Vida Nova
** 2 meses depois **
Chris Reed
Estou apoiado na cadeira em que Ella então enquanto a médica passa o ultrassom pela barriga saliente de Ella. Sorrio olhando para aquela barriguinha de três meses como se já fosse meu filho ali.
-Tamanho e pesos ótimos.- a obstetra fala calma.- É um bebê muito saudável.
-Ótimo, é isso que queremos.- Ella fala satisfeita.- Não é, Chris?
-Sim.- fico olhando para aquela imagem.- Está bem mesmo? Não tem risco?
-Fiz todos os testes, não tem perigo de aborto espontâneo.- continua falando.- Ella e o bebê estão ótimos.
-Já dá pra ver o que é?- Ella fala animada.- Minha sogra está lá fora e não quero aguentar mais um mês com ela fazendo testes.
A obstetra ri e sorrio. Minha mãe e meu pai tinham se mudado para uma cidadezinha perto da nossa, os dois estavam adorando Ella grávida, sempre vinham vê-la e trazer doces.
Quando reclamei, minha mãe disse que era para o bebê nascer gordinho, não discordei e muito menos Ella. Também queríamos um bebê gordinho.
-Vamos ver.- a obstetra observa.- Querem mesmo saber.
-Queremos.- ela fala por nós.
-É uma menina.- ela olha para nós.- Uma menininha muito forte e saudável.
-Uma menina.- Ella olha para mim quase chorando.
Não posso nem olhar para Ella senão vou começar a chorar também, acho que nunca senti isso em toda a minha vida. Esse sentimento de ansiedade e empolgação para conhecer minha filha.
-Bom...vejo você em um mês.- a obstetra dá um papel e limpo para Ella.- Vou colocar no seu prontuário as novidades e volto já.
-Ok.- ela senta enquanto ainda estou limpando o gel.
-Calma, amor.- peço quando ela desce da cadeira.
-Estou tão animada.- ela fala pulando.
-Ok, só não caia.- observo com certa proteção enquanto veste o casaco.
-Vamos ter uma menina!- ela pula em mim.
Dava para ver que as emoções de Ella estavam muito a flor da pele, ela andava assim durante a gravidez. Todas as emoções multiplicadas dez vezes mais.
Pego ela em meus braços tomando cuidado com a barriga e beijo seus lábios, Ella aprofunda o beijo e mordo seu lábio inferior descendo as mãos até seus quadris.
Uma das minhas mãos afasta seus cabelos e aperto sua nuca enquanto ela abraça meus corpo com força. Sorrio me afastando e observando os olhinhos azuis iluminados e animados.
-Katherine.- ela sussurra.
-A pequena Kate.- concordo.
Tínhamos escolhido alguns nomes enquanto estávamos jantando. Esse pareceu ser forte, e acho que isso definia minha relação com Ella.
Queríamos algo forte. Um nome forte.
-Vamos, temos que contar para sua mãe.- ela agarra minha mão e me puxa.
Sorrio enquanto saímos da sala e minha mãe levanta rapidamente assim como meu pai, percebo que ele está até tremendo. Os dois adoram essa criança mais que eu e ela, acho.
-Menina.- Ella fala pulando.
-Parabéns, querida!- minha mãe a abraça com força.
-Cuidado.- eu toco o ombro de Ella.
-Ah, deixe disso.- minha mãe me abraça e fico surpreso.- Meu filhinho vai ter uma filha!- ela se afasta rindo.
-Parabéns, filho.- meu pai me abraça.- Parabéns, Ella.- ele a abraça.- Já escolheram um nome? Quero algo bom para minha primeira neta.
-Katherine.- falo calmo.
-Ah, é lindo!- minha mãe grita e assusta uma grávida.
-Acho melhor comemorarmos lá em casa, não?- acaricio as costas de ela.
-Isso, boa ideia.- ela dá batidinhas no meu braço.
Minha mãe e ela vão conversando na frente e eu e meu pai vamos mais atrás. Nunca fui próximo deles, então não sei o que conversar nessas horas.
-Não deixe essa mulher escapar, Chris.- meu pai fala calmo.- Aquela mulher faz seus olhos brilharem como pisca-pisca.
-Eu...- olho para Ella e a vejo sorrindo.- Eu vou pedir ela em casamento.
