Capítulo 19
As paisagens passavam rápidas no seu campo de visão. As cores do dia iam se despedindo para da noite tomar o seu lugar e ali com seu corpo pequeno apoiado no do seu namorado que cochilava Ana desenhava. Em meio ao que ficou retido em sua memória das paisagens vistas um rosto familiar surgia. Não era a primeira vez que fazia um esboço dele. Aquele caderno estava repleto de suas memórias com aquele rapaz que a fascinava e a intrigava ao mesmo tempo. Arthur era tão aberto e tão fechado ao mesmo tempo. Ele a conhecia tão bem e ela pouco sabia, ficou entusiasmada com essa viagem quem sabe ali entre seus familiares ele se soltasse mais e enfim poderia saber mais daquele que estava a fazendo acreditar no amor.
— Esse sou eu? — Arthur acordara.
— É como eu vejo você, só que não está acabado... — olhou com cara de brava para ele — Não era para você ter visto.
— Acho que vou jogar todos os espelhos fora e pedir para você me desenhar sempre... — passou a mão por aqueles cabelos castanhos macios de forma carinhosa — Já que é assim que você me vê.
— Você é muito bobo sabia? — Ana fechou o caderno e lhe deu um beijo — E gosta de confete, você sabe que é bonito.
— Não! Não sei.
— Pois é bom saber que você é.
— Tá bom! — Arthur a apertou em seus braços — Um cara baixo, acima do peso, com essa barba e cabelos desleixados é bonito? Acho devíamos ir até algum especialista, talvez esteja precisando usar óculos.
— Quem precisa é você! — pegou a mão dele lhe mordendo de leve — Altura não é problema. Você não está acima do peso, não sei de onde tirou essa ideia! Você só não é atlético e gosto disso. Talvez o cabelo... — Ana passou os dedos pela sua franja — Podemos dar uma cortada, agora a barba é zona proibida!
— Gosta tanto dela assim?
Arthur sempre ficava impressionado com essa parte. Geralmente as garotas detestavam. Reclamavam que pinicavam. Pelo menos Elisabeth sempre detestou. Talvez por isso ainda mantivesse.
— Amo, amo, amo! — Ana tornou a lhe beijar — Sem dizer que ela faz maravilhas! — piscando maliciosamente para ele — Só de pensar meu corpo já reage. — sussurrava em seu ouvido.
— Ana! Aqui não!
— Não estou fazendo nada. — riu alto o deixando sem graça.
Ana não conseguiu controlar e gargalhou deixando o seu jovem namorado mais constrangido. O resto da viagem seguiu com um provocando o outro. Ana provocando Arthur e esse todo preocupado sobre o que as pessoas poderiam pensar.
xXx
Um coração batia descompassado nesse momento, a sensação que tinha era que ele explodiria em seu peito. Ansiedade. Algo totalmente fora do padrão para nossa destemida Ana Jones, porém nesse momento essa maldita sensação estava a controlando tanto que seus passos vinham arrastados logo atrás de Arthur.
— Arthur espera! — Ana segurou Arthur pelo braço faltando algumas casas até chegar até a dele.
— Aconteceu alguma coisa? — Arthur tinha um imenso ponto de interrogação no rosto. Desde que deixaram a estação o comportamento de Ana havia mudado.
— Será que foi uma boa ideia vir junto? Sabe a sua mãe não foi muito com a minha cara. Ela sabe que estamos namorando?
— Sabe. Não se preocupe com isso... — a puxou para perto — Ela é extremamente protetora, mas assim que ela conhecer você como eu conheço irá gostar de ti.
— Por que eu acho que não? Ela me falou umas coisas da última vez, engraçado ela sabia que podia te magoar. — Ana ficaria pensativa.
— Ela acha que toda garota que conhecer irá me magoar como a Elizabeth.
— O que aconteceu?
— Outra hora te conto sobre ela, vamos, já estamos atrasados para o jantar e o jantar na casa dos Shaller é sagrado.
— Promete me contar?
— Sim.
