Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

9 - Talvez se você me desse um beijo

SALVEEEEEEEEEEEE

Espero que curtam o capítulo, votem e comentem se gostarem. Boa leitura! 💕

★ི꙰͝★

Acho que eu não odeio ele.

É um amontoado de bizarrice que me fazia querer, sei lá, gritar.

De frustração.

É uma merda está curtindo a presença de uma pessoa, as piadas, as manias, e não poder sequer saber como seria real reação dela ao receber um beijo seu. Ou a risada.

Porque é como se estivesse se olhando no espelho. Ela, na verdade, é você.

E eu me questiono todos os dias quando acordo, como? Como eu consegui me apaixonar por Jungkook no meio desse caos todo.

Completou três meses desde que eu havia me tornado outra pessoa — na forma mais literal conhecida pelo homem.

Talvez até desconhecida.

Faz três meses que eu e o motivo da minha falta de paciência havíamos trocado de vida.

Eu não sei, a cada dia que se passa, o que me deixa mais nervoso e assustado: nada indicar que voltará ao normal ou estar apaixonado por alguém que eu só via se olhasse no espelho.

Estar gostando de Jungkook me preocupa tanto quanto o fato de eu estar no corpo de outro alguém.

Não sou idiota. Sei que muitas coisas mudaram desde que tudo começou, a começar pelo fato de como tratamos um ao outro. Da minha parte, devo destacar. Assim como tudo o que eu sentia antes disso acontecer ficou mais forte depois que aconteceu.

Talvez eu nunca tivesse admitido, talvez eu não vá em outro momento, mas sei que esses sentimentos — que hoje eu não nego — já estavam aqui antes de Jungkook e eu trocarmos de corpo.

E por mais que eu tenha me esforçado para que nada disso acontecesse, meio que foi inevitável. A gente se aproximou demais em pouco tempo. Entretanto, ao mesmo tempo que eu não queria me deixar levar e ceder, eu não queria parar de sentir o que Jungkook me fazia sentir.

Porque é bom.

Faz tempo que não me sinto verdadeiramente na necessidade de proteger e cuidar de alguém que não seja meus pais ou Yoon.

A questão é que não dá para fazer nada em corpos trocados. Ainda me soa estranho beijar meu eu e não dá para, , olhar nos olhos dele – esses que são os meus olhos – e dizer que estou me apaixonando.

Não é assim que eu quero que as coisas aconteçam.

Da mesma forma que não é como se eu conseguisse dizer isso sem sentir que minha ansiedade iria atacar.

Por isso, tomei a decisão de guardar apenas para mim. Não quero que ninguém saiba que estou criando sentimentos por ele, tampouco o próprio. Porque quero pensar e só tomar alguma decisão quando tudo voltar ao normal.

Até porque, estar me apaixonando não quer dizer que o medo que sinto simplesmente tenha sumido. Ah, quem dera se fosse assim. Tudo ainda me deixa assustado, e estar evitando externar meus sentimentos faz eu me sentir, de alguma forma, mais seguro.

— Que foi?

Minha pergunta é feita no instante seguinte em que escuto Jungkook suspirar pela quinta vez num curto intervalo de tempo. Todavia, diferente das outras vezes, essa ele bloqueia o celular e o joga de qualquer jeito na cama, entre meu corpo e o dele. Por fim, cobre os olhos com o braço.

— Nada — responde. Eu continuo esperando que diga algo mais, porque está escancarado nos traços tensos do rosto que algo está o deixando frustrado, mas não diz.

Eu suspiro e pego o aparelho que ele jogou ao meu lado, desbloqueado ao digitar a senha.

É feio bisbilhotar? Óbvio. Contudo, eu tenho a desculpa de que o celular é meu. Porque é mesmo meu.

Assim que destrava, em vez de ir direto para a tela inicial, dá num site que Jungkook sequer fez questão de sair antes de bloquear.

É um artigo.

— Transmigração das almas? — leio em tom de pergunta.

Eu o escuto suspirar de novo e o fito a tempo de vê-lo tirar o braço que cobre os olhos para me olhar.

— Eu estava tentando achar algo que justificasse... isso. — Aponta para ele mesmo e depois para mim. — Na verdade, tenho feito isso nos últimos meses.

— E... — Eu me sinto nervoso sempre que entramos nesse assunto. E é um nervoso ruim. — O que você encontrou?

Jungkook dá de ombros e volta a olhar para o teto.

Nada. — Percebo desânimo em sua voz, me faz crer que já está cansado de continuar procurando. — Transmigração de almas foi o mais parecido... mas, mesmo assim, não tem nada a ver.

Eu havia desistido de pesquisar sobre aquilo no primeiro dia, porque é uma coisa mais absurda que outra — não que trocar de corpo com outra pessoa seja menos, porque não é. O fato é que Jungkook não. Jungkook continuou procurando. E saber que ele não achou nada é até mesmo desanimador.

Deitado de bruços, eu bloqueio o celular e o deixo na cama, suspirando ao cruzar os braços e apoiar meu queixo neles, ainda olhando para Jungkook.

Ele encara o teto, deitado ao meu lado. Estamos no quarto já faz um tempo, é meio de tarde.

— E o que isso diz? — questiono baixo.

O garoto pisca e me olha por um tempo em silêncio, antes de chegar mais perto e deitar de lado, com o cotovelo no colchão e o rosto apoiado na mão. Agora, me olha com mais de atenção.

— É baseado na ideia de que uma alma pode passar de um corpo e ocupar outro, humano ou de um outro animal. — Com a mão livre, toca meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. — Almas são consideradas emanações do espírito divino. Cada alma passa de um corpo para outro em um ciclo contínuo de nascimentos e mortes.