-Sério?- meu pai sorri mais.- Hoje?
-Sim, no jantar.- explico.
-Sabe que eu apoio totalmente.- ele toca meu ombro e meu celular toca.
Paro por um momento e atendo, não acredito no que está sendo dito por Roger, por um tempo eu simplesmente esqueci que esse assunto ainda estava em aberto.
Respiro fundo e Ella para ao lado da porta da caminhonete azul escura que comprei, ela parece perceber do que se trata a ligação e seu sorriso desaparece.
Digo que estou indo. Não posso perder a chance de matar aquele desgraçado, falo para Roger ajeitar o jatinho no aeroporto da cidade grande e guardo o celular.
-Chris.- Ella fala enquanto me aproximo.
-Eu vou acabar com isso.- seguro seu rosto.- Aí a gente vai poder dormir mais tranquilo.
-Não quero você longe.- ela fala fazendo bico e beijo sua testa.- Não queremos você longe.
-Eu sei.- acaricio sua bochecha.- Mas eu volto em dois dias, no máximo.
-Não sei...
-Eles já estão com Joshua preso.- informo.- Eu só quero ver a cara do desgraçado quando matá-lo.
-Chris.- ela segura o pulso da mão que está em seu rosto.
-Meus pais vão ficar com você, não vão?- olho para minha mãe.
-Não vamos sair do lado dela!- minha mãe logo fala e meu pai concorda.
-Viu?- passo o dedo pelos lábios dela.- Dois dias, Ella.
-Ok.- ela morde a bochecha.- Mas só dois dias.
-Prometo.- beijo seus lábios rapidamente.
Me abaixo e seguro seus quadris enquanto beijo a barriga dela me despedindo de Kate, logo levanto novamente e a beijo mais uma vez.
Ella me abraça durante o beijo e sinto o gosto salgado de suas lágrimas. Odeio deixar ela assim, mas preciso ter certeza de que aquele é Joshua e de que vou fazer ele sofrer muito.
-Quando voltar vou ter uma surpresa.- sussurro.
-Tá.- ela tenta sorrir.
-Amo você mais que tudo no mundo.- começo a me afastar para pedir um táxi.- Você sabe, não?
-Claro que sei.- ela cruza os braços.- Também amo você, Chris.
-Ótimo.- o táxi para na minha frente e sorrio para ela.- Cuida da Kate pra mim.
Ela ri limpando as lágrimas e entro no táxi com o coração na boca. Mas só são dois dias e eu preciso fazer isso para que se encerre de uma vez por todas e ela possa dormir mais segura.
Tudo isso era para o bem da minha família.
☘︎
Ella Johnson
Me olho no espelho e fico de lado, minha barriga ainda não cresceu muito, parece só que eu comi muito depois da ceia de Natal. Só isso.
Mesmo assim eu ainda consigo ver, e só consigo imaginar que tem um bebê dentro, uma menininha que se chama Kate. Eu vou ter uma filha. Que doido....
E, por mais louco que seja, consigo imaginar ela com os olhos azuis que puxou de mim ou de Chris e os cabelos bem escuros como os dele. Sorrio imaginando aquela bebezinha.
Já arrumei o quarto para os pais de Chris e agora eu tinha que ir dormir, mas estou preocupada demais para ficar deitada em uma cama e essas coisas.
Mordo o lábio e visto uma das camisas de Chris, vou andando pelo quarto e sentindo o tapete felpudo em meus pés enquanto vou até a cama enorme que ele fez sob medida para nós.
Deito no meio dela e fico de barriga para cima com o corpo todo espalhado, encaro o teto tentando pensar em onde ele deve estar agora, se já deve ter encontrado meu pai.
Ele fez a coisa certa em ir, eu não conseguia dormir de noite, com medo de tudo que poderia acontecer. Agora eu podia dormir, ou melhor, podia dormir quando Chris voltasse são e salvo.
Me cubro rapidamente e olho para a foto que tiramos no dia da mudança, sorrio vendo que parecemos completamente normais na foto.
Mas é isso o que é para ser. Viemos para esse fim de mundo ser normais, tenho uma loja de roupas e ele uma empresa de seguros que fatura muito bem. Isso é ser normal e eu gosto.
É toda uma vida nova, para nós, para o bebê.
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