Arthur entrelaça seus dedos nos dela e vem a conduzindo até a entrada de sua casa. Enquanto pegava as chaves em seu bolso Ana observou a fachada daquela casa. Muito bem cuidada apesar de ser velha. Percebia que a pintura era recente e as grades que envolviam a escada que os levavam até a porta de entrada também estavam em ótimo estado de conservação. A última vez que esteve ali não conseguiu reparar nesses detalhes e como poderia a circunstâncias eram outras. Mas agora estava atenta a tudo e gostou, sentiu que aquilo combinava com o rapaz a sua frente. Assim que a porta foi aberta sua memória reacendeu e lembrou-se de como tudo era extremamente organizado. A casa que era pequena devido à organização virava um palacete diferente da do seu pai que era enorme, mas parecia minúscula justamente pela falta de organização que tomava conta.
— Mãe! — Arthur a chamou da porta de entrada ainda limpando seus sapatos no capacho e retirando seu casado. — Ana limpa os sapatos.
Ana ainda estava quieta parecendo uma garotinha assustada e faez o que ele pediu repetindo os mesmos gestos, esfregando seus tênis no capacho e lhe entregando seu casaco para que os pendure nos ganchos próximos à entrada.
Passando o corredor de entrada já dava para o primeiro cômodo: a sala de estar. A mesma em que Ana adormeceu da primeira vez que ali esteve. A sala era pequena e aconchegante, havia um sofá maior e duas poltronas de frente a ele e na parede em destaque estava à lareira que em seu peitoral havia vários portas retratos. Na outra extremidade havia uma estante com alguns livros e uma televisão ultrapassada que estava ligada nesse momento e um senhor de cabelos grisalhos estava ali entretido com o programa que passava.
— Pai! — Arthur o abraçou apertado.
Ana observava comovida aquela cena linda de pai e filho se abraçando. Pôde perceber naquele gesto que isso era algo que acontecia muito entre eles. Sobre os ombros de Arthur podia ver o rosto de seu pai. Ficou atônita parecia que via um fantasma. Como podiam ser tão parecido? Ela tinha consciência de que lembrava a sua mãe, mas os dois ali diante de seus olhos eram praticamente uma cópia do outro.
— Filho! Que bom que conseguiu vir hoje! — então percebeu a moça parada os observando — Ana?
— Oi, Sr. Shaller! — Ana respondeu timidamente.
— Desculpa, Ana. Que falta de educação a minha.
— Eu entendo não se preocupe. — Ana foi até eles e estendeu a mão para o pai de Arthur.
— Pode me chamar de Wesley e venha aqui! Quero um abraço. Acha que vou perder a oportunidade de abraçar uma moça linda assim como você? — e lhe deu aquele sorriso tão familiar, e se deixou ser abraçada.
— Estão aí. — a mãe de Arthur escutou uma movimentação estranha e veio da cozinha ver o que acontecia — Arthur, meu filho! — sorriu e lhe dá um beijo na testa — Ana. — olhou para a moça com aquele olhar que só as mães sabem dar quanto se sentem ameaçadas em perder o seu filho querido.
— Sra. Shaller. — Ana sorriu para Ellen tentando amenizar o clima.
— Pode chama-la de Ellen querida. — o pai de Arthur interrompeu — Linda a moça, não é? — diz olhando diretamente para a esposa.
— Sim é muito bonita. — Ellen desvia o olhar e encara Arthur — Deixa olhar para você. —observava o filho e passou a mão em seus cabelos — Quando vai cortar esse cabelo? — não esperou resposta e foi indo em direção à cozinha — O jantar está quase pronto. Daqui dez minutos irei servir.
— Ignore, Ana. — diz Wesley sorrindo — Subam para os quartos e deixem seus pertences lá. Se precisarem tomar banho; sejam rápidos. Você sabe como a sua mãe é com os horários.
— Tudo bem. Cadê Lilian? — Arthur seguia em direção as escadas pegando Ana pela mão.
— Não está. Seremos apenas nós quatro hoje no jantar, mas ela deixou tudo organizado para a Ana. — Wesley tornou a sentar em uma das poltronas e ficar atento ao programa que passava.
— O que ele quis dizer com quartos? — já estavam no meio da escada quando Ana se deu conta de que algo estava estranho.
— Esqueci de dizer. Você vai ficar no quarto de Lilian.
— Está de brincadeira? — ao olhar para ele perceberia que não — Sério isso?
— Aqui é um pouco complicado. Meus pais nunca deixaram nenhuma namorada minha ou namorado da Lilian dormir aqui e então quando disse que você viria minha mãe falou que tudo bem, mas não queria que ficássemos no mesmo quarto.