— Tá, e... por que não é nosso caso?

— É como encarnação. Acontece depois da morte. Só não é, de fato, encarnação porque, na transmigração, morremos e nossa alma troca de corpo para um que já esteja vivo. Que já tenha passado pelo nascimento e a infância, mas que não esteja velho ou, sei lá, morrendo. Transmigração toma o corpo de outra pessoa. — Desliza as costas do indicador pela minha bochecha. — O fato é que... não morremos, Ji. Simplesmente trocamos de corpo. E ambos estão conscientes. Não há nada parecido com isso em tudo o que eu já li.

O tom dele é uma mistura de medo com angústia e cansaço.

Eu fecho os olhos e suspiro, sentindo sua mão ainda acariciar meu rosto.

— Mas eu li algo que me chamou atenção — continua e eu permaneço de olhos fechados. — Talvez não tenha nada a ver, mas... Transmigração acontece quando um espírito divino ou, sei lá, um enviado de Satã ou Deus, ou qualquer outro deus, tenha que cumprir algo aqui. Como um objetivo. Uma meta.

— E você acha que isso aconteceu com a gente porque temos que fazer alguma coisa? Cumprir alguma coisa?

— Não sei, coração. Eu não sei de mais nada. Mas talvez possa ser. Não tem mais nada que justifique, entende? Nada.

Abro os olhos.

Como estou com os braços cruzados embaixo do queixo, apenas ergo um pouco a mão e toco a dele que ainda me faz carinho, enrolando nossos dedos um no outro.

— E o que você acha que temos que fazer? — pergunto.

Ele fica um tempinho em silêncio, acariciando a minha mão.

— Não sei. Talvez se... você me der um beijo gostoso... — Espremo os olhos na direção dele, que sorri meio de lado. — Qual é, paixão. E se for? Você sempre me negou.

— Por que tudo isso aconteceria apenas por causa de um beijo?

— Sei lá, Jimin. Mas vai que...

— Jimin? — Enrugo o nariz.

— Você pisava em mim antes disso tudo. Se não fosse pelo que está acontecendo, nós nem estaríamos tão próximos como agora. — Engulo em seco. — Qual é... Quando você se imaginou tomando banho comigo? — Não respondo. — A questão é que só vamos saber se é o beijo se a gente se beijar.

— A questão é que eu vou me beijar. E você vai se beijar.

— Nossos corpos vão estar se beijando, de qualquer forma — rebate em tom manhoso. — Mesmo que eu seja você, o meu beijo ainda é o meu beijo. A técnica é diferente, saca?

— Meu deus... — Afundo o rosto nos braços, porém, não solto a mão dele.

— Vamos, coração. Um beijinho não mata ninguém — senti ele chegar mais perto ainda de mim. — Se esse não for o desfecho pra gente voltar ao normal, não precisamos repetir. Mesmo que eu queira te beijar todos os dias.

"Mesmo que eu queira te beijar todos os dias."

Escutar isso foi... não sei. Me deixou arrepiado até o último fio de cabelo. Todos os pelos do meu braço subiram.

A questão é... Eu estou hesitando. Eu realmente estou ponderando a possibilidade de beijá-lo. Se fosse há uns meses, eu negaria sem hesitar. Sem pensar duas vezes.

Parece tão confuso agora.

— Olha para mim, motivo do meu sorriso — sussurra. Está mais perto, sei porque sinto seu hálito quente bater na minha orelha quando falou.

É curioso como as coisas tomam rumos qtue a gente não faz ideia que vai tomar. Eu poderia só dizer que ele está louco e pedir para não tentar algo do tipo nunca mais, mas não faço isso.

Eu decido deixar esse momento — esse em específico — rolar.

Ao tirar o rosto dos meus braços, ergo a cabeça sem pressa, talvez até mesmo apreensivo. Percebo o quando Jungkook está perto quando meu nariz esbarra na lateral do dele e, cacete, a gente praticamente respira o mesmo ar.

E meus estão olhos fechados desde o momento em que ergui, por imagino Jungkook por inteiro na minha frente e não a minha figura possuída por ele.

— Mas eu só vou fazer isso se me disser que quer — diz baixo, tocando a testa na minha. Sinto seu hálito morno bater em minha boca tamanha proximidade.

Sendo sincero? Eu quero mesmo era empurrar ele para longe. Quero muito. Meu deus... como eu quero. Entretanto, mais que isso, eu quero um beijo dele.

Não apenas um, na verdade.

E eu teria respondido que sim, que quero, ou eu mesmo teria o beijado.

Teria.

Porque eu esqueço que a minha mãe não bate na porra da porta antes de entrar.

Meu Deus, eu não queria atrapalhar! — A euforia dela deixa claro o quanto está decepcionada consigo mesmo. Eu não preciso olha-lá para ter certeza. — Finge que eu não apareci e, por favor, voltem a se beijar.

Ela quer que eu o beije mais do que eu mesmo, isso é um fato.

— Não atrapalhou nada, mãe — falo ao desviar o rosto e soltar a mão de Jungkook. Por fim, sento na cama. — Não ia acontecer nada.

Assim como o tom, a cara da minha mãe é de decepção. Não comigo, não com Jungkook, mas consigo mesma por ter estragado o momento.

Fico de pé e pego meu celular, passando por ela para no limiar e deixando os dois para trás, mergulhados num silêncio constrangedor que, com certeza, eu não quero enfrentar.

Por que não é mais fácil? — murmuro comigo mesmo, descendo os degraus da escada com pressa. Ao me jogar no sofá, solto um suspiro de frustração e enfio a cara na almofada do estofado.

