoço Arthur se deixaria levar nas lembranças vividas da noite anterior.
Tudo aconteceria por obra do acaso naquela noite. Arthur fora desafiado por Chris que dizia que ele não sabia jogar sinuca direito e Ana correu até Camila pedindo que a levasse em algo novo e desafiador. Como Camila estava com saudades de seu rolinho não pensou duas vezes e levou a amiga até ao Pitagóricos. Ana não conseguiria controlar o riso quando viu o nome do bar.
— Aqui é reduto deles não tem nome melhor. – Camila diz resignada.
— Não mesmo, está ótimo isso... – elas entram – Bom pelo menos à música é boa.
— Sempre é! Para isso eles têm bom gosto. – Camila olhouao redor procurando Eric – Veja bem. Nem todos são "nerds" como você imagina, no geral são tão loucos como nós... E vamos combinar quem em sã consciência faz exatas?
—Somente loucos!– as duas falam juntas dando risada.
— Vou buscar uma bebida. Corre e pega aquela mesa perto do pilar, isso aqui está cheio. – Camila foi até o balcão buscar as bebidas enquanto Ana até a mesa que dava para os fundos do bar perto das mesas de sinuca.
Ana sentou e começou a olhar o bar por completo. Observando atentamente sua arquitetura, objetos, cores e lógicos os quadros ali presentes. Ana sempre fazia isso. Observava o ambiente e só depois as pessoas que o compunham.
Quando terminou sua inspeção, viu dois amigos animados jogando sinuca e quase que de imediato os seus olhos não conseguiu sair de cima de um deles. O mais baixo e um pouco fora de forma dos dois que gesticulava e fazia gracinhas.
Apenas quando Camila voltou com as bebidas é que Ana desviaria o olhar, porém antes que fizesse já teria chamado à atenção do rapaz que agora a observava enquanto o amigo se preparava para o jogo.
— Arthur! – Chris faz uma pausa esperando resposta e nada – ARTHUR! – gritaria tão alto que até Ana de onde estava conseguiria ouvir.
— Que foi? – Arthur responde com a cara séria e de testa franzida. Sempre que algo não lhe agrada, franzia a testa.
— É a sua vez, o que você está olhando? – Chris olhou ao redor – Ah! Entendi. – responde a sua própria pergunta sorrindo e balançando a cabeça.
— Entendeu o que? – Arthur segurou o taco em posição de jogo virando as costas para a moça.
— A garota. – Chris apontou em direção à garota que tinha lhe tirado o ar. Aqueles cabelos castanhos claros amarados displicentes fazendo com que vários fios ficassem soltos. Ela usava calças pretas justas e uma blusa de lã de gola alta também na cor preta o que ajudou a realçar o seu tom de pele clara. Em sua mente era a garota mais linda que já tinha visto.
— Ei abaixa essa mão... – Arthur gritaria para o amigo.
— Oi! – A voz de Ana veio doce pelas suas costas.
— Oi. – Chris respondeu o cumprimento.
— Podemos jogar com vocês? Ou é só para os meninos? – Ana pergunta decidida.
— Não vejo problemas e você? – Chris tinha um sorriso malicioso nos lábios sabia que o amigo estava com vergonha.
— N-Não – Arthur gagueja se voltando para ela.
— Que bom, pois adoro jogar sinuca... – Ana passaria por ele indo em direção onde os tacos ficavam guardados, pegando dois – Meus irmãos me ensinaram. Olha sou muito boa nisso. – na volta passou olhando Arthur direto nos olhos e foi então que viu aquele tom de azul, não resiste e lhe dá uma piscada.
— Eu já sou péssima. – Camila diz pegando um dos tacos que a Ana lhe estendia.
— Como sou sem educação! Sou Ana e essa aqui é a Camila – dizia olhando diretamente para Arthur praticamente ignorando Chris que estava ao seu lado.
— Eu sou Chris e ele é...