— E só agora você me conta isso. — Ana estava furiosa — Eu mal conheço a sua irmã.
— Por isso não falei nada, sabia que não viria e eu queria muito que viesse. — pegou da mão dela a mochila e foi andando pelo corredor apertado e parando de frente a segunda porta e abrindo — Mesmo porque minha cama é minúscula.
— Como se isso fosse empecilho!
— Aqui é o quarto da Lilian.
A porta foi aberta e lá estava escancarado a personalidade da irmã mais velha de Arthur. Ana já imaginava algo similar. A decoração suave com papel de parede florido e uma colcha linda em branco envolvia a cama, havia uma penteadeira em um canto e a organização também tomava conta do ambiente, mesmo nunca tendo entrado ali antes Ana sentia que poderia encontrar qualquer coisa que lhe pedissem.
— O quarto ao lado é o meu. — Arthur seguiu explicando aquilo que Ana já sabia.
— Eu sei que é o seu! — Ana bufou. Pegando da mão dele a mochila e colocando sobre a bi cama que já estava arrumada para ela — Esqueceu que estive lá?
— Desculpe Ana, mesmo.
— Tudo bem, cada casa tem suas regras eu que cresci em uma sem. Mas posso ir até seu quarto?
— Pode sim! — estendeu a mão para ela que corre até ele.
O quarto do Arthur é o oposto da irmã, porém havia algo em comum a bendita — ou seria maldita — organização. Nem os pôsteres de suas bandas favoritas ficavam fora de esquadro. Pareciam que foram milimétricamente posicionados daquela maneira. Havia algo lá que Ana amou; a estante repleta de vinis. Arthur era um saudosista, gostava do som que os discos em vinil faziam. Sua cama ficava posicionada embaixo da janela e do outro lado havia uma escrivaninha com alguns livros sobre cálculos. Ana jamais entenderia uma única palavra contida nesses livros.
— Gosto daqui. Principalmente dessa parte aqui! — Ana apontou para os discos e um sorriso invadiu o rosto dos dois — Me identifico mais com o seu estilo do que com da sua irmã, tirando a minha bagunça, lógico!
— O dela já foi pior, ou melhor, depende do ponto de vista.
— Aposto que tinham bonecas e era tudo rosa, inclusive as cortinas.
— Isso mesmo. — Arthur gargalhou lembrando de quando eram crianças — Eu era proibido de entrar lá.
— Imagino que devia ser. E você o que tinha no seu quarto?
— Eu sempre gostei de jogar futebol, nunca fui muito bom, mas jogava.
— Eu daria tudo para ver isso.
— Eu jogar futebol?
— Sim! Kevin e Liam eram ótimos jogadores.
— Imagino que deviam ser mesmos.
— Aprendi alguns truques com eles.
— Então é melhor te manter afastada de bolas, senão passarei vergonha.
— Arthur! Ana! — Ellen os chamava ao pé da escada — O jantar.
— Melhor descermos — Arthur faz menção em deixar o quarto.
— Antes venha aqui e me dê um beijo. Um beijo de verdade viu, daqueles que me deixa de pernas bambas e louca de vontade de fazer sexo!
— Sabe que não poderemos fazer sexo aqui?
— Cala a boca e me beija!
Arthur a beijou e as pernas de Ana amoleceram como sempre fazem. Nunca conseguiria explicar a sensação que sentia toda vez que aquele rapaz a tomava em seus braços. Camila estaria certa? Isso seria obra do "amor"?
Ellen interrompeu esse momento tornando a chamar os seus nomes. Ambos descem as escadas apressados e recebendo um olhar de reprovação da matriarca. A sala de jantar era um dos pontos altos daquela casa pequena. Havia ali uma mesa de madeira escura com oito lugares, uma cristaleira e um aparador que deixava o ambiente com pouco espaço para transitar. A mesa estava bem posta com todo o cuidado, os alimentos dentro de travessas de porcelana os pratos e talheres posicionados da forma correta. Um arranjo com flores arrematava a decoração. Ana achou aquilo lindo, em sua casa nunca comiam na mesa era sempre um em cada canto.
— Sua mãe é tão caprichosa. Não precisava de tudo isso para mim. Fico até mal em saber que lhe dei trabalho. — Ana falava baixinho para Arthur.