🔮ི꙰͝꧖๋໋༉🔮᭝

Com o passar das semanas, nada do que aconteceu foi conversado. Não tocamos mais naquele assunto, tampouco aconteceu de novo.

Nem Jungkook e eu, muito menos com a minha mãe.

Eu subtrai o momento da minha cabeça e eles fizeram o mesmo.

Entretanto, por mais que não demonstrasse, eu sabia que Jungkook havia ficado chateado. Eu não quero, só que é inevitável não machucá-lo. Eu não quero, mas não tenho controle.

Porque afastar Jungkook sempre me parece ser a melhor alternativa quando a gente se aproxima demais.

— Vai me dizer o que aconteceu entre você e o Jeon? — Yoongi pergunta, me cutucando por baixo da mesa de madeira.

Estamos sentados no pátio, no intervalo. Só nós dois e Hoseok. Eu consigo ver o Jungkook de onde estou, porém ele não está aqui com a gente.

Não temos nos falado tanto desde o nosso quase beijo.

— Nada. — Desvio os olhos quando vejo o garoto que Jungkook está conversando tocar o rosto dele.

Junto com a nossa falta de interação, Jungkook saiu dando em cima de todo mundo nas últimas semanas.

— Por que você acha que aconteceu algo? — Ergo o olhar para Yoongi, que me olha como se a resposta fosse óbvia.

— O garoto já fodeu com metade do seu time de basquete. Só nessas duas últimas semanas.

— O time não é meu e já conversamos sobre ele ficar com pessoas. — Dou de ombros sem preocupação. Ele estreita os olhos na minha direção.

— É sério que você não sente nada? Não é a primeira vez que vejo vocês distantes e que ele faz isso.

De repente me pego pensando no porquê de termos entrado nesse assunto. — Eu deveria sentir algo?

Hoseok mexe no celular. Sei que não quer se meter na conversa. Ele sempre tenta ficar fora de confusões. Do contrário, o Yoon ama um bate boca.

Meu amigo achou o equilíbrio que precisava na vida: Hoseok.

— O que você sente? — me pergunta.

Ergo os ombros e me mantenho quieto.

— Tem um motivo pelo qual ele faz isso. — Eu realmente não esperava que Hoseok dissesse algo, tanto que me surpreendo quando o escuto. Ele não tira os olhos do celular quando fala. — Não condene o garoto sem saber. — Ergue os olhos para mim. — Porque as suas atitudes, Jimin, são babacas igual.

— Eu sei, caralho. Por isso não impeço ele de ficar com quem quiser — rebato, cruzando os braços.

Yoongi suspira cansado e aponta para o lado. Eu olho mesmo sabendo que aponta para Jungkook. Antes ele apenas conversava com o garoto, agora está aos beijos.

— Tem certeza que não sente nada, Jimin? — Yoongi insiste. — Por que não tenta conversar com ele?

Trinco o maxilar e me forço a parar de olhar.

— Ele está recebendo a atenção que quer, não tá? A gente já conversou sobre isso, para de me encher o caralho do saco — digo e fico de pé. A ideia era passar o intervalo com eles, mas Yoongi conseguiu mandar a minha paciência para a casa do cacete.

Quando me afasto, é para o lado oposto ao que Jungkook está.

Jungkook não precisa que eu dê falsas esperanças a ele, me sinto menos egoísta sabendo que outras pessoas estão dando a atenção que ele busca. Porque eu não posso dar. Não ainda.

Porque não vou conseguir corresponder aos sentimentos dele. Eu me conheço.

— Aí, capitão!

Quando me viro, já quase no final do corredor, vejo Jaehyun, líbero reserva do time, parado no limiar de uma das salas de aula. Ele é meu substituto caso aconteça alguma coisa durante os jogos.

— Vou dar uma festa hoje à noite — diz enquanto se aproxima com as mãos no bolso do uniforme. — Aparece lá.

— Vai ter álcool? — Acha graça.

— Óbvio.

— Presença confirmada.

Eu preciso ficar tonto, preciso beber.

— E pode levar seu namorado — ele diz, parece estar me provocando. Eu bufo.

— Eu não tenho namorado. Ele não é nada meu. — Jaehyun sorri mais.

— Ótimo. — E flerta comigo ao me lançar uma piscadela. — Te espero lá então, capitão.

Antes de se afastar outra vez, deixa um beijo demorado no canto da minha boca. No canto mesmo, sinto nossos lábios se tocarem de leve.

Talvez se eu...

Ah, eu vou. Com certeza eu vou.

— Aí! — chamo a atenção dele, que já está quase de volta na sala. Espero virar e me olhar para dizer. — Fala um sabor.

Jaehyun sorri e passa a língua entre os lábios.

— Eu já tenho de menta. Mas, se você quiser mais variedade, gosto de morango — diz sem tirar o sorriso do rosto, e aí volta para dentro da sala.

Eu mereço, vai? Eu mereço uma boa noite de sexo. Sei que ele beija bem porque ele foi um dos caras que eu peguei na festa do Hoseok há meses. Ele já pegou o Jimin e acha que vai pegar o Jungkook. Quando, na verdade, é a mesma pessoa.

Continuo o caminho até a minha sala com um sorriso no canto da boca. Fico dentro dela até o intervalo acabar, conversando com algumas pessoas que colam em mim.

Ser Jungkook por meses fez com que eu me soltasse um pouco mais em relação a interação humana. Eu costumava conversar apenas com Yoongi, agora falo com metade do colégio. E não que conversar apenas com uma pessoa fosse um problema, óbvio que não. Yoongi é tudo para mim. O fato é que ser Jungkook quebra um lado meu que me impedia de interagir com outras pessoas por medo de gostar delas, e elas de mim. Agora usa a identidade do Jungkook para isso.

