Ella Johnson

Tecidos novos chegaram e quem ficou para arrumar eles todos? Sim, eu mesma, estava arrumando isso desde que cheguei no trabalho.

Eram dez caixas cheias de tecido, já tinha arrumado umas quatro, mas ainda ia demorar muito mais para arrumar todas as outras seis.

Coloco meus cabelos para trás e pego uma amostra de creme diferente, então começo a etiquetar, a porta abre e eu viro o rosto para ver quem é.

-Por que ainda está aqui?- Brenna pergunta.

-Eu tenho que terminar de...

-Já são onze horas da noite, Ella.- ela parece indignada.

-Eu sei, mas como não tinha nada para fazer...

-Ah, é.- ela percebe.- Hoje é o aniversário de Chris, não?

-Sim.- sinto minhas bochechas queimarem.

-Sabe, eu vi Elise falando com um advogado.- ela informa.- Ela não gosta de Leila tanto quando todos.

-Por que ninguém gosta de Leila?- fico curiosa.

-Foi ideia dela casar, Chris era novo e aceitou, achou que era amor.- Brenna sorri como quem acha graça.- Pensa em se casar?

-Penso em ser bem-sucedida primeiro.- respondo e ela assente.

-Com certeza Elise vai achar alguma forma de fazer esse divórcio.- ela sorri.

-Acha que eu sou a errada?- pergunto.- Que eu estou destruindo...

-Não há nada para destruir em algo já destruído.- ela me acalma.- Agora... vá para casa, amanhã você continua isso.

-Você...está indo para festa?- pergunto.

-Sim.- ela arruma o sobretudo.- E você devia ir se divertir também.

-Eu estou me divertindo muito aqui.- pego outra de creme.

-Ella, não é um pedido.- ela sorri.- Vá se divertir um pouco.

Brenna então são da sala e eu apoio meus braços na bancada, não sei o que fazer para me divertir agora.

Não posso ir para uma balada e nem quero ir para uma balada agora, suspiro pegando minha bolsa e meu casaco com lentidão.

Nem sei para onde eu vou, mas já que ela me mandou sair daqui, eu vou sair, já estou mesmo começando a duvidar se estou colocando nas coisas certas.

Saio da sala e aperto o botão do elevador, espero ele chegar e vejo que está descendo dos andares mais altos do prédio.

Coloco as mãos dentro dos bolsos e o elevador chega, espero ele abrir e fico surpresa quando vejo que tem alguém dentro.

-Você aqui...

-Eu trabalho aqui.- não acredito no que estou vendo.- E você?

-Eu vim ver um amigo.- ele aponta para cima.- Você vai entrar?- ele segura o elevador.

-Sim, vou.- começo a entrar.

Dylan e eu ficamos lado a lado e vejo que ele apertou no mesmo botão que eu iria apertar.

Cruzo os braços com cuidado e ele me observa, abaixo a cabeça e meus cabelos descem pelos ombros.

-Estamos nos encontrando muito.- ele fala baixo.

-Está me seguindo de propósito?- levanto as sobrancelhas e ele ri.

-Realmente está parecendo isso.- ele fala ainda sorrindo.- Mas não é...

-Eu sei, Dylan.- sorrio.

-Está tarde para estar aqui.- ele percebe.

-Eu só fui terminar o trabalho agora.- explico.- E você?

-Um amigo me pediu para ver os exames da  filha e só podia vir agora.- ele mostra uma pasta.

-É ruim?- observo a cara dele.

-É.- ele tenta sorrir.- Odeio dar notícias assim.

-Espero que consiga salvá-la.- murmuro.

-Eu também.- ele então afasta meus cabelos.- A vida é muito curta.

Dylan então vai se aproximando e logo estou contra o elevador, não sei por que estou tão tensa com isso.

Os dedos dele acariciam minha bochecha e seus lábios começam a se aproximar dos meus lentamente.

-Dylan.- sussurro.- Eu tenho...

-Eu sei.- ele para.- Desculpe.

Ele se afasta e eu comprimo os lábios, não consigo deixar ele desse jeito, nunca gostei de deixar Dylan triste.

-Eu...estava indo beber.- explico.- Quer ir comigo?

-Claro.- ele parece mais animado.

-Ótimo.- sorrio.- Você segue o meu carro, ok?

-Ok.- ele me observa.

Brenna falou para me divertir, então ia me divertir com Dylan, ele era só um amigo, não iriamos passar das bebidas.

☘︎

Chris Reed

Entro no escritório e deixo a taça de champanhe vazia em cima da mesa enquanto tento achar uma bebida mais forte.

Aguentar minha mãe querendo me mostrar para todos e Leila querendo atenção e que eu ficasse sempre com ela...exigia uma bebida mais forte.

Encontrei o uísque e comecei a colocar em um copo cilíndrico e pequeno, sinto meu celular tremendo no bolso e o pego.

É um dos seguranças de Ella, ele mostra ela bebendo com um cara, o tal Dylan, os dois parecem estar se divertindo demais.

É só eu ficar uma noite fora...só uma noite.

A porta abre e olho por cima do ombro, vejo Leila entrando e fechando a porta, respiro fundo tentando não ficar irritado.

-Você está fugindo.- ela murmura.

-Agora não.- balanço a cabeça.

-Chris, pare com isso.- ela se aproxima.- Volte lá para baixo comigo...

-Eu não quero.- bebo tudo de uma vez.

-Ok, então vamos ficar aqui.- ela começa a acariciar minhas costas.- Você e eu podemos...

-Não vou transar com você.- suspiro.

-Eu sou sua esposa...

-É transar que você quer?- me viro.- É isso?

-Sim, é.- ela assente.

Começo a levar ela para a escrivaninha e a sento, Leila abre as pernas e fico entre elas, então ela começa a tentar tirar meu cinto.

Abaixo a cabeça e não consigo, simplesmente não consigo, me afasto e ela me observa.

Não posso fazer isso, não posso fazer isso com Ella, tenho que sair daqui e ir atrás dela, esse tal Dylan está tentando testar a minha paciência.

-Chris...

-Eu tenho que ir.- começo a ir até a porta.

-Calma.- ela segura meu braço.- Você não quer beber antes, pensar direito.

-Leila...

-Só uma bebida.- ela começa a preparar.- Sente.

Sento na poltrona e passo a mão pelo rosto, ela então me trás um uísque e eu bebo tudo de uma vez.

Eu quero ir até Ella, eu quero tirar ela falo e levar ela para nossa casa, eu não quero mais ela perto daquele idiota.

Tento levantar e caio na poltrona de novo, meus olhos começam a ficar pesados e não sei o que aconteceu.

-Você está bem, Chris?- Leila toca meu braço.

-Sim, estou.- consigo me levantar e fico tonto.

-É melhor eu levar você para o quarto.- ela começa a me levar e vou com ela.

-Eu preciso ver Ella....

-Quem é Ella?- Leila para por um instante.

-Que merda está acontecendo?- tento manter os olhos abertos.

-Venha, vamos deitar um pouco.- Leila continua me levando.