— Os jantares aqui em casa sempre foram assim. Não é trabalho algum, ela gosta, eu também gosto.
— Na minha casa nunca fizemos jantares assim, apenas no Natal.
— Sente-se, Ana. — Wesley apontou o lugar para Ana e ocupou o seu na cabeceira — Espero que goste de Chicken Tikka Massala.
— Está brincando! — Ana sentou toda animada ao lado dele na mesa — Adoro! Minha vó faz um delicioso.
— Sua avó ainda é vida, Ana? — todos vão se sentando e Ellen começava a servir — Me passe seu prato.
— É sim. Os pais da minha mãe ainda são, só os meus avós paternos é que já morreram. — Ana recebeu o prato de volta — Obrigada.
— Sinto por eles, infelizmente nem eu e Wesley não temos os pais vivos. Eles mal conheceram Arthur e Lilian, morreram quando ainda eram bem pequenos.
Ana olhou com uma cara triste para Arthur que retribuiu o gesto e no momento em que viu que Ellen terminou de servir a todos ia começando a comer, foi quando Wesley começou a fazer uma oração. O gesto dele pegou-a de surpresa, nem no Natal sua família fazia isso. Tentou puxar na memória qual foi à última vez que rezou e não conseguiu lembrar. Observou atenta os três e tentou repetir os mesmos gestos. Ao terminarem começaram a comer.
— Cadê Lilian? — Arthur questionava.
— Foi em um jantar com Robert e o pessoal do seu trabalho. — Ellen respondeu.
— Amanhã virão muitas pessoas? — Arthur seguiu com sua curiosidade.
— Não. Será somente nós e os pais do Robert. — Ellen continuou.
— O que achou Ana? Tão bom quanto da sua avó? — Wesley interrompe Ellen e Arthur.
— Nossa está ótimo que nem consigo parar de comer. — Ana respondeu animada. De fato a comida estava maravilhosa.
— Algo raro isso. Come igual a um passarinho. — Arthur lançou um sorriso travesso para Ana que aperta os olhos de volta.
— Por isso é magra e elegante. — Ellen interrompe — Apesar de que estou achando que você emagreceu. E quando vai cortar esses cabelos e fazer a barba?
— Não! — Ana sem perceber falou mais alto e todos pararam e olham para ela — A barba... Eu gosto dela. — terminou a frase bem baixinha.
— Ana, essa barba não é muito apresentável e esconde o rosto. Talvez devesse pensar em tirá-la. — Ellen vinha decidida em convencer o filho a fazer aquilo que ela julgava melhor.
— O cabelo concordo. Agora a barba, é tão linda! — Ana insistia na permanência da barba.
— Vamos ver isso. — Ellen respondeu levantando a sobrancelhas.
— Escuta aqui as duas! A barba e o cabelo são meus não esqueçam disso. — Arthur entra irritado na conversa.
A refeição seguiu com Arthur tendo de enfrentar um verdadeiro interrogatório de sua mãe. Wesley às vezes balançava a cabeça discordando de algumas atitudes de sua esposa. Ana seguia praticamente em silêncio. Algo havia lhe incomodado, ainda mais que Arthur dava respostas evasivas há todo momento. Arthur meio que respondia o que a mãe queria ouvir e isso deixou Ana decepcionada.
— Ana, você poderia me ajudar aqui na cozinha? — Ellen queria conhecer a menina melhor e não havia melhor momento que esse as duas sozinhas arrumando a cozinha.
— Claro que sim, Ellen. — e imediatamente Ana começou a recolher os pratos e os outros objetos e leva-los para a cozinha.
A cozinha da casa dos Shallers era grande e espaçosa em vista do restante da casa. Não havia equipamentos modernos, apenas os necessários e uma mesa com quatro cadeiras. Ana presumiu que o café da manhã era tomado ali. Depositou tudo em cima da mesa que Ellen ia organizando os alimentos em potes e a louça suja depositada na pia.
— Pode deixar que eu lavo. — Ana se prontificou em lavá-las Ellen não se opôs. — Até porque você sabe melhor onde guarda-las.
— E sou extremamente chata com organização, mas acho que você já deve ter percebido.
— Não diria chata. Meticulosa. O que não é ruim, afinal é fácil encontrar tudo. Não só aqui como na casa inteira. Se fosse até a casa do meu pai acho que teria um troço.