Eu conheci pessoas muito legais. Elas são sinceras e me fazem rir. Outras, por outro lado, é muito fácil notar a falsidade. Eu não posso esquecer o fato de que metade daquelas pessoas anda comigo porque Jungkook é popular e não porque, de fato, gostam dele.

Geralmente corto interação com essas pessoas ou invento uma desculpa para sair de perto.

Quando o intervalo acaba, só vejo os outros dois de novo no fim das aulas. Hoseok só volta na quinta, e última, aula e confirma o que eu já sabia: ele matou aula com Yoongi.

— Você vai na festa do Jaehyun? — Yoon pergunta para mim quando nos encontramos no corredor no término da última aula.

— Uhum. Vocês vão?

— Claro — Jungkook diz e não me surpreende.

— Estou decidindo se fico em casa com o Hobi ou se vamos. — Hoseok joga um dos braços por cima do ombro do meu amigo.

— Vocês vão trepar de qualquer jeito, nem faz diferença o lugar — murmuro e o ruivo ri.

Como ainda é sexta-feira e tenho treino, ficamos perambulando pela escola mesmo. Mas não acontece nada demais comparado aos outros dias. Nós só treinamos as jogadas e corremos pela quadra, como tem sido.

Na verdade, a única coisa diferente que rola é a metralhada de olhares e sorrisos que Jaehyun e eu trocamos.

— Te vejo lá? — ele pergunta, saindo da quadra junto comigo.

— Com certeza. — Minha resposta vem junto de um sorriso. Me lança outra piscadela e continua o caminho em direção ao vestiário, já eu vou até Jungkook na arquibancada. — Vamos?

Passo as costas da mão direita na testa e tiro o excesso de suor.

— É impressão minha ou o Jaehyun estava flertando com você? — questiona enquanto fica de pé.

— Sei lá, impressão sua. — Ele espreme os olhos na minha direção, mas vem junto de mim quando começo a andar.

— Hm... — murmura e não diz nada mais depois.

Assim como eu.

🔮᭝

— Mãe. Pai — chamo a atenção dos dois ao descer do quarto para a cozinha.

Meu pai havia chegado mais cedo do trabalho nesse dia, ele costuma chegar um pouco mais tarde. Geralmente isso acontece quando ele cobre ou vai cobrir algum amigo dele. Daí eles trocam os horários.

Depois que voltamos da escola, Jungkook e eu ficamos no quarto, como sempre antes do jantar. Porém, hoje em específico, não ficaremos para ele.

— Vai rolar uma festa na casa de um amigo. Posso ir? Jungkook também vai. — Acho que pedir autorização aos meus pais vai ser algo que eu vou fazer até quando ficar mais velho. E não que eles fossem me proibir de ir, é só... Sei lá, costume.

— Sabe as regras, não sabe? — minha mãe pergunta.

— Não beber demais. Não usar drogas. Não engravidar ninguém. Não ser preso. Voltar antes do amanhecer e avisar se for ficar — repito quase que de maneira robótica.

— Gravou? — meu pai questiona a Jungkook.

— Acho que sim. — Os dois espremem os olhos para ele. — Gravei, relaxem.

— Então... — Se entreolham. — Tudo bem. Podem ir. Cuidem um do outro.

— Pode deixar — Jungkook garante, despedindo-se de cada um com um beijo na cabeça.

Eu faço o mesmo antes porque é costume, assim como Jeon também adquiriu desde que veio — praticamente — morar aqui. Em seguida, deixamos a casa rumo a festa.

— Você está com raiva de mim? — ele quebra o gelo ao dizer. — Nem me esperou para ir para a sala depois do intervalo hoje de manhã.

Não me surpreendo quando segura a minha mão. Não o impeço, apenas franzo o cenho e olho para ele.

— Por que eu estaria com raiva de você? — Ele dá de ombros. — Eu só... — Volto a olhar para frente, enfiando nossas mãos unidas no bolso da jaqueta de capitão que visto por cima da camiseta branca sem estampa. — Só me senti meio enjoado. Mas estou melhor agora.

Não uma total mentira.

— Tem certeza? — Assinto.

— Você sabe onde ele mora? Porque eu não faço ideia.

Jungkook acha graça. — Sei, coração.

Por fim, pegamos um ônibus. Jaehyun mora perto da escola, e como nós não queremos ir andando por ser praticamente noite, pegamos o primeiro ônibus que passou que vai para aquele lado. Em dez minutos estamos descendo no ponto mais próximo; segundo Jungkook.

A porta da casa está aberta, tem algumas pessoas do lado de fora bebendo e fumando. O som não está tão alto como na festa do Hoseok.

Solto a mão de Jungkook e entro na casa junto deles, e é o tempo de olhar em volta para que ele aparecesse com um copo de cerveja na mão. Impressionante.

— Vai com calma, tá? Não vou socorrer você se ficar bêbado. — Ele deu um sorrisinho e toma um gole da bebida. — Não estou brincando.

— Está tudo sob controle — me garante.

Rolo os olhos, instantes depois sorrio para duas garotas que passam por nós e me elogiam. Enquanto isso, Jungkook segue elas com o olhar até as duas sumirem no meio de todo mundo. — Você é ridículo, diabo.

Me olha e ergue os ombros.

— O quê?! Você tara os garotos e eu não posso tarar as garotas?

— Faz muito tempo que eu não taro alguém, me respeita. — Ele ri. — Você tara todo mundo toda hora.

— Isso é um problema para você? — Arqueio umas duas sobrancelhas.

— Não já conversamos sobre isso? — Não diz nada, mas a impressão de que quer que eu o impeça de ficar com outras pessoas ainda me deixa encucado. — Eu não tenho nada a ver com isso. O problema é seu.