— Arthur! – Ana interrompe Chris – Escutei quando você gritou. – Ana se volta para Chris – Ele não gosta de falar?
— Ele tem um problema sério. Sabe sofre de um mal irreparável! – Chris coloca a mão sobre a garganta e Ana começa a dar risadas.
— Muito engraçado os dois. – Arthur resmunga – Vou buscar mais bebidas. – sentindo constrangido segue em direção ao balcão.
— Espera! Irei com você!– Ana passa correndo por Camila chegando quase que instantaneamente ao seu lado.
Camila e Chris ficam se entreolhando achando graça da situação. Assim que Ana se afastou, Camila avistou quem veio procurar e sem dizer nada sai ao seu encontro deixando Chris ali sozinho esperando o amigo voltar com a outra garota.
— Desculpa, não queria te deixar sem graça – Ana tentava puxar conversa com Arthur depois de ter percebido que havia passado dos limites.
— Está tudo bem, Chris é um idiota às vezes. – Arthur ainda evitava olhar Ana nos olhos – Por favor, uma jarra de cerveja. - pede ao barman.
— Eu deveria ter deixado você se apresentar de toda forma. – Ana suspira – Prazer, Ana Jones! – estende sua mão para Arthur.
— Arthur Shaller! – finalmente Arthur vence seu constrangimento olhando Ana nos olhos e retribui o gesto.
Ficaram alguns instantes ali assim apenas se olhando e segurando a mão um do outro, até que o barman interrompeu aquele momento entregando a jarra de cerveja para Arthur.
— Cadê Camila? – Ana questionava Chris assim que voltaram.
— Ela foi naquela direção. – Chris apontava para onde a moça tinha ido.
— Ah! Já vi – Ana avista já em cima de Eric. – é uma idiota. – murmurou.
— Quem é idiota? – Arthur fica curioso.
— Camila, gosta daquele cara, mas ele só a usa, não gosta dela, por isso falo que é uma idiota. – Ana apontava para a direção em que a amiga estava.
— Sei bem como é isso. – Arthur fala baixo para que Chris não o escute.
— Então vamos jogar? – Ana esfrega a mão animada.
— Vamos. – Chris responde animado também.
Os três começam a se divertir juntos, davam risadas. Chris percebe o fascínio que um tem pelo outro achou interessante àquela moça ter se interessado pelo amigo, afinal ela é bem diferente das garotas que frequentam os lugares em que vão, mas algo que ele não podia negar é que ela era bem bonita.
— Que droga! – o celular de Chris toca bem no meio de sua jogada e o desconcentra. – Merda! – bufa com raiva assim que lê no visor o número que chamava e sai para um canto.
— Más notícias? – Ana ficou preocupada.
— Acho que não, deve ser apenas a ex dele. – Arthur se aproxima dela quase falando aos seus ouvidos – Não é só a sua amiga que é uma idiota ele também é. Quer ver que ele vai sair daqui correndo quando a ligação terminar. – e mal Arthur disse isso a ela, Chris se despede dos dois apenas com um aceno – O que eu te disse.
— E assim ficamos nós dois abandonados pelos nossos amigos... – Ana lança seu sorriso que até uma pessoa insensível não consegue resistir.
— Acho que não vai ser tão ruim assim ficarmos sozinhos. – Arthur nesse momento olhava diretamente dentro daqueles olhos verdes.
— Claro que não! – Ana se aproxima passando sua mão sobre o seu rosto – Como é macia, não dá vontade de parar de passar a mão! – era o que queria fazer desde o inicio passar a mão pela barba cheia e loira dele, além dos olhos foi o que mais lhe chamou atenção.
— Não precisa parar se não quiser. – e o rosto deles vão ficando mais próximos – Talvez você pare apenas na hora que eu for te beijar.
— E está esperando o que para fazer isso?
Arthur a toma em seus braços e o primeiro beijo entre eles acontece.
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