— Sua mãe não arruma?
— Ela nesse aspecto é melhor que meu pai, mas a casa dela também é uma bagunça perto da sua.
— Seus pais são separados?
— São! — olhou intrigada — Arthur não contou?
— Ele falou pouco sobre você. Apenas que estavam namorando, algo que eu estranhei pela aquela conversa que tivemos e depois o seu afastamento.
— Entendo. Realmente não era para acontecer e acabou rolando. Tentei ficar longe do seu filho, mas como evitar sendo ele quem é?
— E quem ele é, Ana? — os olhos azuis de Ellen estavam fixos em Ana e aquilo era estranhamente intimidante para a moça.
— A pessoa mais maravilhosa, incrível e generosa que conheci na minha curta vida. — Ana respondeu sem hesitar. Arthur era tudo aquilo mesmo para ela. — Arthur foi à pessoa que mais me ensinou em tão pouco tempo. Não estamos em uma troca muito justa, não tenho muito que retribuir.
Ellen ficou quieta. Gostou de ouvir o que Ana sentia, mas ao mesmo tempo ainda se sentia incomodada com a menina. Era muito diferente deles se Elizabeth que era igual fez o que fez o que essa menina não faria? O instinto protetor de Ellen estava em alerta máxima.
— Então você estuda artes? — Ellen seguiu com o interrogatório.
— Sim, artes plásticas.
— E o que pretende fazer depois?
— Como assim?
— Depois de se formar?
— No futuro pretendo ter meu próprio atelier, mas antes terei que trabalhar para outras pessoas. São tantas coisas que dá para fazer Ellen que não sei ainda definir. Tenho dois anos pela frente.
— Arthur se forma em breve.
— Eu sei. — Ana ficou séria. Essa informação doía.
— Fico aqui pensando como farão depois que ele se formar já que ele voltará para cá.
— Não estamos pensando muito nisso, pelo menos não agora é tudo muito recente.
— Acho que deveriam pensar a respeito, para depois não saírem machucados dessa relação.
A vontade de Ana naquele momento foi de jogar a louça daquela mulher no chão e perguntar qual era o problema dela estar namorando com seu precioso filho. Que ele era um rapaz incrível sabia, mas ela também era. Não entendia o motivo de tanta implicância. O que tinha de tão errado comigo? Era o que pensava. Mas ficou quieta, estava na casa dela e tinha Arthur, mas jurou para si mesma se a mulher continuasse a irritar pegava as suas coisas e ia para casa de sua mãe.
No outro canto da casa Arthur mantinha uma conversa saudável com seu pai. Sempre foram assim praticamente os melhores amigos um do outro. Wesley tinha muita admiração pelo filho, apesar de saber que a mãe o protegia demais, tinha algumas ressalvas sobre esse tratamento, porém entendia o que ela passou no passado e acabava deixando.
— Acho que vou salvar Ana da mãe.
— Deveria mesmo, desde que você falou que vinha com ela já começaram as implicâncias.
— Por que ela é assim?
— Porque te ama demais e quer te proteger.
— Ela me sufoca às vezes.
— Ela é mãe e quer o melhor para o filho dela. Antes de vê-la também estava com um pé atrás. Eu estava em recuperação, mas conseguia ver a sua angustia quando ela parou de te responder. Parecia que tudo ia voltar. — pela primeira vez naquela noite Arthur viu preocupação invadir o semblante de seu pai.
— Aquilo passou e não vai voltar acontecer. Ana é mais franca comigo. Eu consigo ler melhor o que ela está sentindo do que Elizabeth.
— Já falou com ela sobre Elizabeth?
— Ainda não. Ela vai me achar um babaca.
— Não acho que isso vai acontecer, porque você não é. É apenas um rapaz sensível que...
— Que demonstra fraqueza e insegurança por onde passa. — Arthur não deixou o pai terminar.
Era um assunto tanto dolorido quanto constrangedor para Arthur. Seguiu o caminho até a cozinha tentando tirar aqueles pensamentos que sempre o colocavam para baixo. Apesar do tempo que havia passado as cicatrizes ainda estavam aparentes. Ana foi à garota que fez com que acreditasse novamente no amor. Por ela abaixou a guarda, por ela decidiu voltar a se entregar e como era bom poder se permitir novamente, mas agora era diferente, parecia mais real.