— Hm... — solta e muda de assunto. — Yoongi vai vir?

— Vai. — Mordo o canto da boca. — Vou dar uma volta, ok?

— Não posso ir com você? — Enrugou a testa e olho para ele.

— Não. Vai comer alguém, vai? — Dou dois tapinhas em seu ombro e saio de perto dele logo em seguida, me esgueirando por entre as pessoas.

Entretanto, não preciso andar tanto para encontrar o que quero.

— Me procurando? — o rapaz fala próximo a minha orelha, alto o suficiente para sobressair a música.

Me viro de frente e sopro um riso ao ver Jaehyun.

— Você não se parece tanto com um banheiro, mas ok. — Ele ri com graça.

— Ok, capitão, vou fingir que acredito em você. — Pende a cabeça para o lado. — Vamos, eu te mostro onde fica.

Ele vai na frente, eu mordo o canto da boca e dou um passo largo para não perdê-lo de vista; meu corpo mostrando o quão ansioso estou. Pela escada, o sigo até o primeiro andar. Há bastante pessoas se agarrando no corredor, além da fila enorme do banheiro. Pelo jeito a festa está rolando há um tempo.

— Bom... Boa sorte na fila — ele diz, apontando para o final dela.

Eu rio e relaxo as costas na parede oposta ao que se forma a maldita fila, ficando de frente para o líbero.

Como eu, Jaehyun usa a jaqueta do time por cima de outra camisa qualquer; e eu agradeço por ela estar desabotoada na frente, porque é por aí que eu o puxo para mais perto.

— Você não quer ir ao banheiro, não é? — Sorrio, sentindo a perna dele encaixar entre as minhas.

— Não... — É a vez dele rir.

— Eu imaginei. — Abana a cabeça de um lado a outro. — Não faz diferença agora, de qualquer forma.

A iniciativa do beijo vem dele, mas o controle é todo meu. Eu dito e retribuo sem hesitar, com a mesma vontade que sou prensado na parede pelo anfitrião.

Eu não tenho ideia do quanto ficamos no corredor, trocando toques e intenções que transbordam desejo. Chega num momento que minhas mãos encontram a bunda do rapaz, e as dele começam a deslizar pelo meu abdômen por baixo da camisa.

Minha vontade de continuar sem ter ninguém para acabar com a minha felicidade pelo menos UMA vez me faz ignorar meu celular vibrando vez ou outra no bolso.

Quem quer que esteja me mandando mensagem, pode esperar uns quinze minutinhos.

Quinze minutos é tudo o que eu quero, não precisa ser uma foda decente.

Eu só quero UMA foda, não estou sendo exigente.

— Vem — chama ao findar o ósculo caótico com uma mordida. — Vamos sair daqui.

Ele segura a minha mão e me guia pelo corredor até o final dele, entrando na última porta.

É um quarto.

Jaehyun mal fecha a porta depois que entro e ele já vem para cima de mim, voltado a juntar a boca na minha sem muita delicadeza. Eu sorrio, achando graça da pressa dele em tirar a minha jaqueta. É claro, também me livro da dele — onde já se viu deixar o rapaz pelado sozinho, falta de educação.

E parando poucas vezes nosso beijo, tiramos a roupa um do outro sem perceber. Tipo: toda a roupa.

— Opa — solta quando cai sobre mim ao me jogar na cama, e então a gente ri junto sem motivo.

— Vai logo — apresso, abrindo um pouco mais as pernas para que ele se encaixe entre elas.

— Ok. Ok. Sem pressa. — Apoia as duas mãos no colchão ao lado da minha cabeça e ergue o tronco, sustentando o peso sobre mim. — Quer menta primeiro? Ou morango?

— Qualquer um, não vou fazer um oral em você agora. — Arqueia uma das sobrancelhas. — Depois talvez. Mas agora, só me come. Acha que consegue?

— Ah, Jungkook, você me subestima. — Engulo em seco.

Jungkook... Que raiva! Eu tinha esquecido desse detalhe.

Droga! Eu tinha mesmo que lembrar dele agora?

— Então adianta. — Expulso Jungkook da minha mente.

Jaehyun solta uma risadinha atrevida e se ajoelha, catando a calça no chão para pegar o preservativo do bolso. Eu já posso sentir os espasmos correrem pelo meu corpo apenas por saber que, em alguns minutos, estarei desfrutando das sensações de uma bom sexo.

Na verdade, é bom sonhar às vezes. E é óbvio que o que a sensação que descrevi acima não passa de uma utopia, porque o mundo resolve dar as caras e dizer — depois de dar uma risadinha sarcástica: hoje não, mortal. Hoje não.

E é aí que a porta se abre.

— Inferno! Eu esqueci de trancar — Jaehyun resmunga, se livrando da calça já com o pacotinho da camisinha na mão. É, Jaehyun, você esqueceu de trancar.

Eu provavelmente teria só ignorado quem quer que seja ali. Com certeza eu teria continuado a sonhar com meu futuro glorioso orgasmo.

Teria, pretérito mais-que-imperfeito.

— E eu aqui, preocupado com você — ele sopra um riso irônico ainda parado na porta, segurando a maçaneta. — Na moral, Park Jimin, na moral.

— Jung–

E bate a porta ao fechá-la.

— Espera... — Desvio os olhos da porta para o garoto em cima de mim. — Ele falou mesmo na terceira pessoa? Ou te chamou de Park Jimin?

Broxei.

Eu respiro fundo, me questionando se é um castigo de deus por ter decidido ser ateu, e afasto Jaehyun com gentileza. Só então consigo me sentar no colchão.

