Ella Johnson

Curvo meu corpo e lago o rosto com calma, acabei de acordar e tive um sonho com Chris, descobri que não conseguia lembrar muito dele.

Elise estava sempre me atualizando, mas essa semana ela não tinha falado comigo, e agora eu estava tentando ficar calma e não surtar muito com isso.

Me encaro no espelho e observo o que deixei Viviane fazer, agora eu estava loira, era a maior burrice que eu tinha deixado alguém fazer no meu cabelo.

Apesar de eu estar bonita, eu não sabia como ia continuar cuidando do cabelo, provavelmente compraria uma tinta para colocar no meu cabelo depois.

A campainha toca e eu limpo as mãos, Simon ia me deixar no trabalho e sempre chegava cedo, mas agora estava cedo demais.

Arrasto os pés no chão e me aproximo da porta, giro a tranca e encaro o homem que está na minha frente, ele não parecia daqui.

Engulo em seco quando ele tira a mão de trás das costas e vejo a arma dele, dou um passo para trás e ele me agarra fechando a porta.

Começo a gritar alto para que alguém consiga ouvir, tento me soltar e sinto a arma encostar na minha cabeça.

-Fique calada, garota.- ele murmura e me calo.- Isso, boa menina.

-Quem é você?- minha voz treme de medo.

-Um amigo de Chris.- ele encosta o nariz no meu pescoço.

-Chris....

-Ele tem uma garota bonita aqui.- faço careta quando uma mão dele sobe pelo meu corpo.- Ele não gosta tanto de você para não deixar seguranças....

-Você vai me matar?- minha boca fica seca.

-Não, querida, temos algo melhor para você.- ele aperta meu seio.

Tento me soltar uma última vez e ele perde o equilíbrio me soltando, quando me viro só escuto um tiro alto.

Me abaixo atrás do sofá e cubro o rosto com as duas mãos, começo a tremer de medo e acho que vou ficar assim até ele decidir me matar.

-Ella?- reconheço aquela voz.- Ella...

Me levanto e olho para a porta, Chris está com uma arma na mão e aquele cara está caído no chão e sangrando.

Arregalo os olhos e ele parece em dúvida do que eu vou fazer, passo pelo corpo e corro até Chris.

Ele me pega e me coloca no colo, me agarro a ele com tudo que tenho e Chris acaricia meu corpo e tenta ver se eu estou machucada.

-Chris...

-Desculpe por isso.- ele afasta meus cabelos e franze as sobrancelhas.- Você está loira...

-Quem é ele?- pergunto.

-Ele...- Chris respira fundo.- Ele é de uma máfia inimiga com quem não quis negociar.

Tento fazer tudo isso entrar na minha mente, mas a palavra máfia não consegue passar batido pela minha cabeça.

-Máfia?- minha voz treme.

-Você está segura agora, Ella.- ele assegura.- Não precisa mais se preocupar...

-Você tem uma máfia?- pergunto e ele assente.- E como você sabia...

-Recebemos informações.- ele explica.- Não tinha mais ninguém com quem eles me ameaçarem...

-Como ele soube onde eu morava?- aponto para ele morto no chão.- Achei que ninguém sabia...

-Alguém de dentro vazou a informação.- ele me coloca no chão.- Mas não se preocupe, você vai para um lugar seguro...

-Como assim?- franzo as sobrancelhas.- Eu tenho um trabalho...eu tenho amigos...

-Ella.- ele segura meu rosto com as suas mãos.- Eu não vou perder você por teimosia, então você vai vir comigo.

-Não, Chris, desse jeito repentino não....- falo com raiva.- Você acha que pode chegar aqui e vir me arrastando?

-Ella...

-Eu criei uma vida sem você, e depois, quando você acha bom me tira daqui?- solto meu braço da mão dele.

-É para sua segurança.- ele fala calmo.

-Eu não vou...

Ouço um tiro e Chris arregala os olhos, franzo as sobrancelhas quando olho por cima do ombro e vejo aquele cara tentando dar o último tiro.

Chris me afasta e dá um tiro certeiro em sua testa, então rapidamente olha para mim e tenta conter o sangramento em meu ombro.

-Meu deus.- vejo tanto sangue.- Ele atirou em mim.

-Você vai ficar bem, foi de raspão.- ele parece preocupado.

-Ele atirou em mim.- repito surpresa.

-John! Vamos agora.- Chris me coloca no colo.- Você vai ficar bem, querida.

☘︎

Chris Reed

Apoio minhas pernas na borda da cama e fico observando Ella, o médico falou que tinha sido de raspão e apenas tinha saído muito sangue na hora.

