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Sorte

Ella Johnson

A porta abre tão rápido que eu pego um tempo para perceber que G entrou no meu quarto, abriu o armário e agora está pegando uma mala.

-O que...

-Coloque suas roupas aqui dentro, vista algo confortável e avise para Mason quando estiver pronta.- ele coloca a mala em cima da cama.

-Mas, por que?- me sento sonolenta.

-Não precisa saber, só arrume a bosta da mala.- ele deixa o quarto na mesma velocidade que entrou.

Levanto ainda meio desnorteada e abro o armário, pego alguns vestidos e começo a dobrar, não sei o que deu nele hoje, talvez seja uma brincadeira.

Começo a colocar as roupas dentro da bolsa e abro a gaveta das calcinhas colocando quase todas, engulo em seco quando vou até o banheiro.

Olho para o espelho e paro no caminho, essas semanas eu tentei não olhar muito para o espelho, ver aquele G desenhado no meu ombro...

Me ignoro e pego algumas coisas no banheiro, coloco os cabelos para trás e volto para a mala, junto os lados e fecho a bolsa rapidamente.

Vou até a porta e abro vendo Mason agitado, ele olha para mim e entra no meu quarto pegando a bolsa, então segura meu braço e começa a me arrastar pelo corredor longo.

-O que é isso?- pergunto.- O que estamos fazendo?

-Fique calada.- ele desce as escadas comigo.

-Mas eu...

A campainha toca e ele para comigo, um deles passa por nós e Mason me puxa para uma parte mais escondida da sala de visitas.

-Fique quieta.- ele cobre minha boca.

A porta abre e olho para o lado vendo o homem de G conversar com alguém em um sorriso fingido dizendo que nenhuma mulher assim mora por aqui.

Meu coração aperta e arregalo os olhos percebendo que eles estão perguntando de mim, me remexo tentando sair e Mason aperta a mão na minha boca.

Consigo me soltar e solto um grito alto antes dele cobrir minha boca de novo, todos ficam tensos e vejo Mason pegar a arma se prevenindo.

O homem se despede e o outro fecha a porta, meu corpo simplesmente desanima assim como minha mente, Mason então começa a me puxar para a garagem.

-Eu falei pra você ficar quieta, sua idiota.- ele abre a porta do carro.

-Chris está aqui.- falo e ele pega as algemas.

-Burrice dele, pode procurar por todo Winsconsi, você já vai estar longe.- G fala entrando ao meu lado.

-Ou você pode me entregar e fugir.- digo.- Ele vai me achar, G...

-Já falei para não falar dele.- G fala enquanto Mason fecha a porta e minhas mãos estão presas a ela.

-Ele vai matar você se fugir comigo e me encontrar.- explico rapidamente.- Mas se me entregar ou fizer um acordo...

G segura meus cabelos e bate minha cabeça contra o vidro, minha visão fica embaçada e sinto o gosto horrível de sangue em minha boca.

-Falei o que para você, Ella?- ele sussurra no meu ouvido.

-Não falar dele.- minha voz sai baixa.

-Então obedeça!- ele grita e fecho minhas mãos em punho.

G me solta e eu continuo com a cabeça encostada no vidro, saímos da garagem pela parte de trás da casa e respiro fundo percebendo que estamos fugindo.

Chris me achou...ele sabia onde eu estava...mas agora eu estava indo embora e ele ia demorar demais para perceber que eu não estava mais aqui.

☘︎

Chris Reed

-Ouvi um grito feminino e logo depois silêncio.- o homem fala enquanto dirijo.

-Exatamente o que queríamos.- murmuro apressado.

-Eles chegaram no aeroporto.- John fala olhando para o celular.

-Dois minutos.- piso no acelerador.

Sabia que se eles soubessem que estávamos aqui, eles iam para o mesmo aeroporto em que chegaram para fugir, ou seja, ou estaria lá na mesma hora que eles.

Avanço um sinal e vou entrando no aeroporto privado, um jatinho já está sendo preparado e vejo um carro acabando de parar quase em frente.

Respiro fundo parando o carro e tirando a arma de dentro do blazer, espero o que combinei com os outros e de repente...

Vários carros começam a entrar pelo portão, eles rodam o carro de longe e parar fazendo um círculo, ninguém vai sair dali até me entregar Ella.

Abro a porta do meu carro e vou até o círculo de carros, Roger sai de um deles com uma metralhadora nas mãos, John e eu ficamos em um canto seguro e ainda sim com uma visão boa.

-Desiste, G!- grito com raiva.- Me devolve Ella e talvez você possa ir!

Tudo fica em silêncio e uma porta abre, ouço várias armas virarem na mesma direção e meu coração bate mais rápido quando vejo um homem ruivo.

Ele mostras as mãos e vejo que tem uma chave, continuo observando enquanto ele abre a porta e vejo Ella pela primeira vez em duas semanas.

Ela arregala os olhos quando me encara e volta a olhar para o ruivo, ele fala alguma coisa e abre as algemas que estão prendendo ela na porta.

G então sai aí lado dela e beija o topo de sua cabeça, começo a avançar e John me segura antes que eu faça alguma besteira e respiro fundo me acalmando.

-Se eu entregar ela para você, vai me poupar?- ele pergunta de longe.

-Claro.- minto. Minha intenção não é poupar a vida de G.

Ele respira fundo e acaricia os cabelos de Ella, travo o maxilar quando seus dedos passam por algo no ombro dela, e só depois percebo que está está com uma camisola ainda.

O ruivo parece estar percebendo que aqueles homens não vão deixar eles vivos e já vejo ele afastar o blazer para ter maior acesso à arma.

Então G solta o braço de Ella, os dois se encaram e ela parece não acreditar que ele a deixou ir, então começa dando alguns passos pequenos, logo está correndo.

John sai da frente quando ela passa por um dos carros e colide contra mim, aperto ela em meus braços e fecho meus olhos sentindo como se meu mundo inteiro voltasse a funcionar.

-Desculpa.- sussuros em seu ouvido.- Sinto muito...

-Tudo bem.- ela fala baixinho.- Você está aqui agora. É só isso que importa.

-Agora abra espaço para eu ir!- G grita com raiva.

-Ok.- eu respiro fundo usando todo meu auto controle e solto ela.- Vá com Roger.

-Como assim?- ela fala enquanto ele a acompanha até a SUV blindada.

-Eu vou estar com você logo.- beijo a mão dela.- Mas preciso resolver algo primeiro.

-Você vai matar ele?- ela pergunta enquanto Roger abre a porta do carro.

-O que você acha?- pergunto.

-Não faça isso rápido.- ela pede e eu sorrio.

-Pode deixar, meu amor, vai ser bem devagar.

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