— Ele me chamou, na verdade. Eu sou Park Jimin. — Escorrego para a beirada da cama. — Aí... foi mal. Vou ter que resolver isso.

— Quê?! — Cato e visto a cueca. — Tá brincando, né?

— Ahn... — Fico de pé e visto a calça. — Na verdade, não. Foi mal mesmo, eu preciso cuidar dele.

Visto a camisa e seguro a jaqueta, enfim olhando para o jogador que ainda está sentado no meio da cama. O cenho franzido até que o deixa mais atraente.

— Olha... Você beija bem, tem uma pegada do caralho e eu estava mesmo afinzão de transar com você, Jae, mas... — Suspiro. — Mas preciso mesmo ir atrás dele. Desculpa.

— Eu tenho certeza que ele consegue se cuidar sozinho, Jungkook. — Dou passos para trás, em direção à saída.

— Não, não consegue. — Abro a porta. — A gente... se vê no treino. Tá?

É a última coisa que digo antes de sair do quarto e ir atrás do Jungkook.

A missão agora é encontrá-lo.

Tento não me importar tanto com toda essa situação, contudo, meu corpo me engana. Eu quero não ligar para isso, para ele, mas o procuro por toda a casa do líbero.

— Jungkook... cadê você? — Me pego perguntando para mim mesmo depois de revirar todos os cantos e não encontrar o garoto.

— Achei que você tivesse ido embora com o JK. — Encontro Yoongi no meio da galera.

— Ele foi embora? — Passo a mão nos cabelos, jogando-os para trás. Tento disfarçar, mas esse tique me denuncia.

— Há uma cota já.

— Ele disse para onde? — Nega.

— O que você fez, hein?

— Nada de errado — é a minha resposta. — Mas valeu, vou procurar ele.

Yoongi não me impede ou tenta intervir, no fundo acho que só não quer se meter numa briga que não é dele. Eu enfio a mão no bolso enquanto saio da casa, puxando o celular. Na rua pouco iluminada, caminho rente ao meio-fio com o celular contra a orelha.

Sinceramente? Eu não faço ideia do porquê de eu estar tão preocupado em me explicar.

Eu não preciso explicar nada.

— Nochu... — Aperto o aparelho contra o rosto e choramingo quando cai na caixa postal. — Me atende, vai? Nem que seja só para dizer que eu sou um idiota. Por favor. Me liga. Ou... só me avisa onde você está. Eu... estou preocupado. — Ao fim da mensagem de voz, finalizo a ligação e continuo perambulando em direção à rua principal.

Passa das onze da noite e, na moral? Estou perdido. Eu não sei se vou direto para casa e o procuro lá, ou o espero chegar caso ele não esteja lá. Ou se continuo procurando já que ligar para os meus pais está fora de cogitação.

O fato é: onde procurar?

Depois de dez minutos rodando, passo pela nossa escola e resolvo parar na praça que tem na frente. A ideia é tentar ligar mais algumas vezes ou esperar por mais alguns minutos antes de, de fato, voltar para casa.

Meus pais surtam se eu contar que perdi o garoto.

Suspiro alto e me sento em um dos bancos de concreto, apoiando os cotovelos nas coxas enquanto seleciono seu contato para, pela enésima vez, gravar uma mensagem de voz.

Sei lá quantas já foram.

— Para de entupir meu celular de ligação. Puta merda, eu estou aqui. — Meu deus inexistente, eu nunca fiquei tão aliviado em escutar a minha própria voz.

Eu aperto o aparelho em mãos e olho por cima do ombro, Jungkook está parado há alguns passos. As mãos enfiadas nos bolsos traseiros da calça jeans.

— Custava ter me respondido? Nem que seja um "estou vivo, caceta, para de encher o saco"? — Ele dá de ombros, despreocupado, e vem sem pressa na minha direção.

Próximo o suficiente, solta o corpo sobre o banco ao sentar ao meu lado.

— Achei que estivesse ocupado — murmura, afundando no banco. — Bom, você estava quando eu saí de lá, pelo menos.

— Você está puto? Por quê? — Me olha, mas não fala nada. — Qual é, era só ter me respondido. Eu fiquei preocupado...

Guardo o celular e solto o ar dos meus pulmões, relaxando todos os meus músculos tensos.

Após isso, Jungkook solta um arzinho breve pelo nariz.

— Ficou mesmo? — É, ele está puto. — Você me larga, some, eu fico meia-hora te procurando, encho a porra do seu celular de mensagem e ligações, realmente preocupado com você, e te encontro transando com o Jaehyun. O Jaehyun, sério? O cara é do seu time, cacete.

Explodo numa gargalhada alta, irônica, que ecoa por toda a praça.

— Fala o que trepou com metade da escola, é impressionante. São seus amigos, inclusive. V–

Hoseok é meu amigo — ralha, essa sendo a primeira vez que vejo um tom tão ríspido vindo dele.

— Ah, Jungkook, sem motivo para esse seu show — rebato, passando a mão no rosto. — Você transa com todo mundo e eu nunca disse nada. Me erra, vai?

É a vez dele rir.

— Então você está fazendo isso por vingança? — Enfim olho para ele. — Porra, Jimin. Beleza que eu fico com várias pessoas, mas em momento algum eu sumi e não disse nada. Presta atenção. Eu sempre falo onde e com quem eu estou justamente para você não ficar igual eu fiquei. Rodei a porra daquela casa inteira e te liguei várias vezes para ver aquilo. — Acho que mais do que puto, Jungkook está quebrado. — Foda-se que você beija e transa com outras pessoas, mas eu não quero ver. Machuca.

— Engraçado... Te machuca me ver com outra pessoa, mas você mesmo fica com outras pessoas.