Agora ela estava segura aqui, tinham várias pessoas envolta da casa e do terreno, alguém só entraria se fosse um assassino profissional muito bom.

Estamos em um local isolado, vai ser difícil alguém achar a localização, e eu queria que ficasse assim por um tempo antes de voltarmos, se é que voltaríamos.

Observo ela na cama, o ombro enfaixado por causa do tiro e os cabelos loiros no travesseiro, ela tinha pintado os cabelos....

Ella se remexe e então abre os olhos, fico tenso enquanto ela geme de dor e senta olhando envolta e vendo o quarto espaçoso e iluminado.

-Onde estamos?- ela pergunta rouca.

-Não se preocupe com isso...

-Chris...

-Eu estou cuidando de você agora.- levanto.- Tem roupas novas no armário e tudo que você precisa vai encontrar.

-O que aconteceu?- ela pergunta confusa.- Cadê Leila? Por que veio tão de repente?

-Assim que descer para tomar o café da manhã, eu explico tudo.- vou até a porta.- Ok?

-Ok.- ela assente cuidadosamente.

Sorrio fraco e fecho a porta atrás de mim, passo pelo corredor cheio de janelas e com as paredes brancas enquanto a brisa leve do mar vem na minha direção.

As cortinas brancas balançam e eu desço as escadas em L de mármore branco, passo pela sala de entrada e vou até a sala de jantar.

Vejo a mesa toda posta de café da manhã e sento na ponta, pego algumas uvas e encho a mão enquanto como algumas na espera de Ella.

Sei que ela vai entender o que estou fazendo, tudo isso é para sua segurança e sei que não vai ficar com raiva de mim.

Tudo que faço é pensando na segurança dela, e se ela está sendo ameaçada de sequestro, vou protegê-la a todo custo.

Ouço algo e ela vem entrando, está vestida com uma calça moletom cinza e uma blusa larga e masculina, então senta ao meu lado com cuidado e fazendo uma careta.

-Como está o ombro?- pergunto.

-Na verdade, só estou sentindo um desconforto.- ela fala calma.- Agora vai me contar o que aconteceu?

-Depois que você foi embora, Leila continuou dizendo que era meu filho.- explico.- Eu ia nos ultrassons e tudo, e então...ela perdeu o bebê.- falo encarando a parede.

-Sinto muito.- ela fala surpresa.

-Fizemos os exames que precisava e....não era meu.- limpo a garganta.- Minha mãe usou o fato dela estar emocionada para fazê-la assinar o divórcio.

-Então você...

-Não estou mais casado.- nos encaramos.- Mas agora você está com a cabeça no topo da lista de algumas pessoas.

-Por que querem me matar?- ela pergunta ainda muito confusa.

-Eles não querem matar você, eles querem sequestrar você.- passo a mão pelos cabelos.- Eu irritei alguns caras pela minha carreira, tenho vários homens, mas não posso arriscar perder você.

-Eu ainda não acredito que você é um mafioso.- ela fala rouca.- Não conheço você...

-Vamos ter tempo para nos conhecer agora.- explico.

-Vamos ficar aqui?- ela pergunta.- Você?

-Sim, a empresa está no comando de John, eu vou ficar com você.- explico.- Vamos ficar desaparecidos por um tempo.

-Mas eu tenho um trabalho...

-Brenna não vai se importar de guardar um lugar para você quando voltarmos.- falo calmo.

-E Daphne e Julia?- pergunta e eu sorrio.

-Estou de olho nelas, estão bem.- levo a mão até a dela e a seguro.- Não precisa se preocupar com nada...

-Eu levei um tiro, Chris...

-Eu sei, sinto muito, mas aqui você não vai correr riscos.- falo e ela puxa a mão.- Ella...

-É muita coisa.- ela coloca as pernas em cima da cadeira e abraça as pernas.- É tanta coisa...

-Eu sei, e não estou pedindo para você aceitar tudo de uma vez.- a observo.- Eu só não quero que se afaste.

-Quanto tempo vamos ter que ficar aqui?- ela coloca o cabelo atrás da orelha.

-Quanto tempo demorar para eles esquecerem.- volto a comer as uvas.- Pedi para fazerem panqueca.

Ella olha para as panquecas e então respira fundo, vejo seu pescoço tensionar enquanto pensa no que vai fazer agora.

Então para minha surpresa ela apenas pega duas panquecas e joga a calda por cima, sorrio continuando a comer as uvas e observando ela.

Não quero perdê-la, de verdade, sei que ela entende o que estou fazendo aqui e provavelmente por isso que aceitou tudo isso tão bem.