— Como está tudo por aqui? Ainda vivas? — Arthur chegou de mansinho e interrompeu as duas.
— Menino bobo, claro que estamos. — Ellen responde não gostando da intromissão do filho.
— Posso roubar Ana?
— Pode sim já terminamos tudo aqui.
— Cadê ele? Cadê ela? — Lilian chegou toda eufórica — Mano! — saltou em cima dele abraçando — Ana! Meu Deus! Irmão! Como ela linda! Agora sim estou podendo te ver melhor, nada bobo você! — beliscou o irmão.
— Aí! — Arthur reclama passando a mão por onde a irmã beliscou.
— Olá Lilian. — Ana mal completou a saudação e Lilian a envolvia em seus braços.
— Correu tudo bem o jantar? — Ellen interrompeu.
— Tudo ótimo! Estou cansada isso sim, preciso dormir.
— Na verdade eu também estou. — Arthur dá uma alongada no corpo.
— Isso, vão dormir. O dia de amanhã será agitado. — os três iam deixando a cozinha — Ah! Lembrem-se cada um no seu quarto. — e novamente o gesto com as sobrancelhas.
— Isso da mãe foi o mais ridículo. — Lilian falava baixinho com os dois — Como se ela não soubesse que transamos.
— Eu não fico surpreso ela sempre foi assim. — Arthur dava de ombros.
— Não fica porque sempre obedeceu suas regras. Aposto que os pais da Ana não ligam para essas coisas.
— Meus pais não ligam para muitas coisas, não sei até que ponto isso é bom. Há um exagero da parte dela, mas temos que respeitar. A casa é dela, então suas regras. — Ana já havia se conformado, ainda mais depois da conversa que haviam tido.
— Viu até Ana concorda. — Arthur completou.
— Sabe espera ela dormir ai vocês dois podem sabem né... — Lilian piscou para os dois.
Ana riu e Arthur ficou sério.
— Com o sono leve que ela tem é melhor não arriscar. — Lilian completa — Vou nessa porque amanhã irei ficar oficialmente noiva! — correu para seu quarto.
— O que vocês conversaram? — Arthur estava curioso para saber o que aconteceu entre ela e sua mãe.
— Sua mãe me detesta! — Ana se jogou na cama dele. — Ela não é muito favorável ao nosso namoro, foi o que senti.
— Ela é apenas protetora.
— Não é só isso, Arthur. Só vou saber quando me contar o que aconteceu com você.
— Eu vou contar. Agora é tarde e é um assunto longo.
— Sempre fugindo. Não é justo! Eu contei tudo que aconteceu comigo. — suspirou fundo — Isso não é justo Arthur Shaller! — levantou da cama e saiu do quarto dele chateada com a sua relutância em falar sobre seu passado.
xXx
O silêncio da madrugada foi o suficiente para perturbar a noite de ambos. Seus corpos já haviam se acostumados a ficarem unidos e agora estavam separados por uma parede tão fina que conseguiam escutar a respiração um do outro.
Aquela sensação era sufocante para Ana que deixou aquele quarto. Precisava de ar e água, sua boca estava seca. Arthur apesar do cansaço também não conseguiu dormir rodava de um lado para o outro tentando acha posição na cama. Na verdade não era bem a posição que buscava e sim o corpo dela encaixado no seu. Escutou passos. Abandonou seu quarto e pôde ver Ana indo em direção à cozinha.
— Não consegue dormir? — Arthur sussurrava baixinho.
— Pelo visto você também não.
Nenhuma palavra mais seria dita. Os lábios deles estavam contraídos um no outro e o ar já lhe faltavam. Estavam na penumbra entrelaçados se embriagando pelo desejo quando uma voz mais familiar para Arthur do que para Ana interrompeu esse momento que estavam tendo e em um gesto impensado Arthur colocou Ana embaixo da mesa e sentou.
— Porque está no escuro? — Ellen havia acordado com o barulho.
— Não mãe! Não acende a luz estou com dor de cabeça.
— Deixa-me ver. — Ellen foi até o seu encontro e passando a mão sobre sua cabeça — O que está tomando?
Então ele viu o copo a sua frente que Ana havia depositado um pouco antes do beijo deles ter começado.
— É leite.
— Não quer que eu faça um chá?
Foi quando nesse momento Arthur sentiu a mão de Ana subindo por suas pernas e começando a lhe acariciar. Ana ficou muito brava com o que ele fez. E dessa forma quis provocar para lhe colocar em maus lençóis.
— Que foi menino? — Ellen percebeu que ele se remexeu na cadeira.
— Nada é só desconforto. — tentava afastar Ana dali.
— Vem vamos dormir.
— Pode ir. Vou terminar o meu leite e já subo. — a voz dele vinha fraca e ele ficou muito tenso com aproximação da mãe que se curvou na mesa.
— Tá esquisito menino. — Ellen depositou um beijo em sua testa e subiu.
Assim que ele se deu conta que a mãe estava no andar de cima abriu espaço para a Ana sair debaixo da mesa.
— Perdeu a noção? Ela podia ter te visto. — falava baixo, porém em um tom bravo.
— Você quem me colocou lá, se era para ser pegos seriamos em grande estilo! — olhou para o membro dele.
— Quer saber que se foda tudo isso! — Arthur com uma de suas mãos a puxou e com a outra abriu a porta que dava para o porão da casa.
— Sério que nós vamos? — Ana estava eufórica.
— Não é isso que você quer?
— Só se for isso que você também queria.
Arthur não respondeu e voltou e lhe beijar com mais urgência do que antes, as mãos dele buscam a parte íntima dela e assim Ana estremeceu.
— Vai ter que ficar quieta e não gemer. — Arthur sussurrava.
— Sabe como isso é difícil. — Ana respondeu tentando se controlar.
— Por favor, só não geme alto.
Arthur abaixou a calça do seu pijama e colocou Ana voltada de costas para ele apoiada na máquina de lavar. Ele abaixou a calça do pijama dela e ficou ali vendo a pele branquinha de suas nádegas e então não pensa duas vezes se abaixou e começa a lhe beijar. E vem entrando com seu rosto dentro dela até que sua língua encontra toda a excitação que Ana exalava. Ana abafava com a mão na boca seus gemidos.
— Quero você agora! —Ana sussurrou.
Ana apenas sente a primeira estocada e jogou o seu corpo para trás. Arthur segurava forte no seu quadril investindo com mais força, dessa vez ela jogou o corpo para frente e se agarrou na máquina de lavar roupa e à medida que ele ficava mais intenso Ana sentia uma necessidade incontrolável de gritar.
Gostava de fazer amor com ele, da forma como ele fazia suave e devagar. Agora estavam fazendo sexo por que o momento, a circunstância pedia por aquilo e fazer sexo com ele era melhor do que fazer sexo com os outros.
— Sobe na frente e em silêncio que eu vou logo atrás. — Arthur estava ainda se refazendo.
— Como? Não consigo andar. — as pernas de Ana estavam bambas.
— É não está fácil mesmo ficar em pé.
— Com quantas você fez isso aqui?
— Por que quer saber?
— Porque você já fez com outra aqui.
— Ana, apenas duas namoradas entraram nessa casa e a segunda foi você.
— Então trouxe ela aqui?
— Você é insistente!
— E você um chato! Eu te falei dos meus rolos e você não fala nada dos seus.
— Não gosto de falar, apenas isso. Tá eu fiz sexo com Elizabeth aqui algumas vezes. Namoramos por muito tempo e tinha que dar o nosso jeito, os pais dela são piores do que minha mãe.
— Enfim alguma coisa. Eu ainda vou arrancar tudo de você!
— Talvez você não goste de saber. Vai sobe e em silêncio. Minha mãe tem sono muito leve.
— Agora vai ser pior pegar no sono, porque quero bis. — Ana mordeu os lábios, sempre queria mais.
— Também! Por isso estou pedindo que você suba! Ana, ela vai acordar!
— Tá! Estou indo.
Ao contrário do que supunham o sono veio rápido. E no dia seguinte Ana tinha colocado em sua cabeça conseguir informações para aquilo que Arthur tanto evitava falar: seu passado com Elizabeth. Se não fosse por ele seria através de outra pessoa, mas ela tinha que saber.
xXx
Cada família com sua cruz! Ellen dá um tempo para os enamorados! E Arthur conte logo o que Ana quer saber! E vocês meus amores como estão??? Contem me tudo! Beijos e bom domingos a todos!
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