— Porque você não fica comigo! — se exalta. — Eu nunca te cobrei nada. E nem vou. Respeito o seu "bloqueio emocional", só que é foda ver você me rejeitando e indo parar na cama de outra pessoa logo depois.

— E você fez o mesmo? Não só na minha frente, como na frente da escola inteira. — Ele bufa.

É impressionante a facilidade que temos para iniciar uma discussão.

Pra variar, estamos discutindo.

— Eu estava com raiva de você porque a gente fica bem e aí você diz que tudo não significou nada. Que não era nada. Que me odeia. Que não se importa. Você pode, pelo menos, esperar eu sair de perto para dizer que, sei lá, nosso quase beijo não é nada para você, ou que "a gente" nunca vai acontecer? Eu te curto de verdade e não gosto de escutar isso. E o pior de tudo é que você sabe. — Ele ri sozinho, é um riso até mesmo triste. — É inútil falar isso com você. Eu sei que vai acontecer de novo. A gente vai se dar bem e aí você vai se afastar. E aí eu vou ficar puto e chateado e vou sair trepando com todo mundo. E isso vai acontecer de novo. E de novo. E depois de novo. — Ri outra vez, desviando os olhos para uma árvore. — Vamos ver até quando a gente aguenta, Jimin.

Mordisco o lábio inferior e fico encarando o garoto por um tempo até abaixar a cabeça. Com as duas mãos, esfrego o rosto em agonia.

— Eu não transei com ele — admito, não sei exatamente o porquê.

Jungkook até abre a boca para argumentar, porém, parece pensar duas vezes e desiste.

— Não importa, de qualquer forma. — Fica de pé. — Eu quero ir para casa.

Fecho os olhos com força, inspirando e expirando o máximo que meus pulmões me permitem. Por fim, também fico de pé.

— Você não pode ficar com raiva de mim por transar com outra pessoa — resmungo. E demora um bocado para Jungkook dizer algo.

— Não ficou óbvio ainda? Eu não estou com raiva por causa disso. Transe com quem quiser, Jimin. — Ele dá o primeiro passo em direção à nossa casa e eu faço o mesmo, me pondo ao seu lado. — Estou chateado por me evitar e dar atenção a outras pessoas. Nunca foi sobre sexo.

Enfio as mãos nos bolsos. — Não iria significar nada, Jungkook. Era só uma transa. Exatamente como você faz com as pessoas que você dorme.

Jungkook não abre a boca para dizer mais nada o resto do caminho. Nós ainda conseguimos pegar um ônibus, então poucos minutos já estávamos em frente de casa.

É um inferno estar sentindo essa dor. Eu não quero que ele fique chateado comigo.

A última semana não tem sido das melhores. Eu me afastei por causa daquele maldito quase beijo. Ele, magoado, também resolveu se afastar... e sair com todo mundo.

Eu não quero me sentir incomodado, mas sinto sua ausência. Não sei lidar com as coisas que sinto por Jungkook, porém, mesmo sabendo que a minha falta de iniciativa possa afastá-lo ainda mais, me manter na minha me faz sentir seguro.

Por isso fiquei calado porque todos esses últimos dias.

Além do que eu sinto por ele, me apavora a possibilidade dele se afastar completamente de mim. Porque eu não posso impedi-lo. Jungkook está machucado e está no direito de se afastar do que o machuca:

Eu.

Quando chegamos em casa, eu destranco a porta e entro, esperando que faça o mesmo para trancar de novo. Quando o olho, talvez acreditando que estaria ali me esperando, como sempre para irmos juntos, ver que Jungkook já está quase no topo da escada me faz morder o cantinho da boca.

Tiro os sapatos sem pressa e subo logo em seguida com semelhante lerdeza. No quarto, vejo Jungkook deitado na cama, embrulhado na coberta.

Nas primeiras noites depois do que aconteceu aqui, nós dormimos cada um virado para o lado oposto, bem diferente do que se tornou comum: sempre abraçados. E eu sinto falta. Faz três caralho de meses que dormimos juntos. Ontem, inclusive, nós parecemos ter melhorado um pouco e voltamos a nos falar como antes; e ele até me abraçou. O fato é que, ao entrar no quarto, eu noto pela distância que deitou do meio da cama, virado para a parede, que essa noite será como as anteriores.

Solto um suspiro baixo, cansado, e tiro a jaqueta e a camisa, em seguida a calça. Para, só então, me deitar ao seu lado.

— Nochu — choramingo, quase inaudível.

Eu não quero mais uma noite assim. Eu não durmo direito e não há dúvidas de que ele também.

Jungkook não me responde, ou dá sinal de que está acordado – talvez por não ter escutado meu chamado já que foi realmente baixo. Entretanto, sei que está acordado. Se forçando a dormir, mas está.

Me esgueiro sorrateiramente para mais perto dele e me enfio debaixo do cobertor que o cobre, sendo cauteloso ao escorregar a mão pela cintura e o abraçar pela barriga, colando meu peito em suas costas.

No segundo seguinte, Jungkook agarra minha mão com tanta força que eu acho que vai me empurrar para longe. Quando, na verdade, ele apenas a puxa contra o próprio peito e me faz abraçá-lo com mais força.

— Não gosto de brigar — ele diz, a voz embargada e baixa. — Eu detesto discutir com você.

— Está... — Deito a cabeça suavemente sobre a dele, quase colando nossas bochechas, e acaricio a mão que ainda aperta a minha. — Está tudo bem, Nochu. Vamos só... — Fecho os olhos e abaixo o tom. — Vamos só esquecer isso.

— Não se afasta de mim de novo. — Jungkook fica manhoso quando chora. Manhoso e mais carente que o comum. — Os últimos dias foram... ruins. Muito ruins. Eu tenho medo de ficar sozinho.

Enquanto eu evito pessoas, Jungkook corre atrás delas. Por atenção.

Ele, assim como eu, tem medo.

— Eu vou... tentar.

Eu sei que não é isso que ele quer ouvir. Ele quer certeza, não uma resposta tão vaga como "tentar". Contudo, eu não posso prometer algo que sei que, com certeza, não vou conseguir.

Irei tentar, me esforçar para não fazer isso. É a única garantia que posso dar.

Conforme os dias após a festa de Jaehyun — que só fala comigo no treino, quando há necessidade — vão passando, a sensação que tenho é que está tudo bem.

Quero dizer, os ensaios estão indo bem. Os treinos também. Os estudos, por mais desgastantes que sejam, estão fluindo. E, no momento o mais importante, Jungkook e eu ficamos de bem um com o outro.

E tem se mantido.

De todos os acontecimentos que rolaram, o que ficou mesmo tatuado na minha testa é que eu tenho muito azar com festas. Sempre acontece alguma merda e em todas as vezes é comigo 100% sóbrio, imagina bêbado?

Prefiro e preciso evitar.

Agora, artes é o que está deixando a sala solta. É comum, a aula segue meio que sem ter o que fazer. A professora passou um texto no quadro e mandou copiar; e agora ela está ali, sentada na cadeira dela, mexendo no celular.

— Você não deveria estar na sua sala? — questiono quando Jungkook entra sorrateiramente na sala, sem ser visto pela mulher desatenta, e puxa uma cadeira vazia da fila ao lado para perto de mim.

— Senti sua falta. — Cruza os braços na minha mesa e deita a cabeça sobre eles, me olhando. — Yoongi não veio e... eu não quero ficar sozinho. Respondi a chamada e vim.

— Você... — Tento não olhar nos olhos dele. — Quer que eu... faça carinho na sua cabeça?

Eu tenho certeza que estou vermelho. Entretanto, torço para estar errado.

Porque é vergonhoso.

— Quero. — Fecha os olhos. — Quero muito.

Sorrio fraco, achando fofo a sua manha, e levo a mão até os fios dourados, afundando os dedos e os deslizando por eles sem pressa.

— Não se acostuma, hein? — falo quando o escuto suspirar em satisfação.

— Já era — é sua resposta.

Minutos se passam, o silêncio entre nós contradiz com o caos da sala. Hoseok, que senta na minha frente, às vezes conversa comigo, às vezes perde a atenção no celular para responder Yoongi que não veio por pura preguiça. Às vezes Jungkook diz alguma coisa, mas fica a maior parte do tempo de olhos fechados, aproveitando do meu cafuné.

— Nochu — A gente evita chamar um ao outro pelo nome, principalmente na escola. — Você acha que... — Jungkook abre os olhos e me fita, eu escorrego os dedos por trás da sua orelha. — Você acha que, depois de tanto tempo, isso vai voltar ao normal?

O vejo engolir em seco, ele não disfarça seu nervosismo.

— Quero dizer... Já foram três meses e pouco. Mais três e o ano acaba — completo.

— Ji, eu... — Mordisco o lábio inferior. — Eu não sei.

Há pesar em sua voz. Pesar e medo.

Desvio a atenção dele e olho para o quadro, que agora é usado por alguns garotos para desenhar rolas e bucetas com o pincel da professora.

— Não vamos... pensar tanto nisso, príncipe — o escuto dizer. — Pensar nisso só vai deixar a gente nervoso.

Eu continuo olhando o quadro, mas Jungkook ergue a mão e toca meu maxilar e me induz a olhar para ele outra vez.

— Está bem? — insiste. Eu me contento apenas em assentir.

Ele abre a mão e escorrega a ponta dos dedos para a minha nuca. O polegar continua na minha bochecha, faz um carinho suave e gostoso.

— Vai dar tudo certo — fala manso, sem tirar a atenção de mim. — Eu prometo.

— Não promete. Ninguém tem certeza — Enquanto eu vacilo, Jungkook se mantém firme.

— Eu prometo — repete, convicto. — Confia em mim.

Confiar em Jungkook? Se alguém, no começo deste ano, me pedisse para confiar nele, eu nem responderia. Porque a resposta era óbvia. Eu soltaria uma risada irônica e daria as costas, como sempre fiz.

Porém, agora é diferente. Em meses, muita coisa mudou. Numa rapidez e drasticidade que me apavora.

— Eu confio.

E, por fim, a resposta que dou. É firme, por mais que o futuro seja incerto.

★ི꙰͝★

E aí, anjos! Como vocês estão?

Enfim... Tivemos MUITA coisa no cap de hoje

Jk só é carente demais. As pessoas que dizem ser amigos dele são, na verdade, pessoas que não sabem nada além do seu nome. Ele pontuou Hoseok como seu único amigo nesse meio

Enquanto isso, o Jimin procura afastar pessoas, totalmente ao contrário do Jeon

Teve o primeiro quase beijo dos Jikook. Ah, Dan, porque PRIMEIRO quase beijo? Lembra que eu falei que vocês vão ficar frustrados pela quantidade de vezes que eles irão ser interrompidos? Então... Hahaha. Terão mais alguns quase beijos. Mas não odeiem a Tia Shinhye. Ela é um amor de pessoa

E tivemos o Hobi também, que disse algo importante sobre a atitude do JK em ficar várias pessoas. Isso será abordado mais vezes na história

SPOILER: no próximo capítulo o Ji vai surtar de verdade. Talvez seja gatilho para algumas pessoas, então tomem cuidado.

Enfim, é isso. Por hoje

Se amem. Se cuidam. Se hidratem. Se protejam 💜

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro